Monday, June 30, 2008

About trusting (even the good) Governments

Artigo na Time: The Second World War in Italy: was it worth it? The folly and brutality of war, from Sicily to the Po Valley

Comentários online de leitores:

* My grandfather was there. He was an American soldier. He also said that General Clark was awful. He didn't keep his men supplied with what they needed. My grandfather's platoon marched up a hill in battle, and only seven came back including my grandfather. RIP- John Tuders(1925-1990)-my grandpa.

* My mom lived in Nazi-occupied Northern Italy during WWII. She will confirm the Allied effort wasn't worth it. The Italians feared Allied aerial bombing more than they feared German occupation. Tony Pivetta, Royal Oak, Michigan, U.S.A.

Sunday, June 29, 2008

Eu estou inocente!

A essa hora andava a navegar na Internet (hum, não é um grande álibi, admito: podia estar usando um portátil, e de preferêrencia aproveitar para fazer alguns comentários em blogs no preciso momento dos tiros, para disfarçar).

Friday, June 27, 2008

Este devia ser fã dos filmes do Drácula



[Ou talvez da princesa Bathory, cuja familia também governou a região]

O Preço do petróleo (de novo)

Fuels on the hill, por Paul Krugman (via Economist's View):

Congress has always had a soft spot for “experts” who tell members what they want to hear, whether it’s supply-side economists declaring that tax cuts increase revenue or climate-change skeptics insisting that global warming is a myth.

Right now, the welcome mat is out for analysts who claim that out-of-control speculators are responsible for $4-a-gallon gas.

(...)

Somewhat surprisingly, Republicans have been at least as willing as Democrats to denounce evil speculators. But it turns out that conservative faith in free markets somehow evaporates when it comes to oil. For example, National Review has been publishing articles blaming speculators for high oil prices for years, ever since the price passed $50 a barrel.

And it was John McCain, not Barack Obama, who recently said this: “While a few reckless speculators are counting their paper profits, most Americans are coming up on the short end — using more and more of their hard-earned paychecks to buy gas.”

Why are politicians so eager to pin the blame for oil prices on speculators? Because it lets them believe that we don’t have to adapt to a world of expensive gas.

(...)

In any case, one thing is clear: the hyperventilation over oil-market speculation is distracting us from the real issues.

Regulating futures markets more tightly isn’t a bad idea, but it won’t bring back the days of cheap oil. Nothing will. Oil prices will fluctuate in the coming years — I wouldn’t be surprised if they slip for a while as consumers drive less, switch to more fuel-efficient cars, and so on — but the long-term trend is surely up.

Most of the adjustment to higher oil prices will take place through private initiative, but the government can help the private sector in a variety of ways, such as helping develop alternative-energy technologies and new methods of conservation and expanding the availability of public transit.

But we won’t have even the beginnings of a rational energy policy if we listen to people who assure us that we can just wish high oil prices away.

Possivelmente, parte disto também vale para Portugal.

Thursday, June 26, 2008

Será que a moda irá chegar a Portugal

Sobre Tribunais Constitucionais - mesmo quando decidem bem

Como finalmente decidir que os "Guns Rights" são sim direitos individuais por 5-4, graças a um dos Juizes pró-democrata (Anthony Kennedy).

"Today's Supreme Court decision that we have individual rights to arm ourselves highlights more than any other recent decision the absurdity of allowing the federal government, through its courts, to determine the limits of its own powers. This came about in the post-1865 era, once states' rights/federalism was destroyed.(...)

The shocking thing about today's decision is that if one man -- Anthony Kennedy -- voted the other way, then what -- we would all be forcefully disarmed?

(...) But imagine if the Court declared in 1805 that Americans do not have individual rights to own firearms. Do you think Jefferson, Patrick Henry, and George Washington would have given up their firearms and genuflected to the black-robed deities of the Court? Hell no; they would have reached for them and commenced another revolution."

Ler também a opinião  "The Great Gun Decision: Dissent" sobre como o Bill of Rights existe para limitar os poderes do Estado Federal, não dos Estados. Assim, nesta linha o Estado Federal nunca deveria poder limitar o uso de armas, mas os Estados individualmente sim (mesmo não concordando com tal). Tal como não deveria poder proibir ou tornar livre o aborto (ou a droga, etc), mas os Estados individualmente sim. Basicamente, o Estado Federal não tem poderes enumerados para forçar os direitos enumerados na Bill of Rights, a intenção desta foi enumerar explicitamente o que o Estado Federal mão pode interferir, mas em vez disso, passaram a interpretar como direitos (ainda por cima dependendo da decisão concreta do Supremo) que o Estado Federal impõe sobre os Estados (como impor a liberdade de aborto em todos os Estados).

Direitos (ou não) dos animais


Imagine-se que se descobria, algures numa floresta ou num vale perdido, uma colónia sobrevivente de Homo erectus; qual deveria ser o seu estatuto? Deveriam ter os mesmos direitos que o Homo sapiens sapiens? Deveria ser considerados "animais", como os gatos e as cabras (o H. s. sapiens também é um animal, mas pronto)? Deveriam ter um estatuto intermédio?

Nomeadamente, as pessoas que dizem que "apenas o Homem tem direitos" não costumam ser muito claros no que querem dizer com "Homem" - a familia Hominidae? o género Homo? a espécie Homo sapiens? a subespécie Homo sapiens sapiens (se considerarmos que é uma subespécie)? Claro que o facto de apenas a última existir hoje em dia evita ter que pensar no assunto.

CO2 e aquecimento global II - e pelo contrário...

O problema é que eu penso como este post no MisesBlog e existem muitos "if"s:

"I am not convinced that the climate is warming as rapidly as claimed, or that CO2 is the cause, and even it is, it is likely that higher CO2 levels and a warmer climate offer tremendous benefits to both plant and animal life. If anything, we should be encouraging measures that make our world greener and more comfortable"

Assim, talvez uma temperatura média mais alta até seja mais benéfica do que prejudicial (desde que não continue a subir mais e mais). Talvez o nível de CO2 seja uma consequência de temperaturas mais altas (ciclicas) e não o contrário. Talvez...

Wednesday, June 25, 2008

Pensamentos Subversivos II

"Where they make a desert, they call it peace." Tacitus on the Roman Empire.

CO2 e aquecimento global

To cut a long story short:

Partindo do pressuposto (muito discutível) que a relação seria provada e incontestada, incluindo que os efeitos do aquecimento são suficientes para se considerarem autónomos de fenómenos puramente naturais ou cíclicos e que esses efeitos são observáveis resultando numa estimativa do que seria um máximo admissível de emissões/ano sem qualquer efeito directo, e uma valor a partir do qual tal causa-efeito é possível ser medida e contabilizada:

Em tais condições, o ar e a sua relação com o CO2 será provavelmente o único verdadeiro Bem Público de acordo com a teoria económica propagada por muitos ditos liberais (quero com isto dizer que pessoalmente rejeito essa classificação e/ou as consequências que tiram dela, mesmo para os exemplos clássicos apontadas nesta teoria como defesa, barragens, etc).

Consequências (vou arriscar ser intuitivo):

Qualquer preço a ser pago por alguém para adquirir qualquer forma de direito relativo a emissões de CO2 (desenhado por legislação ou pelo resultado de litígio e jurisprudência acumulada) será devido:

... a toda a população mundial de forma .... (glup!)... igualitária (pressupõe que a causa-efeito não seja passível de ser localizada e delimitada, considerando assim como consensual a uniformidade do mal causado).

Isto significa em primeiro lugar que não são os Estados que devem receber esses valores (como se preparam) mas sim cada indivíduo (ainda que os Estados pudessem servir de intermediário).

Nota: ainda não estou a tentar tratar que direito seria esse e de que forma é que tal preço se formaria e se existiria alocação por "homesteading" não. Também ainda tenho de pensar se tal direito seria passível de ser vendido e transaccionado. Tendo a pensar que não.

Especulação petrolifera?

Mais um texto de Paul Krugman:


First of all, I don’t have a political dog in this fight. I’m happy to believe that crazy speculation distorts markets. And I do think it’s likely that oil prices will come down, for a while, once consumers have a chance to respond more fully to high prices by changing their driving habits, switching to smaller cars, etc..

But the mysticism over how speculation is supposed to drive prices drives me crazy, professionally.

So here’s my latest attempt to talk it through.

Imagine that Joe Shmoe and Harriet Who, neither of whom has any direct involvement in the production of oil, make a bet: Joe says oil is going to $150, Harriet says it won’t. What direct effect does this have on the spot price of oil — the actual price people pay to have a barrel of black gunk delivered?

The answer, surely, is none. Who cares what bets people not involved in buying or selling the stuff make? And if there are 10 million Joe Shmoes, it still doesn’t make any difference.

Well, a futures contract is a bet about the future price. It has no, zero, nada direct effect on the spot price. And that’s true no matter how many Joe Shmoes there are, that is, no matter how big the positions are.

