Friday, May 30, 2008

O preço da gasolina

Por um lado, a actual subida do preço da gasolina é uma coisa boa - afinal, se andamos anos a falar em reduzir o consumo de combustíveis fósseis, em "descarbonizar" a economia, etc., uma das melhores maneiras de atingir isso é, exactamente, subindo o preço da gasolina. Na verdade, arrisco-me a dizer que, provavelmente, a gasolina ainda está demasiado baixa: se as emissões de CO2 continuam, ao que tudo indica, a ser mais elevadas do que os limites aceitáveis para combater o aquecimento global, isso significa que o preço da gasolina ainda não reflecte verdadeiramente os custos para a sociedade representados pela poluição; ou seja, o ISP ainda devia ser aumentado (se, em vez de estar a escrever num blogue, estivesse a falar num local público, será que poderia dizer o que escrevi sem recear pela minha integridade física?)

Mas, por outro lado, a subida da gasolina (e, de maneira geral, as politicas de combate às externalidades negativas com impostos pigouvianos) tem um problema: embora possivelmente as pessoas com maiores rendimentos gastem, em termos absolutos, mais gasolina do que as mais desfavorecidas, quase que aposto que a relação não é proporcional - de certeza que alguém que ganhe 4.500 euros por mês não gasta 6 vezes mais gasolina do que alguém que ganhe 750 euros/mês. Assim, o aumento dos preços acaba por, proporcionalmente, pesar mais sobre a classe média-baixa do que sobre a média-alta ou a alta.

A meu ver, a melhor solução para isso era deixar a gasolina subir e alterar os escalões do IRS, baixando os impostos para quem ganhe menos e subindo para os que ganham mais, a fim de que, no saldo final, as classes média-baixa e baixa não fiquem prejudicadas.

Mas isso, claro, era a "melhor solução". No momento presente, penso que o second best é deixar subir a gasolina no geral, mas subsidiá-la no caso da pesca, até porque nesse caso não estamos subsidiando apenas os pescadores, mas indirectamente toda a gente que compra peixe (e uma subida do preço do peixe teria, e ainda mais do que a da gasolina, outra vez o tal efeito de afectar desproporcionalmente os indivíduos de menores rendimentos).

Thursday, May 29, 2008

Altura e progresso económico e social

Economist traces height trends (via Economist's View):

When John Komlos wants to take the measure of a nation's economic well-being, he doesn't check its gross domestic product or consumer price index. He ignores its average household income and unemployment figures.

Instead, Komlos takes a look at how tall its people have grown.

"Height is a very good overall indicator of how well the human organism thrives in its socioeconomic environment," he explained.

(...)

What Komlos has learned is that Americans, despite their nation's prosperity, abundance of food and cutting-edge medical technology, stopped getting taller in the 1950s and have now been passed by their European cousins.

"Americans were head and shoulders above Europeans in the 18th Century, and it stayed that way for two centuries," he said. "Now it's the other way around."

This, according to Komlos, suggests that Europeans eat better, have better access to health care and enjoy a more equitable distribution of national wealth. They will almost certainly live longer than their American counterparts.

Especulação

Acerca das teses que atribuem a alta do preço do petróleo e dos produtos alimentares à especulação no mercado dos futuros:

Imagine-se um supermercado com dois andares: no primeiro andar vende-se sacos de batatas; no segundo andar, vende-se talões dizendo "em Agosto de 2008, vale um saco de batatas", "em Marco de 2012 vale um saco de batatas", etc.

Agora expliquem-me como é que (se não houver acumulação de stocks) a especulação acerca de uma alta do preço da batata em 2009 vai afectar o preço a que as batatas se vendem no primeiro andar (no segundo andar, é óbvio que vai valorizar os talões "vale um saco de batatas em 2009").

Wednesday, May 28, 2008

Re: Oligopolismo na Banca

"Em rigor, o que eu queria dizer é quem, em mercado livre e com reservas fraccionais, a banca terá uma tendência à concentração oligopolistica (...) "


Concordo inteiramente. A tendência natural será para no fim existir um único Banco e um Banco Central. Desta forma, sempre que o Banco Central criar 5 000 Euros de nova moeda por compra de Dìvida Pública ou por empréstimo ao Banco Comercial, este tem a capacidade imediata de criar 100 000 Euros de moeda ao conceder crédito (assumo para simplificar uma reserva obrigatória de 5% do valor do total de depósitos o que significa a capacidade de multiplicar a quantidade de moeda por 20).

Aproveito para fazer um esclarecimento necessário dado que a linguagem e as expressões usadas na análise monetária serem muito enganosas.

Dizer que os Bancos Comerciais têm de depositar no Banco Central 5% do valor dos depósitos detidos é hoje em dia uma falácia. O que acontece é que os Bancos Centrais decidem injectar novas reservas (ou nova moeda) no sistema bancário, e depois este mesmo sistema bancário trata de criar moeda por concessão de crédito. Assim tipo:

Situação inicial:

Activo1: Nova moeda criada pelo Banco Central 5000 Euros
Passivo1: Empréstimo pedido ao Banco Central de 5000 Euros à taxa fixada por este (exemplo: 4%)

Situação Final:

Activo1+Activo2: Nova Concessão de Crédito à habitação 100 000 Euros (à taxa de 4% +1%)
Passivo1+Passivo2: Novo Depósito Ordem no valor de 100 000 Euros

Como se pode observar o BC ao conceder crédito ao Banco Único (digamos assim) fornece a matéria prima para que este tenha capacidade de criar nova moeda ao conceder crédito. Sendo um apenas, esta capacidade é imediata. Não sendo único, quanto maior fôr a sua quota de mercado maior a capacidade de reter os depósitos de moeda que ele própria cria ao conceder novo crédito. Se a sua quota fôr muito pequena, é muito provável que o dinheiro criado ao conceder crédito a X, vá parar a Y (o vendedor da casa a X) que vai pedir para o transferir para outro Banco. Ao pedir a transferência para outro Banco, o dinheiro criado mas depois transferido faz com que o rácio de reservas / depósitos diminua aproximando-se do limite mínimo estabelecido (por hipótese 5%).

Bem, tudo isto fica escondido ao dizer-se que os Bancos Centrais "obrigam" (vejam lá os grandes polícias do sector) os Bancos a terem 5% dos depósitos em reservas.

Não, na verdade, um Banco Central é em si mesmo uma entidade do mecanismo oligapolista que permite que os Bancos arranjem mais negócio ao poderem multiplicar por 20 a moeda via concessão de crédito, sem terem que captar nova poupança, com todos os efeitos malignos que isso trás já para não falar no efeito de redistribuição de riqueza a favor dos grandes credores dado serem estes os primeiros gastadores das novas quantidades de dinheiro ainda antes da inflação assim induzida ter começado (além disso a subida de preços nunca é uniforme, começa primeiro em determinados sectores antes de outros, normalmente nesta fase, tal como se pode observar hoje, os políticos vão começar por acusar estes de especulação, de necessidade controlar os preços, etc...já assim foi nos anos 70).

