Monday, January 31, 2011

Sobre as escolas públicas e privadas

Muita gente da minha área politica é capaz de não concordar com o que vou escrever, mas não tenho numa objecção de principio a um sistema em que as famílias possam por os filhos numa escola privada (ou numa escola organizada pelo sindicato, ou por uma "associação pedagógica alternativa", ou um colectivo autogerido de professores, ou seja o que for) e que seja o Estado a pagar (e não família em causa).

Desde que:

- o valor que o Estado pague à escola privada (ou sindical, ou "alternativa", ou...) seja equivalente o custo marginal de um aluno na escola pública

- a escola privada respeite os direitos dos seus trabalhadores

- a escola privada não cobre propinas adicionais ao subsidio estatal

- a escola privada não seleccione alunos (ou, se o fizer, o faça nas mesma circunstâncias da estatal)

Vamos analisar isso ponto por ponto (excluindo a questão dos direitos laborais, que é tão óbvia que não precisa de ser explicada):

Pagamento de acordo com o custo marginal - o "custo marginal" corresponde ao aumento de despesa que o Estado tem por mais alunos frequentarem a escola (ou, inversamente, a poupança que há se alunos deixarem de frequentar a escola). Os defensores dos "contratos de associação" falam muito do "custo por aluno", mas escondem essa diferença entre o custo marginal e o custo médio (despesa total a dividir pelo número de alunos) - no custo médio estão incluídos custos de estrutura que as escolas públicas têm sempre, tenham muitos ou poucos alunos. Ora, se um aluno não frequenta a escola pública mas o Estado tem as mesmas despesas que teria se ele a frequentasse, porque razão o estado deve ir ainda gastar dinheiro adicional a subsidiar uma escola privada? Só faz sentido subsidiar alunos numa escola privada se esse subsidio for igual (ou menor) do que o dinheiro adicional que o Estado gastaria se eles fossem para a escola pública.

Ausência de propinas adicionais - nos sistemas de "contratos de associação"/"charter schools" o Estado paga e as famílias não pagam nada; no sistema do cheque-ensino, ass escolas privadas fixam o valor das suas propinas (tal como agora) e o Estado dá uma espécie de subsidio às famílias para pagar as propinas, que as familias podem complementar com dinheiro delas (caso a escola que querem cobre uma propina mais alta que o valor do cheque-ensino). Eu sou contra o segundo sistema, tanto por razão filosóficas como pragmáticas:

A razão filosófica é acho que só faz sentido subsidiar alunos na escola privada se for para assegurar igualdade de acesso à educação; mas, num sistema em que as escolas cobrem propinas adicionais além do subsidio, isso quer dizer que as escolas "de elite" continuaram a ser para a elite económica e social, logo não vejo que essas escolas (ou os seus alunos) devam receber subsídios.

Depois há a razão pragmática - um sistema desses arriscava-se a uma espiral inflacionária: como as "melhores" escolas continuariam fora do alcance de muita gente, haveria pressões para o governo subir o valor do cheque-ensino (em nome da "justiça social"), que por sua vez incentivaria as escolas a subirem também o valor das propinas (já que agora os seus clientes poderiam pagar mais), o que levaria ainda a mais aumentos no cheque-ensino, numa potencialmente enorme transferência de riqueza para as escolas privadas mas que pouco ou nada benificiaria os alunos e as suas famílias (tanto no privado como no público)

- Não selecção de alunos - a razão aqui é a mesma que a "razão filosófica" apresentada no ponto anterior: não faz sentido estar a subsidiar escolas reservadas a elites. Há quem argumente que todas as escolas (desde que tenham mais procura do que capacidade) precisam de seleccionar; eu até acho que não, mas, a ser assim, pelo menos que essa selecção seja feita por uma regra geral comum a todas as escolas e que não crie circulos viciosos de favorecimentos (os melhores alunos irem para as melhores escolas e ficarem ainda melhores, os piores irem para as piores e...).

Eu até tenho uma ideia de, a ter mesmo que haver selecção de alunos por escolas, de qual seria talvez o sistema menos mau: quanto mais afastada fosse a nota do aluno face à nota média, mais prioridade teria (ou seja, os bons e os maus alunos ficariam à frente dos médios).

Razões para isso:

1º um sistema que desse prioridade aos bons alunos teria o problema que referi ali atrás; um sistema que desse prioridade aos maus alunos poderia levar a incentivos perversos. Um sistema que favoreça os bons e maus alunos não teria esses problemas

2º a razão mais importante - os bons e maus alunos são, por norma, pessoas mais complicadas que os médios, logo irem para uma escola "boa" ou "má" pode ser decisivo para a sua vida futura; já os alunos médios tendem a ser "médios" em qualquer situação - note-se que não estou a dizer que as "boas escolas" para os "bons alunos" serão necessariamente as mesmas "boas escolas" para os "maus alunos" (sem ter feito qualquer estudo sobre o assunto, baseando-me apenas na minha intuição, diria que os "maus alunos" precisam de muita atenção em quantidade e qualidade, os "médios" de atenção média em quantidade e qualidade, os "bons" de muita atenção em qualidade e pouca em quantidade).

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

Sobre as "patrulhas populares" no Egipto

Um fenómeno digno de nota nas revoluções árabes é o aparecimento de grupos de voluntários a nivel de bairro e rua para subsituir a polícia, que largamente desapareceu de cena (além de ser desprezada por grande parte da população); e também as alegações que os casos de pilhagens e vandalismo que têm ocorrido são provocados por polícias à paisana...

Alguns artigos sobre o assunto:

Looters and Leviathan: Hobbes Turned Upside Down, por Jesse Walker, na Reason Hit and Run

Emotional protests, rampant lawlessness pervasive around Egypt, na CNN

Alguns posts no Tunisia Scenario sobre isso (no contexto tunisino).

E também este tweet que tem corrido pela "tweetosfera" - "neighbourhood watch committees kicked out police from downtown cairo, they are not welcome"

Para uma análise mais teórica sobre a questão das "associações de defesa mútua", este texto de 2002 de Paul Birch no Anti-State.com (um site anarco-capitalista), onde o autor argumenta em defesa desse sistema (em contraste, p.ex., com o recurso a empresas de segurança comercias, como costuma ser preconizado por grande parte dos ancaps).

Secessão

Over 99 pct in Southern Sudan vote for secession

Saturday, January 29, 2011

Was it Bush or AlJazeera ? No, a salesman without a permit to do business.

Problema que se pode encontrar em qualquer social-democracia.

Friday, January 28, 2011

O fim de um governo

The Death of a State, por James Ostrowski, no blog do LewRockwell.com:

What is going on in Egypt is so rich in import that it’s not easy to grapple with it. (...)


I see the essence of the story in this. An authoritarian state with rigged elections and with an extensive and brutal secret police and with control over the internet, can be brought down by direct citizen action. I said “can” since we do not know yet how this will play out. But other authoritarian states have been brought down in similar circumstances (Iran, Philippines, Romania).


In my LRC bestseller, Direct Citizen Action, drawing on the work of de La Boétie and Rothbard, I wrote: “most of the power of the government comes from the perception that it is legitimate. . . History shows that regimes fall when the masses withdraw their “consent.” This can be done by direct action, basically, a national strike until the dictator flees with whatever loot he can carry onto his private plane. Violence is not necessary though usually the state will shoot some protesters and the protesters will throw rocks in response. But as we saw with the Shah, state violence can merely accelerate the death of the regime by arousing even more opposition.

Afinal, quem disse isso sobre quem?

Daniel Oliveira: Dizia o secretário de Estado americano Cordell Hull, sobre Trujillo, ditador da República Dominicana: "He may be a son of a bitch, but he is our son of a bitch"

Rui Herbon: A frase é de Kissinger, sobre Pinochet. «É um filho da puta, mas é o nosso filho da puta»

Há efectivamente uma biografia de Trujillo, de 1966, dizendo que "Secretary of State Cordell Hull was the prime mover in this, believing as he did that although Trujillo was an SOB, at least he was -our- SOB"; mas segundo a revista Time de 15 de Novembro de 1948, terá sido Roosevelt que disse algo parecido sobre Somoza (pai) - "he's a sonofabitch but he's ours".

