Saturday, February 28, 2009

No próximo Natal, o Sócrates há-de aparecer também no video

Talvez por volta dos 2 minutos



[Os Marines se calhar serão mais apropriados de que os Park Rangers.]

Tuesday, February 24, 2009

Pensamentos subversivos

"Be wary of strong drink. It can make you shoot at tax collectors... and miss." ---- Robert A. Heinlein

Sunday, February 22, 2009

Teoria subjectiva do valor versus valor-trabalho

Em poucas palavras, onde é que a teoria subjectiva do valor mais é evidente e onde a "valor-trabalho" mais ausente? Na produção de arte e cultura.

Falemos numa pintura e num autor.

Tem o custo de produção de uma pintura alguma coisa que ver com o seu valor? E com o preço que determinada obra atinge numa primeira exposição?

Este exemplo também serve para decompor o conceito de taxa de lucro "normal" (sobre os custos de produção).

É na produção de arte que provavelmente maiores taxas de lucro (algumas devem aproximar-se de infinito) sobre os custos de produção são atingidas.

E na verdade, hoje em dia, todas as empresas tentam por incorporação de design e imagem, obter essas taxas. No fundo, o que se procura é produzir o "valor subjectivo" suficiente para que as pessoas alegremente se sintam perfeitamente satisfeitas na compra de um dado produto brm acima do seu custo objectivo (Ipod? Iphone?). Mas mesmo isto enquanto outros não "copiam" a ideia e o conceito e o oferecem a taxas menores.

PS: A única coisa que podemos dizer sobre o normal ou anormal de uma taxa de lucro é que esta será tanto normal quanto:

- o produto vendido não está sujeito a qualquer protecção legislativa que tende a monopolizar/cartelizar artificialmente a sua produção (coisa bem frequente, nem que seja por normas ditas de "qualidade" que acabam a proteger os actuais produtores dos potenciais concorrentes) nem está livre de pagar externalidades (como poluição) decorrentes de litígio (as normas ambientais não favorecem o litígio entre proprietários de qualidade de ar e água e os seus poluentes... o que fizeram foi politizar/estatizar o tema).

Friday, February 20, 2009

O casamento homossexual - a questão do nome

Eu acho absurda, quer a posição dos "conservadores" que insistem que uma união-jurídica-entre-pessoas-do-mesmo-sexo-com-direitos-e-deveres-similares-aos-do-casamento não se pode chamar "casamento", quer a dos "progressistas"que insistem que tem que se chamar "casamento". Mas o que é que isso interessa?

De qualquer forma, eu suspeito que, se for aprovada essa figura jurídica mas com um nome diferente de "casamento", toda a gente lhe vai à mesma chamar "casamento".

Por outro lado, sendo eu um heterossexual anti-casamento, sou talvez a pessoa menos indicada para compreender as implicações simbólicas que o casamento homossexual tem (para ambos os lados).

Ainda sobre Ayn Rand

Ayn Rand’s Left-Libertarian Legacy, por Roderick T. Long. A tese do autor é a da que a interpretação mais coerente do pensamento de Ayn Rand é a que ele chama de "left-libertarian" (nesse contexto, um "left-libertarian" não é o que na Europa chamaríamos um "libertário de esquerda"; é mais algo estilo "um liberal que se sente mais próximo do anarco-sindicalismo do que do conservadorismo").

Pelo pouco que sei, duvido que ela concordasse.

A questão da poligamia (II)

Em resposta ao meu post anterior, alguêm escreveu "Ah, é? Como existe mais homosexuais masculinos tb corre-se o risco de haver mais mulheres solteiras...".

Isso só faria sentido se partissemos do principio que os homossexuais que se iriam casar homossexualmente, caso não exista o casamento homossexual se irão casar heterossexualmente, o que não me parece muito provável (realmente eu sei de casos de homossexuais casados heterossexualmente, mas suponho que não são estes que se iriam casar homossexualmente caso o casamento homossexual fosse aprovado).

A questão da poligamia

A respeito do casamento homossexual, há quem pergunte porque não legalizar também a poligamia. Já escrevi algo sobre isso há 3 anos; há uma diferença entre o casamento homossexual e casamento poligâmico: o segundo pode ter grandes externalidades negativas.

É que, por razões biológicas/evolucionárias há muito explicadas, quase de certeza que, numa sociedade que aceite o casamento poligâmico, haverá muito mais casos de casamentos poliginicos (um homem e várias mulheres) do que poliandricos (uma mulher e vários homens) - basta ver que as sociedades poliginicas são muito mais frequentes que as poliandricas. Ora, tal iria originar um desequilíbrio demográfico entre homens solteiros e mulheres solteiras (muito mais aqueles do que estas) que provavelmente não seria socialmente desejável.

Note-se que eu não estou necessariamente a defender que a poligamia não seja legalizada (nem que o seja); de qualquer forma, começo cada vez mais a desconfiar que a melhor solução para isto tudo talvez fosse mesmo abolir o casamento enquanto figura legal.

Thursday, February 19, 2009

Ayn Rand

“Just as [Woodrow] Wilson … led the United States into World War I, ‘to make the world safe for democracy’ – so Franklin D. Roosevelt … led it into World War II, in the name of the ‘Four Freedoms.’ … In the case of World War II, [those overwhelmingly opposed to war ... were silenced and] smeared as ‘isolationists,’ ‘reactionaries,’ and ‘American-First’ers.’ ”

“World War I led, not to [Wilson’s] ‘democracy,’ but to the creation of three dictatorships: Soviet Russia, Fascist Italy, Nazi Germany. World War II led, not to [Roosevelt’s] ‘Four Freedoms,’ but to the surrender of one-third of the world’s population into communist slavery.”

