Thursday, August 30, 2012

Discussão animada (II) - actualizado

A discussão continua no blogue de Luciano Ayan Como ele demora cerca de um dia a publicar os meus comentários (já que só os publica acompanhados da resposta dele), vou fazer aqui um resumo dos que estão pendentes (fazer um copy-paste de uma carrada de comentários ficava uma coisa muito confusa).

A respeito da pergunta de Luciano de quando é que a terminologia esquerda/direita começou a ser utilizada por filósofos da época como auto-identificação, confessei a minha ignorância, mas notei que nos anos 30 Mussolini identificou-se com a direita; que também nos anos 30 havia um partido católico conservador em Espanha chamado CEDA; que Oswald Spengler, na "Hora de Decisão", publicado em 1933 (erro meu - afinal é de 1934) identifica-se de forma que me parece clara como "de direita"; e que o príncipe de Polignac (um monárquico tradicionalista, que foi primeiro-ministro de Carlos X de França até terem sido corridos pela Revolução de 1830) tem um texto identificado "direita" e "extrema-direita" como os partidários da autoridade do rei (ir à pagina 194, onde ele descreve as várias correntes políticas na França da Restauração).

Tendo dado estes exemplos, pedi-lhe exemplos de autores liberais, pelo menos da mesma época ou mais antigos que Spengler ou Mussolini, auto-identificando-se como "de direita"; vamos lá ver se ele acha alguns.

A respeito da critica dele ao meu post "Esquerda, direita e individualismo",  recambiei-o para o post original do Filipe Faria para ele perceber o contexto.

A respeito à tese dele de que "Protecionismo é apenas a proteção do sistema econômico do país, e pode continuar com o livre mercado sem problemas, enquanto você confunde com o livre comércio misturado com internacionalismo. Em relação ao protecionismo inglês, este estava de fato associado ao pensamento de direita", só respondi "Proteccionismo pode continuar com o livre mercado sem problemas????????????".

A respeito da questão dele «se  [a monarquia tradicional] era a “bandeira original da direita”, por que foi abandonada tão fácil?», respondi (agora vou mesmo fazer copy-paste):

Como tão fácil? Até aos anos 70 do século XIX, o tradicionalismo monárquico foi uma força politica relevante em França (quase 80 anos a seguir à revolução), e a monarquia só não foi restaurada em 70 e tal porque o conde de Chambord (o herdeiro legitimista) se recusou a aceitar a bandeira tricolor, dizendo que só aceitaria o trono com a bandeira da flor de lis. Mesmo perdendo a influência de massas, as ideias monárquicas tradicionalistas continuaram influentes intelectualmente até à segunda guerra mundial (via a Action Française).

Saindo da França para o conjunto da Europa, durante todo o século XIX os partidos que tinham “Conservador” no nome (isto é mais fácil de provar do que “direita”) costumvam, nos países que eram monarquias, defender as prerrogativas reais contra as do parlamento. Só no principio do século XX, sobretudo após a I Guerra Mundial, é que as monarquias, ou foram abolidas, ou remetidas a um papel simbólico (tirando a inglesa, em quase todas as outras o rei continuava a ser um ator politico relevante até então).
[o que estava antes neste post foi apagado, já que eram comentários que já foram publicados]


Agora um comentário meu ao caminho por que a discussão está a seguir - quando eu escrevi este post argumentando que o fascismo e o nazismo eram parecidos com o conservadorismo continental tradicional, estava à espera que fosse esta minha tese a ser criticada (talvez nos termos do Erik von Kuehnelt-Leddihn, que argumentou em "The Menace of the Herd" e "Liberty or Equality" que o nacional-socialismo fazia parte dos movimentos de revolta contra a ordem social tradicional pré-Revolução Francesa) e estava a preparar-me para essa "batalha". Não estava de maneira nenhuma à espera que me aparecesse alguém a negar que "direita" tenha alguma vez significado a defesa da monarquia tradicional do "ancien régime" e a insistir que "direita" sempre significou a defesa do liberalismo económico.

Wednesday, August 29, 2012

Discussão animada

Esta entre eu e o tal Luciano Ayan, no blog dele; para quem queira dar uma leitura, atenção que, neste comentário assinado por mim, o meu texto é o a bold e o letra normal é a resposta de Luciano Ayan.

Tuesday, August 28, 2012

Uma coisa estranha

Este caso (para um lado ou para outro, tem ar de história mal contada).

Nacional-socialismo, esquerda e direita

No blog de Luciano Ayan, alguêm critica o post que escrevi aqui dizendo:

Estive pesquisando na net quais são as evidências que é apresentado ao público quando alguém afirma que o nazismo e o fascismo eram de direita.


A maioria dos textos que eu li por ai apenas dizem, a titulo de ataque gratuito, que o nazismo e o fascismo são de direita sem apresentarem provas para tanto.

Um ou outro texto apresentam evidências quando tocam no tema, mas são evidências indiretas. Explico.

Imagina que alguém para provar que Hitler era mulçumano apresenta uma foto dele com um grande lider islâmico. Com isso o sujeito então conclui que Hitler era mulçumano.

Um outro exemplo. Imagina que alguém para provar que o nazismo era direita cita uma frase de Hitler elogiando algum ícone da direita. Com isso o sujeito conclui que Hitler era de direita.

Nenhum dos textos que já li é citado, como você diz, a plataforma política do Partido Nazista. Todos partem de exemplos de alianças, frases, elogios, dentre tantas outras evidências indiretas, para tentar provar que o nazismo e o fascismo eram de direita.
Em primeiro lugar, se um dado movimento politico se alia quase sempre com movimentos considerados "de direita" e contra movimentos considerados "de esquerda", faz todo o sentido considerá-lo "de direita". Afinal, "direita" e "esquerda" não são designações arbitrárias - o eixo "esquerda-direita" pretende representar um alinhamento de "uns contra os outros" (em que quanto mais perto estão no eixo mais provável é que se aliem, e que quanto mais longe estão mais provável é que se combatem).

Os criticos da tese "o nazismo e o fascismo são de direita" costuma dizer que essas alianças são circunstanciais, mas é um bocado suspeito quando nazis e fascistas passam a vida em alianças circunstanciais com a direita, enquanto a aliança supostamente estrutural com a esquerda quase nunca se manifesta (a nivel da Europa, a unica aliança dessas seria o Pacto Germano-Soviético, mas não me parece que possamos equiparar alianças militares entre estados a alianças politicas).

Mas pronto, já que não queremos ir pelas alianças, mesmo assim há muito em comum entre o nazismo/fascismo e o conservadorismo europeu tradicional (De Maistre, La Tour du Pan, Maurras, etc.), a nível de modelo de sociedade defendido. Exemplos:

a) defesa de uma regime autoritário, mas sem entrar necessariamente em "micro-gestões"

b) defesa do papel das elites e das hierarquias

c) defesa de uma sociedade "orgânica", em que as classes baixas respeitam as classes altas e as classes altas tratam bem das classes baixas (por oposição tanto à luta de classes marxista como ao individualismo capitalista-liberal)

d) rejeição tanto do capitalismo liberal como do colectivismo estatista, em nome de um economia mista conciliando a propriedade privada, a intervenção do Estado e a autoridade das associações socio-profissionais
e) defesa dos particularismo nacionais, contra tanto o individualismo como contra os internacionalismo e o cosmopolitismo
f) tendência a achar que a riqueza física (terras, fábricas) é uma forma de riqueza moralmente superior à riqueza em dinheiro (agricultor e industrial, bom! comerciante e banqueiro, mau!)

g) valorizar o papel dos factor irracionais como cimento das sociedades, contra o culto da "Razão" vindo do Iluminismo

Nestas semlhanças há diferenças - em a), uns querem um rei mais ou menos absoluto, outros um líder carismático; em b) uns querem uma aristocracia hereditária, outras só falam numa elite sem perderem muito tempo a defini-la; em e), os fascistas defendem só o particularismo nacional (e eventualmente o profissional), enquanto so conservadores defendem um carrada de particularismos (nacional, regional, local, familiar, profissional, etc.); em d), os fascistas são mais estatistas e menos corporativistas que os conservadores, em g), os conservadores tendem a preferir factores irracionais tradicionais (religião, patriotismo, etc.), enquanto os fascistas têm mais propensão pelo mito e pela exaltação (e sem ligar muito à origem desses factores irracionais). Mas essas diferenças parecem suficientes para cada lado tender a achar o outro uma espécie de "second best" (p.ex., um defensor da monarquia absoluta provavelmente preferirá um ditador ao "jogo tumultuoso dos partidos").

Alguém pode argumentar que os fascistas também têm coisas em comum com os comunistas - mas normalmente são coisas que também têm em comum com os conservadores tradicionais (como o autoritarismo, p.ex.); noutras palavras, há algum assunto em que fascistas ou nazis estejam claramente mais perto dos comunistas do que dos conservadores tradicionais da Europa continental?

Já agora, nunca repararam que até há pouco tempo os únicos movimentos politicos europeus que ponha "direita" eram movimentos mais ao menos abertamente fascistas, como o "Movimento Social Italiano - Direita Nacional" ou a "Nova Direita" romena?