É também possivel que, a partir do momento que alguém usou essa expressão, ela se tenha tornado idiomática, e a partir daí tenha sido usada por muita gente a respeito de muita gente.

Noticias do Egipto, (mais ou menos) em directo

Desligando a Internet

Egypt Leaves the Internet (Renesys blog):

Confirming what a few have reported this evening: in an action unprecedented in Internet history, the Egyptian government appears to have ordered service providers to shut down all international connections to the Internet. Critical European-Asian fiber-optic routes through Egypt appear to be unaffected for now. But every Egyptian provider, every business, bank, Internet cafe, website, school, embassy, and government office that relied on the big four Egyptian ISPs for their Internet connectivity is now cut off from the rest of the world. Link Egypt, Vodafone/Raya, Telecom Egypt, Etisalat Misr, and all their customers and partners are, for the moment, off the air.


At 22:34 UTC (00:34am local time), Renesys observed the virtually simultaneous withdrawal of all routes to Egyptian networks in the Internet's global routing table. Approximately 3,500 individual BGP routes were withdrawn, leaving no valid paths by which the rest of the world could continue to exchange Internet traffic with Egypt's service providers. Virtually all of Egypt's Internet addresses are now unreachable, worldwide.


This is a completely different situation from the modest Internet manipulation that took place in Tunisia, where specific routes were blocked, or Iran, where the Internet stayed up in a rate-limited form designed to make Internet connectivity painfully slow. The Egyptian government's actions tonight have essentially wiped their country from the global map.

What happens when you disconnect a modern economy and 80,000,000 people from the Internet? What will happen tomorrow, on the streets and in the credit markets? This has never happened before, and the unknowns are piling up. We will continue to dig into the event, and will update this story as we learn more. As Friday dawns in Cairo under this unprecedented communications blackout, keep the Egyptian people in your thoughts.

As escolas têm que seleccionar os alunos?

João Miranda escreve que "[s]e [uma escola] tiver excesso de procura tem que seleccionar. Não é possível meter 300 alunos onde só cabem 200".

É perfeitamente possivel - repito o que escrevi aqui:

A mim parece-me que é perfeitamente possivel os alunos poderem se inscrever na escola que querem sem termos as escolas a recusarem alguns alunos: basta aceitarmos a ideia de que uma escola pode ficar sobrelotada (com turmas de 40 alunos em salas desenhadas para 20). Isto pode parecer sarcástico, mas não é: se houvesse algumas escolas sobrelotadas, isso quer dizer que mesmo com essa sobrelotação havia montes de gente a se inscrever lá, o que significa que as vantagens (reais ou percebidas) dessa escola eram maiores do que as desvantagens da sobrelotação. Em breve se estabeleceria um equilíbrio entre a qualidade (à partida) da escola e o seu grau de sobrelotação de forma que na prática a qualidade final do ensino acabaria por ser similar em todas.


Há um problema neste modelo - é que quando os alunos se matriculam em principio ainda não sabem se a escola vai estar sobrelotada ou não, mas penso que haverá maneiras simples de solucionar esse problema.

FINAL REPORT OF THE NATIONAL COMMISSION ON THE CAUSES OF THE FINANCIAL AND ECONOMIC CRISIS IN THE UNITED STATE


Um excelente documento, pese embora discordâncias. Contém muita informação e interpretação e análise de forma simples e directa, útil para concordar e discordar. Contém também declarações de "dissent".

Uma delas diz:

"Conclusions:

• The credit bubble was an essential cause of the financial crisis.
• Global capital lows lowered the price of capital in the United States and much
of Europe.
• Over time, investors lowered the return they required for risky investments.
Their preferences may have changed, they may have adopted an irrational bubble mentality, or they may have mistakenly assumed that the world had become
safer. This inlated prices for risky assets.
• U.S. monetary policy may have contributed to the credit bubble but did not
cause it."

Parece existir uma obsessão em desculpar a política monetária, eu diria que o sistema se protege. De certa forma o problema não é a política monetária mas sim o sistema monetário.

Sempre fica uma pergunta para quem atribui inflação de preços (e bolhas de activos) a outros factores:

Se a quantidade de moeda fosse fixa, também existiriam bolhas e/ou inflação de preços no consumidor? Quando os keynesianos atribuem a inflação dos anos 70 a factores não monetários, será que acreditam que o nível geral de preços (e/ou activos) pode subir com a quantidade de moeda fixa?

Thursday, January 27, 2011

Ron Paul Explains How Iraq Was Made Into An Enemy In Order To "Redesign The Middle East"

RE: Problemas de sair do euro e/ou de renunciar à divida por Miguel Madeira

Sim, qualquer conversa sobre saída do Euro só põe em marcha a transferência de depósitos e é isso de resto que já terá acontecido, incluindo em Portugal, dado certos economistas de esquerda e direita terem começado a falar no assunto sem perceberem bem no que se estavam a meter. De resto, a solução preferida pela classe (de ditos keynesianos a monetaristas) é sempre alguma forma de desvalorização ou inflação.


Para soluções radicais e pegando na proposta especulativa do MM é renunciar (ou melhor, dar a entender que poderia ser esse o caminho) à dívida, deixar o ouro explodir e depois trocar o ouro do BdP pela dívida desvalorizada. Depois, é decretar a livre circulação de moeda em ouro/prata. Mas não digam a ninguém que o plano é este. Pelo caminho, os Bancos podem cair sim.

Wednesday, January 26, 2011

Ron Paul "The Federal Reserve Is Responsible For The Inflation, The Busi...

Voto obrigatório?

A respeito da elevada abstenção, voltaram a ouvir-se vozes defendendo o voto obrigatório (p.ex., aqui).

Mas que beneficio teria o voto ser obrigatório? Antes que alguém me pergunta qual o beneficio de não ser obrigatório, respondo que, nisto como em tudo, o default deve ser a máxima liberdade e que são as proibições e obrigações que têm que ser justificadas; ou seja, o ónus da justificação está do lado dos que defendem o voto obrigatório.

A minha análise - o voto obrigatório prejuducaria aqueles que, sem ele, se iriam abster - afinal, se eles se abstêm é porque consideram o incómodo de votar (e não estou a falar apenas do incómodo físico de ir votar, estilo "estão-se a marimbar"; estou a incluir também o incómodo ideológico que, p.ex., um anarquista, um absolutista-monárquico ou um separatista algarvio poderão sentir por irem participar num sistema a que se opõem) maior que o satisfação de participarem na decisão colectiva; por outro lado, aqueles que votariam de qualquer maneira também ficam a perder, já que o seu voto passa a contar menos.

Ou seja, o voto obrigatório é daquelas coisas que prejudica todos os envolvidos.

Só imagino uma situação em que se justifique o voto obrigatório - se existir uma forte pressão social para não ir votar, estilo bandos armados ameaçando quem ir votar, o voto obrigatório pode ser útil como forma de proteger os que efectivamente querem votar

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

Tuesday, January 25, 2011

Gostava de saber qual será o desfecho disto

Saúde está a fazer cortes nas horas extras de 2010 (Diário de Notícias):

Médicos e enfermeiros estão a sofrer cortes nas horas extraordinárias e no trabalho suplementar que fizeram em Novembro e Dezembro do ano passado e que estão a ser pagos com atraso. Nalguns casos, a penalização ultrapassa os 300 euros. Os sindicatos não aceitam a situação e vão avançar com acções em tribunal para recuperar o valor retirado. A Direcção-Geral do Orçamento deu indicações para as reduções serem aplicadas no mês de pagamento, independentemente da altura em que o trabalho foi prestado.


Além dos cortes que sabiam que iam sofrer sobre o ordenado-base, médicos e enfermeiros descobriram que as horas extraordinárias e trabalho suplementar que realizaram nos últimos meses de 2010 também foram penalizados. Uma situação que consideram injusta, já que a redução imposta pelo Orçamento do Estado só entrou em vigor no dia 1 de Janeiro. E para muitos profissionais este cenário irá repetir-se no próximo mês, pois recebem as horas extras e suplementares com dois meses de atraso.