Any effect on the spot market has to be indirect: someone who actually has oil to sell decides to sell a futures contract to Joe Shmoe, and holds oil off the market so he can honor that contract when it comes due; this is worth doing if the futures price is sufficiently above the current price to more than make up for the storage and interest costs.

As I’ve tried to point out, there just isn’t any evidence from the inventory data that this is happening.

And here’s one more fact: by and large, futures prices over the period of the big price runup have been slightly below spot prices. The figure below shows monthly data from the EIA; as the spot price shot up, the futures price (that’s contract 4, the furthest out) actually lagged a bit behind. In other words, there hasn’t been any incentive to hoard.

Tuesday, June 24, 2008

Questões parecidas?

Tonibler compara as questões dos exames de matemática do 12º e do 9º ano:

Pois bem, exame do 12º ano de Matemática 2008, primeira pergunta(...):

"1. O João e a Maria convidaram três amigos para irem, com eles, ao cinema. Compraram cinco bilhetes com numeração seguida, numa determinada fila, e distribuiram-nos ao acaso.

Qual é a probabilidade de o João e a Maria ficarem sentados um ao lado do outro?

A - 1/5; B - 2/5; C - 3/5; D - 4/5"


Se formos ver o exame do 9º ano de matemática de 2008, primeira pergunta (....)
"1. O João foi ao cinema com os amigos.
Comprou os bilhetes com os números 5, 6, 7, 8... 17, da fila S, isto é, todos os números entre o 5 e o 17, inclusive.
O João tirou, aleatoriamente, um bilhete para ele, antes de distribuir os restantes pelos amigos.

Qual a probabilidade de o João ter tirado para ele um bilhete com um número par?

1/2; 6/13; 7/13; 13/7"
as perguntas são sensivelmente iguais! Aliás, a do 9º ano até tem alguma dificuldade adicional para quem tenha resolvido contar pelos dedos.
Não, toniber, as perguntas não "sensivelmente iguais"; apenas o cenário escolhido para apresentar a questão (um cinema) é o mesmo - a resolução do problema é bastante diferente:

Primeiro vamos resolver a questão do 9º ano.

Qual a probabilidade do João escolher um bilhete par? Como ele vai escolher um bilhete ao acaso, corresponde à proporção de bilhetes que são pares; dos 13 (17-5+1) bilhetes, 7 são impares (5, 7, 9,..., 17) e 6 são pares (6, 8, 10, ..., 16); logo, a probabilidade de um bilhete escolhido ao acaso ser par é de 6 em 13 (isto é, a segunda resposta)

Agora vamos à questão do 12º ano.

A probabilidade do João e da Maria ficarem sentados ao lado um do outro é a mesma coisa que a probabilidade do João ficar sentado ao lado da Maria.

Temos logo duas possibilidades: se o João ficar numa ponta (do conjunto de 5 lugares que compraram), ele só vai ficar ao pé de um amigo (dos quatro com que foi), pelo que a probabilidade desse amigo/a ser a Maria é de 1/4; se o João ficar a meio, vai ficar ao lado de dois amigos (um de cada lado), logo a probabilidade de ficar ao pé da Maria é de 2/4, isto é 1/2.

Como a probabilidade de ele ficar num extremo da fila é de 2 em 5, e a de ficar a meio é de 3 em 5, temos que a probabilidade de ele ficar ao pé da Maria é de 2/5*1/4 + 3/5*1/2 = 8/20 = 2/5 (ou seja, a resposta B)

A mim parece-me que a questão do 12º ano é de resolução mais difícil que a do 9º ano. E, nomeadamente, para quem decida contar pelos dedos, a questão do 12º ano é insolúvel (como é que se faz multiplicações, ainda por cima de números fraccionários, pelos dedos? - afinal até é solúvel: ver comentários)

Assim, a mim parece-me que a semelhança entre as duas questões é, basicamente, apenas no cenário escolhido (o Tonibler acha o Valmont um filme parecido a O Corcunda, também passado no século XVIII francês?).

Admito que talvez o Tonibler tenha resolvido as questões por uma maneira diferente da minha, e que o seu processo de resolução realmente seja semelhante para as duas questões (e até lhe tenha sido mais fácil resolver a do 12º ano), mas, enquanto ele não explicar como as resolveu, fico na minha.

[Nota: eu não sei se as minhas soluções estão certas; se estiverem erradas, das duas uma: ou os exames não são assim tão fáceis, que até um licenciado neles se engana; ou então, nos anos 80/90 é que havia mesmo um grande facilitismo]

Exames - sugestão para uma experiência

Juntar um grupo de bloggers voluntários e pô-los a fazer as provas do 6º, 9º, etc. em disciplinas à escolha (isto não poderia ser feito on-line: teria que ser mesmo numa sala, para simular as condições em que a prova decorre).

Quais seriam os resultados?

Monday, June 23, 2008

A Esquerda, o aquecimento global e Kyoto


Mas, se os paises pobres, entre usarem a sua dotação de ar puro para se industrializarem e venderem-na aos países ricos, optam pela segunda hipotese, isso significa que acham que os beneficios obtidos com a venda de ar puro ultrapassam os que seriam obtidos industrializando-se (se não fosse assim, não os vendiam), logo quer dizer que os paises pobres ficam melhor assim do que num sistema em que não houvesse possibilidade de transacionar direitos de emissão.

Pode-se argumentar que os beneficios da industrialização (como empregos) chegam a toda a gente, enquanto as receitas da venda de ar podem ficar concentradas nas mãos da elite que gravita em torno do poder; mas isso já será um problema da estrutura socio-politica dos países pobres, não do principio da transacionabilidade dos direitos de emissão.

Liberais e aquecimento global (III)


A primeira parte do artigo (sobre medo de uma Era do Gelo nos anos 70) já a discuti aqui. Mas agora o que me interessa não é a questão "o aquecimento global existe", mas sim a "se o aquecimento global existir, o que deve ser feito a esse respeito", que é a que AAA aborda a seguir.

"Mesmo que se admita como válido o diagnóstico do IPCC, o reconhecimento de que a temperatura média no planeta pode estar a subir em consequência da acção humana não justifica, por si só, a tomada de medidas extremas para tentar mitigar esse aquecimento. Em geral, as medidas preconizadas para esse fim requerem investimentos significativos e impõem custos de oportunidade que não devem ser ignorados. Sendo os recursos disponíveis para enfrentar as necessidades humanas limitados, é necessário fazer escolhas, que são intrinsecamente económicas. Só é justificável aplicar uma determinada medida para a mitigar o aquecimento global se, para além de a mesma ser eficaz, apresentar também uma relação de custo-benefício que a torne preferível a acções alternativas que deixam de poder ser executadas pelo facto de essa medida ser posta em prática. A noção de custo de oportunidade e a ideia de que é necessário estabelecer prioridades são quase sempre altamente impopulares, mas nem por isso menos verdadeiras."

Todo esse raciocinio faria sentido se a Terra só tivesse um habitante, que tivesse recursos para gastar e fosse decidir se os iria gastar combatendo o aquecimento global ou de outra forma qualquer.

O problema do argumento de AAA é que maior parte do que ele escreve não tem sujeito, apenas predicado - fala em aplicar medidas, mitigar, fazer escolhas, investimentos, mas sem dizer quem vai aplicar essas medidas, realizar (ou não) os tais investimentos, etc. Ora, como a Terra tem 6 mil milhões de habitantes (e não apenas um) a questão do "quem" torna-se relevante? Quem é que iria ter que fazer os tais investimentos? E quem é que irá beneficiar com os investimentos alternativos que poderão ser feitos no lugar desses?

Imaginemos um industrial que, se tivesse que reduzir as suas emissões de CO2, iria ter que fazer despesas no valor de 200.000 euros; o AAA e o Bjorn Lomborg podem achar que haveria projectos em que esses 200.000 euros poderiam ser gastos de uma forma mais benéfica ao bem-estar global; mas como sabem que o referido industrial vai gastar os 200.000 euros que poupou num desses projectos? A menos que estejam a defender que o industrial, a troco de poder continuar a emitir CO2, tenha que contribuir com os 200.000 euros (ou 180.000) para esses projectos alternativos. Mas, se for assim, por caminhos travessos, chegamos de novo às eco-taxas e/ou ao auctioned-cap-and-trade. A justificação poderá ser diferente: em vez de ser "impedir o aquecimento global", passaria a ser "compensar pelo aquecimento global", mas em termos práticos a diferença não seria muita (e, mesmo em termos teóricos, suspeito que também não seria muita).