Uma nota final - o que me dá ideia é que muitas pessoas que vêm com esse tese de que o fascismo e/ou o nazismo são "de esquerda" na verdade estão a confundir "direita" com "liberalismo" (veja-se como Luciano Ayam diz que o "colectivismo" põe os nazis na esquerda; e Louis de Bonald - "não são os individuos que formam a sociedade mas a sociedade que forma os individuos" - também é de esquerda agora?); essa confusão é ainda mais absurda se nos lembrarmos que, antigamente, o liberalismo clássico era considerado mais ou menos na esquerda e até continua a haver partidos liberais que (por herança histórica) continuam a ter "esquerda" no nome (exemplo).

Touradas de morte

Eu não consigo perceber qual o grande problema que a associação "Animal" tem com as touradas de morte em Barrancos. Isto é, eu percebo (e tendo a concordar) com a sua oposição às touradas, mas, havendo touradas, não percebo muito bem que diferença faz o touro ser morto em público ou umas horas depois.

Acho que os opositores das touradas, em vez de lutarem contra a excepção barranquenha (já agora, ainda alguém vai ver as touradas de Barrancos, ou isso perdeu toda a publicidade com a institucionalização da excepção?), fariam melhor em fazerem o caminho inverso e defenderem a excepção viana-castelense, propondo uma lei que tornasse a tourada algo a ser decidido a nível municipal.

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

Sunday, August 26, 2012

O novo tiroteio nos EUA

Os 9 feridos foram feridos pela polícia - será que se devia começar o gun control por desarmar a polícia?

Monday, August 20, 2012

O modelo de liderança do BE

Daniel Oliveira, sobre o modelo de direcção do Bloco de Esquerda:

Também está em debate o modelo de direção. Também sobre esse assunto não quis prestar declarações avulsas. O ainda coordenador do Bloco de Esquerda decidiu expressar a sua opinião. É, como militante do partido, livre de o fazer. Mas como estamos a falar da futura coordenação, e não da atual, só o faz na mera condição de militante. Caberá à convenção do partido, e só a ela, tomar uma decisão.
Um ponto que pode ser levantado é que, pelo menos formalmente, creio que nunca a convenção do Bloco decidiu seja o que for sob o modelo de direcção; nos estatutos do BE [pdf], votados nas convenções, não há lá nenhum "coordenador" ou "porta-voz"; e nunca os delegados às convenções votaram em algum coordenador (no que votam é em listas para a Mesa Nacional, e a partir de certa altura gerou-se a ideia de que encabecer uma lista equivaleria a uma candidatura a coordenador).

Portanto, como é que, em termos "convencionais", irá ser aprovado o sistema de dois líderes? Votando uma alteração dos estatutos instituindo uma dupla liderança (o que podia fazer sentido se, até agora, os estatutos estabelecessem uma liderança unipessoal, mas já faz menos sentido quando, neste momento, os estatutos nada falam sobre liderança)? Ou simplesmente votando, para a Mesa Nacional, numa lista que proclame antecipadamente o seu propósito de funcionar com uma liderança bicéfala (no fundo, como tem funcionado até hoje para liderança de Louçã; tem o problema que, assim, a questão do modelo de liderança nunca chega verdadeiramente a ser votada: os delegados votarão na "lista A" ou numa das listas da oposição com base não apenas no modelo de liderança mas de acordo com o programa global de cada lista).

Recibos e faturas

Local authorities on the Greek island of Hydra have denounced an attack by a local crowd on tax police after they detained a restaurant owner who did not provide receipts to clients.


The Friday incident happened after the inspectors wanted to transport the restaurant owner to Athens, an hour's ride away by fast boat. They were set upon by a local crowd, which also attacked the boat's crew.

The police, along with the restaurant owner, had to retreat to the island's police station, which was besieged until riot police arrived Saturday morning. Locals cut off the station's electricity and water supplies. The owner was transported to Athens by coast guard ship Saturday.

[Via LewRockwell]

Scott McKenzie (1939-2012)

Cenário para uma guerra civil nos EUA

Civil War Scenarios, por Arnold Klin:

I am pondering civil war scenarios. Here is one:

1. There is a close election in November, and the losing side has a credible case that the winning side cheated in some way. Some voters on their side were turned away from the polls because of technicalities, or some votes on the other side were counted that should not have been. Whatever.

2. The losers launch a campaign not to accept the results of the election. They organize a massive rally in Washington to try to block entrances at government agencies and Congress.

3. Similar protest movements break out at state capitals.

4. The winners get angry at the protesters. They launch counter-protests.

5. Confrontations take place, and people get hurt. Powerful resentments build.

6. Significant segments on both sides arm themselves in order to retaliate for the perceived wrongs of the other side. Fighting escalates.

Yes, it is far-fetched. But I would argue that it is even more far-fetched, even if the election result is not in dispute, that the losing side will politely accept it and adopt a constructive, compromising stance.

This year's pre-election hatefest is already out of control, in my opinion. It will not end well.
E um comentário de um dos seus leitores:
The main problem with the whole scenario is that the electorate -- the voting populace -- is the *least* partisan and polarized of any on record.

Polls show that more voters today are independent -- not committed to either party -- than at any time since modern polling started and the question was first asked. The voting public is less ideological and more moderate (and, as independents typically are, more apathetic) than ever.

That's not a populace that starts a civil war.

The idea that politics today is more polarized than ever is a total myth. Frankly it relies on huge ignorance of history.

(In my own memory: student protestors shot dead by the national guard ... mobs outside the White House, "hey, hey, LBJ, how many kids did you kill today?" ... domestic-grown terrorists blowing up buildings ... regular summer race riots in the big cities ...)

The voters are less polarized than ever. It is the *partisans* who are polarized, and the *pundits* -- out of self-interest. A moderate electorate doesn't help the partisans conquer their enemies or the pundits get famous and rich -- so *they* are trying to whip up the masses.

But while the partisans at MSNBC and Fox spew, their combined total audiences are tiny and dwarfed by the masses watching American Idol.
Já agora, o meu cenário para uma crise institucional nos EUA:

1 - Numa eleição presidencial, os Democratas têm mais votos mas os Republicanos ganham no Colégio Eleitoral

2 - Nos estados "azuis", surge uma onda de indignação contra o Colégio Eleitoral ("foi em 2000, foi agora... isto é uma farsa!")

3 - Face à quase impossibilidade de mudar a Constituição e  ainda por cima estando constantemente a ouvir dos defensores do Colégio Eleitoral o argumento "os EUA são uma federação de 50 estados; o Colégio Eleitoral existe como uma defesa dos estados contra uma tirania democrática federal", surgem/crescem tendências separatistas nalguns estados "azuis", especialmente na Nova Inglaterra ("É uma questão de defender o poder dos estados? Então o nosso estado - onde 70% vota Democrata - não tem nada que ser governado por um presidente Republicano")

4 - Nalgum daqueles estados da Nova Inglaterra (o Vermont?), é realizado um referendo por iniciativa popular sobre a independência; ganha o "sim"


5 - O governo local tenta ignorar o referendo; os separatistas organizam protestos e em vários town meetings são aprovadas moções a favor da proclamação da independência, ou mesmo proclamando a localidade em questão como independente dos EUA

6 - ????

Friday, August 17, 2012

Origens evolucionárias do igualitarismo?

On the evolutionary origins of the egalitarian syndrome, por Sergey Gavrilets (PNAS):

Abstract

The evolutionary emergence of the egalitarian syndrome is one of the most intriguing unsolved puzzles related to the origins of modern humans. Standard explanations and models for cooperation and altruism—reciprocity, kin and group selection, and punishment—are not directly applicable to the emergence of egalitarian behavior in hierarchically organized groups that characterized the social life of our ancestors. Here I study an evolutionary model of group-living individuals competing for resources and reproductive success. In the model, the differences in fighting abilities lead to the emergence of hierarchies where stronger individuals take away resources from weaker individuals and, as a result, have higher reproductive success. First, I show that the logic of within-group competition implies under rather general conditions that each individual benefits if the transfer of the resource from a weaker group member to a stronger one is prevented. This effect is especially strong in small groups. Then I demonstrate that this effect can result in the evolution of a particular, genetically controlled psychology causing individuals to interfere in a bully–victim conflict on the side of the victim. A necessary condition is a high efficiency of coalitions in conflicts against the bullies. The egalitarian drive leads to a dramatic reduction in within-group inequality. Simultaneously it creates the conditions for the emergence of inequity aversion, empathy, compassion, and egalitarian moral values via the internalization of behavioral rules imposed by natural selection. It also promotes widespread cooperation via coalition formation.
[Via Razib Khan]

Note-se que eu apenas li o abstract; não faço ideia se o paper propriamente dito faz algum sentido; mas o abstract parece bater certo com a minha estratégia a jogar Seven Kingdoms (e também com o que me parece ser a estratégia incorporada na inteligência artificial do jogo) - fazer alianças com os reinos mais fracos para reduzir o poder do reino mais forte.

O caso "Pussy Riot"

Pussy Riot: The Punk Band That Isn't And The Concert That Wasn't:

Three members of the feminist punk band Pussy Riot have gone on trial in Moscow for an unauthorized concert they played in Moscow's Christ the Savior Cathedral in February.