Os Palestine Papers

Descrição no quase em português:

O Guardian, a quem Al Jazeera disponibilizou os documentos, fez este primeiro resumo dos pontos essenciais:

• Palestinian negotiators privately agreed that a token 10, 000 refugees and their families, out of a total refugee population exceeding 5 million, could return to Israel as part of a peace settlement.

• PLO leaders accepted Israel's demand to define itself as an explicitly Jewish state, in sharp contrast to their public position.

• The then Israeli foreign minister, Tzipi Livni, repeatedly pressed in 2007-08 for the "transfer" of some of Israel's own Arab citizens into a future Palestinian state as part of a land-swap deal that would exchange Palestinian villages now in Israel for Jewish settlements in the West Bank.

• The US secretary of state, Hillary Clinton, and other American officials refused to accept any Palestinian leadership other than that of Mahmoud Abbas and the prime minister, Salam Fayyad. The US "expects to see the same Palestinian faces", one senior official explained, if it was to continue funding the PA.
• Condoleezza Rice, secretary of state under George Bush, suggested in 2008 Palestinian refugees could be resettled in South America. "Maybe we will be able to find countries that can contribute in kind," she said. "Chile, Argentina, etc."
• Livni told Palestinian negotiators in 2007 that she was against international law and insisted that it could not be included in terms of reference for the talks: "I was the minister of justice", she said. "But I am against law – international law in particular."

Sobre as escolas com contrato de associação

Se o pagamento que receberem por aluno for equivalente ao custo marginal desse aluno na escola estatal e respeitarem os direitos dos seus trabalhadores, não acho que façam grande mal ao mundo.

Um país re-comprar a própria dívida?

Acerca destes posts de Paul Krugman e Tyler Cowen, re-lembro esta minha sugestão.

O grande problema do (em breve) novo país africano


Southern Sudan Nears a Decision on One Matter: Its New Name (New York Times)

Já agora, interrogo-me o que é que as pessoas que dizem que nunca existiu um "povo palestiniano" acharão do caso do "Sudão do Sul" - a história fala de "sudaneses", por um lado, e de "dinkas", "nuers", "anuaks" (algumas tribos do sul do Sudão), etc.,, por outro, mas (tirando as últimas décadas) também não faz qualquer referência a uma entidade "sul-sudanesa" (veja-se que ainda não há uma decisão definitiva sobre o nome).

Monday, January 24, 2011

Se houvesse segunda volta, os juros iriam subir


[juros das obrigações a 10 anos do Estado português]

Juros baixos: Transferência de riqueza entre quem poupa e os mais endividados (os que tiram partido da financerização)

Vatican bank chief issues warning about US, European economic policies

"Zero interest rates factually equal a de facto transfer of wealth from he who was a virtuous saver (although not for Keynes) to he who has become virtuously (for Keynes) indebted," he said. "Practically, it's about a hidden tax on poor savers, a tax transferred to the wealthy, (that is), over-indebted states, business people and bankers.”

Although the alternative to zero interest in such a situation is economic collapse and eventual default, the zero-rates "are not sustainable and are dangerous," Tedeschi warned.

"They destroy savings, which is an essential resource to create the base for bank credit; they promote speculation on real estate and securities, create illusory artificial values rather than scaling them down; they push consumption to more risky debt; they alter the market with artificial values and thus lead to belief that the very markets do not know how to correct themselves."

The biggest danger, Tedeschi said, is that zero interest rates "permit, or impose governments into management of the economy, without correcting inefficiency and facilitating distortions in the competition."

He warned that the greatest economic impacts may be on the way.

Mais uma "fuga de informação" - agora sobre Palstina e Israel

Massive Leak Of Palestinian Documents May Signal Total Doom For Peace Chances, na BussinesInsider:

Al-Jazeera and The Guardian have published a massive cache of Palestine/Israel-related documents from inside the Palestinian Authority.

The story is this: In 2008-2009, Palestinian leaders offered what appears to be a very large concession to Israel in terms of territory, but the offer was rebuffed.

In addition to showing apparent Israel intransigence, the story also indicates a disconnect between Palestinian leaders and the Palestinian people, and the broader Arab world consensus.

Comparando com há 5 anos (V)

Barão de S. Miguel:

2006

Manuel Alegre: 42,95%
Cavaco Silva: 25,54%
Francisco Louçã: 13,46%
Mário Soares: 11,54%
Jerónimo Sousa: 5,77%
Garcia Pereira: 0,64%

2011

Cavaco Silva: 33,85%
Manuel Alegre: 26,15%
Fernando Nobre: 20%
Francisco Lopes: 11,57%
José Coelho: 6,15%
Defensor de Moura: 2,31%

Hecatombe total de Manuel Alegre (mas é de assinalar o bom resultado de Francisco Lopes).

Comparando com há 5 anos (IV)

Budens, Vila do Bispo:

2006

Cavaco Silva: 32,21%
Manuel Alegre: 29,14%
Mário Soares: 21,23%
Francisco Louçã: 9,96%
Jerónimo de Sousa: 6,44%
Garcia Pereira: 1,02%

2011

Cavaco Silva: 37,88%
Fernando Nobre: 23,83%
Manuel Alegre: 23,63%
Francisco Lopes: 7,13%
José Coelho: 5,5%
Defensor de Moura: 2,04%

Peculiaridade de Budens (que há 5 anos foi dos poucos sítios que atingiram os objectivos que eu pretendia) - aqui Nobre ultrapassou Alegre

Comparando com há 5 anos (III)

Aljezur:

2006

Cavaco Silva: 33,97%
Manuel Alegre: 28,69%
Mário Soares: 16,59%
Jerónimo de Sousa: 12,30%
Francisco Louçã: 7,57%
Garcia Pereira: 0,88%

2011

Cavaco Silva: 37,82%
Manuel Alegre: 23,31
Fernando Nobre: 15,82%
Francisco Lopes: 13,55%
José Coelho: 7,07%
Defensor de Moura: 2,43%

Nada a assinalar - mais ou menos a mesma coisa que nos outros sitios

Comparando com há 5 anos (II)

Resultados em Portimão:

2006

Cavaco Silva: 44,72%
Manuel Alegre: 25,35%
Mário Soares: 14,01%
Francisco Louçã: 8,56%
Jerónimo de Sousa: 6,89%
Garcia Pereira: 0,48%

2011

Cavaco Silva: 47,88%
Manuel Alegre: 19,8%
Fernando Nobre: 19,4%
Francisco Lopes: 7,13%
José Coelho: 4,34%
Defensor de Moura: 1,46%

Os comentários serão semelhantes ao caso anterior (diferenças - Cavaco não subiu o suficiente para chegar à maioria e Lopes teve maior percentagem que Jerónimo)

Comparando com há 5 anos (I)

Há 5 anos, analisei os resultados nalgumas zonas especificas; portanto (já que não tenho mais nada para escrever esta noite...) vamos comparar esses resultados com os actuais:

Algarve:

2006

Cavaco Silva: 48,72%
Manuel Alegre: 23,18%
Mário Soares: 13,06%
Jerónimo de Sousa: 7,61%
Francisco Louçã: 6,86%
Garcia Pereira: 0,56%

2011

Cavaco Silva: 52,27%
Manuel Alegre: 18,52%
Fernando Nobre: 15,96%
Francisco Lopes: 7,4%
José Coelho: 4,36%
Defensor de Moura: 1,49%

Cavaco ganhou votos (ou melhor, percentagem), Alegre perdeu e Lopes mais ou menos aguentou o score de Jerónimo

Vencedores e vencidos

Vencedores:

Cavaco Silva
José Manuel Coelho
Fernando Nobre

Vencidos:

Manuel Alegre
Defensor de Moura
sistema informático
Bloco de Esquerda

Empate

Francisco Lopes

(a ordem não é arbitrária)

Friday, January 21, 2011

Abandonos no Bloco de Esquerda

"Carta de demissão" de Sadik Habib do Bloco de Esquerda (nota: foi num blogue do Sadik que primeiro escrevi um post):

CARTA ABERTA - Aos Militantes, Aderentes e Eleitores do Bloco de Esquerda, na Rubra

[Via 5 dias]

A sondagem da Marktest - III

Luis Queiró, presidente da Marktest, no Forum da TSF (a partir das 35:42):

100? 100??