“If you have accepted the Marxist doctrine that capitalism leads to wars, read Professor Ekirch’s account of how Woodrow Wilson, the ‘liberal’ reformer, pushed the United States into World War I. ‘ He seemed to feel that the United States had a mission to spread its institutions – which he conceived as liberal and democratic – to the more benighted areas of the world. ’ It was not the ‘selfish capitalists,’ or the ‘tycoons of big business,’ or the ‘greedy munitions-makers’ who helped Wilson to whip up a reluctant, peace-loving nation into the hysteria of a military crusade – it was the altruistic ‘liberals’ of the magazine The New Republic …”

“Observe the link between statism and militarism in the intellectual history of the 19th and 20th centuries. Just as the destruction of capitalism and the rise of the totalitarian state were not caused by business or labor or any economic interests, but by the dominant statist ideology of the intellectuals – so the resurgence of the doctrine of military conquest and armed crusades for political ‘ideals’ were the product of the same intellectuals’ belief that ‘the good’ is to be achieved by force.”

Debate keynesianos vs. austríacos: um ponto para os "austríacos"

Ando eu a tentar defender a teoria keynesiana contra a austríaca e o Paul Krugman (que até deve ser muito mais keynesiano que eu) tira-me o tapete:

"Sulfato de miguel"

Alguêm chegou a este blog fazendo uma busca por "sulfato de miguel". Imagino que seja o que se obtém se eu for dissolvido em ácido sulfúrico.

Um candidato a ser condecorado no 10 de Junho?

Afinal, não é toda a gente que tem dinheiro a receber do Estado e recusa recebé-lo:

Rejeita reforma choruda e vive em caverna

Manuel Maria Dias, 80 anos, é talvez o último dos homens primitivos a viver em Portugal. Tem milhares de euros a receber da reforma mas habita uma caverna escavada entre duas pedras em Seixo da Beira, concelho de Oliveira do Hospital.

Não há luz, nem água canalizada. A higiene, da casa e a pessoal, é feita ao lado dos cobertores estendidos no chão enlameado. A barba e as unhas demonstram o isolamento a que se votou. Ao lado das penedias em que habita, está o início de um barracão que a junta de freguesia iniciou. De nada valeu. Manuel Maria Dias é um homem livre. Nem a reforma quer. "Tem algum jeito nunca ter dado nada ao Estado e agora querem dar-me a mim?", pergunta-se.

"O dinheiro é sangue, custa a ganhar", aponta o octogenário que mora entre duas rochas num terra que o pai comprou "antes de ir para o Brasil. Somos três, as minhas irmãs moram lá para baixo e eu vivo aqui. Sozinho!", dispara com lucidez acutilante.

A casa, assim lhe chama há cerca de cinco anos, são duas pedras cobertas com plástico e pinheiros. Lá dentro uma protuberância das rochas guarda a água que serve para cozinhar e limpar. Ao lado está a cama e ao fundo, numa reentrância dos penedos fica a dispensa. De que vive? "Trabalho nas florestas e vendo uns cabos para enxadas nas feiras." O magro sustento permite "comprar umas cabras ou galinhas".

Os 30 quilómetros que separam Seixo da Beira de Nelas ou de Oliveira do Hospital são percorridos sempre a pé. "Demoro três horas", conta o eremita. Manuel já não tem animais. "O que compro enterro na terra e a gente perde a vontade de trabalhar, não se tira lucro nenhum. Arrendei o pasto."

As compras "são feitas uma vez por mês" quando vai à feira. Os dias são passados na lavoura. É da terra que vem o sustento. "Semeio centeio e faço pão." A carne que come é comprada "de vez em quando", explica. Os dias "são passados a trabalhar, à noite como e cama". E o frio? "Agacho-me aqui e faço uma fogueira." A fogueira, feita no mesmo buraco onde dorme, é alimentada com troncos que vai puxando à medida que ardem.

Apesar de tudo, é aqui que Manuel é feliz, rejeita mudar de vida. "Sou feliz aqui. É a vida de um pobre homem só. Triste mas uma vida", exclama.

Wednesday, February 18, 2009

Sobre "crimes sexuais contra menores"


Na comunicação social tal tem sido apresentado como registo permanente dos individuos condenados por "pedofilia".

O problema é que não há nenhum crime no código penal [pdf] chamado "pedofilia"... O que existe é:

  • abuso sexual de crianças ("acto sexual de relevo com ou em menor de 14 anos"
  • abuso sexual de menores dependentes ("[acto sexual de relevo] relativamente a menor entre 14 e 18 anos que lhe tenha sido confiado para educação ou assistência")
  • actos sexuais com adolescentes ("acto sexual de relevo com menor entre 14 ou 16 anos (...) abusando da sua inexperiencia")
  • recurso à prostituição de menores ("acto sexual de relevo com menor entre 14 e 18 anos, mediante pagamento ou outra contrapartida")
  • lenocinio de menores ("fomentar, favorecer ou facilitar o exercicio de prosituição de menor")
  • pornografia de menores
  • e mais todos os crimes sexuais "normais" (como violação) praticados sobre vitimas menores

E não sei se meter todos esses crimes no mesmo saco fará grande sentido (note-se que também não sei se o projecto do CDS os mete todos no mesmo saco). Nomeadamente, o argumento a favor do registo permanente dos pedófilos é de que a pedofilia é uma compulsão incurável e que os pedófilos irão reincidir se tiverem oportunidade; mas muitos dos crimes atrás descritos não correspondem necessariamente à pedofilia como categoria psicológica (aliás, acho que por vezes há uma tendência para chamar "pedofilia", não apenas à pedofilia mas também à efebofilia, o que confunde ainda mais a discussão) . Por outro lado, também é verdade que, no que diz respeito à adopção (a razão principal porque o CDS apresenta esta proposta), provavelmente não virá grande mal ao mundo se todos os culpados de crimes sexuais contra menores (mesmo que não sejam tecnicamente "pedófilos") forem impedidos de adoptar crianças...

