tag:blogger.com,1999:blog-19602273.post8084137081708954167..comments2023-12-21T04:46:04.233+00:00Comments on Vento Sueste: A automatização e o desempregoMiguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-19602273.post-782228512207043412016-11-22T00:38:29.750+00:002016-11-22T00:38:29.750+00:00O que eu acho:
1. Não me parece que o post esqueç...O que eu acho:<br /><br />1. Não me parece que o post esqueça a questão dinâmica do processo de ajustamento, como diz o JV. A questão do mecanismo concreto através do qual o modelo converge de uma situação inicial de pleno emprego e produtividade X para uma situação de produtividade 100X e pleno emprego, ou produtividade 100X e taxa de desemprego 99%, está lá. <br /><br />2. Provavelmente este processo dependerá de mais variáveis do que aquelas que estão descritas. Por exemplo, o Miguel fala da propensão marginal ao gasto dos empresários e dos trabalhadores, que determina a forma como os ganhos de produtividade absorvidos inicialmente pela empresa se traduzem num aumento da procura. Eu diria que é preciso saber antes disso se são as empresas que de facto se apoderam inicialmente do ganho de produtividade. E isto, por sua vez, dependerá não apenas das expectativas de procura, mas também da causa original do aumento da produtividade (capital humano? Capital físico? TFP? Ideias apropriáveis, como patentes?, ou ideias tipo bem público puro?). Se povoarmos o modelo com todas estas subtilezas começamos a chegar a algum lado. Acho que até aqui estou a concordar com tudo o que o Miguel escreve, parece-me. <br /><br />3. Dito isto, parece-me que os factos estilizados que conhecemos sugerem que os aumentos de produtividade revertem para os trabalhadores como aumentos de salários e/ou tempo de lazer, sem impactos no emprego. Estes dados são: a) uma taxa de desemprego aparentemente estacionária, sem tendência de subida no longo prazo; b) uma relação capital/trabalho relativamente estável no longo prazo, de 2/3 para 1/3. Há algumas subtilezas tanto em a) como em b) - fenómenos de histerese no primeiro caso, e a tese de Piketty no segundo. Mas nenhum dos dois parece correlacionado com a produtividade, por isso não aquece nem arrefece. <br /><br />4) Isto não quer dizer que os factos estilizados sejam um bom guia para o futuro, claro. Se estes factos são resultado de até hoje ter havido sempre forças macroeconômicas a empurrar a economia para o pleno emprego, mas entretanto houve uma quebra estrutural que obriga a rever esta hipótese (estagnação secular?), então é bem possível que a tecnologia cause desemprego no longo prazo. Claro que neste caso não será apenas a robotização a fazê-lo, mas toda a tecnologia. <br /><br />Ah, bom post! :)Pedro romaohttp://www.desviocolossal.wordpress.comnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-19602273.post-66315976316877050202016-11-19T02:18:17.397+00:002016-11-19T02:18:17.397+00:00«Podem acontecer 3 coisas - a) 99 trabalhadores sã...«Podem acontecer 3 coisas - a) 99 trabalhadores são despedidos; b) mantêm-se os mesmo trabalhadores, mas agora produzindo 100 vezes mais do que produziam antes; ou c) podem passar a trabalhar 1 hora por dia (em vez de 8) e terem 87 dias de férias (em vez de 22) por ano, e no final continuarem a produzir exatamente o que produziam antes. »<br /><br />O problema da tua forma de ver o problema é que estás a vê-lo de forma estática e não dinâmica. <br />As hipóteses a) e b) são perfeitamente compatíveis, se olhares para o problema não como "qual a procura de trabalho em equilíbrio?" (caso sem que a) e b) são incompatíveis entre si), mas sim "qual a evolução temporal da procura de trabalho em equilíbrio?". Aí podes ter a) numa primeira fase, que após um ajuste acabará por dar em b).<br /><br />E isto é muito relevante porque foi aquilo que se sucedeu durante as revoluções industriais. Hoje, vendo que as revoluções industriais não geraram desemprego permanente é muito fácil rirmo-nos dos luditas. Mas aquilo que motivou os luditas não foi um medo hipotético do desemprego, foi o desemprego bem real que existiu devido ao ajuste dos mercados ser tudo menos instantâneo.<br /><br />«O cenário b) pressupõe que [...]» Tudo o que dizes nos dois parágrafos seguintes refere-se ao valor de equilíbrio. Esqueces-te completamente da dinâmica. <br /><br />Tudo o que escreves a seguir parece-me bastante certeiro. O meu único problema com o teu texto é mesmo só te focares no equilíbrio. Mas se um choque for muito brutal o equilíbrio pode demorar várias décadas a ser atingido.<br /><br /><br />João Vascohttps://www.blogger.com/profile/14810948198773329192noreply@blogger.com