A versão original deste artigo da TSF referia 802 entrevistas, com uma taxa de resposta de 22%; entretanto, quer o numero de entrevistas, quer a taxa de respostas, quer a distribuição geográfica desapareceram.

Em principio, "802 entrevistas com uma taxa de resposta de 22%" quer dizer que contactaram umas 3670 pessoas e 802 (22%) aceitaram responder. Mas agora o patrão da Marktest sai-me com a "opinião de 100 portugueses"?

Das duas uma :

a) esta sondagem só sondou mesmo 100 pessoas

ou

b) Luís Queiró não faz ideia do que os seus trabalhadores fazem e estes podiam perfeitamente organizar-se num colectivo autogerido

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

Thursday, January 20, 2011

Austrians: The Theory of Central Banking | Robert P. Murphy

The Odd Couple: Ron Paul and Ralph Nader Take On the Corporatocracy

Greenspan: Why do we need a Central Bank?


Responsável por bolhas e crises reflecte e regressa à origem (1966): padrão-ouro.

O impacto dos pais

Do parents matter?, por Chris Dillow:

Do parents matter? One way to find out is to compare how children who suffer the death of a parent fare in later life compared to those who don’t. This new paper does just this for Swedish kids, with results that might be surprising:


Parental death has surprisingly small average effects on cognitive outcomes, despite representing a traumatic shock. Given the size of our dataset, we can rule out zero effects, but our preferred estimates represent a loss of a couple of months of schooling.

The impact on subsequent earnings is also small - 6-7% for boys and 1-2% for girls.

Curiously, it doesn’t make much difference whether it is the mother or father who dies. Nor does a parent’s death when the child is young have a larger effect. If anything, the opposite - for boys, the death of a father before the age of 10 has no significant impact upon education, IQ or earnings.

Quite why this should be so is not so clear. It could be that the death of one parent causes the surviving one to try harder. In The Talent Code, Daniel Coyle suggests another possibility. The loss of a parent, he says, sends out a “primal cue” - that one is not safe, and had better work hard to make something of oneself. This, he says, unleashes the energy that is necessary for success: he lists a huge number of eminent people (Darwin, Newton, Lincoln, Gandhi, Dostoyevsky etc) who lost a parent when young.
Uma nota pessoal - dos melhores alunos (falo dos rapazes) da minha turma da secundário, o único que não era orfão era eu (e eu sou provavelmente o menos bem sucedido do grupo).

Uma teoria que me ocorre é que a educação paterna (e materna, já agora) talvez funcione mais pela negativa do que pela positiva - isto é, suspeito que uma "má educação" tem efeitos negativos significativos, mas que os efeitos de uma "boa educação" são largamente neutros (o que bate certo com isto).

Inflação


(carregar na imagem para ver até 2010)


Produtores/agricultores estarão a beneficiar, a inflação começa sempre por algum lado, nunca é um movimento coordenado e neutro em toda a economia.

A sondagem da Marktest - mea culpa

A esta hora, já toda a gente deve ter percebido que este meu post foi um tremendo disparate - o que se passa é que a Marktest chama "Interior Norte" a quase tudo que esteja acima do Tejo e não tenha vista para o mar, pelo que realmente parte substancial da população vive lá (o leitor RML fez umas contas e efectivamente a distribuição geográfica da sondagem corresponde à da população real).

As minhas desculpas a quem foi enganado pelo meu engano.

Mas, posto isto, continuo a não acreditar numa sondagem que dê a Francisco Lopes apenas 3% (não sei qual, mas alguma falha tem que ter).

Wednesday, January 19, 2011

A sondagem da Marktest

A Marktest acabou de divulgar uma sondagem dando 61,5% a Cavaco Silva, 15% a Manuel Alegre, 12,7% a Fernando Nobre, 3,3% a Francisco Lopes, 2,1% a José Manuel Coelho e 1,2% a Defensor de Moura (via 31 da Armada) - pelos vistos Cavaco perdeu 17 pontos percentuais face à anterior sondagem da Marktest (que lhe dave 78% dos votos).

Regra de ouro para sondagens - nunca acreditar numa sondagem que dê a um candidato do PCP menos que uns 7% (e mesmo isso é pouco, para uma eleições que vão decorrer 2 dias depois de milhares de trabalhadores do sector público receberem o ordenado reduzido).

Mas agora vamos lá ver os detalhes dessa sondagem - realizaram 802 entrevistas: 156 na Grande Lisboa, 88 no Grande Porto, 155 no Litoral Norte, 181 no Interior Norte, 129 no Litoral Centro e 93 no Sul; a distribuição faz todo o sentido: a região onde entrevistaram mais gente foi o Interior Norte, que é também a região mais povoada do país.

É difícil comparar esses números com a distribuição da população, já que eu não sei bem o que se entendem por "Grande Lisboa", "Interior Norte", etc., mas vou tentar comparar esses agregados com os eleitores por distritos:

Sondagem Realidade (tirado daqui)
Grande Lisboa 19% Lisboa + Setúbal 27%
Grande Porto 11% Porto 17%
Litoral Norte 19% Braga + Viana +Aveiro 18%
Interior Norte 23% Bragança  + Vila Real + Viseu + Guarda + Castelo Branco 12%
Litoral Centro 16% Coimbra+Leiria+Santarém 13%
Sul 12% Portalegre + Évora + Beja + Faro 8%
Ilhas 5%

Mas a distribuição dos inquéritos nessa sondagem tem alguma coisa a ver com o "país real" (e o "pais real", por mais que desagrade aos maurrasinos conscientes ou inconscientes, não é uma aldeia na Guarda, é uma urbanização na Damaia)? Mesmo que admitamos que Aveiro e parte de Lisboa tenham ido para o "Litoral Centro", parte do Porto para o "Litoral Norte" e parte de Setúbal para o "Sul" (reconheço que a Zambujeira do Mar não é bem "Grande Lisboa"), essa proporções parecem-me muito desproporcionadas.

Admito que seja possivel que os autores da sondagem tenham depois feito ajustes aos resultados para compensar a má distribuição geográfica, mas isso iria aumentar a margem de erro da sondagem (logo, como eles anunciam um erro de 3,46%, duvido que tenham feito isso).

Adenda - estas são as regiões da Marktest; confesso que são bastante diferentes dos distritos que assumi

[Post publicado no Vias de Facto - podem comentar lá]

Tuesday, January 18, 2011

Keynesiano resume bem a teoria


O que vai dar a oportunidade de poder resumir as suas falácias (cont.)

Monday, January 17, 2011

Nas barricadas tunisinas

O relato de um ocidental vivendo no país:

I hadn't really slept in about 2 days so i woke up today at around 1 pm. Hamduallah

My experiences last night at the barricades were pretty intense.

As I wrote last night, I initially went out there to stop potential looters from robbing me or 
any of my friends. I had also never have had to opportunity to "man the barricades" before, and I enjoy new experiences.

I had heard rumors that there may be members of the interior ministry connected security forces (aka THE POLICE, NOT THE ARMY) causing problems, but i thought they were just corrupt cops killing people for their stuff.

When I got to the barricades people were a little surprised I was there. I don't speak Arabic very well, and I was probably one of the only foreigners who was stupid and bored enough to stand on a corner in the entire country that night.

I was only there for a few minutes when we were told that looters were not the real enemy tonight. Like I have written before, there has been a highly organized and brutal attempt by the interior ministry (i think its safe to call them the "former" interior ministry now) to sow chaos by going on a campaign of seemingly-random mass murders across the country.

These terrorists were armed with automatic weapons and driving around in cars, and we were all on foot armed only with axe handles, knives and badly constructed barricades. At this point I started getting a little nervous.

However, despite the terror and despair everyone was feeling, the barricades were sort of like a block party, albeit a block party with terrifying undertones of violence.

As the night went on people started bringing out water and tea, and more people came out to join us. There were a lot of people there who seemed like they wanted to practice their English and i wanted to practice my Arabic (jaiysh=army, katush=gun shot, tahan=asshole=policeman)

When the police start killing random citizens out of spite, and then a newly revolutionary army goes a head and deputizes everyone with a knife or stick, it really brings out the worst and best in people.