Quem foi o grande instigador da criação do FED em 1913? a JPMorgan, que saiu muito debilitada de uma crise/bolha de crédito na indústria de caminhos de ferro (ela própria uma história de corrupção política dado os licenciamentos por território concederem monopólios locais, etc). Na altura ainda sobre o padrão ouro, os Bancos criavam mais recibos de moedas de ouro do que o efectivamente detido para o concederem como crédito. Como isso fomenta bolhas artificiais, quando rebenta nada melhor que a criação de um Banco Central que passa a permitir de forma ainda mais segura para os Bancos, poderem estes expandir a moeda pelo crédito concedido, minimizando ainda mais a probabilidade de corridas aos depósitos.

Claro que isso apenas representa uma fuga para a frente, como a Grande Depressão o demonstra. A solução foi então acabar de todo a ligação ao ouro, nacionalizando por extorsão todo o ouro que a população tinha depositado. Assim, o Estado controla a produção de papel-moeda que os Bancos têm a capacidade de multiplicar para conceder crédito. O limite é apenas a inflação nominal de preços quando se torna demasiado visível como começa agora a ser visível. O efeito de criação de bolhas (onde muitos capitalistas e grandes empresas conseguem fortunas desde que se aproveitem do crédito criado e saiam a tempo dele) é ainda menosprezado pelos economistas de direita. O efeito de concentração/redistribuição de riqueza é por sua vez menosprezado pela esquerda.

Por sua vez, ter em conta o papel da "WWI". Todos os Estados participantes recorreram ao mecanismo de contrairem crédito ao sistema bancário onde estes o concediam criando recibos sem moeda de ouro. E foi assim o financiamento de uma guerra desastrosa que impulsiona o fim do padrão ouro por decreto (não porque o mercado ou a racionalidade económica o determinou como fica a impressão ao ler os manuais de economia ou de história). Curiosamente a JPMorgan era o maior credor dos Britânicos e aliados, assim a participação dos EUA na "WWI" foi também incentivada pelos mesmos ("war profiteers"...).

Temo que muitos liberais não se apercebam da história de corrupção moral e legal que existe na história da criação dos Bancos Centrais que resultaram também do interesse do próprio Estado em conseguir crédito para a sua dívida pública por criação monetária, por outro lado os próprios economistas ainda hoje fantasiam sobre a possibilidade de expansão de crédito sem que a poupança prévia tenha lugar.

Misticismo económico é o que lhe chamo.

Socialismo

Alguém me consegue explicar exactamente o que é que o João Miranda tem em mente quando fala em “socialismo”?

Tuesday, May 27, 2008

Oligopolismo da banca

A propósito da influência da regulação estatal sobre a concentração bancária, eu escrevi «creio que mesmo em "mercado livre" a banca (...) teria uma tendência à concentração oligopolistica».

Emil Johansson (que escreve muito melhor em português do que eu em sueco) comenta:

«Kevin Carson no seu livro "Studies in Mutualist Political Economy" escreve que o mercado livre tem uma tendencia para competição; não para concentração oligopolistica. Ele escreve muito sobre os "trusts" nos EUA - quando os capitalistas tentaram transformar o competição para concentração oligopolistica, mas isso nunca tem successo sem o estado. Sem o estado niguem tem o poder suficicante para consegir um concentração oligopolistica no mercado»

Em rigor, o que eu queria dizer é quem, em mercado livre e com reservas fraccionais, a banca terá uma tendência à concentração oligopolistica (eu sei que é uma questão polémica, entre os defensores do "mercado livre", se as reservas fraccionais são ou não legítimas) . Porquê? Porque quantos mais depositantes o banco tiver, menor é o perigo de aparecerem um monte deles a querer levantar os seus depósitos ao mesmo tempo, logo o banco precisa de manter (proporcionalmente) menos dinheiro em reserva. Assim, os grandes bancos terão uma vantagem competitiva sobre os pequenos, levando à tal concentração.

Note-se que, com reservas fraccionais, estou-me a referir não apenas a quando os bancos emprestam dinheiro depositado à ordem, mas também a quando os bancos emprestam a 30 anos dinheiro que foi depositado a 1 ano (o mecanismo da gestão de reservas é fundamentalmente o mesmo nas duas situações).

Johansson também escreve:

Você não é liberal, você diz, mas o Carson também não é, ele é um mutualista; o mutualismo é um versão do socialismo é anarquismo que gosta o mercado livre e não gosta o estado nem o capital oligopolistica. Isso é o anarquismo e socialismo do Pierre-Joseph Proudhon, Benjamin Tucker, Lysander Spooner, etc.; e é um socialismo bem diferente do que, por exemplo, o communismo - mas ainda é uma forma do socialismo.

A respeito do Carson ser ou não liberal: é difícil dizer se ele próprio se considera "liberal" ou não, devido à dificuldade da tradução do inglês dos EUA para português (como traduzir "libertarian"? libertário? liberal?); no entanto, ele escreve "I come from a sub-community (individualist anarchism), on the left-wing fringe of what’s itself regarded by many as a fringe movement: free market libertarianism. For that matter, it’s also on the fringe of the libertarian socialist community. So I’m used to playing nice with people I disagree with: they’re about all I’ve got", o que parece indicar que ele considera o anarquismo individualista como pertencendo simultaneamente ao liberalismo e ao socialismo. Eu escrevo algo semelhante acerca de Proudhon aqui. Pode parecer estranho que Proudhon e Carson possam ser simultaneamente liberais e socialistas, mas e Burke e Tocqueville, p.ex.? Também não são considerados simultaneamente como liberais e conservadores?

Já agora, quem quiser ler os Studies in Mutualist Political Economy, estão aqui (algumas passagens estão traduzidos para português no blog Ação Humana)

Dinheiro e pais

Um post de Chris Dillow:

[T]his paper, which has just comes to my attention, (...) confirm that there is "a large negative correlation" between living in a non-intact family and having low educational attainment.

But this is because there's a large negative correlation between being poor and having low education, and single parents tend to be poor. And Walker and Zhu found that, controlling for this removes almost all the link between single parenthood and bad educational attainment. They estimate that a child from a single parent home is 27 percentage points more likely to leave school at 16 than one from an intact family. But controlling for income reduces this probability to just 5.9 percentage points. And with the standard error of this estimate at 10.1 points, we can't rule out the possibility that the pure impact of single parenthood upon educational achievement is zero or even positive.

So, perhaps the problem isn't that dads leave home - but that their money does.

Churchill (e Woodrow Wilson)

"As First Lord of the Admiralty in World War I, he supervised the British hunger blockade of Germany. By endeavoring to starve the German population, Churchill hoped to undermine the German war machine from within.


The British blockade," Churchill later wrote, "treated the
whole of Germany as if it were a beleaguered fortress, and avowedly sought
to starve the whole population — men, women, and children, old and young,
wounded and sound into submission.
(p. 2)

The armistice of November 11, 1918 did not bring the blockade to an end. Churchill continued it until the Germans signed the Treaty of Versailles in 1919 [mais 6 meses de bloqueio alimentar já depois do Kaiser ter retirado as tropas e aceite os 14 pontos de Wilson ... depois este obriga o Kaiser e os Habsburgos a abdicarem e é a República de Weimar que assina um não-tratado imposto pela fome ... onde é que se pensa que o nazismo nasce?] . He said on March 3, 1919,


We are enforcing the blockade with rigour… It is repugnant to the British
nation to use this weapon of starvation, which falls mainly on the women and
children, upon the old and the weak and the poor, after all the fighting has
stopped, one moment longer than is necessary to secure the just terms for which
we have fought

. (pp. 5–6). David Gordon Review of Human Smoke: The Beginnings of World War II, the End of Civilization. By Nicholson Baker. Simon & Schuster, 2008. 566 pages.]