"Acresce que há razões ainda mais significativas para se estar céptico quanto às políticas intervencionistas propostas para combater as alterações climáticas. Nesta, como na generalidade das áreas, a concessão de poderes de intervenção alargados a entidades políticas ou administrativas tende a estrangular a inovação e a aumentar exponencialmente as possibilidades de actuação de grupos de interesse minando o funcionamento da economia de mercado. "

É só dar uma olhada pel'O Insurgente para encontrar posts reclamando do Estado por vezes não ser capaz de manter a ordem pública, pelo que me parece que já defendem politicas intervencionistas nessas situações (ou, pelo menos, defendem que, a existir Estado, ele deve intervir nesses casos). Os liberais minarquistas podem argumentar que defendem um dado conjunto de funções mínimas para o Estado (a tal defesa dos "direitos negativos"); mas, se existir realmente aquecimento global com origem humana, então, para todos os efeitos estamos a falar de uma forma de "invasão de propriedade", uma das tais situações em que penso que os liberais minarquistas são a favor do Estado intervir para a travar (e mesmo os ancaps aceitam a intervenção do Estado enquanto este existir), não?

Sunday, June 22, 2008

Liberais e aquecimento global (II)

André Azevedo Alves escreve "admitindo que há mesmo aquecimento global, o que se deve fazer? Provavelmente muito pouco (ou nada) do que defendem os eco-alarmistas".

Bem, isso pergunto eu, se existir mesmo aquecimento global "antropogénico", o que é que os liberais (insurgentes*, blasfemos, o Carlos Novais, etc.) acham (i.e., o que é que cada um acha) que se deve fazer a esse respeito?

Em principio, nenhum irá responder algo como "talvez nada, já que os custos de combater o aquecimento global podem ultrapassar os custos do aquecimento global", já que essa resposta é do mais colectivista que há: no fundo, seria dizerem que não há mal em violar alguns direitos de propriedade (creio que uma mudança climática provocada pelo aquecimento global pode ser considerada uma "invasão" das propriedades que sejam afectadas por isso), se tal contribuir para o bem geral.

Ou melhor, a resposta do "talvez nada" poderá fazer sentido se acompanhada por "indemnizações por perdas e danos" a quem seja afectado pelo aquecimento global, mas, nesse caso, qual é que acham que devia ser o valor da indemnização? O valor do prejuízo? O dobro do valor do prejuízo? Eu levanto a questão do dobro porque, sobretudo entre os anarco-capitalistas, é muitas vezes defendida a ideia dos roubos serem punidos restituindo o dobro do valor; ora, se se considera justo que a vítima de um roubo receba o dobro do valor roubado, penso que será também justo que a vitima de um dano patrimonial receba o dobro do valor do dano.

Uma nota a respeito do cap-and-trade: o CN citou Rothbard no que me parece uma critica ao cap-and-trade; mas será que, se realmente existir aquecimento global antropogenico, o cap-and-trade até não seria das soluções mais "rothbardianas" (independentemente do que Rothbard himself achasse)?

Porque digo isto - se realmente existir aquecimento global motivado pelas emissões antropogenicas de CO2, isso quer dizer que a atmosfera passou a ser um recurso escasso, logo, para os anarco-capitalistas, seria a altura de estabelecer direitos de propriedade sobre ela; e, pelo principio do homesteading, a maneira de estabelecer direitos de propriedade seria "quem emitiu 1 tonelada/ano de CO2 tem direito a emitir 1 tonelada/ano; quem emitiu meia tonelada/ano tem direito a emitir meia tonelada/ano; etc"; logo, o resultado seria algo muito parecido com o cap-and-trade combinada com a "clausula do avô" (isto é, atribuir os direitos de poluição de acordo com o histórico de poluição) - a única diferença é que, em vez de ser um cap-and-trade para reduzir emissões, seria um cap-and-trade para não aumentar emissões. Noto que eu sou totalmente contra uma distribuição de direitos de emissão dessa maneira (estou apenas dizendo que me parece um dos sistemas mais em acordo com os pressupostos que os rothbardianos costumam defender).

Mas, deixando de lado esta divagação, regresso à minha pergunta: o que é que os liberais acham que deve ser feito acerco do aquecimento global, caso este exista?

E, já agora, uma questão para o "agitador" e para o Tárique: como seria combatido o aquecimento global no socialismo anarquista? Imaginemos que uma federação voluntária de comunas livres e autogeridas decidia estabelecer uma espécie de "protocolo de Kyoto" e atribuir a cada comuna uma dada quota de emissões de CO2; mas, suponhamos que uma dessas comunas recusava-se a aceitar essa quota, abandonava a federação (afinal, é uma federação voluntária de comunas livres e autogeridas) e punha-se a poluir muito mais do que as outras haviam combinado; o que fazer num caso destes?

*Nota: o AAAlves já escreveu algo sobre isso; vou ler e amanhõ ou depois talvez escreva qualquer coisa

Saturday, June 21, 2008

Feliz Solisticio de Verão

Execução extra-judicial no Iraque

Marines norte-americanos, depois de capturarem o que, com certeza, lhes pareceu um perigoso jihadista, executam-no sumariamente*:



*não está confirmado que o vídeo seja verídico

Exames (do 4º, do 6º, do 9º, etc.) - alterado

Será que as gerações nascidas entre 1965 e 1980 (mais ano, menos ano - ver adenda) que nunca tiveram que fazer exames nenhuns antes de acabarem o 12º ano* (bem, eu tive que fazer um exame de Português antes disso, porque chumbei no 10º ano) sairam muito mais mal preparadas da escola do que as gerações actuais, que são periodicamente examinadas?

*as gerações de 71 a 74 tiveram que fazer a PGA, que, em rigor, era feita ainda antes de acabar o 12º ano; no entanto a PGA não era bem um exame.

Adenda: o período deve ter sido mais restrito que este (e se calhar houve escolas que sempre tiveram exames) - ver este comentário de Gabriel Silva e e a minha resposta.

Thursday, June 19, 2008

The Logistics of Presidential Adultery

"the residence is the only place in the White House where the president can have safe (i.e. uninterrupted) sex. He can be intruded upon or observed everywhere else except, perhaps, the Oval Office bathroom. Unless the president is an exhibitionist or a lunatic, liaisons in the Oval Office, bowling alley, or East Wing are unimaginable."

"Não fiquem muito perto do mar"

Isto já é história antiga, mas esta parte contaram-me ontem:

Quando foi da "onda gigante" (lembram-se?), a Policia Maritima andou pelas praias dizendo "Fala-se que vem aí uma onda gigante; a gente não acredita muito mas, pelo sim pelo não, não fiquem muito perto do mar".

Daqui a uns anos, talvez ouça uma recomendação do género "Tivemos um aviso que vai haver um atentado com armas nucleares; a gente acha que é falso alarme, mas, pelo sim pelo não, usem óculos de sol".

Churchill, a velha raposa

(tipo, sabe mais com um olho fechado do que ... etc e tal)

This is what Churchill told Parliament, on August 2, 1944, as the Red Army was standing idly by watching the Germans crush the Warsaw Uprising:

The Russian armies now stand before the gates of Warsaw. They bring the liberation of Poland in their hands. They offer freedom, sovereignty, and independence to the Poles.”

And when some MPs questioned the wisdom of Yalta, Churchill told them:

Marshall Stalin and the Soviet leaders wish to live in honourable friendship and equality with the Western democracies....I know of no Government which stands to its own obligations, even in its own despite, more solidly than the Russian Soviet Government.”

The Court Historian of The Neoconservatives [fala de Victor Daivs Hanson, claro], Tom Piatak

Wednesday, June 18, 2008

Sobre o Firefox 3.0

Acho a nova barra de endereços uma estupidez.

I am so happy

"Churchill expressed six murderous months into World War I: “I think a curse should rest upon me—because I am so happy. I know this war is smashing and shattering the lives of thousands every moment and yet—I cannot help it—I enjoy every second.”" Patrick Buchanan and the Necessary Book, John Zmirack

O referendo irlandês

That’s why they call it ‘democracy’ no Crooked Timber:

There’s been a lot of outrage expressed by other Europeans (...) at the Irish vote on Lisbon. Some of this seems fine to me – obviously it is perfectly reasonable to feel annoyed, or even angry, when people vote for what you feel to be the wrong option. Some of the anger, however, seems to me to rest on an unjustified implicit or explicit belief that the Irish were somehow obliged to vote Yes in the referendum. Below the fold, I lay out all the serious reasons I can think of for why you might think the Irish were positively obliged to vote Yes, and why I don’t think that any of them hold

(...)

(1) The ‘pacta sunt servanda’ argument. This claims that because Ireland has signed an international agreement, it must ratify it. When I was thinking possible claims through last night, I thought that this argument was probably too weak for anyone to advance in debate. I was wrong – according to the FT this morning, Giorgio Napolitano, the Italian president has opined that “Now is the time for a courageous choice by those who want coherent progress in building Europe, leaving out those who, despite solemn, signed promises, threaten to block it.” This is nonsense. States frequently sign treaties that they then can’t ratify because of domestic opposition. At most, there is an obligation on the Irish state to make its best good faith efforts to secure ratification. As it happens, the main party in the Irish government did make extensive efforts to get the Treaty passed. These efforts weren’t wonderfully competent; but they obviously were sincere. But in any event, there is no obligation whatsoever on Irish voters (or voters elsewhere, if they get a choice) to rubber stamp decisions that their government has agreed to in the IGC - the idea behind a free vote, after all, is that you actually have a choice, and the idea behind separating initial signing of a Treaty and ratification thereof is that not all treaties signed by international negotiators will be agreeable to the folks back home.