Já agora, ainda a respeito desta questão, é curioso que, perante o que parece ser um caso concreto de "crime sexual contra menores", a opinião de muita gente (pelo menos a avaliar pelos comentários na noticia) até pareceu ser que não foi nada de especial...

Se o messias diz...

"Obama Says Afghan War Is `Still Winnable,' Will Send 17,000 More Soldiers" (Bloomberg)

Monday, February 16, 2009

Quizzes

Wich book are you?


You are the Lord of the Rings (J. R. R. Tolkien); you are intricate, mystical, epic and ethereal. You are the classic hero. And the wonderful final triumph of good. You are old fashioned and almost infuriatingly slow at times, but keep the language creation coming. Through you we've all learned the importance of being Gollum.





You're a Kangaroo!

Big and brash, but also spry, you were probably a track star at some point in your life. You certainly could do well at the field events, if not always the track as well. When not jumping over hurdles on the track, you've found ways to overcome hurdles in life, usually by stuffing things away for later use. This resourcefulness is combined with a certain amount of charm to persuade others to your side. You've been meaning to take up kickboxing as well, just in case.

Take the Animal Quiz
at the Blue Pyramid.


[via Womenage a Trois]

Re: Do sovietismo "democrático"


Não percebo muito bem como Gabriel Silva está a fazer esta conta: em primeiro lugar (excluindo os deputados do PPM e do MPT eleitos em listas do PSD) há seis partidos parlamentares - PS, PSD, PCP, PP, BE e PEV. Eu imagino que Gabriel Silva esteja a excluir o PEV, já que é duvidoso que esse "partido" tenha existência real.

Mas então, se vamos só contar com PS, PSD, PCP, PP e BE, não estou a ver onde Gabriel Silva foi descobrir quatro partidos com lideres eleitos em listas únicas: atendendo a que Manuela Ferreira Leite teve a oposição de Passos Coelho, Santana Lopes e Patinha Antão e que Francisco Louçã teve a oposição de Teodósio Alcobia e de João Delgado, pelas minhas contas temos apenas 3 partidos com lideres eleitos em listas únicas.

Ron Paul: "What if"



What if we wake up one day and realize that the terrorist threat is a predictable consequence of our meddling in the affairs of others?

What if propping up repressive regimes in the Middle East endangers both the United States and Israel?

What if occupying countries like Iraq and Afghanistan – and bombing Pakistan – is directly related to the hatred directed toward us and has nothing to do with being free and prosperous?

What if someday it dawns on us that losing over 5,000 American military personnel in the Middle East since 9/11 is not a fair trade-off for the loss of nearly 3,000 American citizens, no matter how many Iraqi, Pakistani, and Afghan people are killed or displaced?

What if we finally decide that torture, even if called "enhanced interrogation techniques," is self-destructive and produces no useful information – and that contracting it out to a third world nation is just as evil?

What if it is finally realized that war and military spending is always destructive to the economy?

What if all wartime spending is paid for through the deceitful and evil process of inflating and borrowing?

What if we finally see that wartime conditions always undermine personal liberty?

What if conservatives, who preach small government, wake up and realize that our interventionist foreign policy provides the greatest incentive to expand the government?

What if conservatives understood once again that their only logical position is to reject military intervention and managing an empire throughout the world?

What if the American people woke up and understood that the official reasons for going to war are almost always based on lies and promoted by war propaganda in order to serve special interests?

What if we as a nation came to realize that the quest for empire eventually destroys all great nations?

What if Obama has no intention of leaving Iraq?

What if a military draft is being planned for the wars that will spread if our foreign policy is not changed?

What if the American people learn the truth: that our foreign policy has nothing to do with national security and that it never changes from one administration to the next?

What if war and preparation for war is a racket serving the special interests?

What if President Obama is completely wrong about Afghanistan and it turns out worse than Iraq and Vietnam put together?

What if Christianity actually teaches peace and not preventive wars of aggression?

What if diplomacy is found to be superior to bombs and bribes in protecting America?

What happens if my concerns are completely unfounded – nothing!

What happens if my concerns are justified and ignored – nothing good!

http://www.house.gov/

Saturday, February 14, 2009

900 mil pessoas com emprego protegido?

O Expresso noticia "são cerca de 900 mil pessoas que trabalham na esfera pública e vão ter o emprego protegido num ano de recessão grave em Portugal".

Errado. Pelo menos no caso especifico dos hospitais EPE, os trabalhadores podem ter:
  • Contrato por tempo indeterminado
  • Contrato sem termo
  • Contrato a termo certo
  • Contrato a termo incerto
  • Contrato de prestação de serviços (não sei se estes últimos contam para os tais 900 mil)
Desses, apenas os "contratos por tempo indeterminado" e os "contratos sem termo" (os primeiros são os antigos "funcionários públicos"; os segundos - onde eu me incluo - são contratados ao abrigo do Código do Trabalho) têm "emprego protegido"; os contratados a termo podem ser despedidos e/ou o contrato não ser renovado (e isso acontece com alguma frequência).

O Dia de S. Valentim tem racionalidade económica?

The rationality of Valentine's day, por Chris Dillow.

Friday, February 13, 2009

A teoria do "valor-trabalho" - III

Há um equivoco frequente sobre a TVT, nomeadamente na sua versão marxista (e às vezes a própria propaganda marxista alimenta esse equivoco).