There was one drunken fat man, who's breath smelled of liquor who was wielding dual butcher knives. He kept threatening other volunteers and vandalizing things and eventually people made him leave.

Most of the people were extremely inspirational and there were some people who took it upon themselves to be sort of leaders or messengers and ran from corner to corner, letting people know what was up. In my neighborhood the people who were doing this were two old men, and (implausibly) one young woman.

The young woman, named Leila spoke some English. She said "you are in our country, in our revolution" I started to say "I just don't want anyone taking my shit or shooting at my house" but she cut me off "you should get citizenship here, like Che in Cuba."

My motives are far from revolutionary, and she was totally busting my balls, but it still felt nice.
[Tunisia Scenario]

Sunday, January 16, 2011

A revolução tunisina

The First Middle Eastern Revolution since 1979, por Juan Cole:

In some ways, the Tunisian Revolution is potentially more consequential for the Middle East than had been the Iranian one. In Iran, Shiite ayatollahs came to power on the back of a similar set of popular protests, establishing a theocracy. That model appealed to almost nobody in the Middle East, with the exception of Shiites in Iraqi and Lebanese slums; and theocratic Shiite Arabs were a minority even in their own ethnic group. Proud Sunni Arab nationalists, in Egypt, Syria, and elsewhere, saw nothing to like there, even though they were saddled with a motley assortment of authoritarian presidents for life, military dictators, kings and emirs. Iranian leaders were shocked and dismayed to find that they had made a ‘revolution in one country.’ Their influence would come from championing the (Sunni) Palestinians and supporting Lebanon when it was attacked by Israel, not from their form of government. Iran was not like the French revolutionary republic, which really did become a model over time for much of Europe. It was an odd man out.

The Enlightenment principle of popular sovereignty has been mostly absent in the Arab world, and elections have been an odd Soviet-style shadow play, merely for show lest the dictators and kings be seen to be medieval in lacking anything called a parliament. Lebanon has been an exception, but with a population of 4 million it is a tiny country. The Kuwait parliament has shown signs of life, but in a constitutional monarchy where it was considered gauche to sharply question a cabinet minister related to the king, those are baby steps. It is too soon to tell if American-sponsored elections in Occupied Iraq are sustainable, and you can’t talk about popular sovereignty in a country occupied by foreign troops.

Of course, there is no guarantee that Tunisia will now move in a democratic direction. The demands of the protesters have to do with high food prices and unemployment.

Revolutions are always multiple revolutions happening simultaneously. In Tunisia, there was first of all a revolution of the blocked, educated middle class. The unemployment rate for the college-educated is 20%. The protests late last December were kicked off by the self-immolation of a college graduate who had been reduced to peddling vegetables, and then who lost his license from the government even to do that. The French eyewitness to the massive demonstrations downtown Tunis spoke of seeing ‘entrepreneurs, attorneys, physicians in smocks, students… in short, it was the population in general…” But of course he hasn’t described the general population, he has described the middle classes. (...)

But it would be wrong to see the revolution only as a middle class movement against corruption and nepotism, fueled by facebook status updates and youth activism. The trade unions (al-niqabat) played an essential role, and were among those demanding the departure of the president. You don’t get massive crowds like the one in Tunis without a lot of workers joining in. There are few labor correspondents any longer, and the press downplays the role of workers as a result of neither having good sources among them nor an adequate understanding of the importance of labor mobilization. It is no accident that on Wednesday the head of the Communist workers movement was arrested (he has been released).

The rural areas should also not be underestimated. The protests began in a small rural town, and have been nation-wide, not just in the capital. The role of rural workers is clearly important, and likely rather more important than Facebook.

The political parties in Tunisia are weak, but they did play a role, with everyone from progressives, to liberals, to the an-Nahdah Muslim party mobilizing and making demands.

Likewise, there is evidence of a classic revolutionary situation insofar as the armed forces split. Ben Ali angrily removed his army chief of staff recently on discovering that the army was confining itself to defending government buildings but declining to fire on the demonstrators. (...)

As for the question of influence further afield, we should remain cautious. In the Middle East, every tub has so far been on its own bottom. Nobody in Tunisia cited Turkey as a model for what they were doing. People care about their own country and its problems, not about shining beacons on the hill. (And pace the Neoconservatives, no one in the Arab world thinks Iraq is anything they’d like to emulate).

But since Tunisia is Sunni and Arab, it would not be embarrassing for Egyptians, Algerians, Syrians and Jordanians to borrow its techniques and rhetoric for their own domestic purposes, which makes it potentially influential. Certainly an alliance of frustrated BA holders, professionals, workers, farmers, progressives and Muslim activists that results in a parliamentary democracy would likely have more resonances in the Arab world than Iran’s authoritarian rule by ayatollah (Sunnis don’t have ayatollahs). It remains to be seen if little Tunisia is the start of something, or one more false dawn.

A raposa e o caçador

Fox shoots man (Reuters) - A wounded fox shot its would be killer in Belarus by pulling the trigger on the hunter's gun as the pair scuffled after the man tried to finish the animal off with the butt of the rifle, media said Thursday.


The unnamed hunter, who had approached the fox after wounding it from a distance, was in hospital with a leg wound, while the fox made its escape, media said, citing prosecutors from the Grodno region
.
"The animal fiercely resisted and in the struggle accidentally pulled the trigger with its paw," one prosecutor was quoted as saying.

Saturday, January 15, 2011

Friday, January 14, 2011

Sobre a crise libanesa

No momento em que se comenta a queda do governo libanês, provocado pelo Hezbollah e os seus aliados terem abandonado o executivo, convém lembrar uma coisa - a aliança "dirigida" pelo Hezbollah teve mais votos nas últimas eleições do que os partidos que apoiam Hariri.

O "Sol", Castro&Renato e o Facebook

O "Sol" publica um artigo sobre o "caso da semana", em que a familia de Renato Seabra repete a conversa do costume (que ele não era homossexual, que Carlos Castro se apresentava como uma espécie de "agente" que ia ajudar Renato na carreira, etc.).

Olhem para a página do Facebook reproduzida na noticia e vejam as mensagens que Castro e Seabra trocaram entre 15 e 20 de Outubro (aparentemente, entre 6 e 11 dias depois deles terem começado a trocar mensagens). Parece-vos conversa entre um modelo e o seu agente?

A minha dúvida - a família Seabra será parva ou estará a querer fazere de nós parvos?

Sugestão de leitura

O lado negro de Pigmalião, por Ricardo Alves:

«Pigmaleão» é uma peça de teatro de Bernard Shaw que passou a musical e a filme. Retrata um homem de classe alta que, por desfastio, pega numa rapariga jovem e pobre que vende flores na rua e a transforma, para todos os efeitos práticos, numa mulher «de alta sociedade». A transformação não é meramente de aparência: apesar das enormes diferenças de classe social e de idade, no final a rapariga discute de igual para igual com o seu mentor. E, no epílogo preferido do grande público, casam-se e são felizes para sempre.


Na vida real, as relações do tipo «Pigmaleão» nem sempre são tão felizes. Pela desigualdade em que se baseiam, são veladamente suspeitas de «interesse», de falta de sinceridade, de falsidade. O que será injusto em muitos casos. Mas, regra geral, arriscam-se a ser relações desequilibradas e, no extremo, negramente perversas. Das quais a violência doméstica, por exemplo, não estará ausente. E que nunca se tornam relações entre iguais. (...)

Imaginemos que a branco seriam católicos latinos e a verde protestantes anglo-saxónicos, e que todos os vizinhos eram mais ou menos verdes também


Quem paga os impostos sobre o trabalho? (II)

Continuando esta questão, e pensando melhor no assunto, a teoria do Carlos Guimarães Pinto (de que quando há muito desemprego o impostos sobre o trabalho é pago pelo empregado e quando há pouco é pago pelo empregado) é capaz de fazer sentido neste cenário:


Ou seja, se assumirmos que, quanto mais gente empregada houver, mais inelástica será a oferta de trabalho, então faz todo o sentido que, quanto maior o nível de emprego, maior a proporção do imposto que é realmente paga pelo trabalhador (como vimos aqui, quanto mais elástica a oferta de trabalho, maior é a tendência de o imposto recair sobre o empregador em vez de sobre o empregado).

