Sunday, December 30, 2012

A peça da TVI sobre o abismo fiscal nos EUA

É capaz de constituir justa causa de despedimento do jornalista que a elaborou. É que é daquelas coisas que se pode dizer que são "not even wrong".

Para começar, o que é o "abismo fiscal"? O Nuno Gouveiaaqui uma explicação mais detalhada, mas, basicamente, o que aconteceu foi que algumas reduções de impostos aprovadas nos tempos de Bush filho foram temporários, expirando a 31 de dezembro de 2012. Assim, se nada for feito, em 2013 os norte-americanos serão confrontados com um aumento brutal de impostos.

Para impedir isso, tanto Obama como a liderança republicano têm sugeridos planos alternativos, em que sejam renovados as reduções de impostos para a maior parte das pessoas, sendo afectados apenas os altos rendimentos. No entanto, tais propostas têm sido rejeitadas por muitos congressistas republicanos, que só aceitam uma solução em que ninguém fique a pagar mais impostos (convém notar que, aqui, a "opção default" é o aumento de impostos para quase toda a gente - isto é, se o Congresso não aprovar medida nenhuma, os aumentos de impostos entram automaticamente em vigor).

Ora, a peça da TVI descreve o "abismo fiscal" de forma totalmente fantasiosa - diz que os EUA estão à beira de atingir o limite do endividamento e que, caso não haja acordo, vão entrar em incumprimento e não vão conseguir pagar a dívida! O autor está claramente a confundir o "abismo fiscal" com a questão do "debt ceiling", um assunto largamente diferente. E dá a entender que o motivo porque Obama está a propor o aumento de impostos sobre os mais ricos como uma maneira de impedir esse incumprimento, quando o que se está a discutir pouco tem a ver com isso.

E isso é um erro gravíssimo porque inverte completamente os termos do problema - dá a entender que o perigo que vem aí é o de o governo dos EUA ficar sem dinheiro, quando o risco é exactamente o oposto: ficar com dinheiro a mais (e os norte-americanos com dinheiro a menos) devido aos aumentos de impostos.

[Será que os jornalistas foram influenciados pelo facto de viverem num país em que o problema orçamental principal tem sido, realmente, o Estado estar à beira de ficar sem dinheiro, e por isso terem dificuldade em imaginar que outros países possam ter problemas orçamentais diferentes? Admito que para um sul-europeu - ou para um irlandês - a ideia "temos que fazer urgentemente alguma coisa para impedir o deficit de descer demasiado" é um bocado contra-intuitiva]

Adenda: já que estou com a mão na massa, tenho também algumas dúvidas que seja verdade isto que o "Público" diz: "os democratas querem uma subida concertada de impostos apenas nos rendimentos mais elevados e os republicanos, por outro lado, defendem um aumento generalizado de impostos sobre o rendimento"; a ideia que tenho é que grande parte dos republicanos se opõem a qualquer aumento de impostos (exactamente o oposto do que o Público diz), mas talvez o jornalista se esteja a referir às propostas de alguns republicanos de eliminar benefícios fiscais (o que realmente fará muita gente pagar mais impostos), ou simplesmente ao resultado prático de recusar qualquer compromisso com Obama e os democratas (que irá ser "cair no abismo" e subir os impostos para todos).

IMB - 52º Podcast Mises Brasil - Liberais Clássicos versus Ancaps

IMB - 52º Podcast Mises Brasil - Carlos Novais

Friday, December 28, 2012

Ter "mau feitio" dá saúde?

No facebook está a ser dada muita publicidade a um suposto estudo dizendo que ter " mau feitio" faz viver mais anos.

A mim, parece-me que há aqui uma grande confusão conceptual e de tradução de inglês para português - se lermos as noticias e não apenas os titulos, o que esse estudo diz é que as pessoas que exteriorizam as emoções negativas em vez de as interiorizarem vivem mais tempo. Note-se que, na imprensa aglo-saxónica, o que tem sido escrito é que "hot temper" faz bem à saude.

Qual é a minha objecção a isso tudo? É que "hot temper", "expressar emoções negativas", etc., tem muito pouco a ver com o significado em português da expressão "mau feitio" - "mau feitio" não tem a implicação de uma pessoa que "explode" facilmente (ao contrário de "hot temper"), mas mais a de uma pessoa negativista, que nunca concorda com nada, pouco colaborativa, com má opinião dos outros, teimosa, etc. (se formos fazer a tradução inversa, e procurarmos uma expressão inglesa equivalente, a mais adequada talvez seja "curmudgeon").

Na verdade, se existe um estereótipo sobre as pessoas com "mau feitio" até é o oposto da de "expressar facilmente emoções negativas" - é mais a de serem frequentemente pessoas contidas e reservadas, que raramente exprimem as suas emoções (e que desconfiam das pessoas que exteriorizam facilmente as emoções, chamando-as de "deslaidas", dizendo que "estão sempre a fazer teatro", etc.). Pelo menos, eu considero-me uma pessoa com "mau feitio" e não sou nada dado a exprimir emoções negativas, e positivas ainda menos... (há dias, quando eu estava irritado com uma coisa, uma colega que, pelos vistos, reparou que eu estava irritado, comentou "quanto estás irritado, ninguém pode contigo; e como não deitas cá para fora, ficas sempre com a irritação").