(2) The ‘selling out the European demos’ argument. Here, the claim is that Ireland owes an obligation to the European people (or, to use the term beloved of academics, the European demos) to go along with its collective choice and ratify the Treaty. This lies behind the claim that a minority of a minority of a minority has blocked the vote and its variants. The problem with this line of argument is twofold. First – there is a nearly-unanimous scholarly consensus on the ‘European demos’ – unfortunately that consensus suggests that the beast doesn’t exist. Academics happily waste reams of paper arguing about what it would look like if it did exist, or how one might best coax it into existence &c, but nobody serious thinks that it is already out there. So, the claim that Ireland owes it to the demos to vote yes is effectively a claim that Ireland should vote yes to help push along a political process that may, or may not, bring this mysterious creature into the realm of being. This is pretty weak beer. The second problem with the European demos style of argument is that European politicians, for all of their claims on behalf of the Plain People of Europe, seem remarkably averse to asking aforementioned people what they actually want, for fear that they would give the wrong answer.

(3) The ‘as long as it doesn’t frighten the servants and horses’ argument. This is most concisely and elegantly stated in the recent work of Andy Moravcsik, who claims that most of the work that the EU does is the kind of policy that you see being delegated to specialized entities in the member states, so that no-one should feel too worried about what form delegation of powers to EU entities should take, and that consulting the voters about it is a serious mistake. More generally, many people argue that people should delegate the discussion of detailed questions of institutions and policies, such as those involved in EU Treaties, to political elites who can understand them much better.

The problem with this set of claims is that the issues of EU Treaty change seem technical, but in fact involve deep seated constitutional change. In other words, they define many of the basic parameters in the member states in a very intimate way, determining which issues are handled by markets, which by member states, which through EU decision making, and which through supranational judges. Many democratic states, including Ireland, require referendum approval for constitutional changes – those which don’t usually have some kind of supermajority requirement for change to go through. Unless you believe that people shouldn’t have a direct voice in shaping the political system they live under (or, like Moravcsik, you believe that welfare state reform etc require that people need to have the hard choices made for them by others), you shouldn’t agree with this argument.

(4) The ‘eaten bread is soon forgotten’ argument. Here, the claim is that since Ireland benefited from various financial transfers from the EU when it was poorer, it should shut up and go along with the Treaty now. It is certainly true that Ireland benefited significantly from regional aid and structural funds in the past, although the economic consequences of this were rather less important than many Continental Europeans might like to believe. But the claim that this creates a specific obligation on Ireland to accede to the Treaty is about as credible as the mutterings from warbloggers about how France’s failure to go into Iraq demonstrated its ingratitude for WWII. The benefit and the purported obligation aren’t obviously connected. I think that there would be a far better case for this argument if, say, Ireland, was trying to reduce regional aid now that it was a net payer rather than beneficiary thereof – but regional aid is not the issue under discussion.

Alguns comentários dos leitores:

1. There should also be an argument of the following form: the EU cannot (really cannot as opposed to will not) do X, which is clearly a good thing to do, unless the treaty is ratified.

The trouble is the Yes campaigners really don’t seem to have anything to insert in place of X to make this argument. That’s their biggest problem I think. It’s all very well to say that the text needs to be long and boring, but surely there must be some simple reason why it’s needed in the first place?

2. Slightly OT question: How much do you think voters felt obliged to vote No because they saw that theirs was the only referendum, and therefore the only opportunity for an electorate to stop the technocrats? That is, loyalty to a perceived anti-Euro demo, the reverse of your #2. And how legitimate is that logic?

Outro que se quer "eternizar" no poder?

Tuesday, June 17, 2008

Re: Liberais e aquecimento global

"Cap and Trade

De Making Economic Sense por Murray Rothbard, "Population "Control"":
A grotesque example of a "free-market . . . expert" on efficiency slightly moderating totalitarianism was the proposal of the anti-population fanatic and distinguished economist, the late Kenneth E. Boulding. Boulding proposed the typical "reform" of an economist.

Instead of forcing every woman to be sterilized after having two babies, the government would issue to each woman (at birth? at puberty?) two baby-rights. She could have two babies, relinquishing a ticket after each birth, or, if she wanted to have three or more kids, she could buy the baby-rights on a "free" market from a woman who only wanted to have one, or none.

Pretty neat, eh? Well, if we start from the original ZPG [Zero Population Growth, 1970's] plan, and we introduced the Boulding plan, wouldn't everyone be better off, and the requirements of "Pareto superiority" therefore obtain?" (via Arte da Fuga)

O que Henrique Raposo quer que o BE seja

Henrique Raposo escreve "Existe um conjunto disperso de pessoas que se juntou ao BE devido às causas - óptimas, aliás, - da “esquerda libertária”: direitos das minorias, ambiente, etc. As causas do pós-materialismo. O problema é que este BE libertário está a ser suplantado por um BE comunista hard core, assente num populismo reaccionario idêntico ao PCP. Há dias vi pessoas ligadas ao BE a defender as hortas no centro da cidade? Que coisa tão salazarenta! A hortazinha “natural”, “portuguesa” contra os produtos de fora e industriais. O que Louçã anda a fazer (populismo atrás de pescadores; sugerir que o governo, através da GALP, controle os preços) é salazarismo reloaded, e a negação do tal cosmopolitismo. Louçã é a negação da esquerda que o BE precisa de ser."

"O BE, neste momento, com Louça a vibrar, não passa de um PSR com ar «cool». Um PSR que é tão ou mais radical do que o PCP. Há muita gente a ser enganada: acha que vai votar numa esquerda libertária e cosmopolita, mas vai votar num partido crescentemente soberanista e anti-cosmopolita. "

Em primeiro lugar há aqui um non sequitur - HR primeiro argumenta que o BE é um partido populista; depois, dá um salto e apresenta a conclusão que o BE é soberanista e anti-cosmopolita. Qual é a ligação que ele vê entre "populista" e "soberanista / anti-europeu"?

Depois, ao apresentar Louçã como simbolo do anti-cosmopolitismo e falar em "[u]m BE que não passa de um PSR com outro logotipo e a cavalgar o populismo nacionalista idêntico ao PCP", HR parece estar confuso acerca da história das ideias politicas e dos partidos portugueses .

Louçã e a APSR são trotskistas; ora, se há coisa que dificilmente podermos chamar aos trotskistas é de "soberanistas" ou de "nacionalistas": a linha trotskista sempre foi (acho que ainda antes da adesão de Portugal à CEE) defender os "Estados Unidos Socialistas da Europa" e apelar à "união dos trabalhadores europeus - e de todo o mundo - contra os capitalistas" (até 1989, "contra os capitalistas do Ocidente e os burocratas de Leste"), nomeadamente defendendo greves à escala europeia, super-comissões de trabalhadores multinacionais nas empresas multinacionais, etc.; inclusive, nos anos 90, no programa Terça à Noite, num debate entre Pacheco Pereira, António Barreto, Sarsfield Cabral e Louçã sobre a economia europeia, Barreto e Pacheco Pereira acabaram a dizer que Louçã era um "eurofundamentalista".

E, hoje em dia, as reivindicações europeias do BE (harmonização fiscal, eventualmente um salário mínimo europeu) serão tudo menos "soberanistas".

Aliás, HR, que até percebe alguma coisa sobre o neo-conservadorismo (que em parte é uma derivação da dissidência shachtmanista do trotskismo), devia saber isso.

HR diz que «o BE é um PSR com ar "cool"» - goste-se ao não das suas ideias (e até é possível adorar umas e detestar outras), o PSR sempre foi "cool", no sentido que HR parece dar à palavra (logo, não se percebe porque ele não diz apenas "o BE é um PSR com outro nome"): as questões libertárias que HR aprecia no BE foram introduzidas na politica portuguesa pelo PSR (que, ainda antes do 25 de Abril, nos liceus chegou a lançar o slogan "uma sala para fazer amor").

Uma nota acerca das hortas urbanas (eu estive para escrever um post sobre isso; pode ser que ainda o faça se tiver vontade e tempo): acho que esse até é um ponto em que demonstra uma inclinação do BE para o campo da "esquerda libertária" face à "esquerda tradicional": o discurso do small is beautifal, da reabilitação do artesanalismo, da produção descentralizada, etc. é tipico dessa tal "esquerda libertária" (e acho que até joga bem com o seu individualismo cultural), por oposição à simpatia da esquerda tradicional pelas economias de escala, pela indústria pesada, etc. (na altura dessa discussão, até estava à espera que algum blogger de direita fosse, contra as hortas urbanas, citar Trotsky e falar "no desperdicio de trabalho em terra e estrume que representa a horta individual")

"Mas parece que ainda não podemos criticar o BE. A ASAE ideológica não deixa."