Sorte e desigualdade

Talent-spotting, luck and equality, por Chris Dillow:
So, could it be that the old adage is right: “the one thing rarer than ability is the ability to spot ability”? Certainly, many managers believe that lots of hiring decisions were mistaken.

And could it be that what often look like successful hires are in fact sheepskin effects? If we treat someone as if they very able, they will act as if they are - and even if they don’t groupthink will stop doubters pointing out that the emperor has no clothes: this was the theme of the film Trading Places.

I ask all this not merely because it is relevant for political and business decision-making, but because it also matters for egalitarians.


If many hiring and rejection decisions are mistaken, then it’s hard to argue that inequalities in income are closely related to ability or “merit”*. Instead, they have a large arbitrary element; I, for example, can easily imagine that, with different luck, I would be ten times as rich or poor as I am now.
In which case, perhaps the moral (as distinct from economic) case for redistribution becomes stronger.
Um aparte - eu suspeito que um bom exemplo de erro nas decisões de contratação foram as dezenas de entrevistas para empregos a que fui entre 1995 e 1999 (o erro gritante, claro, foi terem-me rejeitado em todas). Ou será que há aqui alguma parcialidade da minha parte?

Monday, May 26, 2008

"Linguagem SMS" e literacia

Texting boosts children’s literacy ;-) no Times Online:
Txting mks u clvr, according to research that says children should be encouraged to send more text messages because they can improve literacy. Professor David Crystal believes that sending frequent texts helps children’s reading and writing because of the imaginative abbreviations needed.

The finding is in stark contrast to fears that texting’s free forms and truncated words herald the abandonment of traditional grammar. “People have always used abbreviations,” said Crystal, honorary professor of linguistics at the University of Wales, Bangor. “They do not actually use that many in texts but when they do they are using them in new, playful and imaginative ways that benefit literacy.”

Crystal’s views will appear in his new book, Txtng: The Gr8 Db8.

In one study due to appear in the British Journal of Developmental Psychology, researchers asked 88 10 to 12-year-olds to compose text messages for various social scenarios.

Beverly Plester, a senior lecturer in psychology at Coventry University, and her colleagues found that using “textisms” – abbreviations such as “2nite” for “tonight” – was “positively associated with word reading, vocabulary and phonological awareness”.

Sunday, May 25, 2008

Caveiras de Cristal

Para quem cresceu com os documentários de Arthur C. Clarke, isto é uma desilusão:

Obama, o senador mais à esquerda?

Rui Ramos e Bruno Alves consideram Barak Obama como o senador mais à esquerda.

Apesar de tudo, a esquerda norte-americana não está assim tão mal (afinal, até há um senador que se diz socialista).

De acordo com o projecto VoteView, que classifica os congressistas segundo os seus votos (através deste algoritmo), Obama será o 10º senador mais à esquerda (empatado com Joe Biden).

A American Conservative Union considera (para 2007) Obama como o 32º senador mais à esquerda (isto é, é o 32º com a classificação mais baixa); na classificação ao longo da vida, é o 18º mais à esquerda. Note-se que a ACU atribui a Obama uma classificação de 7%, sendo a média dos senadores democratas de 5,9%.

Já os Americans for Democratic Action atribuem a Obama (para 2007 - PDF, pgs. 23 a 27), uma classificação de 75%, o que o torna o 44º elemento mais à esquerda do Senado (empatado com Joe Biden).

Então, onde Bruno Alves e Rui Ramos foram buscar a ideia de que Obama é o senador mais à esquerda? Eles não indicam a fonte, mas suspeito que foi ao National Journal, que classificou Obama como o senador mais à esquerda de 2007; no entanto, basta ler o artigo para ficarmos na dúvida se (pela fórmula de cálculo utilizada) isso é um indicador de "esquerdismo" ou apenas de ir poucas vezes às votações: "Overall in NJ’s 2007 ratings, Obama voted the liberal position on 65 of the 66 key votes on which he voted; Clinton voted the liberal position 77 of 82 times.". Aliás, pela fórmula de cálculo do NJ, é de esperar que os senadores que participam menos nas sessões (p.ex., por estarem a preparar a campanha) tenham um registo de voto mais "radical" (por um lado ou para outro), já que, em principio é quando se discutem questões mais importantes que vão lá, e tende a ser nessas ocasiões que o voto tende a ser mais ideologicamente alinhado (ou seja, em que é mais provável que um Democrata vote de forma "liberal" e um Republicano de forma conservadora) - aliás, em 2003, John Kerry foi também considerado o mais "liberal" pelo NJ, com base num numero reduzido de votações (depois disso, o NJ até alterou a fórmula, para incluir apenas congressistas que tenham votado um número mínimo de vezes).

Sugestão de leitura adicional: Obama liberal ou conservador?, de João Jesus Caetano.

Friday, May 23, 2008

Nos anos 80 dizia-se que a classe operária ia desaparecer

Na Florida e no Ohio, Clinton teria 48-41 contra Mccain, enquanto na Pennsylvania, venceria com 50, mais treze pontos percentuais que Mccain. Obama perderia na Florida para Mccain, com 41-45, e no Ohio com 40-44. Na Penssylvania teria 46 contra 40 do candidato republicano.

Segundo a CNN, esta diferença justifica-se pelo facto de muitos apoiantes de Clinton, os tais blue collar workers, transferirem o seu voto para Mccain, num eventual embate contra Obama.[Eleições Americanas de 2008]

Ordem Espontânea

Jim Henley, em The Art of the Possible, cita RadGeek:
First, the concept of spontaneous order, as it is employed in libertarian writing, is systematically ambiguous, depending on whether one is using spontaneous to mean not planned ahead of time, or whether one is using it to mean voluntary. Thus, the term spontaneous order may be used to refer strictly to voluntary orders — that is, forms of social coordination which emerge from the free actions of many different people, as opposed to coordination that arises from some people being forced to do what other people tell them to do. Or it may be used to refer to undesigned orders — that is, forms of social coordination which emerges from the actions of many different people, who are not acting from a conscious desire to bring about that form of social coordination, as opposed to coordination that people consciously act to bring about. It’s important to see that these two meanings are distinct: a voluntary order may be designed (if everyone is freely choosing to follow a set plan), and an undesigned order may be involuntary (if it emerges as an unintended consequence of coercive actions that were committed in order to achieve a different goal). While Hayek himself was fairly consistent and explicit in using spontaneous order to refer to undesigned orders, many libertarian writers since Hayek have used it to mean voluntary orders, or orders that are both voluntary and undesigned, or have simply equivocated between the two different meanings of the term from one statement to the next.
[o post em si de "RadGeek" não me interessa muito - é esta passagem que me desperta a atenção]

Há algum tempo que eu pensava em escrever algo sobre isto (e fiz uma pequena abordagem ao tema neste comentário no Portugal Contemporâneo e nos comentários a este post do CN na Causa Liberal).