Ou seja, numa situação em que haja pouca procura de trabalho (a linha verde), a implementação do imposto (passando a oferta de trabalho da linha vermelha para a linha roxa) vai ter um efeito muito maior sobre o salário bruto do que numa situação em que haja muita procura de trabalho (a linha azul).*

Mas faz sentido assumir que quanto maior o emprego, mais inelástica será a sua oferta? É capaz de fazer: pelo menos, quando está quase toda a gente empregada, a oferta de trabalho tenderá a ser quase totalmente rígida, pelo simples facto que não há mesmo mais gente para trabalhar (ou seja, aí a curva da oferta de trabalho tem, forçosamente, uma inclinação vertical). Já não tenho tanta certeza que possamos saltar de "quando o desemprego é quase nulo, a oferta de trabalho é quase rígida" para "quanto maior o desemprego, mais elástica é a oferta de trabalho", ou se, pelo contrário, será possivel que a oferta de trabalho tenha comportamentos estranhos, estilo ser muito rígida quanto há muito emprego, elástica quando há um desemprego médio mas de novo rígida quando haver muito desemprego, assim:

Num caso destes diria que a situação em que o imposto recai mais sobre o empregador é situação de desemprego intermédio (em que a procura de trabalho é representada pela linha verde), em que o salário bruto sobe de B para B', enquanto tanto na situação de muito desemprego (azul claro) como de quase pleno emprego (azul escuro) o aumento dos salários brutos será menor. Mas talvez no mundo real seja bastante improvável que a oferta de trabalho tenha o comportamento apresentado neste último cenário.

*não sei porquê, mas ao escrever este parágrafo comecei involuntariamente a pensar em nomes como "Laranjeiras" e "Baixa-Chiado"...

Thursday, January 13, 2011

A vaga de protestos na Tunísia – de onde vem e para onde vai?

Texto de Christopher Alexander, traduzido por Ricardo Noronha:

A vaga de protestos na Tunísia – de onde vem e para onde vai?
Janeiro tem sido tradicionalmente o mês de todos os dramas políticos na Tunísia – uma greve geral em Janeiro de 1978; uma insurreição apoiada pela Líbia em Janeiro de 1980; motins do pão em Janeiro de 1984. Este mês, contudo, Janeiro terá dificuldades em superar Dezembro precedente. As últimas duas semanas de 2010 testemunharam a mais dramática vaga de agitação social na Tunísia desde a década de 80. O que começou pelo protesto desesperado de um jovem contra o desemprego, em Sidi Bouzid, na região Centro-Oeste da Tunísia, alastrou rapidamente a outras regiões e outros temas. Poucos dias depois da tentativa de suicídio de Mohamed Bouazizi, em frente a instalações locais do governo, estudantes, professores, advogados, jornalistas, activistas pelos direitos humanos, sindicalistas e políticos da oposição desceram às ruas em várias cidades, incluindo Tunes, para condenar as políticas económicas governamentais, a repressão das vozes críticas a a corrupção de tipo mafioso que enriqueceu vários membros da família do Presidente.

Tucson Shooting Hero Joe Zamudio Sets Ed Schultz Right On Owning A Pistol

Gaza youth breaks out with a ‘manifesto for change’

via LRCblog

Gaza youth breaks out with a ‘manifesto for change’
by GAZA YOUTH BREAKS OUT on JANUARY 2, 2011 · 175 COMMENTS
Like 457Retweet 13


The following statement has gone viral over Facebook and has been sent to us by several people. It was issued by a group called "Gaza Youth Breaks Out." When we contacted them for more information they sent this response, "We are a group of young people living in Gaza facing different kinds of violence everyday. We are looking for change in our country and trying to taste peace. we can't give you names bcz we are working undercover and we can't have meetings as well for our safety." The also sent ways you can support their work which we pasted after the statement.

GAZAN YOUTH’S MANIFESTO FOR CHANGE

Fuck Hamas. Fuck Israel. Fuck Fatah. Fuck UN. Fuck UNWRA. Fuck USA! We, the youth in Gaza, are so fed up with Israel, Hamas, the occupation, the violations of human rights and the indifference of the international community! We want to scream and break this wall of silence, injustice and indifference like the Israeli F16’s breaking the wall of sound; scream with all the power in our souls in order to release this immense frustration that consumes us because of this fucking situation we live in; we are like lice between two nails living a nightmare inside a nightmare, no room for hope, no space for freedom. We are sick of being caught in this political struggle; sick of coal dark nights with airplanes circling above our homes; sick of innocent farmers getting shot in the buffer zone because they are taking care of their lands; sick of bearded guys walking around with their guns abusing their power, beating up or incarcerating young people demonstrating for what they believe in; sick of the wall of shame that separates us from the rest of our country and keeps us imprisoned in a stamp-sized piece of land; sick of being portrayed as terrorists, homemade fanatics with explosives in our pockets and evil in our eyes; sick of the indifference we meet from the international community, the so-called experts in expressing concerns and drafting resolutions but cowards in enforcing anything they agree on; we are sick and tired of living a shitty life, being kept in jail by Israel, beaten up by Hamas and completely ignored by the rest of the world.

There is a revolution growing inside of us, an immense dissatisfaction and frustration that will destroy us unless we find a way of canalizing this energy into something that can challenge the status quo and give us some kind of hope. The final drop that made our hearts tremble with frustration and hopelessness happened 30rd November, when Hamas’ officers came to Sharek Youth Forum, a leading youth organization (www.sharek.ps) with their guns, lies and aggressiveness, throwing everybody outside, incarcerating some and prohibiting Sharek from working. A few days later, demonstrators in front of Sharek were beaten and some incarcerated. We are really living a nightmare inside a nightmare. It is difficult to find words for the pressure we are under. We barely survived the Operation Cast Lead, where Israel very effectively bombed the shit out of us, destroying thousands of homes and even more lives and dreams. They did not get rid of Hamas, as they intended, but they sure scared us forever and distributed post traumatic stress syndrome to everybody, as there was nowhere to run.

We are youth with heavy hearts. We carry in ourselves a heaviness so immense that it makes it difficult to us to enjoy the sunset. How to enjoy it when dark clouds paint the horizon and bleak memories run past our eyes every time we close them? We smile in order to hide the pain. We laugh in order to forget the war. We hope in order not to commit suicide here and now. During the war we got the unmistakable feeling that Israel wanted to erase us from the face of the earth. During the last years Hamas has been doing all they can to control our thoughts, behaviour and aspirations. We are a generation of young people used to face missiles, carrying what seems to be a impossible mission of living a normal and healthy life, and only barely tolerated by a massive organization that has spread in our society as a malicious cancer disease, causing mayhem and effectively killing all living cells, thoughts and dreams on its way as well as paralyzing people with its terror regime. Not to mention the prison we live in, a prison sustained by a so-called democratic country.

History is repeating itself in its most cruel way and nobody seems to care. We are scared. Here in Gaza we are scared of being incarcerated, interrogated, hit, tortured, bombed, killed. We are afraid of living, because every single step we take has to be considered and well-thought, there are limitations everywhere, we cannot move as we want, say what we want, do what we want, sometimes we even cant think what we want because the occupation has occupied our brains and hearts so terrible that it hurts and it makes us want to shed endless tears of frustration and rage!

We do not want to hate, we do not want to feel all of this feelings, we do not want to be victims anymore. ENOUGH! Enough pain, enough tears, enough suffering, enough control, limitations, unjust justifications, terror, torture, excuses, bombings, sleepless nights, dead civilians, black memories, bleak future, heart aching present, disturbed politics, fanatic politicians, religious bullshit, enough incarceration! WE SAY STOP! This is not the future we want!

We want three things. We want to be free. We want to be able to live a normal life. We want peace. Is that too much to ask? We are a peace movement consistent of young people in Gaza and supporters elsewhere that will not rest until the truth about Gaza is known by everybody in this whole world and in such a degree that no more silent consent or loud indifference will be accepted.