O facto de HR criticar o BE faz dele uma "ASAE partidária"? Não. Então porque criticar as criticas de HR fará de alguém uma "ASAE ideológica"?

Liberais e aquecimento global


First, I’m a bit surprised to find libertarians on the wrong side of this debate. Global climate change is one of the few instances where lots of environmentalists (not all, by any means) are supporting a property-rights based solution (tradeable emissions permits), despite starting from a position (in the leadup to Kyoto) of almost uniform opposition to anything that didn’t rely primarily on direct and detailed regulation. it seems as if the ideological opponents are upset because the government-created nature of the property rights in question will be self-evident, rather than obscured by a century or two of history.

I’m struck by the reliance of most libertarian critics, such as Indur Goklany, who debates Adler here, on consequentialist benefit-cost arguments in favor of climate inaction. As Adler says, it seems odd to find libertarians saying that it’s OK, for example, to completely wipe out the property of Pacific Island nations, on the basis that there will be a net social benefit for the world as a whole from doing so.

If emission permit trading is rejected on ideological grounds (I can’t exactly figure out what these are, but I’m not well equipped to arbitrate on ideological disputes among libertarians) it doesn’t seem as if any the other solutions commonly proposed by the FME camp are applicable. Take for example the Coasian favorite of tort action. For a global congestion problem, this would require everyone in the world to sue everyone else, presumably in some newly created world court (Goklany disputes this, saying, in effect “let he who is without sin cast the first stone”, a principle that renders any sort of response to pollution impossible)

Parece-me que o argumento de muitos liberais é de que o aquecimento global não estará cientificamente provado, mas isso é um bocado "chutar para o canto"; afinal, mesmo que o aquecimento global não esteja provado, isso não resolve a questão de como é que eles lidariam com ele se estivesse provado (como o autor escreve "it’s surely a big problem for a political viewpoint if its viability depends upon assumptions about cloud feedbacks")?

Bush

(Ou Trotsky?)

There is only one force of history that can break the reign of hatred and resentment, and expose the pretensions of tyrants, and reward the hopes of the decent and tolerant, and that is the force of human freedom.

We are led, by events and common sense, to one conclusion: The survival of liberty in our land increasingly depends on the success of liberty in other lands. The best hope for peace in our world is the expansion of freedom in all the world.”

Gosto em especial do final "The best hope for peace in our world is the expansion of freedom in all the world.”, é assim tipo, a melhor forma de preservar a paz é expandir a guerra. Ou "permanent war for permanent peace".

Diga-se que a tese é precisamente a oposta da proposta pelos fundadores americanos, para quem evitar ser arrastado nas querelas dos europeus era a melhor forma de preservar as liberdades em casa. Bush, claro é mais um que vê nas duas guerras mundiais a lição errada apesar dos factos serem até bastante claros. Como dizia Ayn Rand, "A is A".

Re: Bush e Obama


desconfio que no momento em que for eleito Obama deixará de ser o “candidato dos europeus” e passará a ser o Presidente dos Estados Unidos. Num discurso feito no início do mês sobre a política norte-americana no Médio Oriente, Obama deixou algumas indicações sobre o que fará se for eleito.

Começou por tratar da aliança com Israel. Após ter informado como a sua relação com a religião leva-o não só a entender mas a sentir uma forte solidariedade com a história do “povo judaico” e de “Israel”, disse que para os Estados Unidos a “segurança de Israel é sacrossanta”. Israel tem o “direito a defender-se de qualquer ameaça, de Gaza a Teerão”, e os Estados Unidos estarão sempre ao seu lado. Nada que Bush, ou qualquer outro Presidente norte-americano dos últimos quarenta anos, não dissesse.

O Hamas, diz Obama, é uma “organização terrorista”, com a qual não se pode negociar até renunciar ao terrorismo e reconhecer o Estado de Israel. Por isso, e ao contrário do “Presidente Bush”, foi contra a sua participação nas eleições de 2006 nos territórios palestinianos. Em relação ao futuro, defende a criação de um Estado palestiniano mas afirma claramente que Jerusalém “será a capital de Israel” e “não deverá ser nunca dividida”. Nem Bush foi tão longe. Considerou também que a Síria continua a apoiar “grupos terroristas”, como o Hizbholá.No caso do Iraque, agora que é o candidato democrata, e já pode abandonar algum radicalismo, Obama começa a mudar e já não fala de uma retirada rápidas das tropas americanas. Diz que irá preparar uma “retirada cuidadosa”, em cooperação com as autoridades iraquianas. Ou seja, vai manter a política da actual Administração.

Em relação ao Irão, o Senador do Illinois não deixou dúvidas: “é a maior ameaça à segurança de Israel e à estabilidade do Médio Oriente”. Ao contrário de Bush, Obama diz que quer negociar directamente com os iranianos. Mas não vale a pena ter ilusões com esta posição. Significa, desde logo, retirar a liderança das negociações aos europeus: “até agora temo-nos apoiado no trabalho dos nossos aliados europeus. É tempo para os Estados Unidos liderarem”. E segundo as suas palavras, Obama pretende impor condições duras ao Irão: abandono do programa nuclear, fim do apoio ao terrorismo e reconhecimento de Israel.

Se assim for, fica demonstrado que nem sempre falar com o inimigo significa apaziguamento. O problema de Munique, em 1938, não foi falar com Hitler, foi ter abandonado a Checoslováquia. E depois de ter negociado directamente com o Irão, se for necessário “usar a força militar” para “defender a nossa segurança e a de Israel”, os Estados Unidos terão “um enorme apoio internamente e externamente”. Qual será então a resposta da Europa à iniciativa do “candidato dos europeus”?

Mas afinal, JMA está convencido que Obama, se eleito, passará a ser o Presidente dos EUA ou está é convencido que passará a ser o primeiro-ministro de Israel?

Perhaps

Perhaps secession would solve rural Alaska problems

Monday, June 16, 2008

As consequências da não-acção

Já tenho visto o contra-argumento sobre como não agir pode levar a consequências, como resposta à acusação de "unintended consequences" no intervencionismo militar.


Mas a não-acção é neutra em relação à realidade. A acção modifica a história do presente. 

Pegando numa imagem, um dos enredos típicos das histórias de máquinas que permitem ir para o passado é a forma como caminhos alternativos se criam com efeitos imprevisíveis no presente.

O pacifismo compreende o valor da não-acção e é precisa uma grande dose de coragem para o pacifismo absoluto (digamos assim).

Eu não vou tão longe (Ayn Rand disse qualquer coisa como "Não sou pacifista. Não tenho coragem para isso"). 

Mas a não-acção deve ser o caminho prioritário até ao limite do possível. Aliás, creio mesmo que a melhor defesa de soberania no longo prazo passa por evitar os conflitos fora do território, prometer uma boa defesa de primeira linha e em especial que o custo de uma eventual ocupação será muito alto. E para isso é preciso uma população educada e mentalizada, e de forma voluntária, motivada, para ser capaz de prometer um pequeno inferno a qualquer ocupante.

Quem escolhe antecipar combates antes do tempo e meter-se em outros duvidosos está a comprar problemas de defesa da sua própria soberania.

Os argumentos de intervencionismo por outro baseiam-se quase só em jogos de geo-estratégia que tentam disfarçar o impulso de se meter na vida dos outros e o fascínio pelo militarismo, seja o puro e duro, seja o ideológico (democracia and that crap).

O intervencionismo terá sempre a seu favor o histerismo, o medo, a ideologia, os interesses, a demagogia, etc. Uns quantos a servir-se de todos.

Quem disse que as democracias não fazem guerras vive na mesma ilusão de quem acha que o Ocidente venceu as duas guerras mundiais. E chamo a isso o estado de negação dos Churchillianos. Não é por acaso que os Neo-Cons utilizam o culto a seu favor.

Churchill deve quanto muito ser apreciado como um homem do seu tempo, um militarista com o gosto pela velha geo-estratégia, em favor de um Império com muitas virtudes. Mas foi precisamente o coveiro dessa velha civilização que desapareceu no meio de um século 20 que faz realçar todos os séculos anteriores como a parte boa da História. 

Churchill gostava da acção e isso fez esquecer a tradicional prudência britânica, para o mal de todos.

Friday, June 13, 2008

O mito do "conservadorismo judaico norte-americano"

Tiago Barbosa Ribeiro escreve "[a] ideia de que (...) os judeus são particularmente conservadores e próximos dos Republicanos nos EUA, é politicamente errada, historicamente fictícia e empiricamente falsa. De onde provém, então, a sua força? Mistério."