Acho que o "liberalismo-conservadorismo" assenta muito nesta confusão, que associa "liberdade" com "ordem social não planeada", mas são duas coisas distintas. Podemos ter:

Ordens espontâneas e voluntárias. Exemplos: a língua e ortografia inglesas; a linguagem SMS; talvez a "lei mercantil".

Neste caso, trata-se de instituições que não são impostas (a maior centro difusor da língua inglesa actualmente é um país que nem sequer tem o inglês - ou outra qualquer - como língua oficial) e que evoluem de forma não-planeada.

Ordens espontâneas e impostas. Exemplos: o mapa da Europa; a "common law" inglesa; a autoridade dos pais sobre os filhos menores.

Estas instituições desenvolveram-se de forma não planeada, mas coerciva: as fronteiras europeias são o resultado de uma série de acidentes históricos, durante séculos e, ao mesmo tempo foram impostas e são mantidas pela força; a "common law" baseia-se nos precedentes (e não num código legal com 500 artigos) e é feita cumprir pela autoridade do Estado; a autoridade paternal também deve ter aparecido de forma espontânea e, em ultima instância, também é mantida pela força (se um menor fugir de casa, a policia pode ir buscá-lo).

Grande parte dos chamados "hábitos bárbaros" - escravatura, canibalismo não-consentido, crimes de honra, excisão feminina, casamentos à força, "direito de pernada" (se alguma vez tiver existido), sacrifício das raparigas da aldeia no vulcão (idem), etc. - pertencem a esta categoria.

E, se considerarmos o Estado como uma instituição espontânea, pertencerá também a esta categoria.

Ordens construidas e voluntárias
. Exemplos: os standards da Internet; a terminologia cientifica (grande parte); as regras do futebol federado; o esperanto; moedas locais como o "hour".

Aqui temos normas, instituições, etc. que são criadas de propósito (não emergem por acaso) mas que ninguém (isto é, além das pessoas que as criam voluntariamente) é obrigado a seguir: os standards da net são definidos por organizações como o W3C, mas ninguém é obrigado a usar esses standards; muita terminologia cientifica é decidida por organizações internacionais de cientistas (penso que os anidridos carbónico e sulfúrico não passaram a dióxido de carbono e trióxido de enxofre nem o OH2 passou a H2O por "evolução natural e espontânea", mas porque a sociedade internacional de química assim decidiu), mas acho que essas organizações não têm poder para obrigar terceiros a usar a sua nomenclatura; as regras do futebol são decididas pelas federações, mas ninguém é obrigado a seguir essas regras num jogo na praia; o esperanto é uma língua totalmente construida, mas ninguém é obrigado a usá-la (muito pelo contrário - houve muitas perseguições aos esperantistas); as "moedas locais", LETS e afins (e as suas regras de funcionamento) são criados de forma intencional e planeada, mas o seu uso é voluntário.

Creio que as "ordens construidas voluntárias" tendem a ser mais bem sucedidas em situações em que há economias de rede, isto é, em que cada individuo tem interesse em fazer o mesmo que os outros - usar a mesma terminologia, software compatível, a mesma moeda, etc. (isso não quer dizer que sejam necessariamente bem-sucedidas nessas situações: veja-se o fracasso do esperanto); como há interesse de cada um em fazer o que os outros fazem, as decisões de uma associações voluntária que sejam aceites pela maioria dos envolvidos acabam por ser seguidas por quase toda a gente; e, ao contrário das "ordens espontâneas voluntárias", tem menos problemas de "dependência de caminho" (situações em que grande parte dos indivíduos até quereriam adoptar uma nova regra, mas nenhum faz isso... porque os outros também não fazem).

[Acho que a maior parte dos exemplos de "livre entendimento" dados por Kropotkine n'A Conquista do Pão pertencem a esta categoria]

Ordens construidas e coercivas. Exemplos: papel-moeda estatal; ortografia portuguesa (tanto a de 1911 como a do Acordo Ortográfico)

Aqui temos um plano racionalmente construido e imposto pela força.

Reparo agora que gastei muito mais espaço a expor as ordens "espontânea coerciva" e "construida voluntária" do que as "espontânea voluntária" e "construida coerciva"; possivelmente porque haveria pouco a dizer destas últimas, já que a dicotomia "ordem espontânea voluntária" vs "ordem construida coerciva" já foi discutida "n" vezes, e, de qualquer forma, o objectivo deste post é, exactamente, criticar essa dicotomia (propondo uma tetratomia no seu lugar).

Pois, mas qual é o interesse desta divagação "filosófica"? Além de, pura e simplesmente, me ter apetecido, acho que há uma grande tendência para misturar a questão "espontâneo vs. construido" com a questão "voluntário vs. coercivo"; nomeadamente (limitando-me à blogosfera), dá-me a impressão que nas posições de Luis Pedro Machado sobre o acordo ortográfico, de João Miranda sobre a hora de verão ou do CN (entre muitos) sobre o padrão-ouro há algo dessa tendência para associar "construido" a "coercivo" e "espontâneo" a "livre" (quando, em minha opinião, é tão coercivo o estado impor os "construidos" Acordo Ortográfico, a hora de verão ou o papel-moeda como é/seria impor a ortografia de 1911, uma hora que não mudasse ou o padrão-ouro).

Tuesday, May 20, 2008

Hillary Sunset Boulevard (1950) - ending scene










Propriedade ilegítima no direito natural

What Caused the Irish Potato Famine? "In fact, the most glaring cause of the famine was not a plant disease, but England's long-running political hegemony over Ireland. The English conquered Ireland, several times, and took ownership of vast agricultural territory. Large chunks of land were given to Englishmen.

These landowners in turn hired farmers to manage their holdings. The managers then rented small plots to the local population in return for labor and cash crops. Competition for land resulted in high rents and smaller plots, thereby squeezing the Irish to subsistence and providing a large financial drain on the economy." LvMI

Direito espontâneo: Law Merchant

Origins: The Law Merchant, or Lex Mercatoria, was originally a body of rules and principles laid down by merchants themselves to regulate their dealings. It consisted of usages and customs common to merchants and traders in Europe. (...) International commercial law today owes some of its fundamental principles to the Law Merchant as it was developed in the medieval ages. This includes choice of arbitration institutions, procedures, applicable law and arbitrators, and the goal to reflect customs, usage and good practice among the parties.
(...) The Law Merchant provided quick and effective justice. This was possible through informal proceedings, with liberal procedural rules. The Law Merchant rendered proportionate judgements over the merchants’ disputes, in light of “fair price”, good commerce, and equity.