Well, sort of -- except for a couple of small details.

Pussy Riot isn't really a "punk band" (although they are feminists). And -- contrary to popular belief -- they didn't actually play a "concert" in the cathedral. (...)

So what actually happened?

On February 21, some members of Pussy Riot entered Christ the Savior Cathedral. In order not to attract attention to themselves, at least initially, they wore modest clothing over their trademark short pastel dresses and tights.

Once inside the cathedral they went in the area in front of the altar, covered their faces with their now-famous colored balaclavas, and threw off their outer clothing.

Then they essentially mimed their performance -- dancing, jumping around, and playing air guitar while their collaborators videotaped them. One of the women mock-played an actual guitar -- which was not plugged into an amplifier -- while another briefly managed to turn on a music player until the women were finally evicted.

The whole process took a couple of minutes.

WATCH: The original video



They later produced and posted their video, with an added soundtrack of their "Punk Prayer" -- with its refrain "Mother of God, cast Putin out" -- that had been recorded elsewhere.

WATCH: The final video with soundtrack



Pussy Riot is more a performance art collective than a punk rock band in the classical sense. They emerged out of the underground anarchist art collective Voina -- itself notorious for its outrageous public stunts, most notably painting a giant phallus on a drawbridge in St. Petersburg facing the local FSB headquarters.


The idea for Pussy Riot emerged in the spring of 2011, according to media reports, when female members of Voina began studying the work of the U.S. "riot grrrl" feminist punk movement.

In the autumn of 2011, the group began staging public actions and posting them on YouTube. And just like Voina, "membership'" in the Pussy Riot collective is anonymous and rotating. In interviews, they gives names like "Squirrel" and "Sparrow."

"Membership in Pussy Riot is completely interchangeable," Petr Verzilov, a leading member of Voina and husband of jailed Pussy Riot member Nadezhda Tolokonnikova, told RFE/RL's Russian Service in a recent interview. "This anonymous status is part of the group's ideological core. A few dozen girls have participated in their five performances." (...)

The "hooliganism" indictment of the three women on trial -- Nadezhda Tolokonnikova, Maria Alyokhina, and Yekaterina Samutsevich -- draws not only on what they did in the cathedral in February but also on what was in the video, as well as materials later seized from their computers.

It accuses them, for example, of intruding on a part of the cathedral reserved for priests, wearing clothing there "manifestly contradicting common church rules," and "revealing various parts of their bodies" in an effort to "openly express disrespect to the Christian world and the church canons."

Another part of the indictment draws on seized audio files on Verzilov's computer contained in a folder titled "sran gospodnya" -- or "holy shit" -- a phrase that is part of the punk prayer and is also audible in the original video.

"For anyone who really respects religion, it is inadmissible to use the phrase 'holy shit,'" the indictment read.

Teoria da Revolução


Monday, August 13, 2012

Esquerda, direita e individualismo

Ainda comentando este post de Filipe Faria, agora a respeito da questão da esquerda, da direita e do individualismo, eu diria que a(s) direita(s) tende(m) a cair para os extremos de individualismo e de anti-individualismo, enquanto a esquerda tende a uma posição intermédia.

Para começar, vamos imaginar um exemplo - uma empresa em que há uma greve:

- O Joaquim faz greve - ele acha que os trabalhadores devem se unir para lutar pelos seus objectivos comuns

- O Pedro não faz greve - ele acha que devemos aceitar o mundo tal como ele é; para ele, a submissão, a paciência e a resignação são as virtude fundamentais de alguém temente a Deus

- O Anibal não faz greve - ele acha que o caminho para subir na vida é pelo esforço e pela iniciativa individuais, e tentativas de melhor as condições de vida pela acção colectiva apenas leva mà mediocridade e ao mínimo denominador comum e são ideia próprias para quem não se consegue desenrascar sozinho

Pela classificação esquerda/direita, o Pedro e o Anibal estão na direita e o Joaquim na esquerda; mas num eixo de individualismo/colectivismo ou de individualismo/anti-individualismo, não há uma fácil consonância com o eixo esquerda/direita; afinal, o direitista Anibal é individualista e o esquerdista Joaquim é colectivista; mas o direitista Pedro não tem nada de individualista - em certo sentido, até é mais anti-individualista que o Joaquim: afinal, o Joaquim defende que o colectivo é mais importante que o individuo, mas o colectivo continua a ser, em ultima instância, um conjunto de individuos; já o Pedro defende a submissão pura e simples (nem sequer é a submissão de um individuo aos outros individuos).

Falando em termos mais gerais, podemos considerar que a direita liberal representa o extremo do individualismo e a direita conservadora representa (ou representava, já que o conservadorismo tradicional está largamente extinto) o extremo do anti-individualismo, ficando a esquerda socialista entre os dois: enquanto os liberais defendem o primado do individuo sobre o colectivo, tanto socialistas como conservadores defendem o primado do colectivo sobre o individuo; mas os socialistas, apesar de tudo, tendem a ver o colectivo como a agregação aritmética dos individuos (mais ou menos aquilo a que os conservadores chamam "massas inorgânicas/invertebradas/etc"; no fundo, tanto o socialista como o liberal acham que a sociedade é criada pelos individuos (as teses de Rosseau ou de Rawls sobre o "Contrato Social" são um bom exemplo de como se pode chegar a conclusões - mais ou menos - colectivistas partindo do principio que são os individuos que criam a sociedade) e pode ser re-criada por estes.

Já os conservadores, não só põem (como os socialistas) a sociedade acima do individuo, como vêem a sociedade, não como um conjunto de individuos, mas como um conjunto "orgânico" de instituições e valores que transcedem e, de certa forma, são anteriores ao individuo ("Não são os indíviduos que formam a sociedade, mas a sociedade que forma os indíviduos" - Louis de Bonald).

[Para se perceber melhor o que quero dizer quando digo que o grupo tem significados diferentes para um socialista e para um conservador, imagine-se uma organização humana em que a maior parte dos individuos que a integram quer uma coisa mas os seus orgãos "estatutários" querem outra - p.ex., uma família composta por um pai, uma mãe e 3 filhos, em que os filhos querem ir à praia mas os pais decidem ir ao campo]

Já agora, fazendo uma analogia biológica, se os individuos fossem células, eu diria que os liberais tendem a ver a sociedade como simplesmente organismos unicelulares autonomos (que até se podem associar uns aos outros, tal como podem não se associar), os socialistas vêm a sociedade como um "organismo" pluricelular que pouco mais é que um agregado de células (como uma esponja), e os conservadores como um organismo pluricelular "a sério", com orgãos, tecidos, diferenciação funcional, etc.

Ainda sobre isto, estes meus dois posts: Gatos e Cães, Esquerda e Direita e Re: Pequeno esclarecimento; e também este texto de 1965 do anarco-capitalista Murray Rothbard (que quando escreveu o artigo defendia a teoria que o liberalismo clássico seria a esquerda, o conservadorismo a direita e o socialismo o centro).

Olimpiadas e medalhas olímpicas

Rigorous ex-post evaluation finds no evidence that Olympics produces Olympic medals:

Using data conveniently available from the Peruvian, Ecuadorean, Bolivian, and Chilean Olympic trials, the study compared athletes who just made the Olympic team with those who just fell short. This rigorous regression discontinuity design allowed the study to identify the effect of Olympic participation on Olympic medals.

The study found on average zero effect of Olympic participation on Olympic medals. This study found no evidence that the Olympics produces Olympic medals.

It is hoped that national sports federations will follow more evidence-based policies in the future regarding the Olympics.

[Confesso que não percebo se isto é suposto ser a sério]




Capitalismo, poder e "bons trabalhadores"

Chris Dillow:

Capitalists often don't want excellent workers, as these are hard to control and have market power. For these reasons, as Richard Sennett and Harry Braverman showed, capitalists deskill the labour process by taking excellence out of the workplace.

Esquerda, direita e liberalismo

A respeito da questão sobre se o liberalismo é melhor classificado na direita ou na esquerda, eu (na minha condição de esquerdista não-liberal) diria que é um pouco como a questão sobre se Lisboa fica a sul ou a norte; para mim fica a norte (e mesmo há uns dias, ouvi alguém dizer "lá para cima..." - referindo-se a Setúbal), mas já vi muita gente referindo-se a Lisboa como "o Sul" (há uns anos, o João Pereira Coutinho escreveu um artigo dizendo que uma das diferenças entre o Norte e o Sul era que no Porto bebia-se água da garrafa e em Lisboa da torneira; quando no Algarve até há pouco tempo era muito raro beber-se água da torneira - muito calcário, e com sabor) - no fundo, a classificação de Lisboa como estando "a norte" ou "a sul" depende de com o que a comparmos: está a norte de Portimão e a sul do Bombarral, p.ex.

Da mesma forma, a classificação do liberalismo como "esquerda" ou "direita" depende de com que tipo de sociedade ele for comparado.