This is the Gazan youth’s manifesto for change!

We will start by destroying the occupation that surrounds ourselves, we will break free from this mental incarceration and regain our dignity and self respect. We will carry our heads high even though we will face resistance. We will work day and night in order to change these miserable conditions we are living under. We will build dreams where we meet walls.

We only hope that you – yes, you reading this statement right now! – can support us. In order to find out how, please write on our wall or contact us directly: freegazayouth@hotmail.com

We want to be free, we want to live, we want peace.

FREE GAZA YOUTH!

Pls consider supporting us by taking one or more of the following actions:

1) Promoting our manifesto by sharing it on your profile on Facebook
2) Sending an email to your friends asking them to like our page FB
3) Translating the manifesto to your language and sending it to us (we have it in English, Arabic, Hebrew, French, Portuguese, German, Spanish, Italian, Dutch, Danish)
4) Sending the manifesto to journalists in your country
5) Making organizations in your countries that are concerned with the Palestinian issue and/or youth rights know about our existence
6) Posting links about violation of youth's rights in Gaza on our wall
7) Planning an event in your country about this issue and/or organizing for a skype conference, where we are able to talk with a group of youth, politicians or others outside Gaza
8) Suggesting us ideas for reaching out to a greater number of people

Quem paga os impostos sobre o trabalho?

O Carlos Guimarães Pinto relança a discussão sobre quem paga efectivamente os impostos sobre os rendimentos do trabalho - ou seja, se lançarmos um imposto de 10% sobre os rendimentos do trabalho, isso levará a que o trabalhador passe a ganhar menos 10% (ou seja, o trabalhador pagará o imposto), ou levará o empregador a passar a pagar mais ao trabalhador, a fim do seu salário liquido se mantiver igual (ou seja, a empresa pagará o imposto)? Diga-se que a mesma questão se levanta para impostos que formalmente são pagos pelo empregador, como os encargos para a Segurança Social - se esses encargos aumentarem, significa que a empresa irá pagar mais ou Estado, ou levará a empresa a reduzir os salários, continuando a pagar mais ou menos o mesmo ao Estado?

A melhor maneira de analisar isso é com os velhos gráficos da oferta e procura:

Cesare Battisti


Para saber mais sobre o caso de Cesare Battisti leia este relato escrito pelo próprio, e também o dossier de vários artigos publicados pelo Passa Palavra.


A sessão anunciada no título deste post será transmitida em directo no Passa Palavra (clicar aqui).

Teoria monetária

O autor está completamente a leste da teoria dos ciclos económicos, mas o texto vale a pena pela tentativa de perceber o actual sistema monetário, coisa que os próprios seus defensores parecem perceber pouco. É um caso de uma máquina dirigida por quem a defende mas não domina.

Monetary system not behaving according to textbooks – system is wrong!

" Bank lending is not “reserve constrained”. Banks lend to any credit worthy customer they can find and then worry about their reserve positions afterwards. If they are short of reserves (their reserve accounts have to be in positive balance each day and in some countries central banks require certain ratios to be maintained) then they borrow from each other in the interbank market or, ultimately, they will borrow from the central bank through the so-called discount window. They are reluctant to use the latter facility because it carries a penalty (higher interest cost)."

Típico como apesar de estar analisar correctamente o processo, não vê problema nenhum em si na criação de moeda para conceder crédito porque nesse acto, um passivo e activo têm lugar simultaneamente, quando devia ter em conta que a criação de moeda é um activo imediato e o crédito concedido um activo a prazo. Mas no fundo, os ciclos económicos dão-se porque existe uma disfunção entre o capital real (poupança real prévia) e o capital nominal (expresso em moeda criada para "sustentar" apenas nominalmente esse investimento - o que não assegura que capital real sob a forma de bens de capital exista para sustentar esse investimento).

"The important point though is that all transactions at the non-government level balance out – they “net to zero”. For every asset that is created so there is a corresponding liability – $-for-$. So credit expansion always nets to zero! (...)

When a bank makes a $A-denominated loan it simultaneously creates an equal $A-denominated deposit. So it buys an asset (the borrower’s IOU) and creates a deposit (bank liability). For the borrower, the IOU is a liability and the deposit is an asset (money). The bank does this in the expectation that the borrower will demand HPM (withdraw the deposit) and spend it. The act of spending then shifts reserves between banks.

These bank liabilities (deposits) become “money” within the non-government sector. But you can see that nothing net has been created."

Como já disse num post anterior, dada a incompreensão geral sob os ciclos e as crise, era preferível no actual sistema que os DO tivessem 100% de reservas (reduzindo os efeitos dos ciclos económicos) e toda a criação de moeda fosse exclusivamente por via de financiamento de défices, que tem um efeito inflacionário (nos preços de bens de consumo) muito mais imediato (o que não acontece com a expansão de moeda para concessão de crédito que tende a inflacionar preços de bens de capital e financeiros que não têm expressão nos números tradicionais de inflação), o que tornaria mais visível os excessos.

Mas claro que um sistema monetário livre, com uso de ouro e prata com reservas de 100% faria regressar a sanidade e estabilidade para todos, com ganhos para a população em geral, penalizando os ganhos da financeirização (os que mais perto estão da capacidade de criação de crédito) que autores de esquerda apontam instintivamente mas sem saber bem do que falam.

Wednesday, January 12, 2011

Michael Oakeshott por Sullivan

o texto está recomendado no post O conservadorismo explicado, 31 da Armada. Não sei quanta direita portuguesa hoje está livre dos tiques neocons de optimismo construtivista revolucionário para levar (como Napoleão, que dizem não gostar, por via militar) a luz do voto universal e direitos das mulheres aos desertos tribais dos outros, mas fica a nota.

Taking the world as it is, ANDREW SULLIVAN

"This was the opposite of doctrine. He represented what is best described as the conservatism of doubt. For him, ideology and certainty were as vulgar as they were untrue. He preferred the tradition of individual liberty and limited government, but he also accepted that there would be times when a society would have to act collectively towards a communal project — war, for example, or public education. What mattered was not right over left, but pragmatism over ideology. It is for this reason that American neoconservatives have so rejected him. For them, conservatism is about timeless truths — God-given liberty to everyone on earth, the need to promote good and punish evil, and to instil in the populace a respect for the universal truths America and the West represented. For them, conservatism is a political identity, not a human disposition. I remember once discussing Oakeshott with the father of neoconservatism, Irving Kristol. For him, Oakeshott was anathema, a dangerous relativist, an irresponsible bohemian, indifferent to the need to fight and win in political combat. In this diagnosis, Kristol was indeed correct.

(...)

But Oakeshott would have insisted that combat is less human than conversation; and that all we really know is in the unspoken traditions and sentiments that a coherent society musters for itself. He would have insisted that Western freedom was indeed a singular civilisational achievement — but also that it could not be separated from its unique historical and cultural emergence in the nation states of Western Europe since the Reformation. It did not exist as an abstraction, an idea or a truth, but as a cultural construct in a moment in time. And so the notion that Western liberty could suddenly be transplanted to, say, Iraq, would be a mistake. The idea wasn’t necessarily evil or ill-intentioned; it was simply wrong, and would end in tears. And Oakeshott’s insistence on this political and epistemological modesty in the end made American pragmatists and liberals more interested in him than in the neocons or the religious right.

The neocons also, of course, disapproved."

Secessão

Greenland Steps Up Its Independence Calls as Oil Ambitions Grow


Sudan vote passes 60 percent threshold

Monday, January 10, 2011

As escolas e o sucesso dos alunos

Recentemente foi divulgado um estudo dizendo que "Os filhos dos licenciados têm melhores resultados nos exames do secundário do que os descendentes de famílias só com o ensino básico [e que os ]bons resultados dependem da idade dos estudantes (...) mas [que] esses dois factores têm um peso de apenas 30 por cento. Os restantes 70 por cento dependem exclusivamente do trabalho feito pelas escolas".