Choice of judge: Judges were chosen according to their commercial background and practical knowledge. Their reputation rested upon their perceived expertise in merchant trade and their fair-mindedness. Gradually, a professional judiciary developed through the merchant judges. Their skills and reputation would however still rely upon practical knowledge of merchant practice. These characteristics serve as important measures in the appointment of international commercial arbitrators today

Legal concepts introduced by the Law Merchant: Less procedural formality meant speedier dispensation of justice, particularly when it came to documentation and proof. Out of practical need, the medieval Law Merchant originated the “writing obligatory”. By this, creditors could freely transfer the debts owed to them. The “writing obligatory” displaced the need for more complex forms of proof, as it was valid as a proof of debt, without further proof of; transfer of the debt; powers of attorney; or a formal bargain for sale. The Law Merchant also strengthened the concept of party autonomy: whatever the rules of the Law Merchant were, the parties were always free to choose whether to take a case to court, what evidence to submit and which law to apply." Wikipedia

Kritarchy

"Kritarchy is a political system based on equal justice for all and the concept of natural rights.[citation needed] It differs from other political systems by its application of the rules of justice. Under kritarchy even courts of law, police forces and other organizations that look after the day-to-day business of maintaining law, are denied any power, privilege or immunity that is not in conformity with natural law. Every person is entitled to offer judicial or police-services to willing others; no person can be forced to become a client of any court of law or police force against his will. In short, under kritarchy judicial and police-services are offered on a free market, which is considered to be the natural law of the human world insofar as exchanges of goods and services are concerned.[citation needed] Kritarchy is essentially the natural rights form of anarcho-capitalism seen from a legal perspective." Wikipedia

Rothbard sobre o complexo financeiro-intervencionismo

Wall Street, Banks, and American Foreign Policy by Murray N. Rothbard

No Afterword By Justin Raimondo:

"Yet it would be inaccurate to call the Rothbardian world view a "conspiracy theory." To say that the House of Morgan was engaged in a "conspiracy" to drag the U.S. into World War I, when indeed it openly used every stratagem, every lever both economic and political, to push us into "the war to end all wars," seems woefully inadequate. This was not some secret cabal meeting in a soundproof corporate boardroom, but a "conspiracy" of ideas openly and vociferously expressed. (On this point, please note and underscore Rothbard's analysis of the founding of The New Republic as the literary flagship of "the growing alliance for war and statism" between the Morgan interests and liberal intellectuals – and isn't it funny how some things never change?)"

Saturday, May 17, 2008

Bem visto

Este post de Pedro Arroja (mas suspeito que o brilhantismo do post não foi intencional).

"Instituições de solidariedade obrigadas a deitar comida fora "


Há aqui duas questões: uma, é se essas regras fazem sentido ou não (para muitas, acho que não); a outra é se, no caso das regras que efectivamente fazem sentido, se devem ser aplicas igualmente aos restaurantes e às IPSS - e aí, acho que sim: que eu saiba, os pobres não têm um aparenlho digestivo e/ou um sistema imunitário mais forte do que a classe média, logo, se se considera que dadas situações são perigosas para a saúde dos utentes dos restaurantes, também o serão para a saúde dos utentes das instalações de solidariedade social.

Friday, May 16, 2008

Já agora, vou também eu citar EvKL

O que é os liberais que andam a ler o Liberty or Equality[pdf] de Erik von K.-L. acham desta passagem?

In this connection it must also be borne in mind that true
liberalism is hardly compatible with an unlimited capitalism of
the Manchester school. Property is also a means to freedom.
Since private capitalism tends to concentrate property in
fewer and fewer hands it is, from a genuinely liberal point
of view, only a lesser evil in comparison with state capitalism
(socialism).13 For the truly liberal solution of the problem
of production we have to look to other prophets than Smith
and Stalin.

Thursday, May 15, 2008

O Dia da Libertação dos Impostos - reloaded


Pelos vistos, hoje é o "Dia da Libertação dos Impostos"[pdf], ou seja (usando os termos da TVI), "O primeiro dia do ano em que os portugueses já cumpriram as obrigações fiscais é esta quinta-feira e por isso os portugueses começam agora a trabalhar para as próprias carteiras. Os trabalhadores gastaram 137 dias ou seja, um terço do ano, só para pagar os impostos no ano passado".

Na verdade, o DLI é, parcialmente, uma mistificação: imagine-se duas pessoas, o Fernando, ganhando 1.000 euros/mês e pagando 20% de impostos e o Mario, ganhando 500 euros/mês e pagando 10% de impostos. Assim, o Fernando trabalha 73 dias por ano para pagar os impostos (365*20%) e o Mario 36,5 dias, ou seja, em média trabalham 55 dias por ano para pagar impostos.

Agora, vamos aplicar a metodologia do "DLI": pegamos nos impostos totais (3.000=200*12+50*12), divide-se pelo rendimento total (18.000=1.000*12+500*12) e multiplica-se por 365 dias e temos o resultado de 60 dias.Ou seja, com um sistema fiscal progressivo os contribuintes, em média, trabalham menos dias "para o Estado" do que o valor calculado para o DLI.

Também podemos fazer o raciocinio inverso: imagine-se um sistema fiscal em que todos os contribuintes pagassem o mesmo, à maneira da malograda "poll tax" de Tatcher (um caso extremo de regressividade) - assim, se tanto o Fernando como o Mario pagassem 125 euros/mês de imposto, o Fernando iria trabalhar 46 dias para impostos e o Mario 91 dias, ou seja, em média trabalhariam 68 dias (mas o cálculo do DLI continuaria a indicar 60 dias). Assim, com um sistema regressivo os contribuintes trabalham mais dias "para o Estado".

Claro que o DLI pode ter alguma utilidade para ilustrar as diferenças de carga fiscal entre paises (ou entre anos), mas o discurso associado ("os portugueses trabalharam 137 dias para pagar impostos") é um bocado demagógico (OK, admito que no meu blog também deve haver muita coisa demagógica...), ainda mais quando muitos dos propagandistas do DLI são também entusiastas da "flat tax", que (ao reduzir a progressividade fiscal) até poderia aumentar o número de dias que realmente trabalhamos para pagar impostos.

Ainda acerca do DLI (no contexto dos EUA):


Observações:

Escrevi que o DLI, apesar de tudo, poderia ter alguma utilidade para ver as diferenças de carga fiscal entre anos: realmente, a carga fiscal está a crescer (cada ano, o DLI avança um dia)

A minha crítica ao DLI baseia-se na progressividade dos impostos, mas será que eles são tão progressivos como eu penso? Afinal, acho a principal fonte de receitas do Estado é o IVA, que há quem argumente que é regressivo (há polémica a esse respeito).

Wednesday, May 14, 2008

Não sei se será boa ideia...

"What happened here is possible everywhere," JERUSALEM - President Bush said Wednesday that 60 years of Israel's existence.

Crimes públicos


Se ele tivesse defendido a abolição do conceito de "crime público" (ou a sua manutenção apenas para os casos de homicidio), até poderia ter a sua lógica: realmente, pode-se argumentar que o Estado não tem nada que proteger alguêm contra a sua vontade, logo não faria sentido fazer processos sem queixa da suposta vítima (só nos casos de homicidio, pelas razões óbvias).

Mas, a partir do momento em que se admite a existência de "crimes públicos", não vejo qual a lógica de querer excluir a violência doméstica (afinal, o argumento de que "inviabiliza a desistência do processo, caso a vítima o deseje" pode aplicar-se também a outros crimes públicos, como o furto ou a burla).

E um dos argumentos mais poderosos a favor da figura de "crime público" é de que, por vezes as vítimas até querem fazer queixa mas não fazem porque têm medo (logo, uma justificação para as autoridades intervirem mesmo sem quixa); ora, acho que se há um crime em que tal situação se pode verificar é exactamente na violência doméstica.