Para já, algumas tentativas de definição:

"Esquerda" - Convicção que as desigualdades sociais são injustas e artificiais

"Direita" - Convicção que as desigualdades sociais são justas e naturais

"Liberalismo" - Convicção que a função do Estado deve ser limitada à protecção da liberdade pessoal e da propriedade legitimamente adquirida

Portanto, se o liberal viver numa sociedade em que a intervenção do Estado seja no sentido de aumentar as desigualdades, tenderá a ser de "esquerda" (ok, ele não achará que "as desigualdades sociais são injustas e artificiais", mas achará que "muitas das desigualdades sociais actualmente existentes são injustas e artificiais", conduzindo a um posicionamento para aí no centro-esquerda).

Por outro lado, se viver numa sociedade em que a intervenção do Estado for no sentido de reduzir as desigualdades, ele tenderá a ser de "direita".

Dando exemplos: numa sociedade em que o imperador cobre tributos aos camponeses e artesãos para sustentar o seu séquito de aristocratas e sacerdotes, o liberalismo ficará na esquerda, contra a direita "imperial-aristocratico-sacerdotista"; numa sociedade em que o Estado cobre impostos progressivos para sustentar serviços públicos universais e/ou subsídios aos "desfavorecidos", o liberalismo será de direita, e talvez até haja tentativas de criar um liberalismo imperial-aristocrático-sacerdotista ou um imperial-aristocrático-sacerdotismo liberal.

No geral, eu diria que se metêssemos um liberal numa máquina do tempo programada para um destino aleatório algures na história humana passada (atenção que não estou incluindo nem a pré-história nem a proto-história), o mais provável era que ele acabasse na esquerda, e muito provavelmente acabaria fazendo causa comum com algum socialista que também tivesse ido na viagem (da mesma forma que imagino que um liberal ou um socialista assistindo a filmes como Spartacus ou O Facho e a Flecha "torçam" sem problemas pelo mesmo lado); mas, no momento presente e no chamado "mundo ocidental", um liberal será provavelmente de direita.

Sunday, August 12, 2012

O contra-ataque do Ocidente


"A Vingança dos Sith" traduzida para chinês e posteriormente legendada em inglês (provavelmente retraduzida a partir do chinês). Mais cenas do filme aqui.

Friday, August 10, 2012

Como imprimir uma metralhadora (?) no seu computador

It Is Now Possible To Download An AR-15 Assault Rifle Using 3D Printing (Business Insider).

Bem, para falar a verdade, penso que uma AR-15 (também conhecida pelo "nome de guerra" - literalmente - de M16) não é uma metralhadora, mas parece-se com uma (creio que dispara um tiro de cada vez; nesse aspecto não é muito diferente de um revólver do século XIX).

Além disso, parece-me que a "impressão" é em peças de plástico...

Too Bad She Wont Live but then again who does?

Impossibilidade epistemológica do socialismo?

Samuel de Paiva Pires argumento que o socialismo é impossível epistologicamente:

Uma economia socialista, ao acabar com o sistema de preços, impossibilita o processo que permite tornar explícito o conhecimento prático disperso, visto que os preços incorporam um conhecimento holístico, sistémico, “desconhecido e incognoscível por qualquer um dos elementos do sistema do mercado, mas dado a todos estes através da operação do próprio mercado”. Não existe qualquer outra forma de organização da economia que consiga rivalizar com o mercado enquanto gerador de conhecimento, já que é o único mecanismo que consegue utilizar eficazmente o conhecimento prático disperso tornando-o holístico – e é este conhecimento que é destruído quando se tenta planear ou corrigir os processos de funcionamento do mercado.
A respeito da parte do "acabar com o sistema de preços", creio que apenas duas ou três facções socialistas pretendem acabar com os preços (e substitui-los por um sistema de "racionamento igualitário para o que for escasso e «tira o que quiseres» para o que não for") - à primeira, só me ocorre os anarco-comunistas (atenção - não confundir com os anarco-colectivistas e os anarco-mutualistas) e e a facção do Socialist Party of Great Britain / Movimento Socialista Mundial; quase todas as outras, mesmo que não lhes chamem "preços" ou "dinheiro", acabam na prática por preconizar (pelo menos a curto/médio prazo) um sistema com preços e dinheiro. Imagino que o argumento do SPP seja a que ter preços sem um mercado para os estabelecer continua  a ser, de certa forma, não ter um verdadeiro "sistema de preços" (note-se que há tendências socialistas que pretendem combinar a colectivização dos meios de produção com a manutenção do mercado, mas admito que entrar por aí seria muito um exercício de "splitting hairs").

Mas em contraponto, vou agora postar um texto do comunista de conselhos Helmut Wagner (ou, mais exactamente, um excerto de um texto - trata-se de passagens do O Anarquismo e a Revolução Espanhola, um texto de 1937 dedicado a criticar a politica dos anarquistas espanhóis a partir do ponto de vista conselhista; no entanto, as passagens que vou postar mal referem esse assunto):
Suponhamos que os operários das principais zonas industriais, por exemplo, da Europa, tomam o poder e esmagam, assim, praticamente, o poder militar da burguesia. A ameaça exterior mais grave para a revolução estaria assim afastada. Mas como deveriam os operários, enquanto proprietários colectivos das oficinas, recolocar a produção em marcha a fim de satisfazerem as necessidades da sociedade? Para isso, há necessidade de matérias-primas; mas donde vem elas? Uma vez o produto fabricado, para onde deve ser enviado? E quem tem dele necessidade?

Não se poderia resolver nenhum desses problemas se cada fábrica funcionasse isoladamente. As matérias-primas destinadas às fábricas vêm de todas as partes do Mundo inteiro. Como irão os operários saber onde procurar as matérias-primas? Como encontrarão os consumidores para os seus produtos? Os produtos não podem ser fabricados ao acaso. Os operários não podem entregar produtos e matérias-primas sem saberem se ambos serão utilizados de modo apropriado. Para que a vida económica não pare imediatamente, é preciso utilizar um método para organizar a circulação das mercadorias.

É aí que reside a dificuldade. No capitalismo, esta tarefa é executada pelo mercado livre e através do dinheiro. No mercado, os capitalistas, enquanto que proprietários dos produtos, enfrentam-se; é aí que são determinadas as necessidades da sociedade: o dinheiro é a medida dessas necessidades. Os preços exprimem o valor aproximado dos produtos. No comunismo, essas formas económicas, que deveriam e estão ligadas à propriedade privada, desaparecerão. A questão que se coloca é pois: como se deve fixar, determinar sob o comunismo as necessidades da sociedade? (...)

É agora claro, que as necessidades reais das massas não podem ser determinadas por alguma espécie de aparelho burocrático, mas pelos próprios operários. A primeira pergunta que esta constatação levanta é, não a de saber se os operários são capazes de realizar esta tarefa, mas quem dispõe dos produtos da sociedade. Se se permite a um aparelho burocrático determinar as necessidades das massas, criar-se-á um novo instrumento de dominação da classe operária. Eis porque é essencial que os operários se unam em cooperativas de consumidores e criem assim o organismo que exprimirá as suas necessidades. O mesmo princípio vale para as fábricas; os operários, unidos nas organizações de fábrica, estabelecem a quantidade de matérias-primas de que têm necessidade para os produtos que devem fabricar. Não existe pois senão um meio, no comunismo, para estabelecer as necessidades das massas: a organização dos produtores e dos consumidores em conselhos de fábrica e conselhos de consumidores.

Contudo, não basta aos operários saber de que têm necessidade para a sua subsistência, nem às oficinas de conhecer a quantidade necessária de matérias-primas. As fábricas trocam os seus produtos; estes devem passar por diferentes fases, por várias fábricas, antes de entrarem na esfera do consumo. Para tornar possível esse processo, é necessário, não somente estabelecer quantidades, como também geri-las. Assim chegamos à segunda parte do mecanismo que deve substituir o mercado livre; quer dizer, a "contabilidade" social geral. Esta contabilidade deve incluir a situação de cada fábrica e conselho de consumidores, para dar um quadro claro que permita ter um conhecimento completo das necessidades e possibilidades da sociedade.

Se se não pode reunir e centralizar esses dados, então toda a produção será mergulhada no caos quando for abolida a propriedade privada e, como ela, o mercado livre. Apenas a organização da produção e da distribuição pelos conselhos de produtores e consumidores, e o estabelecimento de uma contabilidade centralizada permitirão abolir o mercado livre. (...)

O comunismo regula a produção segundo as necessidades das grandes massas. O problema do consumo individual e da repartição das matérias-primas e dos produtos semi-acabados entre as diversas empresas não pode ser resolvido graças ao dinheiro, como no sistema capitalista. O dinheiro é a expressão de certas relações de propriedade privada. O dinheiro assegura ao seu possuidor uma certa parte do produto social. Isto é tão válido para os indivíduos como para as empresas. Não existe propriedade privada dos meios de produção no comunismo; contudo cada indivíduo terá direito a uma certa parte da riqueza social para seu consumo, e cada fábrica deverá poder dispor das matérias primas e meios de produção necessários. Como deve isso ser feito? (...) Nós vemos aí um problema muito importante para a revolução proletária. Se os operários simplesmente se fiassem num "serviço estatístico" para determinarem a sua parte, criariam assim um poder que já não poderiam controlar.