Eu imagino quais sejam os raciocínios que levam alguns europeus a alimentarem a fantasia que os judeus norte-americanos são pró-Republicanos.

Um será algo do género:

1 - os ricos tendem a apoiar os Republicanos
2 - a maior parte das principais empresas norte-americanas são propriedade de judeus
3 - logo, os judeus tendem a apoiar os Republicanos

Este raciocínio, mesmo que o ponto 2 fosse factualmente correcto (e não sei se será), tem logo um erro lógico: o que poderia fazer a maior parte dos judeus apoiar os Republicanos não seria "a maior parte das das principais empresas serem propriedade de judeus", mas sim "a maior parte dos judeus serem proprietários das principais empresas"; mesmo que os, digamos, 50 norte-americanos mais ricos fossem maioritariamente judeus (pelos menos os 2 mais ricos - Gates e Buffet - são cristãos), em que medida isso levaria os outros judeus (os que não estão na lista dos 50 mais ricos) a apoiar os Republicanos?

O outro raciocínio será algo como:

1 - os EUA apoiam Israel devido à força do loby pró-israelita
2 - o loby pró-israelita baseia-se na força (demográfica e/ou económica) dos judeus nos EUA
3 - os Republicanos são mais pró-Israel que os Democratas
4 - logo, o loby pro-israelita será mais forte nos Republicanos do que nos Democratas
5 - logo, os judeus terão mais força entre os Republicanos do que entre os Democratas

Quais os erros neste raciocínio? Os pontos 2 e 3.

Acerca do ponto 3 - se calhar, os Republicanos até são (ou eram) menos pró-Israel que os Democratas: eu lembro-me de ler noticias acerca das eleições israelitas de 2001, em que apoiantes de Sharon diziam coisas como "temos que ser duros, porque, com a vitória de Bush, deixamos de ter amigos no mundo"; e provavelmente, a elite Republicana até teria tradicionalmente melhores relações com a Arábia Saudita do que com Israel.

Acerca do ponto 2 - isto pode parecer bizarro, mas hoje em dia a maior defesa de Israel nos EUA até não virá dos judeus mas sim de seitas cristãs fundamentalistas (e por vezes nas margens do anti-semitismo!). A sua doutrina consiste na ideia de que o Apocalipse e o regresso de Jesus Cristo à Terra ocorrerá quando os judeus "regressarem" à "Terra Santa" (e nesse Apocalipse os judeus que não se converterem ao Cristianismo morrerão, ou coisa de género); um exemplo dessa linha é o Pastor John Hagee, que disse que Hitler foi o instrumento de Deus para levar o judeus para Israel. E dentro dos Republicanos a base de massas do apoio a Israel vem principalmente desses "cristãos sionistas" (o loby pró-israelita dentro dos Democratas, esse sim, baseia-se nos judeus).

Irlanda: começou a contagem dos votos


Counting of votes in the Lisbon Treaty referendum began at 9am today, and early tallies show the vote leaning toward the No side.

In Dublin South-West, there is a report 60%-40% split in favour of the No side, and this 60-40 tally is repeated in Dublin North-West, Dublin Central, and Dublin North-East.

In Dublin South-East, early tallies indicate a 70%-30% split in favour of the No vote. Elsewhere in the country, tallies from Limerick West indicated a 59-41 No vote.

In Mayo, the vote appears to be 60-40 per cent in favour of the No camp with the majority of boxes counted. There was a 52 per cent turnout. Fine Gael leader Enda Kenny and the party’s MEP Jim Higgins are conceding that the No campaign have won in Mayo.

Tipperary South tallies show 50.3% Yes and 49.7% No vote, while Tipperary North tallies indicate a 50-50 split.

Thursday, June 12, 2008

Os heróis da adolescência, RIP II

Rui Ramos (O mundo nunca foi simples) acusa também o ataque da realidade objectiva aos seus heróis. Reconheço que o processo é psicologicamente penoso.

Coisas escusadas:

"Churchill ganhou a guerra, mas perdeu as eleições em 1945. "

Não, a velha civilização já tinha sido destruída na WWI mas o seu querido Império aumentado (1/3 da população e território mundial). Churchill na verdade perde a segunda parte da mesma guerra e Estaline ganha-a.

"E ainda hoje o pastor Jeremiah Wright, pai espiritual de Obama, ensina em público que Pearl Harbour resultou de uma conspiração de Roosevelt, e que o 11 de Setembro ficou autorizado por Hiroxima."

Na verdade muitos historiadores reconhecem o estranho das circunstâncias a que se pode juntar o facto de Roosevelt ter já dado um ultimatum de bloqueio petrolífero ao Japão (sounds a declaration of war to me...). Sim, sim, já sei, o Japão era imperialista...sim, pois,...mas acusação um pouco esquizofrénico dado o Britânico (e não esquecer as Filipinas anexadas pelos EUA na guerra com Espanha por causa de Cuba em 1898, onde depois de serem "libertadas" do jugo espanhol iniciam uma guerra intensa de 2 anos com os independentistas, dizia na altura o Presidente que servia também para evangelizar, esquecendo-se ou não que já eram na maioria católicos...).

"Mas para Churchill e Roosevelt, a escolha principal não era entre a guerra e a paz, mas entre a escravatura e a liberdade"

Exactamente que liberdade é que foi conseguida? A dos Polacos? Europa de Leste? Ásia? Que vitória? Perder o Império pelo qual tudo Churchill (combater os independentistas Boers, no Sudão, etc) fez durante a sua vida (em 43 afirmava ainda que o Império iria ainda conhecer novos patamares de grandeza e que não tinha feito a guerra para depois o perder...)? E uma aliança com um mass murder durante os anos 30 (coisa de que os nazis são "apenas" culpados depois da guerra começar) e que invade a Polónia 15 dias depois de Hitler (ficando com ela e muito mais no fim)?

Rui Ramos continua a defender o caso Iraque, caso que me parece enquadrável como crime internacional à luz do precedente de Nuremberga (não que defenda tal conceito, mas suspeito que Rui Ramos sim).

Rui Ramos recusa abandonar a adolescência.

"Dia da raça" e poetas

Para quem minimiza o uso da expressão "dia da raça" por Pessoa, algures num dos seus poemas, ter falado em raça, convém recordar que Pessoa também escreveu que "entre um operário e um macaco há menos diferença que entre um operário e um homem realmente culto."

[É impressão minha, ou a direita está a dar mais importância à reacção de alguma esquerda ao lapsus linguae de Cavaco, do que a importância que a esquerda lhe deu inicialmente?]

Wednesday, June 11, 2008

Pensamentos subversivos I

(via Tolstoy's Majority by Karen Kwiatkowski) Augustine wrote The City of God in the early 400s, at the time of the late and undeniable collapse of the Roman Empire, which had been considered a Christian Empire for nearly 200 years. Augustine wrote something that defines empire and clearly labels the hypocrisy that is its undoing. Many of you have probably heard or read this before, but it is worth repeating here:

Without justice, what are kingdoms but great robber bands? What are robber bands but small kingdoms? The band is itself made up of men, is ruled by the command of a leader, and is held together by a social pact. Plunder is divided in accordance with an agreed upon law. If this evil increases by the inclusion of dissolute men to the extent that it takes over territory, establishes headquarters, occupies cities, and subdues peoples, it publicly assumes the title of kingdom!

A fitting and true response was once given to Alexander the Great by an apprehended pirate. When asked by the king what he thought he was doing by infesting the sea, he replied with noble insolence, "What do you think you are doing by infesting the whole world? Because I do it with one puny boat, I am called a pirate; because you do it with a great fleet, you are called an emperor."

Ponto da situação

Em Portimão já se acabou o gasóleo. Quanto tempo aguantará a gasolina (quer nas bombas, quer no meu carro)?

Tuesday, June 10, 2008

Os heróis da adolescência, RIP

João Carlos Espada deu conta, no Expresso, dos dois recentes livros (um à esquerda [Human Smoke: The Beginnings of World War II, the End of Civilization. By Nicholson Baker. Simon & Schuster, 2008. 566 pages.] e outro à direita [Churchill, Hitler, and "The Unnecessary War": How Britain Lost Its Empire and the West Lost the World, Patrick J. Buchanan]), que põem em causa alguma da percepção geral sobre os eventos das duas guerras mundiais.e em especial o papel de Churchill, que como sabemos (ou deviamos saber) gostava de conflitos militares e era germanofóbico muito antes de existirem nazis (o que conduziu à entrada na WWI, um passo já reconhecido por historiadores mainstream como Niall Fergusson como o maior erro da história britânica).