Sobre o salário mínimo


Tuesday, May 13, 2008

Catolicismo e Guerra

"Army life in Catholic countries is similarly of a much more personal and liberal nature; since Catholics are hostile to the disciplinarian monotony and rigour of the machine age, the relationship between superiors and subordinates in these armies assumes an informal, patriarchal pattern. (...)

In the case of war, the soldiers of Catholic nations must bethoroughly convinced of the sensibleness of the cause. If these convictions are lacking among Catholic soldiers—whooften do not feel bound by the Protestant concept of " duty "(Pflicht), mutinies or mass desertions may easily result.

Hence the greater reliability of Protestant groups and organizations bound by oaths, promises, etc. These will act efficiently andaccording to plan even if their belief and conviction in thecause has vanished a long time ago. " Mechanical action "is fairly alien to the Catholic, who is primarily motivated byhis (frequently very subjective) conscience. It seems thatonly a filial affection can supplant conscience and conviction—a mere appeal to " duty " (or " law ") will not do the trick." Erik von Kuehnelt-Leddihn, Liberty or Equality

Monday, May 12, 2008

"Betinhos"

Acho que o maior problema com a tentativa de explicar o que é um"betinho" é que é um exercicio inglório: a palavra significa coisas diferentes para pessoas diferentes.

Há quem use a palavra para designar os "alunos aplicados"; e há quem a use para designar o pessoal que gosta de andar na moda e ouve música e vai às discotecas que "estão a dar"; basicamente, parece-me que quem usa o 1º sentido da palavra são exactamente os "betinhos - 2º sentido", enquanto o 2º sentido é usado sobretudo por quem pinta o cabelo de verde e/ou ouve músicas "esquisitas".

Se fossêmos tentar fazer uma analogia com o calão usado nos filmes de adolescentes norte-americanos, creio que"betinho" tanto poderia significar "nerd"/"geek" como "cool"/"popular", conforme quem use a palavra.

Especulação?

Um artigo de Paul Krugman sobre se a subida do preço do petróleo é devida a especulação (via Economist's View):

So here are two questions: Are speculators mainly, or even largely, responsible for high oil prices? And if they aren’t, why have so many commentators insisted, year after year, that there’s an oil bubble?

Now, speculators do sometimes push commodity prices far above the level justified by fundamentals. But when that happens, there are telltale signs that just aren’t there in today’s oil market.

Imagine what would happen if the oil market were humming along, with supply and demand balanced at a price of $25 a barrel, and a bunch of speculators came in and drove the price up to $100.

Even if this were purely a financial play on the part of the speculators, it would have major consequences in the material world. Faced with higher prices, drivers would cut back on their driving; homeowners would turn down their thermostats; owners of marginal oil wells would put them back into production.

As a result, the initial balance between supply and demand would be broken, replaced with a situation in which supply exceeded demand. This excess supply would, in turn, drive prices back down again — unless someone were willing to buy up the excess and take it off the market.

The only way speculation can have a persistent effect on oil prices, then, is if it leads to physical hoarding — an increase in private inventories of black gunk. This actually happened in the late 1970s, when the effects of disrupted Iranian supply were amplified by widespread panic stockpiling.

But it hasn’t happened this time: all through the period of the alleged bubble, inventories have remained at more or less normal levels. This tells us that the rise in oil prices isn’t the result of runaway speculation; it’s the result of fundamental factors, mainly the growing difficulty of finding oil and the rapid growth of emerging economies like China.

Sunday, May 11, 2008

Henrique Raposo devia ver com mais atenção o CSI

No Expresso, Henrique Raposo escreve "repare-se como a série transmite uma certeza absoluta: os testes de ADN - à semelhança da justiça divina - são infalíveis".

[a seguir segue-se uma espécie de spoiler]

Pelos vistos, HR, talvez por não ser apreciador, não viu o 23º episódio da quarta série do CSI Las Vegas.

"Se os trabalhadores da Autoeuropa dessem ouvidos ao PCP e ao BE estariam todos no desemprego"

Escreve Fernando Madrinha no Expresso*.

Ainda bem que os trabalhadores da Autoeuropa não elegem militantes do BE para a Comissão de Trabalhados, senão a fábrica já teria fechado à muito tempo.

*há aqui um detalhe - essa expressão aparece em destaque, mas depois não aparece no texto em si (aí aparece "à esquerda censuradora" em vez de "ao PCP e ao BE"); talvez os destaque não sejam da responsabilidade de Fernando Madrinha

Saturday, May 10, 2008

Sindicatos e produtividade

The best research has found that unionized firms are, on average, more productive than their nonunionized counterparts. There are a number of reasons for this.

(...)


One especially interesting finding in the literature is that unionized workplaces have
fewer managers. The intuitive assumption may be that more managers leads to more close supervision of workers, which leads to more productivity, but the literature on unions sheds doubt on that thesis.

Getting back to Toyota—it is interesting that so much of their success is due to their having implemented suggestions from ordinary workers. A union setting would tend to provide a far more hospitable environment for soliciting such ideas, since union workers have mechanisms for voicing complaints and suggestions and don’t have to fear for their job security. American workplaces, which tend to be nonunion and overmanaged (the U.S. has one of the highest ratios of managers to workers in the world), would present structural obstacles to adapting Toyota’s decidely non-top-down system.

More workplace democracy, in the form of more unions, fewer managers, and fewer firms organized on top-down principles, is highly desirable from an equity standpoint. But Toyota and the literature on unions provide compelling evidence it would be better for efficiency, as well.

[via Economist's View]

Aniversários

Farto-me de procurar no blogue atlântico de Agosto de 2007 e não encontro posts evocativos dos 60 anos da República da Índia.

O mesmo se passa n'O Insurgente.

Será que não estou a fazer bem a pesquisa?

Um bom conselho

In great peril, por Peter Riley:

The latest health risk has been revealed. Computer keyboards "house millions of bacteria which can cause diarrhoea and vomiting, a study has shown". I recommend not eating them.

Friday, May 09, 2008

Referendo revogatório na Bolivia

É fácil derrotar o terrorismo no Iraque (alterado)

Tal como é fácil deixar de fumar (Mark Twain fé-lo várias vezes), também é fácil derrotar o terrorismo/guerrilha/insurgência/etc. no Iraque: os EUA fázem-no várias vezes (é isso e, no Afeganistão, capturar ou abater o nº 5 da Qaeda).

Adenda: afinal parece que é um bocadinho mais complicado.

Thursday, May 08, 2008

Antiwar Republican Walter Jones (NC) Wins Primary Challenge

"Walter Jones *, the Republican who changed the House cafeteria menu to replace French Fries with “Freedom Fries,” but later became one of the war’s staunchest critics, has been renominated to Congress. He faced a strong primary challenger supported by the White House. With 99% of the vote counted, Jones is winning 59.5% of the vote."

* When Stephanopoulos asked if his stand has "made life uncomfortable" for him, Jones replied:
"George, not really because you know what, I'm going to do what my heart tells me to do. And if that means it jeopardizes my being re-elected – I can always tell you that my daddy, who served for 26 years in the United States House of Representatives, always told me to vote my conscience first, my constituency second, and my party third."

