Thursday, March 14, 2013

As ligações escondidas do chavismo



Em adenda ao que o João Valente Aguiar escreve aqui, convém recordar os contactos que Chavéz tinha quando, enquanto militar no activo, tentava tomar o poder via golpe de estado - os carapintadas argentinos, como o tenente-coronel Aldo Rico e o coronel Mohamed Alí Seineldín, que desencadearam várias sublevações militares contra o governo argentino exigindo a amnistia para os militares envolvidos na "guerra suja". É mais ou menos reconhecido que Chavez trocou correspondência com Rico e Seineldin, pelo menos depois do golpe falhado de 1992 (além desse contactos directos, há também uma relação indirecta via o referido Norberto Ceresole, que, antes e depois de viver na Venezuela e colaborar com Chavez, foi acessor de Aldo Rico).

Rico e Seineldin vieram a "renegar" Chavéz, à medida que este se foi aproximando do regime cubano, mas ao principio as simpatias eram claras.


Outro "lider" sul-americano com quem o chavismo parece ter tido ligações muito suspeitas foi o peruano Alberto Fujimori - houve apenas vagas suspeitas que Fujimori teria dado apoio ao golpe de Chavéz de 1992, mas é um facto estabelecido que, após uma segunda tentativa de golpe esse ano (já com Chavéz preso), o Peru deu asilo político aos golpistas (pode ter havido aí um factor "o inimigo do meu inimigo é meu amigo" - a Venezuela de Andrés Perez era dos países sul-americanos que mais se havia oposto ao "auto-golpe" de Fujimori, provavelmente devido aos laços entre a A.D. de Perez e o A.P.R.A. peruano, o principal partido anti-Fujimori).


E, finalmente, temos a aberta admiração de Chavéz pelo brutal ditador Pérez Jimenéz (governante da Venezuela entre 1952 e 1958), que chegou a classificar como "o melhor presidente que a Venezuela teve em muito tempo". Em 1998, Chavéz convidou Jimenéz (então exilado na Europa) para a sua tomada de posse (o que este recusou).

[Post publicado no Vias de Facto - podem comentar lá]