E mesmo um olhar apressado consegue reunir os factos que dão a primeira guerra como o início das utopias violentas que substituíram uma imperfeita ordem monárquica (ainda assim em mudança) na Europa pelo Estalinismo, fascismo e nazismo, e a segunda como uma vitória total do Estalinismo (depois de ser sabido o que tinham sido os anos 30) e de Mao na Ásia. E tais consequências não podem vir de caminhos incólumes nem sequer meramente imperfeitos, mas sim de erros brutais. Erros como não seguir o tradicional realismo e fins de guerra negociadas e respeito mínimo por status quos de soberanias (como o foi o fim de Napoleão) e a insistência na queda do Kaiser e Habsburgos, ou começar a WWII para apoiar um ditadura militar na Polónia que se recusava a negociar Danzig quando esta tinha participado em Muniche do lado do revisionismo de fronteiras da Checoslováquia - ela mesmo uma consequência de Versailles). Com outra "WWI", o século 20 tinha sido muito mais civilizado, e ainda assim com outra WWII também (uma de defesa da França com mais tempo em vez de declaração imediata de guerra por causa de Danzig-Polónia, e sem o apoio a Estaline que invadiu a Polónia 15 depois de Hitler), e quem sabe um conflito apenas a leste acabaria a derrotar um deles enfraquecendo irremediávelmente o outro.

Entretanto no Colbert Report:

Malthus estava correcto?

Verdades inconvenientes

UN: No Heterosexual AIDS Problem Outside Africa "Oh, by the way, the head of the World Health Organization’s HIV/AIDS department has officially admitted for the first time that there will be no global epidemic of the disease among the heterosexual population outside Africa. Whew."(...)

Kevin de Cock said global prevention strategies to address AIDS as a risk to all populations, among the WHO and major AIDS organizations, may have been misdirected. It is now recognized that, with the exception of sub-Saharan African, it is confined to high-risk groups. These groups include men who have sex with other men, drug users who inject with needles, and sex workers and their clients, The Independent reported.

Some AIDS organizations, including the WHO, U.N. AIDS and the Global Fund have been blasted for inflating estimates of the number of people infected, taking much-needed funds from other diseases like malaria, spending it on the wrong efforts such as abstinence programs rather than condoms.

One result of the WHO’s admission may be that the vast sums of money spent on AIDS education for people who are not at risk may now be concentrated on high-risk groups."

Monday, June 09, 2008

Aliança PS/BE?

Pacheco Pereira escreve acerca de uma possivel aliança PS/BE.

Em primeiro lugar, uma declaração de interesses: eu sou aderente do BE e acho má ideia uma aliança com o PS (o essencial do pessoal dirigente, nacional e local, do PS tem apoiado as politicas de Sócrates; assim, das duas uma: ou concordam com elas, ou na realidade esses dirigentes são estátuas esculpidas em sabão; em qualquer das hipoteses, não acho recomendável alianças com essa gente).

Mas, independentemente do que eu acho desejável, também não acho provável uma aliança PS/BE; uma aliança PS/PCP parece-me muito mais provável. Mesmo que fossemos analisar isso de uma perspectiva exclusivamente pragmática, vejo várias razões para isso:

Razões porque o PS tem mais a ganhar com uma aliança com o PCP:

- Um acordo com o PCP pode trazer mais paz social, já que este tem muito mais influência nos movimentos sociais, a começar pelos sindicatos

- O PCP é um potencial aliado muito mais previsivel que o BE, nem que seja porque não tem que gerir equilibrios entre várias correntes de opinião; e, numa coligação com o BE, sempre que houvesse um convenção deste, o "Expresso" iria publicar uma noticia do género "governo em perigo - opositores do acordo elegem [x] delegados"; como o PCP raramente faz congressos, esse problema não se punha

Razão porque o PCP tem menos a perder com uma coligação do que o Bloco:

- o PCP tem um eleitorado fiel; o BE tem eleitores que só recentemente começaram a votar nele, e muitos por "voto de protesto"; logo, o BE está mais sujeito a um eventual desgaste da governação que o PCP

Razão porque Jerónimo tem menos a perder com uma coligação do que Louçã:

- Jerónimo não tem (ao contrário do que acontecia com Carvalhas) criticos à sua esquerda dentro do PCP; Louçã tem no BE. Além disso, os proprios estatutos do BE fazem com que o cargo de Louçã esteja sempre mais em perigo que o de Jerónimo (é muito mais fácil a direcção do BE ser derrotada em congresso do que a do PCP).

Razões porque é mais simples negociar um acordo PS/PCP do que um acordo PS/BE:

- No PCP devem ser necessárias reuniões de menos orgãos de que no BE para aprovar uma coligação

- O PCP sempre tem demonstrada mais abertura para coligações do que o BE: há décadas que o PCP fala em "maioria de esquerda", em "governos de salvação nacional" e coisas do género; pelo contrário, o BE passa a vida a dizer que não pretende fazer coligações, logo teria muito mais dificuldade em justificar um volte-face.

Friday, June 06, 2008

O debate Kevin Carson vs. Paul Marks

O debate que se arrasta há algum tempo entre o "mutualista" Kevin Carson e Paul Marks (uma espécie de "liberal-conservador"). O cerne da questão é que Carson acha que a subordinação dos empregados aos patrões é, em grande parte, resultado de intervenções do Estado (desde as enclosures, que obrigaram os camponeses a procurar emprego nas fábricas, até à moderna regulamentação económica, que criará barreiras à entrada para quem se queira por a trabalhar por conta própria); Marks acha que o trabalho assalariado faz parte da ordem natural das coisas (esta expressão é minha, não dele) e que as teses de Carson são marxismo disfarçado em retórica liberal.

Parece-me que cai bem dentro de Nuremberga

Não sou favorável a julgamentos e tribunais internacionais, mas já o impeachement só me pareceria injusto na medida em que muitos co-responsáveis ficariam de fora. Quanto a todos que foram na onda, talvez percebam agora como foi possível muitas pessoas bem intencionadas terem entrado em outras ondas.

Senate report slams Bush over prewar intelligence

The report comes days after former White House press spokesman Scott McClellan published a book saying Bush decided on war with Iraq soon after the September 11, 2001, attacks.
"Bush and his advisers knew that the American people would almost certainly not support a war launched primarily for the ambitious purpose of transforming the Middle East. Rather than open this Pandora's Box, the administration chose a different path -- not employing out-and-out deception, but shading the truth," McClellan wrote in his memoir, "What Happened."(...)

"Unfortunately, our committee has concluded that the administration made significant claims that were not supported by the intelligence. In making the case for war, the administration repeatedly presented intelligence as fact when in reality it was unsubstantiated, contradicted or even nonexistent. As a result, the American people were led to believe that the threat from Iraq was much greater than actually existed," he added.

O que é a "burguesia"?

Há várias definições sobre o que é um "burguês", um "proletário", etc.

A minha preferida é a que Erik Olin Wright expõe no seu texto "O que é neo e o que é marxista na análise neo-marxista de classe?" (penso que não está online - nesse texto, ele expões outras definições alternativas). Mais ou menos, é assim:

- burguesia: patrões de médias e grandes empresas
- pequena burguesia: trabalhadores por conta própria, sem ou quase sem empregados
- classe operária: assalariados não-autónomos sem funções de chefia
- lugar contraditório entre a burguesia e a pequena burguesia: patrões de pequenas empresas
- lugar contraditório entre a burguesia e a classe operária: assalariados com funções de chefia
- lugar contraditório entre a pequena burguesia e a classe operária: assalariados sem funções de chefia mas com alguma autonomia

Imagine-se um hipermercado/centro comercial:

- os funcionários que estão na caixa serão "classe operária"
- os supervisores e gerentes serão "lugar contraditório entre a burguesia e classe operária"
- um técnico de marketing (se não tiver subordinados) será "lugar contraditório entre a pequena burguesia e a classe operária"
- um senhor que tem a exploração da tabacaria à entrada do centro e trabalha lá sozinho, será "pequena burguesia"
- uma senhora que tem a exploração de uma loja de roupa com 8 empregados será "lugar contraditório entre a burguesia e a pequena burguesia"
- os donos do hipermercado e do centro comercial (e, já agora, também os donos da cadeia do franchising da loja de roupa) serão "burguesia"

Convém notar que, sobretudo nos "lugares contraditórios" haverá indivíduos mais próximos de uma classe ou outra; p.ex, nos "lugares contraditórios entre a burguesia e a classe operária", os gestores são mais "burgueses" e menos "operários" que os supervisores.

[Convém também lembrar que "classe social" não é a mesma coisa que "escalão de rendimento"]

Agora, uma questão. Se aceitarmos este classificação (e não temos que a aceitar), a que grupo social pertencerão a maior partes dos integrantes daquele área politico-sociológica cujos detractores chamam de "esquerda caviar"? Eu tenho a minha opinião (e falo com conhecimento de causa), mas antes gostava de ouvir (i.e., ler) a dos leitores.