O equivoco é julgar que a TVT e/ou o marxismo diz que o capital (no sentido de máquinas, etc.) não contribui para a produção.

Dois exemplos dessa incompreensão:

Exemplo 1:

[aula de economia do 11º ano, em 1990]

Professor -" o marxismo (e a ideologia dos partidos de esquerda em geral) baseia-se na ideia que é o trabalho que queria riqueza, e que os capitalistas exploram os trabalhadores..."

Aluno - "Mas as máquinas também produzem! Foi nisso que o Marx não pensou. Assim as máquinas também são exploradas."

Professor - "Talvez, mas explorar pessoas é diferente de explorar máquinas..."

Aluno - "Não viu aquelo filme d'O Carro Assassino?"

Exemplo 2: uma passagem do livro "Autogestão, um utopia?", do economista liberal Albert Garand, onde ele diz que Marx acreditava no valor trabalho por ter vivido numa época em que o que predominava era a manufactura e o trabalho ainda era pouco mecanizado.

Dizer que Marx ignorava que o uso de máquinas aumentava a produção é um erro crasso (mas mais aceitável num aluno do 11º ano do que num economista com livros publicados); afinal, toda a teoria marxista do colapso do capitalismo "vitima das suas contradições" gira à volta da substituição do trabalho por máquinas (a que Marx chamava "substituição do trabalho vivo por trabalho morto" ou "aumento da composição orgânica do capital").

É aqui que entra a diferença entre valor-de-troca e valor-de-uso: o valor-de-troca é o preço que eu pago, digamos, por uma cópia do browser Firefox; o valor-de-uso é o valor que o Firefox tem para mim, como utilizador (voltando ao Oscar Wilde, poderiamos dizer que o cínico seria quem conhece o valor-de-troca de tudo e não conhece o valor-de-uso de nada?)

Como já disse, a teoria do valor-trabalho não nega que as máquinas produzam valores-de-uso: se uma costureira passar a usar uma máquina de costura, essa máquina vai-lhe permitir produzir mais roupas, que terão valor-de-uso para quem as comprar; ou seja, a costureira passa a produzir maior quantidade de valores-de-uso.

O que a TVT nega é que as máquinas produzam valor-de-troca: segundo a TVT, se todas (ou uma parte significativa) das costureiras passarem a usar uma máquina de costura, o preço das roupas que produzem vai baixar, logo não há um aumento do valor-de-troca produzido (já que o aumento da quantidade é anulado pela redução do preço).

É ai que entra a tese de Marx sobre o "colapso do capitalismo": segundo Marx, cada empresário individual tem interesse em substituir trabalhadores por máquinas, a fim de aumentar os seus lucros individuais; mas essa substituição do trabalho por máquinas tem um efeito diferente para os empresários no seu conjunto: como a mecanização faz reduzir os preços, temos que a acumulação de capital não conduz a um aumento dos lucros globais (com algumas nuances em que não vale a pena entrar), logo a taxa de lucro tende a descer, acabando por levar ao colapso do capitalismo.

O melhor argumento contra este tese parece-me ser o do ex-marxista Cornelius Castoriadis: se a mecanização faz baixar os preços, então também faz baixar os preços das máquinas; assim, mesmo que haja uma acumulação fisica de capital, não há necessariamente um crescimento do valor do capital, logo não há nenhuma razão para a taxa de lucro cair - tal só aconteceria se a produtividade crescesse mais depressa no sector produtor de bens de consumo do que no produtor de bens de equipamento.

Nota 1: isto é uma descrição super-simplificada da TVT e da teoria marxista sobre o colapso do capitalismo

Nota 2: Eu até sou da opinião que há um cenário especifico - que creio não se verificar na prática - em que a substituição do trabalho por máquinas levaria efectivamente ao colapso do capitalismo; um dos próximos posts será sobre isso

A ICAR é contra o casamento homossexual. E depois? (II)

Nos comentários a este post, a Ana Matos Pires e o José Manuel Faria manifestam-se contra a Igreja dar "indicações de voto" aos católicos para estes não votarem em partidos que sejam a favor do casamento homossexual.

Imagine-se que, numas eleições autárquicas, uma associação ambientalista apelava a que não se votasse num presidente de Camara que tivesse autorizado "atentados ambientais". Haveria algum problema com isso?

Uma questão de liberdade?

No Sem Filtro, argumenta-se que o direito dos encarregados de educação decidirem se os filhos devem ou não ter aulas de educação sexual é "uma questão de liberdade".

Não é, não - é uma questão de qual "despotismo benevolente" é preferivel, se o do Estado, se o dos encarregados de educação; até se pode argumentar que o despotismo benevolente dos encarregados de educação é preferivel ao do Estado (vejo pelo menos 3 razões para isso: conhecem melhor os filhos; provavelmente têm mais interesse neles; e uma decisão errada só afecta 1 ou 2 crianças em vez de umas centenas de milhares), mas continua a ser um despotismo.

Ainda sobre o assunto:

Thursday, February 12, 2009

Wednesday, February 11, 2009

A ICAR é contra o casamento homossexual. E depois?

Anda muita gente escandalizada com a oposição da Igreja ao casamento homossexual. Bem, de certeza que há montes de associações de que são a favor da legalziação do casamento homossexual (p.ex., a ILGA ou os Panteras Rosas) e que fazem comunicados a favor.

Ora, qual é a diferença entre a Igreja Católica e os Panteras Rosas? Para mim, nenhuma - são ambas associações de cidadãos. Assim, sendo a ICAR é uma associação como outra qualquer, é perfeitamente natural que também tente influenciar as politicas do Estado de acordo com a sua visão do mundo.

A respeito da socialização (em vez de estatização) do sistema de crédito

Jorge Bateira e Nuno Teles têm escrito sobre a «“socialização" ... (não é estatização!)» do sistema de crédito.