Insider trading

Um economista de esquerda defendendo a legalização do insider trading (alguns bons argumentos a favor e contra nos comentários).

Eu não concordo muito, mas se, como o autor sugere, as leis anti-inside trading fossem substituidas por contratos entre as empresas e os detentores de informação priviligiada em que estes se comprometessem a não a utilizar, talvez não houvesse grande problema.

Retenções na escola

Eu, à partida, sou a favor das retenções: se um aluno chega ao fim do ano sem saber o fundamental da matéria, tem que a aprender outra vez até ficar a saber (efectivamente, consta que alguns países com sucesso educativo, como a Finlandia, não têm retenções, mas será que têm esse sucesso por não terem retenções?).

Mas já não concordo com Paulo Pinto Mascarenhas, que defende as retenções com o argumento de que não aceitável "desprezar o esforço e o trabalho de uns ou o castigo para a ausência de participação e aproveitamento de outros". Ora, se vamos defender as retenções, não por uma questão de "não aprendeu, tem que ser ensinado outra vez até aprender", mas por uma questão de premiar "o esforço e o trabalho" e castigar " a ausência de participação e aproveitamento" isso teria conclusões que eu acho disparatadas:

Em primeiro lugar, tal significa que um aluno com pouco aproveitamento mas que "se esforce", "seja interessado", mas, coitado, "não consegue", deveria passar de ano (afinal, se a questão é premiar o esforço...). Efectivamente, há muita gente que defende algo desse gênero, mas eu não acho jeito nenhum nisso: qual é a lógica de passar um aluno que não sabe a matéria (e, assim, nunca irá ficar a saber) só porque ele se "esforça"? Pense-se na seguinte analogia: teria alguma lógica um médico dar alta a um doente que ainda não está curado só porque o dente se esforça para curar-se, faz os tratamentos todos, etc.?

Em segundo lugar, tal também implicaria que um aluno que sabe a matéria toda sem fazer esforço nenhum deveria ser retido (embora isso talvez fosse díficil de aplicar na prática, já que não é tão simples distinguir os bons alunos que se esforçam dos que não se esforçam - a principal pista talvez seja o lugar em que se sentam na sala de aula).

Provavelmente, PPM e os outros defensores da ideia de "premiar o esforço" não concordarão com estas ideias (sobretudo com a segunda), mas são a conclusão lógica do pressuposto de partida.

Wednesday, May 07, 2008

Tudo em que tocam (neo-cons) transforma-se em caos e morte

ª Rebel Kurds threaten US: Kurdish rebel group has warned of potential suicide attacks against American. [Quem é que não sabia que era uma questão de tempo?]

Obesidade japonesa e ideologia

O João Miranda e o Daniel Oliveira estão entretidos a discutir se as medidas anti-obesidade do governo japonês são "ultra-liberais" ou uma consequência do "socialismo".

Eu acho que ambos estão mais ou menos certos, em função dos pressupostos que provavelmente cada um adopta.

Se definirmos "liberal" no sentido de "ideologia que acha que o Estado deve-se limitar a ser o guardião dos direitos de propriedade e da liberdade individual «negativa»" (penso que os auto-procçamdos "liberais" - pelo menos os "minarquistas" - adoptam definições parecidas com essa), então as tais medidas não terão muito de "liberal".

Se definirmos "liberal" como "alguêm que defende a redução a eito da despesa pública" (a maior parte dos socialistas, quando classificam alguém como "liberal" ou sobretudo como "neo-liberal", é a isso que se referem), essas medidas serão "liberais", já que se destinam a reduzir as despesas públicas.

E, no fundo, tanto podemos considerar que o combate estatal à obesidade é uma consequência do "socialismo" (já que, de certa maneira, é um resultado da saude paga pelo Estado) como do "liberalismo" (já que, de certa maneira, também é um resultado de se querer reduzir as despesas sociais, os impostos, etc.). Ou talvez seja uma consequência, não do socialismo nem do liberalismo, mas das "terceiras vias" e afins: perante o aumento das despesas do sistema de saúde, um socialista clássico diria "vamos aumentar os impostos sobre os ricos"e um liberal clássico diria "o Estado deve deixar de pagar a saúde"; já um "moderado", em busca de "novas soluções livres de espartilhos ideológicos" dirá "temos que preservar os beneficios da saude pública e ao mesmo tempo reduzir o peso económico de Estado, que está a pôr em causa a nossa competitividade na economia global; assim, a solução ideal é adoptar polticas preventivas que favoreçam comportamentos saudáveis".

No entanto, a ligação entre "politicas anti-obesidade" (ou anti-comportamentos menos saudáveis em geral) e saúde paga pelo Estado não me parece assim tão linear: afinal, nos EUA grande parte dos cuidados de saúde são pagos privadamente e acho que é dos países onde parece haver mais a moda das cruzadas legais pela "saúde" (não com o argumento que a obesidade aumenta as despesas com o Serviço Nacional de Saúde, mas talvez com o argumento que causa um aumento generalizado dos prémios dos seguros de saúde) - aliás, consta (até segundo alguns liberais) que o chamado nanny state começou nos países com menos welfare state.

Tuesday, May 06, 2008

Hayek sobre os neo-conservadores (sort of)

Esta devia interessar a muita gente. Ou talvez não.


"F.A. Hayek commented that the Congress’ strategic agenda was "not to plan the future of freedom, but to write its obituary."

Vamos lá ver o que foi o "Congress" (lembrar as actuais "Fundações pela Democracia" onde se reúne a nata do pró-intervencionismo humanitário-moralista em política externa e militar ... onde a palavra mágica "aliança" é evocada como encantamento... como preparação para a última guerra mundial... eu já tentei apostar com alguém que o queira que a próxima bomba nuclear a ser lançada sobre civis será mais uma vez pelo ocidente... sabem aquela dos "humanitarians with a guilhotine" não nos larga ... bom, desculpem lá a má disposição e passemos à frente):

"Among those involved with the Congress were James Burnham, Irving Kristol, Gertrude Himmelfarb, Daniel Bell, Arthur Schlesinger, Lionel Trilling, and the self-described "life-long Menshevik" Sidney Hook."

Mais atrás:

"(...) After the Hitler-Stalin pact, the neoconservatives moved from cafeteria Trotskyites to apologists for the US warfare state without missing a beat, as Justin Raimondo shows in his 1993 Reclaiming the American Right. The CIA’s role in establishing the influence of the neocons came out in the late 60s, though the revelations were obscured by the primary actors’ denials of knowledge of the covert funding. The premiere organization of the anti-Stalinist left, the Congress for Cultural Freedom, provided a base of operations to launch a left-intellectual crusade against the Soviet Union. The revelation that the Congress was a CIA front destroyed the organization’s credibility, and it went belly up despite the best efforts of the Ford Foundation to keep it afloat. The Congress disappeared, but as Raimondo notes, "the core group later came to be known as the neoconservatives."

The Congress for Cultural Freedom was perhaps the Agency’s most ambitious attempt at control and influence of intellectual life throughout Europe and the world. Affiliates were established in America, Europe, Australia, Japan, Latin America, India, and Africa, although its appeal was limited in the Third World for obvious reasons. It combined concerts, conferences, and publishing efforts, promoting the State Department line on the Cold War. Magazines affiliated with the Congress included, among others, the China Quarterly, the New Leaderand, of course, Encounter. (...)"