Sem conhecer os detalhes do estudo é difícil avaliar (mais ou menos como Luis Aguiar-Conraria diz aqui), mas há logo uma coisa que me levanta dúvidas - o background do aluno explica 30% das notas e o trabalho das escolas 70%? O estudo foi assim tão perfeito que não ficou nenhuma variância por explicar? Se os cálculos tiverem sido feitos por uma regressão, quer dizer que o R2 foi de 1? As idiossincrasias pessoais de cada aluno (ou mesmos factores ambientais que não tenha sido introduzidos no modelo) não têm mesmo nenhuma importância?

Já agora, a fórmula que as autoras calcularam foi com o objectivo de estimar o resultado médio dos alunos de cada escola, ou com o objectivo de estimar o resultado de cada aluno (a inexistência de variância não explicada é mais compreensivel no primeiro caso do que no segundo)?

Adenda: a fórmula pretende prever a média dos alunos da escola

Hans Hoppe interview (by Francisco Capella of Instituto Juan de Mariana)

Petição - igual tratamento para José Manuel Coelho

Em nome da democracia, e independentemente de opções político-ideológicas, os cidadãos e cidadãs abaixo-assinados EXIGEM que o candidato José Manuel Coelho seja tratado na comunicação social nos seus plenos direitos, nomeadamente nos debates e entrevistas nos canais de televisão públicos ou concessionados pelo Estado.

Cabe apenas aos eleitores decidirem do mérito do candidato para o cargo de Presidente da República.

É verdade que Coelho já foi entrevistado pela televisão, mas não foi aos debates - as televisões deviam organizar mais 5 debates, entre ele e os outros candidatos (e se os outros não aparecessem, ficaria uma cadeira vazia...).

Ainda a wikileaks

How WikiLeaks Enlightened Us in 2010 (CBS News).

Sunday, January 09, 2011

Re: OS PGMIN E OS PGMAX

Eu faria só uma alteração a este artigo de Pacheco Pereira: mudava a visita de Pequim para Nova Deli (o meu palpite - a China ainda vai ser lembrada com o bluff do século)

[A propósito dos selos - tenho um palpite que daqui a uns anos vamos começar a ouvir falar de Kampala]

Thursday, January 06, 2011

A inevitabilidade da captura regulatória?

Regulatory Capture: A Problem of Institutional Structure, Not Individual Ethics, por Kevin Carson:

Regulatory capture — the tendency of the regulatory state to serve the interests of regulated industries — is a well known phenomenon. It’s more widespread than most liberals[*] care to acknowledge. (...)

Liberals[*] typically respond by arguing that regulatory capture is not inevitable. If only some “good government” reform were passed, like campaign finance reform, the regulatory state would actually be the instrument of pure popular will it pretends to be, and would not be sullied by greed and corruption.

But collusion between regulators and regulated is inevitable by the nature of things. It doesn’t require any conscious corruption at all.

Even without deliberate collusion, “objectively collusive” relationships are inevitable not only because of the shared culture of regulators and regulated, but because regulated industries are—of necessity—the primary source of data for the regulatory state.

For example Mac McClelland, a reporter covering the Gulf oil spill cleanup efforts for NPR, contacted the Navy’s ad hoc command for clarification regarding the official numbers (i.e., 24,000 workers involved in the cleanup effort) it had issued. The lieutenant commander she emailed responded that he didn’t know, because “they’re not actually our numbers. Those are BP’s numbers….” (“Reporters Covering Oil Spill Stymied,” June 24).

But there’s no realistic way of avoiding this. Short of creating a state-appointed shadow management of regulators who’ve been sent to business college and trained in the industry, to constitute a parallel chain of command within the corporate bureaucracy and generate its own independent data, the regulatory state cannot avoid relying on largely unverifiable self-reporting by industry as the source for most of its statistics. And even if the state did create its own massive, parallel hierarchy of numbers-crunchers inside the corporate bureaucracies, in order to function effectively and understand the businesses they were regulating they’d have to have degrees in business administration and absorb a great deal of the culture of the regulated industries—which, presumably, would just take us back to the original problem.

That problem is not so much consciously corrupt motivation on the part of individuals, as it’s a shared culture. It’s the questions that never even occur to the regulators, because of the unexamined assumptions they share with the regulated. It’s the basic structural presuppositions of the regulated industries, which the regulators take for granted as much as the CEOs. The problem is, the regulators see the basic organizational form and institutional culture of the regulated industry, and an economy built on such institutions, as normal. To the extent that they pursue “reforms,” they are reforms that enable institutions organized on that pattern to function on as even a keel as possible. And the stable, effective functioning of existing institutions often means the suppression of smaller, more efficient, decentralized alternatives that might otherwise supplant them — albeit somewhat messily in the short term.
*"liberals" no sentido norte-americano do termo, claro

O agente secreto 008

O top das perseguições aos cristãos

N'O Insurgente é referida esta lista dos "piores países para se ser cristão" (palpita-me que para aí uns sete também devem ser dos piores para se ser ateu...).

Mas depois de se ler o artigo todo, penso que é conveniente reler o quarto parágrafo e pensar nas implicações (e, já agora, este artigo de Fevereiro de 2003 do LewRockwell.com).

Wednesday, January 05, 2011

Análise de blogs por links mútuos


Este quadro é uma tentativa de estimar a proximidade/distância entre alguns blogs em função dos links entre eles.

Atenção que:

- blogs estarem "próximos" em termos de links não querem dizer que estejam próximos em termos de conteúdo (blogs "opostos" podem estar próximos no quadro por polemizarem entre si muitas vezes - a proximidade do Jugular com o Cachimbo de Magritte, o Blasfémias e o 31 da Armada vem daí)

- para estarem "próximo", conta não só dois blogs linkarem muito um para o outro, mas também a semelhança entre os links para terceiros blogs.

Como isto foi feito:

Tuesday, January 04, 2011

Cripto-nacional-sindicalismo?



Se não fosse a inversão cronológica, diria que a "Branca de Neve e os Sete Anões" (tema essencial  - a aliança entre a família real "legítima"* e um colectivo de trabalhadores) seria uma representação literária das teses de Rolão Preto (que disse "Queremos a monarquia e os sovietes") ou de George Valois (que tentou fundir a Action Française com o sindicalismo revolucionário).

Ou será que estamos presenciando sobretudo um tronco de influências comum?Afinal, os irmãos Grimm podem ser incluídos no Romantismo literário, e vários autores consideram tanto o sindicalismo revolucionário como o legitimismo e o fascismo como expressões do Romantismo político.

*sim, a vilã é uma rainha, mas a heroína é uma princesa salva por um príncipe, e ela é que é "membro de sangue" da família real (a ideia que tenho é que a Rainha Má é apenas esposa - provavelmente viúva - do rei).

[inspiração]

Sunday, January 02, 2011

"O Espectro da Anarquia" - mesa-redonda

Casa da Achada: sábado, 8 de Janeiro, 15h, entrada livre

Organização: UNIPOP

ParticipaçõesAntónio Cunha, António Pedro Dores, José Maria Carvalho Ferreira, José Neves, Miguel Madeira, Miguel Serras Pereira, Ricardo Noronha.

O recurso a etiquetas ideológicas é uma prática recorrente, quer por parte de correntes de pensamento e movimentos sociais e políticos quer por parte dos poderes instituídos. Se para os primeiros uma lógica de fixação identitária parece impô-lo, para o segundo trata-se de uma técnica de definição de um inimigo, interno ou externo, identificável, de um processo de naturalização do recurso à violência autorizada. «Comunismo», «terrorismo», «antiglobalização», «anarquismo» têm sido algumas dessas etiquetas. Mais recentemente, o «anarquismo» – ou mais sofisticadamente as «ideias anarquistas» – instalou-se no espaço mediático a propósito de um conjunto de movimentações sociais contra os poderes instituídos. Detenções, condenações judiciais, cordões policiais em manifestações, a coberto da defesa da democracia contra as «ideias anarquistas», têm, na verdade, sustentado a criminalização de todas as lutas que procuram situar-se para lá da intervenção política e social institucionalizada. Partindo do reconhecimento de que por detrás da designação «anarquismo» se esconde uma enorme pluralidade teórica e prática, a UNIPOP propõe uma discussão acerca do percurso histórico das «ideias anarquistas» em Portugal, bem como uma abordagem cruzada de algumas das tradições teóricas que se colocam sob essa etiqueta.