Abordamos aqui a seguinte questão: como será possível unir ou acordar esses dois princípios que parecem à primeira vista contraditórios, a saber: todo o poder aos operários, o que implica um federalismo (concentrado) e a planificação da economia, que conduz a uma extrema centralização? Apenas poderemos resolver esse paradoxo se considerarmos os fundamentos reais da produção social na sua totalidade. Os trabalhadores apenas dão à sociedade a sua força de trabalho. Numa sociedade sem exploração, como a comunista, o único padrão para determinar o consumo individual será a força de trabalho fornecida por cada um à sociedade.

No processo de produção, as matérias primas estão convertidas em bens de consumo pela força de trabalho que se lhe acrescenta.

Um serviço estatístico seria completamente incapaz de determinar a quantidade de trabalho incorporada num dado produto. O produto passou por múltiplos estádios, isto é, um número imenso de máquinas, ferramentas, matérias-primas, e produtos semi-acabados serviram para sua fabricação. Se é possível a um serviço estatístico central reunir todos os dados necessários num quadro claro, compreendendo todos os níveis do processo de produção, as empresas ou as fábricas estão melhor colocadas para determinar a quantidade de trabalho cristalizado nos produtos acabados, calculando os tempos de trabalho incluídos nas matérias primas e o necessário à produção de novos produtos. A partir do momento em que todas as empresas estão ligadas entre si no processo produtivo, é fácil a uma delas determinar a quantidade total de tempo de trabalho necessário para um produto acabado, baseando-se nos dados disponíveis. Melhor ainda, é mais fácil calcular o tempo de trabalho social médio dividindo a quantidade de tempo de trabalho empregue pela quantidade de produtos. Esta média representa o factor final determinante para o consumidor. Para ter direito a um objecto de uso corrente, ele deverá simplesmente provar que deu à sociedade, sob uma forma diferente, a quantidade de tempo de trabalho cristalizado no objecto que deseja. Assim se encontra suprimida a exploração. Cada um recebe o que deu, cada um dá o que recebeu: isto é a mesma quantidade de tempo de trabalho social médio. Na sociedade comunista não há lugar para um serviço central de estatística, tendo o poder de estabelecer "a parte" atribuível às diferentes categorias de assalariados.

O consumo de cada trabalhador não é determinado "de cima"; cada um determina, pelo seu trabalho, quanto pode pedir à sociedade. Não há outra escolha na sociedade comunista, pelo menos durante o primeiro estádio. Os serviços estatísticos apenas podem servir para fins administrativos. Esses serviços podem, por exemplo, calcular os valores sociais médios de acordo com os dados obtidos nas fábricas; mas eles são empresas como as outras. Não detêm privilégios. É absurdo imaginar que uma sociedade comunista poderia tolerar um serviço central dotado de poder executivo; com efeito, em tais condições, apenas pode existir a exploração, opressão e capitalismo.
E onde é que eu quer chegar com esta citação? É que já temos aqui um exemplo de um sistema não-capitalista e não-mercantil que me parece mais ou menos capaz de unificar o "conhecimento prático disperso" - p.ex., quando as comissões de trabalhadores da pesca estimam o custo médio de produção de 1 kg de sardinhas (usando o seu conhecimento técnico sobre a sua indústria e mais a informação fornecida pelas comissões de trabalhadores dos estaleiros, dos combustíveis, etc., sobre o custo dos consumos intermédios) estão também a pegar em conhecimentos tácitos descentralizados e a traduzi-los num valor conhecível por toda a sociedade. E note-se que o sistema proposto aqui por Helmut Wagner é, com mais ou menos cambiantes, mais ou menos idêntico aos sistemas propostos por quase todos os críticos "pela esquerda" do comunismo soviético (todos eles andam à volta da "substituição do aparelho burocrático do Estado pela planificação democrática da economia pelos Conselhos Operários", mais coisa, menos coisa).

[Uma nota final - há uns anos, no contexto de uma discussão nos comentários d'O Insurgente, o BrainstormZ perguntou-me « como conseguem os “Conselhos Operários” fazer o cálculo económico dada a “propriedade estatal dos meios de produção”»; eu há muito que penso em fazer uma série de posts sobre o assunto - com a ressalva que as minhas simpatias, actualmente, vão mais para o lado dos anarquistas do que para o dos comunistas de conselhos, trotskystas e similares, logo seria em parte desenvolver argumentos que não são exactamente os meus; eu duvido que alguma vez ganhe energia para escrever essa série de posts, mas se alguma vez essa série vir a luz do dia, será uma espécie de versão revista e aumentada deste]

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

Thursday, August 09, 2012

Trabalho divertido, trabalho não-divertido e ócio

Frances Woolley (do blog de economistas canadianos Worthwhile Canadian Initiativeescreve sobre a decisão de Rose Wilder Lane (uma das mães intelectuais do "libertarianism" norte-americano e filha da autora de Uma Casa na Pradaria) de deixar os direitos de autor sobre Uma Casa na Pradaria a Roger MacBride, seu consultor de negócios e candidato presidencial do Libertarian Party em 1976:

One account of why Wilder left everything to MacBride is the adopted grandson theory: MacBride was Wilder’s business manager and closest friend. It was only natural that she would leave her fortune to him.

Another account begins with the fact that Rose Wilder was one of the key figures in the development of libertarian philosophy in the US. She instilled her philosophy in MacBride, whom she was grooming to be a future leader. With Wilder’s financial backing, MacBride could take libertarian politics to the people, and establish a new political movement in the US. I don’t know how much truth there is in this second version of events, but it is the more interesting one to analyze.

MacBride faced a trade-off. He could devote his life to libertarian politics. But given the libertarian party's electoral prospects, that didn’t pay well - actually it didn't pay at all. He had to earn a living. In order to generate income, he had to spend less time on libertarian politics, and more time on other things. (...)

The cash bequest from Wilder shifted MacBride’s budget constraint upwards to B’. Wilder’s bequest meant that MacBride could afford to spend his time on libertarian politics, if that was what he chose to do. The impact of a lump-sum increase in income, without any change in relative prices, is called an “income effect.” (...)

However Wilder did not just bequeath cash to MacBride. She also left him the rights to the Little House series. These rights gave MacBride a lucrative alternative to politics: building the Little House on the Prairie franchise. (...)

The net impact of an increase in a person's wage rate hours worked is ambiguous. On the one hand, a higher wage translates into more income, which means that one can afford to spend more time in libertarian politics, if this is what takes ones fancy. At the same time, a higher wage increases the opportunity cost of spending time in politics, inclining one to spend more time in paid work. (...)

History does not tell us which of these two effects actually predominated. In a sense it doesn't matter: what is of interest here is the possibility of Wilder's bequest having unintended consequences. MacBride certainly devoted a fair amount of time to the Little House franchise: he sold the TV rights to the series, joined the TV series as co-producer, and wrote three additional Little House books, just for starters. At the same time, he remained active in libertarian politics, running as Libertarian party candidate for president of the United States in 1976, although in 1983 he rejoined the Republican party.
Como foi dito nos comentários ao post, isto é essencialmente a velha análise do efeito ambiguo de um aumento de salário sobre a opção entre trabalho e lazer, substituindo "lazer" por "activismo libertarian"; e, generalizando, talvez em vez de falarmos de opção entre "trabalho" e "lazer", talvez fizesse mais sentido falar-se da opção entre "trabalho divertido" (dentro da subjectividade de cada um) e "trabalho não-divertido" - no fundo, aquilo a que chamamos "lazer" pode ser definido alternativamente como "trabalho divertido com um salário muito inferior ao trabalho não-divertido", e a escolha económica entre "trabalhar" e "jogar Seven Kingdoms" pode ser considerado simplresmente como um caso notável da escolha entre "trabalhar na profissão A que paga bem mas não me entusiasma" e "trabalhar na profissão B que paga mal mas que gosto mais".

Já agora, se definirmos "lazer" como "actividade que rende menos mas de que gosto mais", a preferência pelo "lazer" faz mais sentido em termos evolutivos: realmente, não se vê grande vantagem evolutiva na preferência pelo ócio em si, mas já faz todo o sentido que a evolução tenha levado ao desenvolvimento de preferências profissionais que não correspondam necessariamente às que são atualmente bem pagas (afinal, a maior parte da nossa história evolucionária ocorreu no contexto de sociedades e de tecnologias totalmente diferentes da atual).

Flash-Back 2007: Ron Paul versus The Humanitarians with a Guilhotine

Tuesday, August 07, 2012

William Buckley Vs Gore Vidal



O célebre encontro Buckley (editor e fundador da National Review) Vs Gore

Via Gore Vidal, RIP, Center for a Stateless Society

"(...) His long-running feud with the late William F. Buckley, Jr. encapsulated the politics of the last half of the 20th century in serial vignette form (the high point being Buckley’s meltdown, live on national television, as the two provided dueling commentary on the 1968 Democratic National Convention — “Now listen, you queer. Stop calling me a crypto-Nazi, or I’ll sock you in the goddamn face and you’ll stay plastered”)."

O que alguma-muita-dita-direita-dita-liberal não perceberá:

"As Buckley moved to reconcile the conservative movement with the total state, Vidal in turn attempted to salvage such value as the dying (at Buckley’s, among others, hand) political right embodied and fuse it with his leftist analysis of decadence in the political status quo."