Parece que no Reino Unido têm aparecido algumas propostas que podem ser consideradas como uma forma de "socialização sem estatização" - transformar alguns dos bancos nacionalizados em "mutual societies", isto é, uma espécie de "cooperativas" propriedade dos depositantes.

Vários dos bancos que recentemente tiveram que ser "salvos" (como o Northern Rock) eram, até há uns 20 anos, "mutual societies", havendo quem diga que a culpa do seu colapso talvez tenha sido da sua transformação em companhias comerciais, já que, supostamente, as "mutual societies" seriam mais cautelosas no crédito que concediam.

Agora, tenho é muitas dúvidas se há alguma razão lógica para a "mutual societies" terem sido melhor geridas que os bancos tradicionais ou se foi apenas uma coincidência.

Tuesday, February 10, 2009

Re: Teoria subjectiva do valor

"O que é um cínico? É alguém que sabe o preço de tudo e não sabe o valor de nada" - Oscar Wilde.

Confesso que o meu grande problema com a teoria subjectiva do valor é que ainda não percebi muito bem sobre a que é que se refere.

Isto é, ainda não percebi muito bem se a TSV pretende explicar o preço dos bens, ou apenas aquilo a que Wilde chamava o seu "valor".

É que, por um lado, como a TSV costuma ser apresentada como uma alternativa à teoria do valor-trabalho (que pretende explicar os preços), é de supor que pretenda também explicar os preços.

Mas, por outro lado, já vi muita coisa escrita por defensores da "teoria subjectiva do valor" que me dão a impressão que a TSV se refere ao tal conceito "wildeano" de valor - um valor que não está necessariamente ligado ao preço (no sentido em que o Firefox tem "valor" para mim apesar de ser grátis).

Talvez se eu fosse ler o Menger (o Carl, não o Hans) chegasse a alguma conclusão, mas é mais prático perguntar ao Carlos Novais e esperar que ele faça mais um post sobre o assunto.

Teoria subjectiva do valor

Não existe um valor agarrado a um objecto porque ele "custou" poucas ou muitas horas a produzir (ou mais ou menos factores de produção).

Não olhamos para um objecto e vemos o que custou a produzir passando a valorizá-lo apenas por coincidência a esse valor.

Um livro que queremos comprar não vale para nós X porque o autor demorou 2 anos a escrevê-lo, pelo contrário uma alma genial no final de uma noite boémia é capaz de escrever (num estado miserável) em apenas uma hora algo que valorizamos infinitamente.

Aliás, quando 2 sujeitos trocam entre si algo (pode ser um bem por moeda, ou um bem por outro bem) ao preço (ou rácio de troca) de X o máximo que podemos dizer é que o comprador no mínimo valoriza esse bem em X, mas subjectivamente para si poderá valer muito mais. E o vendedor o inverso. O acto de troca (a manifestação de cooperação social pacífica e voluntária) surge mais de uma desigualdade do que de ambos concordarem que esse bem vale X.

Assim, o custo de produção pouco importa. Sabemos que cada comprador poderá valorizar um dado bem acima ou abaixo do custo constabilístico de produção. E isso determinará se o produtor abandona a produção desse bem ou se tem de partir para outra.

""Alguém vai ter que pagar" as perdas no BPN"

Rui Pedras, administrador do BPN no negócios.pt

Eu sei quem devia ter pago: Os credores do BPN à altura da falência, quer os financiadores quer os depositantes (em que os pequenos teriam acesso ao sistema de indemnização).

Não existe diferença substancial entre accionistas e credores. Ambos participam no activo de uma empresa. Apenas têm formas de remuneração diferentes. Mas ambos detêm direitos sobre o activo.

(No caso dos depósitos à ordem, quem os faz credores são os Bancos Centrais que transformaram o que devia ser um operação de guarda de valores num contrato de crédito)

Mas não. A ajuda "sistémica" ajudou provavelmente os grandes credores e grandes depositantes a retirarem de lá dinheiro - incluindo aqueles que auferiram de taxas anormalmente altas para os seus depósitos.

Um grande esquema é seguido de outro grande esquema. Diga-se que o grande esquema é mesmo a crendice que o crédito e a moeda podem ser criados do nada.

A esquerda (e a direita) devia reparar que um sistema que permite a criação de moeda para conceder crédito é em si mesmo uma corrupção e um esquema.

E os Bancos Centrais são quem preside ao esquema.

A "teoria do valor trabalho" - II

Como disse aqui, acho que a TVT está errada na teoria mas quase certa na prática. Porquê?

Para começar, vamos ver quais são as alternativas teóricas à TVT: por um lado, temos as outras "teorias do valor-custo de produção", segundo o qual o preço é determinado pelo conjunto dos custos de produção, e não apenas pelo trabalho utilizado; por outro, temos a teoria subjectiva do valor, que parece-me dizer que o preço tende a ser determinado pela utilidade que os consumidores dão ao produto em questão.

Indo por partes: no caso da teoria do "custo de produção", até é capaz de ser uma determinante mais relevante que o trabalho propriamente dito; mas como, directa ou indirectamente, o trabalho deve ser o principal custo de produção, não altera muito os dados do problema.

A alternativa mais relevante à TVT é mesmo a "teoria subjectiva do valor". Ora, na minha opinião, ambas estão em parte correctas: os preços são determinados pela intersecção da oferta e da procura; a curva da oferta tende a ser determinada pelos custos de produção; a da procura, pela utilidade subjectiva do consumidor.

Agora, podemos imaginar vários "casos notáveis".

Vamos supor um produto cuja oferta seja rigida (p.ex., o tal original de Picasso que falei no post anterior).