Editado a 2019/01/25: "O que é neo e o que é marxista na análise neo-marxista de classe?" está online[pdf]

Thursday, June 05, 2008

Neo versus Paleo

A resposta Neo-Con pelo seu historiador de serviço:

"The mistake instead was not occupying all of imperial Germany after the first war in 1918-19. That way, the Allies would have demonstrated to the German people that their army was never “stabbed in the back” at home, as the Nazis later alleged, but instead defeated by an Allied army that was willing to stay on to foster German constitutional government and its reintegration within Europe." Victor Davis Hanson na NRO.

O rídiculo de achar que a Alemanha monárquica do Kaiser (neto da Rainha Vitória) e dos Habsburgos, com voto universal desde 1871 (bem antes dos ingleses) precisava de ser ocupada militarmente para ser reeducada e tirada do estado de selvajaria. Não têm emenda. Suponho que o bloqueio de fome devia ter continuado até todos alemães terem lido a (inexistente) constituição inglesa, império militarizado de 1/3 da população e território mundial e aí sim, teriam aprendido e tudo tinha sido evitado.

Churchill e Estaline

"(...) When Stalin brought up Churchill’s role in 1919 as the champion of Allied intervention in Russia, Churchill asked, “Have you forgiven me?” The ex-seminarian replied, “All that is in the past. It is not for me to forgive. It is for God to forgive.” This scene is almost unimaginable.

On his return from that September 1942 trip to Moscow, Churchill appeared captivated, rising in Parliament to tell his countrymen they were truly fortunate to be allied to so great a man:

This great rugged war chief. . . . He is a man of massive outstanding personality, suited to the sombre and stormy times in which his life has been cast; a man of inexhaustible courage and will-power, and a man of direct and even blunt speech. . . . Above all, he is a man with that saving sense of humour. […] Stalin left upon me the impression of a deep, cool wisdom…

To appease his great ally, Churchill would agree to Stalin’s annexation of the Baltic republics, his plunder from the devil’s pact with Hitler, and turn a blind eye to the Katyn massacre. When the Polish government-in-exile asked him to look into the 1940 mass murder of the Polish officer corps in Soviet captivity, fifteen thousand Poles executed in all, Churchill was dismissive: “There is no use prowling round the three year old graves of Smolensk.”

Churchill’s answer suggests he suspected or knew the truth, that Stalin had perpetrated the Katyn massacre. If he thought an investigation would implicate the Nazis in the mass murder of Poland’s officer corps, Churchill would have pursued it.

In early 1944, “Churchill put pressure on the Poles to accept border changes that made Munich look like a simple frontier adjustment.” Churchill’s concessions at Moscow were far worse than Chamberlain’s at Munich. For the Poles were terrified of Stalin’s Russia, while the Sudeten Germans clamored to join Hitler’s Germany. What did Churchill think the fate of the Poles, who had defeated the Red Army in 1920, would be under Stalin? How could he not have known what Stalin had in store for the Poles when Stalin in 1944 had refused U.S. and British planes permission to fly supplies to the dying Home Army?

At Yalta in February 1945, Churchill gave moral legitimacy to Stalin’s control of half of Europe by signing a “Declaration on Liberated Europe.” Writes Nisbet, the one hundred million Europeans east of the Oder had to watch what democracy and freedom they had known before the war disappear, (...) — one, however, that both Churchill and FDR acquiesced in.

Yet Churchill “was so pleased with Yalta, noted a British diplomat, he was ‘drinking buckets of Caucasian champagne which would undermine the health of any ordinary man.’” To Churchill, the independence and freedom of one hundred million Christian peoples of Eastern Europe were not worth a war with Russia in 1945. Why, then, had they been worth a war with Germany in 1939? To this day, a question remains unanswered.

Did Churchill ever give a damn about Poland? (...)" Man of the Century, Posted by Patrick J. Buchanan

Bom, alguém tinha do o dizer mais tarde ou mais cedo

Todas os grandes e interessantes textos e debates à direita nos US of A passam-se actualmente na...



The neo-old-right & paleo-cons (e alguns paleo-libertarians) comeback with a revenge...(inclui algum do left-conservatism e ainda algum do novo e crescente self-conscious catholics, mas também o excelente Paul Gottfried, judeu de origem alemã - um dos grandes analistas da história sociológica do fascismo e comunismo).

Ideas have consequences, dizia o outro (Richard Weaver).

Wednesday, June 04, 2008

O preço da gasolina (II)

Os meus camaradas apresentaram uma proposta de lei no sentido de criar limites máximos ao preço dos combustíveis [pdf].

Falando a termos abstractos, mesmo a teoria económica "ortodoxa" aceita que possa haver regulação de preços em sectores em que há pouca concorrência; no entanto, neste caso concreto, não acho que tenha razão de ser - como escrevo aqui, a gasolina devia ser ainda mais alta. E não faz grande sentido nuns dias defender a aposta nas energias renováveis, nas alternativas ao automóvel e noutros querer travar a subida dos combustíveis.

A respeito das empresas gasolineiras venderem a gasolina a preços fixados a partir do preço actual do petróleo, e não do preço a que o compraram, tenho mixed feelings: em termos éticos, isso significa que, num período em que o petróleo está a subir a alta velocidade, essas empresas tendem a obter lucros injustos, já que vendem a gasolina a preços muito mais elevados que o que pagaram pelo petróleo; mas em termos de pura eficiência económica, isso faz algum sentido (ver este comentário de Luís Aguiar-Conraria).

Assim, acho que o que se devia fazer não era limitar o preço dos combustíveis mas sim lançar impostos especiais sobre os lucros das gasolineiras (ou mesmo equacionar uma re-nacionalização da GALP) e usar essas receitas para compensar os cidadãos de menores recursos (p.ex., baixando os taxas dos escalões inferiores do IRS).

Tuesday, June 03, 2008

Munich, 1938

Pat Buchanan , concorde-se ou não no todo ou em parte ... brilhante. Ter em conta que "Munich" faz parte da mitologia fundadora dos neo-conservadores que levantam o espectro de Hitler e Munich a cada esquina (Milosevic, Saddam, Irão, etc, etc até ao fim dos tempos...).

"(...) Why did Neville Chamberlain go to Munich? How did Munich lead to World War II?

The seeds of the crisis were planted at the Paris peace conference of 1919. There, the victorious Allies carved the new nation of Czechoslovakia out of the Austro-Hungarian Empire.
But instead of following their principle of self-determination, the Allies placed under the rule of 7 million Czechs 3 million Germans, 3 million Slovaks, 800,000 Hungarians, 150,000 Poles and 500,000 Ruthenians.(...)


And Britain feared that if Adolf Hitler used force to bring the Sudeten Germans back to German rule, France might fight. And if France declared war, Britain would be drawn in, and a second bloodbath would ensue as it had in 1914.

Chamberlain went to Munich because he did not believe that keeping 3 million Germans inside a nation to which they had been consigned against their will was worth a world war.

Moreover, Britain was unprepared for war. She had no draft, no Spitfires, no divisions ready to be sent to France. Why should the British Empire commit suicide by declaring war on Germany, to support a Paris peace agreement that he, Chamberlain, believed had been unjustly and dishonorably imposed on a defeated Germany?(...)

Chamberlain returned from Munich to a rapturous reception, waving a paper he and Hitler had signed, and declared: "For the second time in 60 years, a British prime minister has returned from Germany with peace with honor. I believe it is peace for our time."

This was palpable nonsense. Hitler had already turned to the next item on his menu, Danzig, a city of 350,000 Germans, detached from the Reich at Versailles and made a Free City to give the new Poland an outlet to the sea. Hitler did not want war with Poland. Indeed, he wanted the kind of alliance with Poland he had with Italy. But, first, Danzig must be resolved.

Here, too, the British Government agreed: Danzig should be returned. For of all the amputations of German lands and peoples at Versailles, European statesmen, even Winston Churchill, regarded Danzig and the Polish Corridor that sliced Germany in two as the most outrageous. The problem was the Poles, who refused to discuss Danzig.

Then, in March, Czechoslovakia suddenly began to fall apart. The Sudetenland had been annexed by Germany. Hungary had taken back its lost lands, and Poland had annexed the disputed region of Teschen. Slovakia and Ruthenia now moved to declare independence, and Prague began to march on the provinces.

Hitler intervened to guarantee the independence of Slovakia and gave Hungary a green light to re-annex Ruthenia. Czech President Hacha then asked to see Hitler, who bullied him for three hours into signing away Czech sovereignty and making his nation the German Protectorate of Bohemia and Moravia.

Chamberlain, now humiliated, mocked by Tory back-benchers, panicking over wild false rumors of German attacks on Romania and Poland, made the greatest blunder in British history.
Unasked, he issued a war guarantee to Poland, empowering a Polish dictatorship of colonels that had joined Hitler in dismembering Czechoslovakia to drag the British Empire into war with Germany over a city, Danzig, the British thought should be returned to Germany.

It was not Munich. It was the war guarantee that guaranteed the war that brought down the Empire, and gave us the Holocaust, 50 million dead and the Stalinization of half of Europe."