"Economia comportamental" e politica

Behavioural economics and the Lucas critique, por Stephan Gordon:

A key insight of behavioural economics is that people don't always and everywhere re-optimise whenever their environments change. Instead, they will often - or even usually - make use of various rules of thumb and/or passively accept the default option. The costs of re-optimising every time you face something new don't always offset the benefits from making what may be only a slightly better choice. This the idea behind 'nudges': you can alter people's behaviour by making minor changes to the frames in which people operate: if people have the habit of choosing the default option, then you can change choices by changing the default option.

But this only works if the change is subtle enough to not attact the full, direct attention of the decision-maker. If the change is big enough, people will haul out the full artillery of their rational selves in order to try figure out what optimal decision is. This means that behavioural economics is unlikely to be of much use in policy-making.

This is essentially the point of the Lucas Critique. Behaviourial economics' prescription of nudges work precisely because peoples' attention are not called to them, or how these measures are supposed to work. But if you announce a measure to change people's environments in order to attain a stated policy goal, peoples' attention will (presumably) focus on the problem at hand and they will re-optimise. This reaction - the focus of attention and recalibration in the new environment - is exactly what nudge prescriptions are designed to avoid.

Okay, you may say, that may be a problem for people like you and me, but most people won't be paying attention to the policy discussion in the first place, so the nudge story still goes through. But I'm not sure how much I'm willing to get behind a policy whose effectiveness depends on citizens' not knowing what their government is doing or why.

Monday, August 06, 2012

Gore Vidal, RIP

Patriotic Gore

Inventing a Nation: Washington, Adams, Jefferson, Gore Vidal, Yale University Press, 198 pages By JUSTIN RAIMONDO • March 1, 2004 Gore Vidal’s vast panorama of American history—a series of seven novels, the “American Chronicles,” ranging in time from the Revolution (Burr) to the period from 1939-1954 (Washington, D.C. and The Golden Age)—utilized the author’s considerable skills as a writer of fiction to dramatize historical truth. As a documentary codicil to that series, Inventing a Nation projects the same storyline—America’s long road to empire—on a smaller screen. With a novelist’s eye for character and the telling detail, Gore Vidal takes us on a brisk ride through early American history as seen through the eyes of the Founders. Much is packed into this short book, yet it is never dense. We get portraits not just of Washington, Adams, and Jefferson as advertised in the title, but also James Madison, Benjamin Franklin, Tom Paine, and that “one true exotic” among America’s inventors, Alexander Hamilton, the lean and hungry Cassius of the Revolution. From the beginning, the country was divided between republicans, followers of Jefferson and Madison, and would-be royalists; between a British faction and the partisans of revolutionary France; between rural magnates, “anti-aristocratic aristocrats,” as Vidal describes them, concentrated in the southern and middle states, and ambitious young lawyers, resident in New York, Boston, and Philadelphia, who looked to England and its stratified social system as the model for an American monarchy. Vidal establishes his own stance early on in his portrait of George Mason, the Virginia planter and proto-libertarian author of the Bill of Rights. Mason opposed slavery and when the Constitutional Convention avoided resolving the issue—and delayed those crucial amendments—Mason campaigned against ratification. “Then,” writes Vidal, “once the republic was in place, he refused to serve as one of his state’s senators. He has few political heirs.” Without doubt Vidal considers this lack a sign of degeneracy. Nostalgia permeates this volume: the prose has an elegiac ring to it, alternately angry and sad, combative and resigned. More than once Vidal cites Franklin’s grim endorsement of the Constitution, in which the 87-year-old elder statesman of the Revolution predicted that “this is likely to be administered for a Course of Years and can only end in Despotism as other Forms have done before it, when the People shall become so corrupted as to need Despotic Government, being incapable of any other.” Now, Vidal notes, two centuries and 16 years later, “Franklin’s blunt dark prophecy has come true.” We live under the heel of the Patriot Act and in thrall to a league of latter-day über-Federalists who would put “an end to evil”—and to our constitutional Republic. Their success, he suspects, is a moral failure on the part of the American people, who have given up—he fears—the stern republican virtues to wallow in the fleshpots of empire. Vidal’s complaint is indistinguishable from that of the paleoconservatives. Wherever he got his reputation as a liberal, this polemic ought to dispel it for good. The Founders, even the Federalist Adams, believed that monarchy was a system of government fit only for a corrupted people. The chief carrier of the monarchist spore was surely, in Vidal’s view, the bastard Hamilton, who as a young groveling clerk (his own description) wrote: “I wish there was a war.” Vidal’s sardonic analysis is that “he had read Plutarch” and “knew how swiftly one could rise in war.” When the Constitution was ratified over the objections of anti-Federalists, Vidal relates, “a parade featuring a ship called The Hamilton, on a float, sailed triumphantly along Wall Street as its ghost still does today.” Hamilton, who wanted Washington to wear a crown, embodied the self-ennobled American aristocracy that saw government and politics as a means of self-enrichment. His followers were a “bandit party,” as Vidal puts it, an 18th-century version of the Russian Mafia. Adams, too, was a monarchist at heart. “Short, fat, given to bouts of vanity that alternated with its first cousin self-pity,” his brooding nature and dark view of men combined with Anglophilia to envision a uniquely American throne, and a court peopled by a natural aristocracy sprung from stony New England soil. He agreed with Hamilton’s view that, as Vidal phrases it, “every society produces a ruling class. Why not accept this without any fuss?” With a single deft brushstroke, Vidal the master painter captures the bitterness and dark humor of this most querulous Founder, citing Adams’s quip that George Washington was chosen commander-in-chief of the Continental Army because “he was always the tallest in the room.” Washington is clearly the chief character in this narrative, the father not only of his country but of a brood of often errant sons whose antics would have split the young Republic asunder but for his imperturbable ability to steer a steady course between them. As a general, “he was in constant retreat,” but as long as he successfully fought the two main enemies of the Revolution—desertion by his own troops and a corrupt Continental Congress that kept him ill-supplied—his “majestic presence” kept the rebel army together. Time, he knew, was on his side. The British, who were strangers in the land, would eventually tire of the struggle and go home—as they did, with an extra push from the French fleet. In an age when it is the Americans who have become the occupiers, U.S. military planners would do well to study how General Washington applied the elementary principles of guerrilla warfare so successfully that he hardly won more than a few pitched battles and yet still managed to win the war. Jefferson, whose populism seems even more radical in retrospect, is clearly admired by Vidal, who is not, however, blind to the great man’s tendency to be overcome by his own enthusiasms. These were, however, tempered by Madison, and kept in check by Jefferson’s own innate practical sense. Like Washington and Adams, he was devoted to the survival of the Republic in waters made turbulent by Europe’s wars, which roiled the Atlantic and washed up on American shores. When Napoleon took control of the Spanish possessions in Louisiana and threatened the nascent American republic, Jefferson speculated that he might have to turn to his old enemy, England, for protection—a double irony for the leader of the pro-French party and author of the Declaration that had severed us from the mother country. As the young republic entered its fifth year, the European powers cast their long shadows over the American political landscape: “the lobbyists of those countries,” Vidal relates, “set off many a coffeehouse row.” On the pro-British side, the perfidious Hamilton—Britain’s “Agent Seven”— met with London’s spymaster in America, George Hammond, betraying the American positions during negotiations over John Jay’s treaty. War with England seemed imminent, and the pro-French party agitated for it in the House. The moderates only managed to head it off by a razor-thin margin. Like some Third World nation in the Cold War era, America was the scene of a propaganda proxy-war waged by contending superpowers, each with its own “amen corner,” but, when push came to shove, the Founders—yes, even Hamilton—put America first. This is dramatized in Vidal’s account of how Washington’s Farewell Address came to be written: Madison wrote the first draft, on which Washington based his second draft, a seamless collaboration “gloriously marbleized” by Hamilton. A balanced, ecumenical federalism is enunciated, one that values unity but abhors despotism and is especially vigilant against the lures and stratagems of foreign interests.The exhortation against “passionate attachments” and antipathies in foreign policy was originally authored by Hamilton, but Washington, we learn, elaborated on this theme more expansively and definitively, flatly stating that “nothing is more essential than that antipathies against particular nations and passionate attachments should be avoided.” Of the two, Vidal is quick to note, “Washington’s version is most applicable to our Union today as the great combine of military, media, religious mania, and lust for oil has overthrown those safeguards that the first three presidents, for all their disagreements, were as one in wishing to preserve, protect, and defend.” Like Franklin, Vidal greatly fears the corruption of the people that is the first and fatal symptom of the imperial disease. Yet his often fatalistic despair, in its sheer poignancy, may do more than he thought possible to reverse the trend. At one point, Vidal seems to attribute the decline of our old Republic to “the second law of thermodynamics (everything is always running down).” Yet this cannot be entirely true as long as Vidal’s work is widely read and appreciated. ________________________________________________ Justin Raimondo is editorial director of Antiwar.com and author of An Enemy of the State: The Life of Murray N. Rothbard.

Convenções sociais dos antigos (da pré-história) e dos modernos (para aí do neolitico até ao século XIX)

Rousseau vs. Descartes and incest, por Razib Kanh:

 Evolutionary psychology gets a bad reputation for positing adaptive explanations for everything under the sun, from dancing to migraines. But, if there is anything which is the target of adaptive constraint and selective pressures, it is the suite of traits which relate to sex and mating in a direction fashion. It is sometimes stated that sex is about power, but the bigger reality is that power is about sex.