Neste caso, efectivamente a teoria subjectiva do valor (se eu a estou a perceber bem) faz sentido - o que afecta o preço é a curva da procura, que é determinada pelas preferencias dos consumidores.


Agora, vamos imaginar o caso oposto: um produto cuja produção tenha rendimentos constantes à escala, o que leva a que (pelo menos a longo prazo), a curva da oferta seja horizontal:

Neste cenário, a "teoria subjectiva da valor" perde toda a relevancia - alterações na procura (ou seja, na preferencia dos consumidores) em nada afectam o preço (ou, pelo menos, o preço a longo prazo) que é determinado apenas pela estrutura dos custos de produção (ou seja, com economias constantes à escala, a "teoria do valor - custo de produção" é a mais correcta).

Vamos ainda imaginar outro cenário (para este não vou fazer gráfico), em que haja rendimentos crescentes à escala. Aí teremos que, quanto maior a procura de um bem, provavelmente mais baixo será o seu preço. Nesse caso, quase poderiamos dizer que o correcto seria uma espécie de anti-teoria subjectiva do valor, em que, quanto maior a utilidade que os consumidores dessem a um certo produto, mais barato esse produto será.

Resumindo:

  • com oferta rigida, a teoria subjectiva do valor aplica-se na perfeição

  • com uma curva da oferta crescente com o preço (isto é, o cenário que custuma aparecer nas primeiras páginas dos livros de economia), tanto a teoria subjectiva como a teoria do custo de produção aplicam-se parcialmente

  • com rendimentos constantes à escala, temos uma oferta perfeitamente elástica a longo prazo, em que o que determina o preço é o custo de produção

  • finalmente, se tivermos rendimentos crescentes à escala, teremos um coisa esquisita, mas em que acho que poderemos dizer que os preços serão determinados pelos custos de produção (nesse cenário, realmente a procura faz baixar os preços, mas tal acontece por intermédio do seu efeito sobre os custos de produção)


Então, quais destes cenários será mais frequente no mundo real? Arrisco-me a dizer que o terceiro e o quarto serão mais usuais que o primeiro, o que torna a "teoria do custo de produção" mais relevante do que a "teoria subjectiva do valor".

Agora, é verdade que o titulo do post é "teoria do valor trabalho", não "teoria do valor - custo de produção" (confesso que não sei como se traduz cost-of-production theory of value), mas penso que a TVT pode ser considerado uma versão aproximada da "TVCP", por isso acaba por não andar muito longe do funcionamente real da economia (mesmo que os seus fundamentos teóricos não sejam muito sólidos).

A "teoria do valor trabalho"

Em que consiste a "teoria do valor-trabalho"?

Na ideia de que o valor de troca de uma mercadoria é determinada pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzir essa mercadoria (por outras palavras, a razão porque a mercadoria A é mais cara que a mercadoria B é porque dá mais trabalho produzir A do que B).

Algumas notas:

No contexto da teoria do valor trabalho, "mercadoria" refere-se apenas a mercadorias a que seja possivel fabricar cópias - p.ex., a teoria não é suposto aplicar-se a um Picasso original: como não é possivel reproduzir esse bem (é possivel fazer cópias, mas não mais originais do quadro), o seu preço pode ser muito maior ou menor do que o trabalho que o Pablo teve a pintá-lo (suspeito que provavelmente será maior). Pelo contrário, no caso de copias do quadro, estas tenderão a ter um valor de mercado equivalente ao trabalho que dá produzi-las.

O "valor" não é exactamente a mesma coisa que o preço - de acordo com a TVT, o preço pode (pelo menos temporariamente) ser maior ou menor que o "valor". O "valor" é mais uma espécie de "preço médio a longo prazo".

Quando se fala em "trabalho socialmente necessário", está-se a incluir todo o trabalho, directo e indirecto, presente e passado, necessário para produzir o bem em questão. Assim, o trabalho necessário para se produzir um carro inclui, não apenas o trabalho feito na fábrica de automóveis, mas também o trabalho que foi gasto para produzir as peças dos carros, as máquinas da fábrica, a energia utilizada, etc.

A TVT considera que o valor é determinado pelo tempo de trabalho médio: se duas fábricas produzirem o mesmo bem, e se a Fábrica A for menos eficiente e utilizar mais trabalho para produzir uma unidade de bem que a Fábrica B, isso não significa que a produção da Fábrica A será mais cara do que a da Fábrica B - os bens serão vendidos a preços similares, e a Fábrica B terá mais lucro do que a A.

Um ponto importante - a TVT é positiva, não normativa. Os proponentes do valor trabalho não dizem que uma mercadoria deve ter um preço determinado pelo trabalho necessário para a produzir, mas sim que o preço é determinado pelo trabalho necessário para a produzir.

E outro ponto ainda mais importante: a TVT pretende explicar o valor de troca de uma mercadoria (isto é, o que determina o seu preço), não o seu valor de uso (a utilidade que tem para o consumidor). Assim, se alguêm disser "A teoria do valor trabalho está errada, porque um bem pode ter dado uma trabalheira a produzir no entanto não ter qualquer valor para mim; p.ex., se eu não usar gravata, que me interessa o tempo de trabalho que foi necessário para produzir a gravat?", o que essa pessoa está a dizer é "Não sei do que estou falando".

Agora, uma questão: a TVT está certa ou errada? Na minha opinião, está errada na teoria mas quase certa na prática. É o que vou tentar demonstrar no próximo post.

Monday, February 09, 2009

Bailouts e limites salarias


Em principio, essa redução salarial levaria a que, pelo menos "na margem", alguns dos melhores trabalhadores dessas empresas (com "melhores", penso sobretudo em "melhores dentro da sua categoria profissional") preferissem procurar emprego noutro sitio.

