Friday, June 15, 2007

Continuando com os meus desafios ao "outro lado da barricada"

O que é que os bloggers liberais acham deste texto (acho que pode interessar, nomeadamente, ao António C. Amaral [que, efectivamente, me deu xeque-mate instantâneo])?

As pessoas de esquerda tendem a detestar tudo aquilo a que se associe uma imagem de força, supremacia e êxito. Odeiam os Estados Unidos, detestam a civilização ocidental, abominam os machos brancos, repudiam a racionalidade. Está visto que as razões por elas evocadas para detestarem o Ocidente, etc. não correspondem aos seus motivos reais. Dizem que detestam o Ocidente porque é belicista, imperialista, sexista, etnocentrico e por aí fora, mas quando os mesmo defeitos surgem nos países socialistas ou nas culturas primitivas, encontram logo maneira de os desculpar, ou, no melhor dos casos, admitindo, a contragosto, que tais defeitos existem, ao passo que os apontam entusiasticamente (exagerando-os amiúde imenso) quando surgem na civilização ocidental. É portanto evidente que estes defeitos não constituem os motivos reais para essas pessoas odiarem os Estados Unidos e o Ocidente. Odeiam-nos por serem fortes e terem êxito.

Palavras como “auto-confiança”, “independência de espírito”, “espírito de iniciativa”, “voluntarismo”, “optimismo”, etc. desempenham fraco papel no vocabulário (…) de esquerda. O homem de esquerda é anti-individualista e pró-colectivista. Quer que a sociedade resolva os problemas de todas as pessoas por elas, que cuide delas. No fundo, tem pouca confiança na capacidade de resolver os seus problemas pessoais e de satisfazer as suas necessidades. O homem de esquerda é contrário à ideia de competição porque no fundo sente-se um vencido.

(…)


Consideremos o hipotético caso de um homem que pode ter tudo, bastando-lhe apenas desejá-lo. Esse homem terá sem dúvida poder, mas desenvolverá sérios problemas psicológicos. Começara primeiro por divertir-se imenso, caindo aos poucos num tédio e numa desmoralização agudos, podendo até entrar em depressão clínica. A história mostra-nos que as aristocracias ociosas tendem a tornar-se decadentes. O mesmo não se aplica às aristocracias guerreiras, obrigas a lutar para preservarem o poder (…)

Para evitar sérios problemas (…), o ser humano precisa de objectivos cuja realização exija esforço (…)

[P]ara a maior parte das é através do processo de… ter um objectivo, fazer um esforço autónomo para e atingir o objectivo autoproposto… que se alcançam a autoestima, a auto-confiança e o sentido de poder.

(…)

Em resposta aos argumentos desta secção, dir-se-á certamente que a sociedade tem (…) de dar às pessoas oportunidades de crescerem através do processo de aquisição de poder. Mas, se for a sociedade a constituir essa oportunidade, oferecendo-a, o valor desta fica anulado. As pessoas precisam de encontrar e criar as suas próprias oportunidades. Enquanto o sistema lhes der oportunidades, isso significa que as mantém seguras à trela. Para alcançarem a autonomia, será necessário livrarem-se dessa trela.

(…)


Se pedissem às pessoas de esquerda para fazerem uma lista de todas as coisas que estão mal na sociedade e depois acedessem a todas as suas reivindicações, podemos prever sem risco que dentro em pouco a maioria dentre eles já teria encontrado outras razões de queixa, uma qualquer nova “injustiça” a corrigir. Tudo isto, mais uma vez, porque o homem de esquerda é menos motivado pela grande miséria que engendram os males da sociedade do que pela necessidade de satisfazer o seu instinto de poder impondo aos outros as suas ideias.


Já agora, uma espécie de quizz: quem é o(a) autor(a): a) Margaret Tatcher; b) Hillary Clinton; c) Ronald Reagan; d) Al Gore; e) outro; ou, em alternativa, o quizz ao contrário - quem acham, de certeza, que não é o autor?

[claro que a questão é armadilhada, mas não se esperaria outra coisa, não?]

10 comments:

Anonymous said...

e) Saramago

Miguel Madeira said...

"e) Saramago"

Não.

aL said...

«O que é que os bloggers liberais acham deste texto »

não me enquadrando eu completamente no grupo desafiado, não resisto a deixar aqui uma opinião.

é engraçado que há coisas no texto que me fazem lembrar muito, mesmo muito a Camille Paglia... e ambas as possibilidades de escolha femininas que aqui deixas são pessoas de força e poder. se bem que a ser a hillary teria de ter sido há muito tempo atrás...
[de qualquer das formas, parece-me ser um discurso feminino, não?!?]

AA said...

O texto - sem ser cortado - é muito interessante, o que não quer dizer que não esteja pejado de contradições.

Pena que para além de anti-esquerdista (e acerta na mouche em alguns pontos) também seja anti-mercado livre - pois é contra a tecnologia per se - logo anticapitalista...

Se eu tivesse seleccionado a parte em que demonstra o tal horror à tecnologia, temos el señor Gore; se tivéssemos seleccionado as partes revolucionárias, diríamos que beberia de Marx. Estes excertos até parecem saídos de algum direitista - mas não nenhum dos enumerados.

Queremos discutir o quê? Se o anarco-primitivismo está mais próximo do anarco-capitalismo, ou do anarco-sindicalismo?

Ricardo G. Francisco said...

O autor parece um político com tendências nacional-socialistas a tentar distanciar-se do socialismo.
Nega a essência da união entre ambas. A contrução do homem novo. O optimismo e segurança no caminho que percorrem.



Indo à pergunta. Pode ser tanta boa gente...mas:
a) A insistência em "esquerda" leva a pensar que seja Europeu...
b) A relevÂncia dada ao "Macho branco" leva a pensar que seja um homem.
c)A única defesa para a aparente incoerência em muitos pontos só pode ser justificada se o autor for completamente anti-relativista. Está absolutamente seguro da "bondade" dos seus valores e ideais. Alguém profundamente religioso.

Pode ser muita gente :)

Eu aposto no João César das Neves.

Miguel Madeira said...

OK, o AA escapou brilhantemente à minha armadilha (estava a subestima-lo) e solucionou o quizz!

[Por acaso, até acho mais parecido com o anarco-sindicalismo; mas a frequente analogia com o Gore é que acho despropositada, até porque acho que o inventor da internet não é anti-tecnologia, mas sim anti-poluição - penso que Gore não teria nada contra um mundo usando exactamente a mesma tecnologia actual, só que produzindo em menos quantidade]

Miguel Madeira said...

Para a aL e o Ricardo Francisco, é um homem americano (para falar a verdade, eu até cheguei a pensar em pôr o Hitler na lista, mas depois vi que era muito deslocado, já que a conversa é tipicamente actual).

Anonymous said...

Abominam os machos brancos

Faz tempo que não ouvia uma destas para dar risada da expressão...

Ricardo G. Francisco said...

unabomber?

Miguel Madeira said...

Exactamente.