tag:blogger.com,1999:blog-19602273.post6342005790532857165..comments2023-12-21T04:46:04.233+00:00Comments on Vento Sueste: A direita portuguesa é peculiar?Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-19602273.post-22604643423662801112016-05-05T11:33:37.399+01:002016-05-05T11:33:37.399+01:00Miguel,
É verdade que a direita portuguesa não é ...Miguel,<br /><br />É verdade que a direita portuguesa não é assim tão excepcional em relação ao que se passa no resto do mundo, mas o texto continua a parecer-me muito certeiro.<br /><br />Certeiro porque mostra a contradição entre uma linha de pensamento que se auto-intitula liberal, e a realidade prática. <br />Vejamos o caso português. Tanto o "Blasfémias" como o "Insurgente" partem de uma espécie de "mitologia liberal" expressa no próprio nome, e muito escreveram sobre a sua identidade enquanto blogues liberais. O "Insusrgente", logo desde o início me pareceu enormemente conservador, e nunca tive grande paciência para acompanhar. O "Blasfémias" ainda tinha uns pozinhos de liberalismo enquanto os autores que escreviam com mais frequência eram o João Miranda, o CAA, o Gabriel Silva, embora mesmo nessa altura já arranjassem as desculpas mais manhosas para defender posições anti-liberais (lembro-me do João Miranda estar contra a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo alegando que o casamento não devia ser da competência do estado - a tal ideia das instituições intermédias, mas que surgia muito convenientemente a propósito da manutenção da discriminação quanto à orientação sexual, e ainda de alegar que não existia discriminação nenhuma visto que formalmente tanto um homossexual como um heterossexual não podiam casar com alguém do mesmo sexo, um argumento "«"liberal"»" que poderia ser usado para defender a proibição do casamento entre diferentes etnias). No entanto, com o passar do tempo, os autores mais frequentes do "Blasfémias" tornaram-se a Helena Matos e o Vítor Cunha. Estes autores nem sequer tentam arranjar desculpas manhosas para defender ideias conservadoras: não há uma ideia anti-liberal que não adorem e defendam com unhas e dentes. <br /><br />Ou seja, quando escreves "Claro que uma coisa são os partidos políticos, outra são os intelectuais" estás a apontar a contradição central da direita. As ideias liberais têm um apelo maior que as ideias conservadoras sobre a maioria dos intelectuais, e portanto é essa a face que a direita gosta de apresentar em vários contextos, e é essa a faceta que muitos intelectuais de direita têm orgulho em apresentar. Mas depois a realidade do seu eleitorado, das suas "bases", da sua "história" é diferente, e numa primeira fase eles tentam conciliar essas diferenças com as tais desculpas manhosas, e numa fase mais avançada já nem querem saber. Do ponto de vista intelectual todo o quadro Liberalismo X Distribuição é conceptualmente aceitável, e o espaço direita-liberal tem um apelo intelectual sobre bastantes indivíduos, mas na prática o convívio e a luta política fazem com que muitas ideias se vão agregando ao longo de uma diagonal "esquerda-direita" nesse espaço, e a direita é conservadora. <br />Então cria-se uma espécie de hipocrisia, uma discrepância entre princípios e valores proclamados e opiniões sobre casos concretos, que o Luís Aguiar Conraria denuncia de forma certeira. Sim, ele falou sobre Portugal (talvez porque conheça melhor a nossa realidade) e este fenómeno é mais geral, mas não é menos real. João Vascohttps://www.blogger.com/profile/14810948198773329192noreply@blogger.com