Retirado de Neoconservatism: a CIA Front? This article first appeared in 1997 in The Rothbard-Rockwell Report.

Desigualdade e desempenho

Inequality & performance, de Chris Dillow:

Inequality hurts. That's the message of this new paper from Bruno Frey and colleagues. They looked at how US basketball players and German bundesliga footballers' performance is affected by pay inequalities. And they found that players who earn less than their team-mates tend to perform worse, even controlling for ability. Low pay relative to one's peers reduces one's performance, even though rising pay across the board improves it.

This has implications outside of sport. It suggests that a firm that pays a big bonus to a "star" performer - or just gives him a pay rise to try and keep him - might see its overall performance worsen, as its less well paid employees work less well in response. This effect could outweigh the tendency for the well-paid employee to respond positively to the higher incentive.

Ver também este meu post Re: Incentivos.

Aqui tenho que discordar dos meus camaradas bloquistas





Monday, May 05, 2008

London Trades Antiwar Leftist for Antiwar Rightist

Via antiwarblog: "(...) I don’t like Boris Johnson’s statements about Muslims, and I know I will get criticism from some of our readers for saying something nice about him, but here goes:

Johnson is not a neocon. In fact, he comes from the same sort of paleo-conservative roots as Pat Buchanan. He is opposed to British imperial dreams, and is in direct conflict with much of the UK Conservative Party.

In the last few years, he has been a strong opponent of the Iraq War, the rush to war with Iran, and Blair’s crackdown on civil liberties. Here are a few examples that we have run on Antiwar.com:

We must not let Bush wage war against Iran

I’ll go to jail to print the truth about Bush and al-Jazeera

Blair’s crackdown on freedom is an inspiration to tyrants

The war in Iraq was based on a lie - and policing Basra is an illusion

I remember the quiet day we lost the war in Iraq"

Autonomias bolivianas

A minha opinião sobre o que o governo boliviano deveria fazer face a uma eventual secessão de Santa Cruz: deixá-los ir (infelizmente, duvido que o faça se a situação se colocar).

É verdade que Santa Cruz é a região mais rica da Bolívia, mas isso deve ser relativizado - Santa Cruz representa 30% do PIB boliviano e 26% da população, ou seja, é cerca de 22% mais rica que o resto da Bolívia; num pais com enormes desigualdades (a Bolívia é um dos 3 países do mundo com um indíce de Gini maior que 0,6), provavelmente a desigualdade dentro de cada região será muito maior do que isso. Além disso, não sei se as estatísticas do PIB boliviano incluem correctamente o valor das produções agrícolas das zonas indígenas ocidentais (algumas são bastante procuradas no mundo desenvolvido, até em sectores da alta sociedade, mas o seu duvidoso estatuto legal pode dificultar a sua correcta contabilização económica).

Agora, há aqui duas questões:

1º) Qual foi a taxa de participação no referendo (como os apoiantes do governo apelaram ao boicote, não é de estranhar que 85% dos votantes tenha apoiado o "Sim")?

2º) Para já, não se fala em independência mas em autonomia. Eu sou a favor do direito de uma região proclamar a independência se for essa a vontade dos seus habitantes. Mas a "autonomia" levanta questões mais complicadas: por um lado, pode argumentar-se que "quem pode o mais, pode o menos" (isto é, se se admite que uma região deve ter o direito de proclamar a independência, por maioria de razão deve ter o direito de proclamar a autonomia); mas, por outro lado, uma coisa é o direito de deixar um clube, outra é o direito de, permanecendo num clube, dizer que só passo a aceitar algumas das suas regras (ou seja, é possível reconhecer-se o direito de secessão unilateral mas considerar-se que uma região que não seceda não tem direito a alterar unilateralmente os termos da sua relação com o governo central - uma lógica de "ou sais ou entras"*)

*pelo que me lembro foi o caso do fim da Checoslováquia - a Eslováquia queria mais autonomia, e posição daquilo-que-veio-a-ser-a-República-Checa (Boémia-Morávia? Países Checos? Chéquia?) foi "Ou fica como está, ou passam a ser independentes a 100%"; claro que esta situação não é minimamente comparável, já que a Eslováquia era a região mais pobre da Checoslováquia (exactamente o oposto do que se passa na Bolívia).

Armas químicas e incineração de mulheres, idosos e crianças

Vi finalmente  WACO: The Rules of Engagement (1/2) e devo dizer que fiquei em estado de fúria.

Uma comunidade multi-racial cristã é dizimada por um monstro frio que mente, distorce, é cinico e ainda por cima que se acha virtuoso e moderno (sempre os piores). O defensor das agências federais (ATF e FBI) não podia ser mais cheio de si mesmo, convencido que representa a civilização.

O único sinal de honra é dado pelos advogados locais, tipicamente texanos, que fizeram o que puderam para expor um crime de Estado e e note-se, os Texas Rangers (assom como o Xerife local que dizia que era uma comunidade simpática e que gostava deles), que disseram nas audições que tudo podia ter sido resolvido sem nenhuma tragédia (eu chamo-lhe chacina pura e simples) e chamaram mesmo mentirosos às agências federais.

Claro que ninguém foi culpado de nada depois de morrerem mais de 80 pessoas com bebés, crianças e mulheres.

Como costuma dizer Ralph Raico, o estado moderno é muito humanitário, mas cuidado se o encontras pela frente e não te desvias.

Foi na administração de Clinton, não esquecer.

Secessão (à direita)

Bolivia's Richest Region Votes 'Yes' on Autonomy

Adam Smith anti-war

“Wealth of Nations” :

“In great empires the people who live in the capital, and in the provinces remote from the scene of action, feel, many of them, scarce any inconveniency from the war; but enjoy, at their ease, the amusement of reading in the newspapers the exploits of their own fleets and armies. To them this amusement compensates the small difference between the taxes which they pay on account of the war, and those which they had been accustomed to pay in time of peace. They are commonly dissatisfied with the return of peace, which puts an end to their amusement, and to a thousand visionary hopes of conquest and national glory from a longer continuance of the war.”

Estivadores norte-americanos contra a guerra

Western ports return to normal after workers' war protest

LOS ANGELES (AP) -- West Coast cargo traffic came to a halt Thursday as port workers ditched the day shift, saying they wanted to commemorate May Day and call on the U.S. to end the war in Iraq.

Worker stayed off the job for about 10 hours before returning for evening shifts.

Thousands of dockworkers at 29 ports in California, Oregon and Washington were no-shows for the morning shift, leaving ships and trucks idle at ports from Long Beach to Seattle, said Pacific Maritime Association spokesman Steve Getzug.

Some longshore workers in San Francisco and Seattle joined rallies with other anti-war protesters. But no longshore workers could be found protesting at the giant Long Beach-Los Angeles port complex.

The work stoppage came during ongoing contract talks between the union and shippers that began in March. The current six-year contract expires on July 1.

(...)

Union members voted during a caucus in February to take May 1 off to protest the war. Employers raised objections with an arbitrator, who ruled in favor of the employers and ordered the union to tell members to show up for work.