But reducing human behavior purely to one explanatory framework is too reductive even for me. An individualist framework where singular males and females operate as evolutionary versions of rational H. economicus, always optimizing fitness through subterfuge and inducement, leaves something to be desired in characterizing the true rich tapestry of human behavior. And this tapestry is not arbitrary; rather, its general shape and topography is anchored by particular innate parameters.

For example, the story of Tristan and Iseult seems clearly to be rooted in a common human archetype, an evoked aspect of human complex societies where cultural necessities can work at cross-purposes with individual biological dispositions. Humans evolved as a species in relatively small-scale groups. Though I am skeptical of the idea that pre-Neolithic societies were atomized down to the level of only small bands, I do think that the rise of agriculture resulted in the emergence of new cultural forms and complexities. Hunter-gatherers clearly have their own taboos and social constrictions, but civilizations have transformed this segment of the cultural toolkit into massive and baroque scaffolds which constrict our impulses. For thousands of years it seems likely that young women such as Deirdre have been “given” to older men of power such as Conchobar. There is benefit in this arrangement for all. Men of power can breed with nubile young women, transforming their status into reproductive value. And, as Chinese history and the life of Anne Boleyn tells us there is much gain for these women and the families of these women who subordinate natural impulse to rational calculation. Yet still, impulses do quite often break free and negate rational calculation (see: Catherine Howard).

I have stated before that the customs and traditions which many Westerners perceive to be “conservative,” a fixation on female honor, elaborated patriarchal lineages, complex familial and social hierarchy, etc., are in fact innovations of the age of agriculture. They were cultural inventions designed to manage and control humanity in an organized fashion, as a scattering of souls congealed into vast rivers of people. The past few centuries, and in particular the past few decades, have seen a collapse of much of the old institutional order.
Já agora, há uns tempos o "psicologo evolutivo" Satochi Kazanawa perguntava-se "Why Don’t Teenage Girls Swoon for Middle-Aged Billionaires?" (depois propôs uma eventual solução, mas que continuava com um mistério por resolver), partindo do pressuposto que durante a maior parte da história evolucionária humana o normal seria as raparigas, mal entrassem na adolescência, casarem-se com algum homem poderoso da tribo e serem a sua n-ésima esposa. Mas talvez isso seja, não a verdadeira ordem tradicional, mas sim uma das inovações surgidas com a invenção da agricultura (uma sociedade de caçadores-recolectores não produz riqueza suficiente que permita a existência, pelo menos a níveis relevantes, de uma elite com rendimentos suficientes para sustentar várias famílias), logo por isso esse comportamento ("rapariga adolescente casada com homem adulto respeitado e rico") não foi incorporado nos genes (uma nota de biografia familiar: algures na primeira metade do século passado, o meu bisavô - um comerciante relativamente abonado de Loulé, penso que viúvo - apareceu em casa com um rapariga - creio que com menos de 20 anos - que ele tinha arranjado numa viagem de negócios à Beira Baixa; ao fim de pouco tempo ela "fugiu" com o meu tio-avô, mais ou menos da idade dela...).

Os bombardeamentos de Hiroxima e Nagasaki

How A Last-Minute Decision Led To The Nuking Of Nagasaki, na Business Insider:

The preference was for a large urban area with closely built wooden-frame buildings densely populated by Japanese civilians. The project’s target committee recommended detonation at altitude to achieve maximum blast damage.

Five cities were proposed as targets: Kyoto, Hiroshima, Yokohama, Kokura and Niigata. The armed forces were instructed to exclude these cities from conventional firebombing: the project director, General Leslie Groves of the US Army Corps of Engineers, and his team of scientists wanted a 'clean’ background so the effect of the bomb could be easily assessed. They also wanted visual targeting without cloud cover so damage could be photographed.

Henry Stimson, the US Secretary of War, was concerned that America’s reputation for fair play might be damaged by targeting urban areas. General George Marshall had a similar view, believing the bomb should be used first on military targets and only later on large manufacturing areas after first warning the surrounding population to leave. Both men’s views were ignored.

People in Hiroshima became aware that their city was not being subjected to the incendiary attacks of other cities. A rumour spread that President Truman’s mother had been imprisoned in Hiroshima Castle, that the American military had been instructed to spare the city.

Groves’s first choice was Kyoto. It was largely untouched by bombing and was psychologically important to the Japanese. Its surrounding mountains would focus the blast and thereby increase the bomb’s destructive force.

Stimson, who had visited Kyoto in the 1920s, knew its status as Japan’s intellectual and cultural capital and considered its destruction to be barbaric. He argued for Kyoto to be dropped from the list and eventually won Truman over to his view.

On July 25 1945 General Thomas Handy issued on their behalf an order to General Carl Spaatz, the Guam-based commander of US Army Strategic Air Forces, to 'deliver’ the first 'special bomb’ as soon after August 3 as weather permitted visual targeting. The target was to be selected from a list of four: Hiroshima, Kokura, Niigata and, added that day, Nagasaki.

The sub-committee had decided not to specify military-industrial areas as targets since they were scattered, and – apart from Kokura, which had a huge munitions factory in the middle of the city – generally on the suburban fringes. Aircrews were to select their own targets to maximise the effect on a city as a whole. The greatest impact would be achieved by aiming at the centre of a city, where the population was densest.

It wasn’t clear how the mass killing of civilians would drive the Japanese to capitulate. Japan’s cities had been firebombed since March, setting a precedent for targeting non-combatants, without any surrender resulting. Stimson had to settle for persuading himself that the project was not intentionally targeting civilians, in the face of clear evidence to the contrary.

Sunday, August 05, 2012

Um indicador económico positivo?

Este fim de semana começou a ser difícil estacionar o meu carro.

Saturday, August 04, 2012

EUA - proibidos protestos junto a funerais de militares

O Congresso dos EUA aprovou uma lei proibindo manifestações de protesto junto a funerais militares (2 horas antes e depois dos funerais).

O alvo imediato é uma igreja cristã ultra-conservadora que organiza manifestações homofóbicas nos funerais de soldados homossexuais, mas, claro, a proibição aplica-se a qualquer tipo de protesto.

[Via Outside the Beltway]

Quem vai ganhar mais medalhas nos Jogos Olímpicos

Segundo esta guaxinim, vai ser a China.

Liberais-fascistas?

Talvez Vilfredo Pareto e Joseph Schumpeter contem.

[Post publicado noVias de Facto; podem comentar lá]

Friday, August 03, 2012

"Empresas que ponham jovens desempregados no quadro têm zero TSU"

É o que noticia o Diário Económico ("As empresas que contratarem sem termo (para os quadros) desempregados de longa duração terão direito, durante 18 meses, ao reembolso integral da taxa social única, com um valor limite de 175 euros por mês.").

Não é muito claro se essa isenção de TSU se refere à TSU paga sobre a remuneração desse empregado, ou sobre toda a TSU devida pela empresa. Se é o primeiro caso, qual é a grande diferença disso face à situação actual[pdf]?

Leis que não resultam

The 6 Most Popular Crime Fighting Tactics (That Don't Work), por Robert Evans (Cracked.com):

Take Texas. The state currently has 22 dry counties, which you'd expect to have some of the lowest rates of alcohol-related traffic deaths in the state, what with there being no alcohol available.

 The explanation is simple, when you really think about it. Dry county or not, there are always people who just can't answer no to the question: "Would you like to get wasted?" And if they can't get the sweet stuff from their home county, they'll damn well get it from the neighboring one. People in dry counties don't drink less per se -- they just drive farther to get drunk. And then they drive back home, completely sauced, muttering under their breath about stupid laws and stupid sober people upholding stupid dry counties. In that state of mind, it's easy to forget the concept of braking and, for that matter, steering.

It's not just Texans, either. Journalists who studied 15 years of records in Kentucky found that their dry counties had far more DUI-related crashes than the "wet" ones. Arkansas, same story.

But hey, at least parents in those dry counties don't have to worry about their children drinking, right? Yeah, about that ... Turns out drug dealers don't have dry counties, and they're just happy that their product doesn't have to compete with alcohol. So, drug-related deaths and crime go up when alcohol is harder to get. It's almost like, we don't know, maybe kids are going to party regardless of what your stupid laws say.

[Via Jesse Walker]

Thursday, August 02, 2012

Gore Vidal e W. F. Buckley

Gore Vidal and William F. Buckley Jr. Had Much in Common (New York Times):

Captured in a vintage black-and-white YouTube clip, the two can be seen and heard engaging in a nasty word brawl. Mr. Vidal pins the label “crypto-Nazi” on Buckley, who testily responds by calling Mr. Vidal a “queer.” The epithets were ugly then, as they are today. But what is most striking to the contemporary viewer is how much the combatants resemble each other, beginning with their languidly patrician tones. The phrases come from the gutter, but plainly Mr. Vidal and Buckley do not. They exude the princely confidence once associated with well-born Americans of a certain pedigree.
It is also not surprising to learn that for all their animosity, the two men shared a distinct set of attitudes. Both were born in 1925 and came of age at a time, just before Pearl Harbor, when the most pressing issue was whether America should intervene in World War II. National opinion was divided — as it would later be over different wars — but in this early instance these two men, though they hadn’t yet met, stood on the same side in their fierce opposition to American intervention and to the “establishment” that was urging it.
This may seem odd. But for all their East Coast social connections both came from families rooted in the heartland and its isolationist legacy. Mr. Vidal’s grandfather was a United States senator from Oklahoma. Buckley’s father was a Texan who made his fortune in oil. In their teens both men idolized Charles Lindbergh, the tribune of the antiwar America First Committee. 