No entanto, curiosamente, creio que não li nenhum post n'O Insurgente contra essa proposta (e é um blog que costumo seguir); como não leio regularmente The Becker-Posner Blog (na verdade, acho que nunca o tinha lido), não faço ideia se o Gary Becker escreveu algo contra isso.

Prémios dos gestores

Everyone seems upset by the prospect of banks paying big bonuses. What they’re not asking is: why have banks paid them for so long?

The popular answer is that banks need to attract the best talent.

Yeah, right. Eric Falkenstein and James Kwak provide the real answer. Traders must be bribed not to plunder the firm. If you don’t pay them millions, they’ll sell the banks’ assets cheaply to rival firms for which they then go and work. They are paid fortunes not because they have skill, but because they have power.

It’s not just bankers of whom this is true. Peter Skott and Frederick Guy show that it is changes in differences in power that can explain a hefty chunk of the rise in inequality we’ve seen since the 1980s.

(...)

Could it be, then, that one effect of this banking crisis will be to show that talk of “talent” is just an ideological veil behind which rising inequality has been the result of inequalities in naked power?

Tuesday, February 03, 2009

Uma nova etapa na vida de Barack Obama?

Roderick T. Long sobre Barack Obama: "One reason power corrupts is that it puts people in a position to choose options with which they would ordinarily never be faced. Our new President has just passed a significant milestone on the road to hell, one that he would be unlikely to have passed in ordinary life: he is now a murderer."

Ainda sobre os imigrantes na Grã-Bretanha

Migrant labour & British jobs, por Chris Dillow:

In light of the widespread protests about foreign workers at Lindsey oil refinery, three recent papers on the impact of migrant workers are especially timely. They all reach similar conclusions - that the effects of migrants upon wages and jobs of indigenous workers are small (...)

So, as I say, if you’re looking for a group of people who are threatening the jobs and pay of British workers, look at bankers, capitalists, governments - pretty much anyone rather than foreigners.

(...)

Monday, February 02, 2009

Cato Institute sobre a reeleição indefenida

Artigo do versão espanhola do Cato Institute (think-tank liberal, que recentemente deu um prémio aos dirigentes estudantis venezuelanos que se opõem a Chavez) sobre a reeleição sem limites:

por Lorenzo Bernaldo de Quirós

Lorenzo Bernaldo de Quirós es presidente de Freemarket International Consulting en Madrid, España y académico asociado del Cato Institute.

[S]e ha abierto un debate sobre la conveniencia o no de permitir la reelección del presidente (...), lo que implicaría la reforma de la constitución de ese país. La polémica sobre la limitación o no de los mandatos presidenciales es tan antigua como la propia democracia y se ha planteado de manera recurrente, si bien con distinta intensidad y en diferentes momentos, en la mayoría de los países democráticos. A simple vista, los argumentos a favor de impedir a los políticos ser reelegidos gozan de una considerable solidez y tendrían un claro aroma liberal. Sin embargo, esas medidas restrictivas suponen también una injerencia en el funcionamiento del mercado—en este caso del político—y como sucede casi siempre en estos casos, los efectos suelen ser opuestos a los esperados por quienes las defienden.

De entrada, la limitación de mandatos priva a los ciudadanos de elegir a los representantes que ellos desean y que están dispuestos a servirles. Este enfoque es similar a los formulados para defender la intervención estatal en otros mercados, ya que supone asumir que el electorado-consumidor necesita ser protegido de sí mismo, tiende a comportarse de manera irracional y no sabe velar por sus propios intereses. Tal vez ese planteamiento tenga algo de verdad pero si se acepta como principio general y se lleva a sus últimas consecuencias lógicas, todos los argumentos a favor de la democracia se vienen abajo y pierden su consistencia. Quizá por eso, uno de los textos clásicos de la filosofía liberal, El Federalista, en su sabia y acertada obsesión por introducir "checks and balances" para evitar el abuso de poder por parte de los poderes públicos, nunca apoyó la introducción de ese tipo de restricciones.

Por otra parte, la imposibilidad legal de ser reelegido genera o puede generar incentivos perversos. Si esa opción se elimina, desaparece con ella uno de los mecanismos disciplinantes más poderosos que existen: la capacidad de premiar o de castigar la gestión de los gobiernos. En este caso, los políticos se ven menos presionados para satisfacer los deseos de los electores, y su propensión a manejar mal los asuntos públicos y a utilizar el poder en su beneficio o en el de su clientela, crece de manera exponencial. En un conocido trabajo, Robert J. Barro mostraba que los estados norteamericanos en los cuales existen límites a las veces que un gobernador puede ser elegido tenían como media peores resultados económicos que aquellos en los cuales no estaba vigente una prohibición de esa naturaleza. De hecho, el crecimiento de su renta per cápita entre 1960 y 1990 fue sensiblemente inferior en los primeros que en los segundos.

Un argumento en pro de las limitaciones es que los políticos/gobernantes instalados gozan de injustas ventajas en las elecciones—las proporcionadas por el control del poder—que suponen verdaderas barreras de entrada a los nuevos competidores. En concreto, quien se encuentra en el cargo tendría un acceso teórico más fácil a fondos para sus campañas, a los medios de comunicación, etc. Además de ser esta una hipótesis cuestionable, y no avalada por la evidencia empírica, su base es semejante a la utilizada con frecuencia por los poderes públicos para justificar la regulación en nombre de la concurrencia, y es igualmente falaz. Con todas sus imperfecciones, el mercado político está abierto a la competencia real y potencial y, además, la posición dominante de quienes operan en él es temporal, está sometida al control y a la voluntad de los votantes. De lo contrario, nadie sería jamás desalojado del poder por las urnas.

