tag:blogger.com,1999:blog-19602273.post2805205956067408065..comments2023-12-21T04:46:04.233+00:00Comments on Vento Sueste: Economia comportamental (I)Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-19602273.post-253867797081627872017-12-17T11:55:13.174+00:002017-12-17T11:55:13.174+00:00Olá Miguel,
Aquilo que propões (assumir um custo ...Olá Miguel,<br /><br />Aquilo que propões (assumir um custo para fazer uma nova optimização) já existe (chama-se "rational inattention") e já há alguns anos. Na macroeconomia existem curvas de Philips derivadas de diferentes assumpções desse tipo: é uma possível forma de "microfundar" a rigidez nominal. <br />Mas isso não é considerado "economia comportamental" e não explica todos os dados.<br /><br />Por exemplo, pegando na única teoria comportamental que conheço melhor ("a prospect theory") parece-me bastante claro que essa ideia de que, com tempo as coisas vão ao sítio, ou a ideia do Luís Conraria de que os aspectos comportamentais são pouco impactantes, são ambas erradas.<br />E basta falar num negócio que já dura há vários séculos: a lotaria (ou o totoloto, ou os casinos). A prospect theory explica este negócio perfeitamente: abaixo de uma determinada probabilidade o agente não consegue avaliá-la. Por isso, para o agente é irrelevante se tem uma probabilidade de 0.0000001 de probabilidade de ganhar 10 Milhões de euros, ou 0.00000000000000000000001 de ganhar 10 Milhões de euros, porque aquilo que ele regista é "probabilidade insignificante de ganhar prémio de 10 Milhões", e logo aí tens um modelo de negócio: pegares na segunda probabilidade e dares-lhe um prémio 10 vezes maior e tornas esse bilhete muito mais apelativo que o primeiro, mas a pessoa que faz essa escolha não é consistente com esse "amor pelo risco" em todas as decisões que faz no dia-a-dia.<br /><br />Mesmo aqui tu podes dizer, mas talvez esta dificuldade de ser consistente nas preferências possa ser modelada assumindo um agente racional com capacidade de processamento limitada e que gere essas limitações na capacidade de processamento da forma racional. <br />Isto é diferente do ponto anterior: o agente não está a optimizar o número de vezes que optimiza, mas a optimizar a própria forma de optimizar tendo em conta recursos cognitivos limitados.<br />Mas isto também já foi feito, pelo Michael Woodford: "Prospect Theory as Efficient Perceptual Distortion" e "Stochastic Choice: An Optimizing Neuroeconomic Model", por exemplo.<br />Mas mesmo que isto dê uma fundamentação teórica para a prospect theory, continua a ser difícil integrá-la na maior parte dos modelos micro e macroeconómicos por razões matemáticas. Às tantas há muitas circunstâncias em que tem de se simplificar a assumir o agente totalmente racional.<br /><br />Mas discordo que se desvalorize aquilo que perdemos com essa simplificação nalguns contextos. A importância de técnicas de marketing manhosas (que não teriam impacto em agentes racionais), a importância de negócios deste tipo (lotaria), etc. mostram que os aspectos comportamentais são de facto relevantes.João Vascohttps://www.blogger.com/profile/14810948198773329192noreply@blogger.com