Mr. Vidal helped organized the committee’s chapter at Exeter when he was a student there, and as late as 1998 he argued that Lindbergh had been tarred as a “pro-Nazi anti-Semite when he was no more than a classic Midwestern isolationist, reflective of a majority of the country.” Lindbergh, he added, was “the best that we are ever apt to produce in the hero line, American style.” 

Buckley agreed. “It takes great courage to give up what Lindbergh has and for this courage he has been called a fifth columnist,” he said in an oration delivered at his boarding school, Millbrook, in 1941, the same year Buckley attended a Lindbergh rally in Madison Square Garden. And like Mr. Vidal he continued to champion Lindbergh many years later. In “Saving the Queen,” Buckley’s first Blackford Oakes spy novel, published in 1976, he described Lindbergh as “the great advocate of the American peace.”

Formigas

Ants – small brains, formidable organisation!, no Flip Chart Fairy Tales:

But wait until you read this; the story of a slave raid:
The F. sanguinea carried out a typical raid on this nest and sent a large contingent to attack the nest on the opposite side to their own position. They also sent a very large blockading force and spread these out in the grass in the direct line between them and the F. rufa nest. None of the latter insects attacked the F. rufa so, as far as the defenders were concerned, the F. sanguinea were attacking from the rear only. Clever or what?

After about an hour of constant attack, the F. rufa finally broke and the top of the nest ‘exploded’ with fleeing ants. In other words it went up like a volcano as thousands of rufa blasted leaf litter out of their way in their haste to get clear. The nest literally lost its shape!

Hordes of rufa escaped with pupae, trying to escape the pursuing sanguinea. Most fled straight into the many blockading sanguinea. The rufa lost most of their brood in the raid but the majority of the workers and all of the Queens survived the attack. These vacated the garden and made a home in an older nest.
Did you see that? The attacking ants prepared an ambush and the defenders, in their desperation to escape the attack on their nest, walked right into it.

If the stories above weren’t creepy enough for you, read about the remarkable Polyergus. (Or if you’re feeling really brave watch this video.) So specialised are these ants that they are incapable of finding their own food. They exist only as a warrior caste and must be fed and cared for by enslaved workers from other species. (Feudalism anyone?) Their queens establish themselves by invading the nests of other species and, over a period of weeks, systematically hunting down and killing all the existing queens. Once the slaves begin to die off, the polyergus workers organise another raid and, with clinical efficiency, pick a neighbouring nest clean to provide a new generation of serfs.

How do ants organise with this level of sophistication? No-one is really sure. They have tiny brains so are presumably incapable of conscious organisation. As far as scientists can tell, there is no ant general or council of senior soldiers that makes a plan. Whether it is building an underground city with a ventilation system, farming fungus, or organising a slave raid, ants just seem to know what to do. (...)

So far, no-one has worked out how ants do this but there is some interest in applying the findings of research on ants to organisations. It’s to be expected really. How often do managers wish that people would just get on and do stuff? Let’s be honest, this is behind much of the work on organisational culture, employee engagement, empowerment, corporate visions and other hearts-and-minds initiatives. Wouldn’t it be great if people somehow just did the right things without needing to be told what to do and monitored afterwards? CEOs would give a lot for just a bit of what an ant colony has. (...)

Political groups have been getting ant-like:
That’s the wonderful appeal of swarm intelligence. Whether we’re talking about ants, bees, pigeons, or caribou, the ingredients of smart group behavior—decentralized control, response to local cues, simple rules of thumb—add up to a shrewd strategy to cope with complexity.
Social and political groups have already adopted crude swarm tactics. During mass protests eight years ago in Seattle, anti-globalization activists used mobile communications devices to spread news quickly about police movements, turning an otherwise unruly crowd into a “smart mob” that was able to disperse and re-form like a school of fish.
And what about last year’s rioters? Could it be that they understood swarm theory before our big corporations did?

Nevertheless, I’m still sceptical. I can see how swarm theory works for organising protests or for aggregating knowledge, as Wikipedia has done. Over a short time, spontaneous-looking events can be organised by swarming. But how far this can work for the ongoing running of complex organisations is less clear. The trouble with human beings is that, even when they are broadly committed to an organisation’s aims, they still have their own personal interests and agendas. You see this even in the most dedicated political groups – we may all want a revolution but I want it to be done my way and led by me. It is these competing interests which are the cause of much of what we call corporate politicking and which mean some humans will always try to nudge the swarm in the direction they want it to go. Humans are just too awkward to be ant-like.

[Ainda sobre himenópteros sociais, ver os posts Abelhas e Acerca de abelhas]


http://flipchartfairytales.wordpress.com/2012/07/19/ants-small-brains-formidable-organisation/

Intervenções internacionais e consequências não previstas

Unintended Consequences of Intervention, por David Henderson:

Many libertarian and conservative economists I know are good at pointing out the unintended, and usually negative, consequences of domestic government policy. But a smaller subset of these people seem willing to look at foreign policy with the same skeptical eye. As I have written elsewhere [gated], they should be even more skeptical when looking at foreign policy, for two reasons:

1. The information problem: It's often hard for citizens to get information about the effects of government's actions on the domestic front. It's even harder for citizens to get information about the effects of their government's actions in other countries.

2. The incentive problem: One of the things that makes government domestic intervention less harmful than otherwise is that the politicians need to take account of voters. But the main victims of a government's foreign policy are usually not the people who live in the country that government governs. The main victims live in foreign countries--and they don't get to vote.

A luta intra-poder no Irão

Pro-Ahmadinejad Bloggers Are Being Arrested In Iran (Business Insider).

Wednesday, August 01, 2012

A lei e o casamento

Remaking Marital Law, por Roderick T. Long (publicado pelo Center for a Stateless Society):

Opponents of same-sex marriage are quick to raise the specter of polygamy. If “everybody should have the right to marry,” Rick Santorum asked on the campaign trail earlier this year, then “what aboutthree men?” While Santorum clearly intended this quip as a reductio ad absurdum of calls for marriage equality, the Arizona State University philosopher Elizabeth Brake argues in Minimizing Marriage that recognizing polygamous and polyamorous unions is not only required by justice but doesn’t go far enough.

For Brake, marriage not only should not be restricted to opposite-sex couples, or indeed to couples at all. It constitutes unjust discrimination, she argues, to restrict marriage to romantic or sexual relationships. Instead, the social and legal status of marriage should be available to “caring relationships” of all kinds (though not to Santorum’s further bugaboos of “man on child” and “man on dog” unions, since parties to marriage contracts must be legally competent). Moreover, the terms of such marriages should be flexible, rather than fixed by a state-imposed one-size-fits-all model; one might, as in one of Brake’s examples, choose to cohabit with a lover but confer one’s spousal health care benefits on an impoverished relative, and authority for end-of-life decisions on a close friend. The result is what Brake calls “minimal marriage”: marriage with minimal requirements for recognition. (...)

Against those who want less than minimal marriage—i.e., those who favor making the terms of marriage a purely private matter—Brake maintains that caring relationships are “primary goods” whose value is agreed upon by virtually everybody, regardless of their more specific moral or religious convictions. States exist, in part, to ensure equitable distribution of primary goods; and since these goods are not controversial, the state’s involvement does not violate neutrality. Here libertarians are likely to find her arguments less convincing. Neutrality worries aside, are states well-suited to the task of distributing primary goods equitably? The institution’s track record does not inspire confidence.

Brake argues that simply privatizing marriage would “cede control of this still socially powerful institution to the churches and other private-sector groups,” while continuing state involvement “makes equal access to marriage as a social status more likely.” Yet this argument asks us to contrast a state sector imagined as reformed and improved, one whose apparatchiks have evidently read her book and taken her advice, with an unchanged private sector where her arguments have made no impact—in short, a world where marriage traditionalists still dominate public discourse but somehow never get elected. Is this a fair or plausible comparison?

Ataque ao Irão?

Panetta tells Israel force is option on Iran (Al Jazeera):

US Defence Secretary Leon Panetta has warned that Iran must either negotiate acceptable limits on its nuclear programme or face the possibility of US military action to stop it from getting the bomb.

Panetta made his remarks Wednesday outside a city in southern Israel, with an "Iron Dome" anti-rocket defence system as a backdrop.

Panetta said repeatedly that "all options", including military force, are on the table to stop Iran, should sanctions and diplomacy, the preferred means of persuasion, ultimately fail.
Israeli Defence Minister Ehud Barak, standing beside Panetta, said he sees an "extremely low" probability that sanctions will ever compel Iran to give up its nuclear activities.