Lejos de ser un obstáculo a la renovación de la clase dirigente, la posibilidad de ser reelegido puede impulsarla, y su prohibición frenarla. Sin ella, movimientos nuevos que en un momento determinado ganan unas elecciones y obtienen un amplio respaldo de la opinión no disponen del tiempo necesario para consolidarse como partidos estables y, por tanto, para convertirse en motores de regeneración democrática y en cauces sólidos de representación. Este es uno de los males crónicos de una buena parte de los países iberoamericanos, una fuente de ineficiencia y una causa de su incapacidad para construir partidos fuertes y modernos sin los cuales el sistema democrático no funciona. En este contexto, la prohibición de la reelección se traduce en el fortalecimiento de un status quo cada vez más alejado de la realidad, de unas fuerzas políticas que no representan corrientes profundas del país y de un divorcio entre la sociedad política y la sociedad civil.

(...)
[talvez seja útil ler o artigo completo]

Re: Comentários recebidos

A propósito do post "Monetary Lessons from America's Past"

"Está mais que provado que esse equilíbrio não está garantido, até porque a concorrência pura não existe "

Os"austriacos" em especial colocam a questão de forma precisamente inversa: porque não existem as condições de concorrência perfeita (como "informação completa" - seja lá o que isso fõr), e porque as pessoas agem segundo a sua própria subjectividade (e já agora livre arbítrio), a ordem social tem necessariamente de ser livre, incluíndo ou em especial, no que respeita à livre escolha do meio de troca (moeda), porque é a interacção e a livre troca que determina maiores condições de alcançar a informação possível.

Fosse a "concorrência perfeita" e o planeamento económico seria perfeitamente possível e eficaz. O paradoxo do planeamento é que para planear é necessário preços, mas na medida em que se aumenta o âmbito do planeamento, a qualidade dos preços desaparecem (um preço resulta de dois agentes na posse cada um da sua subjectividade e capacidade de acção, concordarem um dado preço - ou rácio - de troca de dois bens).

"Olhando para a mercadoria: duas ou três verdades a embrulhar doutrinas que o tempo já se encarregou de tornar obsoletas e a fazer esquecer factos que o pregador, propositadamente omite."

Na doutrina da moeda e dos ciclos económicos não existe em lado algum nada que determine ser "obsoleto" o velho conceito de escolha da moeda, que em princípio, resultaria no uso de um dado conjunto de bens como a prata e o ouro como meio de troca (moeda).

O presente sistema foi simplesmente imposto após a confiscação do ouro da população sendo determinado a obrigatoriedade legal do uso de uma moeda que passa a ter existência, hoje em dia, pela concoessão de novo crédito, o que resulta que o crédito deixou de estar relacionado com a poupança prévia e voluntária (cuja intermediação devia ser o único papel da banca), provocando os ciclos económicos que bem conhecemos e com grandes custos para todos ao mesmo tempo que beneficia todos aqueles que estão mais pertos da fonte das novas quantidades de dinheiro fabricadas para conceder crédito (grandes bancos, grandes empresas).

Na verdade, numa exemplo teórico extremo, a economia poderia funcionar perfeitamente com uma quantidade de moeda fixa, porque nunca existe moeda a menos, os preços ajustam o crescimento eocnómico e as flutuações da procura de dinheiro (vulgo, por exemplo aumentar a quantidade de dinheiro debaixo da almofada).

Ocupação na Irlanda

Ireland's Waterford Crystal workers occupy factory - Workers occupying the factory of Ireland's troubled Waterford Crystal pledged on Saturday to continue their sit-in until the future of the company is resolved. (...)

Sunday, February 01, 2009

O "Refugee Run" em Davos

And Now For Something Completely Different: Davos Features “Refugee Run” (Aid Watch):

When somebody sent me this invitation from Antonio Guterres, the UN High Commissioner for Refugees, I thought at first it was a joke from the Onion. What do you think of the Davos rich and powerful going through the “Refugee Run” theme park re-enactment of life in a refugee camp?

Can Davos man empathize with refugees when he or she is not in danger and is going back to a luxury banquet and hotel room afterwards? Isn’t this just a tad different from the life of an actual refugee, at risk of all too real rape, murder, hunger, and disease?

Did the words “insensitive,” “dehumanizing,” or “disrespectful” (not to mention “ludicrous”) ever come up in discussing the plans for “Refugee Run”?

I hope such bad taste does not reflect some inability in UNHCR to see refugees as real people with their own dignity and rights.

Of course, I understand that there were good intentions here, that you really want rich people to have a consciousness of tragedies elsewhere in the world, and mobilize help for the victims. However, I think a Refugee Theme Park crosses a line that should not be crossed. Sensationalizing and dehumanizing and patronizing results in bad aid policy – if you have little respect for the dignity of individuals you are trying to help, you are not going to give THEM much say in what THEY want and need, and how you can help THEM help themselves?

Mudança na Islândia?

A Islândia já tem um novo governo, de coligação entre a Aliança Social Democrata (versão local do PS) e o Movimento da Esquerda Verde (partido semelhante ao Bloco de Esquerda, mas mais moderado), com quatro ministros para cada partido. O programa do novo governo contém algumas medidas de protecção social e também referências a alterar a constituição no sentido de consagrar a realização de referendos nacionais.

O caso islandês é capaz de ser, nas últimas décadas, o único caso na Europa ocidental de um governo ser, na prática, derrubado por protestos populares (talvez tenha havido mais algum, mas não me lembro).


Para uma visão mais critica da situação islandesa, temos este artigo The Icelandic Government has Collapsed… and then what?, do blogue anarquista Aftaka.

As greves xenófobas em Inglaterra