Já para as pessoas com "hot temper", o estereótipo até é mais a de que se "zangam na altura, mas depois ficam logo bons" (algo que não tem muito a ver com "mau feitio").

Já agora, fica aqui o link para o estudo original (ou pelo menos para o "abstract" - acho que o estulo mesmo custa 12 dólares), "The costs of repression: A meta-analysis on the relation between repressive coping and somatic diseases".

Wednesday, December 26, 2012

Armas, criminosos e "malucos"

Eu sempre tive alguma desconfiança face ao argumento "se as armas forem ilegais, só os criminosos terão armas".

Sim, isso é verdade para os criminosos "profissionais", para quem o crime é um modo de vida, e que facilmente sabem onde arranjar armas, seja nos EUA, em Portugal ou no Japão. Mas tenho (ou tinha) algumas dúvidas que tal seja válido para os "malucos", os indivíduos que "se passam" e um dia começam ao tiros com toda a gente - a esses não será fácil arranjar uma arma ilegal; nomeadamente, não será fácil saber onde comprar uma: afinal, se mesmo a maior parte das pessoas "normais" não fazem ideia de onde ir para adquirir ilegalmente uma arma (bem, eu pelo menos não sei), ainda menos pessoas mentalmente perturbadas, com uma visão distorcida da realidade e/ou com problemas de relacionamento interpessoal.

No entanto, o caso do "assassino de bombeiros" leva-me a reconsiderar: o autor parece encaixar mais no perfil do "maluco", estava proibido de possuir armas, e mesmo assim conseguiu arranjar uma. Ou seja, afinal mesmo os "malucos", se quiserem realmente matar alguém, conseguem arranjar armas, mesmo que estejam legalmente proibidos.

The Christmas Truce of World War I


A sanidade da desobediência civil no meio da insanidade que lançou o caos do pior século da história (até ver..) que fez da pessoa um joguete do poder e das ideologias, incluindo a democrática.

"The Christmas Truce, which occurred primarily between the British and German soldiers along the Western Front in December 1914, is an event the official histories of the "Great War" leave out, and the Orwellian historians hide from the public. Stanley Weintraub has broken through this barrier of silence and written a moving account of this significant event by compiling letters sent home from the front, as well as diaries of the soldiers involved. His book is entitled Silent Night: The Story of the World War I Christmas Truce. The book contains many pictures of the actual events showing the opposing forces mixing and celebrating together that first Christmas of the war. This remarkable story begins to unfold, according to Weintraub, on the morning of December 19, 1914: "Lieutenant Geoffrey Heinekey, new to the 2nd Queen's Westminister Rifles, wrote to his mother, 'A most extraordinary thing happened. . . . Some Germans came out and held up their hands and began to take in some of their wounded and so we ourselves immediately got out of our trenches and began bringing in our wounded also. The Germans then beckoned to us and a lot of us went over and talked to them and they helped us to bury our dead. This lasted the whole morning and I talked to several of them and I must say they seemed extraordinarily fine men. . . . It seemed too ironical for words. There, the night before we had been having a terrific battle and the morning after, there we were smoking their cigarettes and they smoking ours." (p. 5)
(...)

The last chapter of Weintraub's book is entitled "What If — ?" This is counterfactual history at its best and he sets out what he believes the rest of the 20th century would have been like if the soldiers had been able to cause the Christmas Truce of 1914 to stop the war at that point. Like many other historians, he believes that with an early end of the war in December of 1914, there probably would have been no Russian Revolution, no Communism, no Lenin, and no Stalin. Furthermore, there would have been no vicious peace imposed on Germany by the Versailles Treaty, and therefore, no Hitler, no Nazism and no World War II. With the early truce there would have been no entry of America into the European War and America might have had a chance to remain, or return, to being a Republic rather than moving toward World War II, the "Cold" War (Korea and Vietnam), and our present status as the world bully."

Friday, December 21, 2012

"Filmes de qualidade"

Algumas pessoas estão indignadas por a Comissão de Classificação de Espectáculos ter negado a "A Mulher que Viveu Duas Vezes" o estatuto de "filme de qualidade", o que lhe daria a isenção de uma taxa qualquer.

O que acho fazer menos sentido no meio disto tudo é haver uma comissão oficial para decidir que filmes têm "qualidade".

Sunday, December 16, 2012

Em defesa da 2Day FM



A rádio australiana 2Day FM (e nomeadamente os seus locutores que fizeram a chamada) têm sido culpados pelo suicídio da enfermeira Jacintha Saldanha.

Mas vamos lá ver - haveria alguma razão para imaginar que a chamada falsa pudesse ter esse desfecho?

Imagine-se que eu buzinava com o meu carro e que o barulho provocava um ataque cardíaco a um transeunte? Seria eu responsável por isso?

Ou seria eu responsável se, quando vou dar pão aos patos do "Parque da Juventude",  uma criança de aproximar do lago para ver os patos a comer e, nisso, cair lá e morrer afogada?

Se vamos culpar as pessoas pelos desfechos dos seus actos, mesmo quando não havia nenhuma razão lógica para supor que o acto pudesse ter esse resultado, em breve não se poderá fazer nada (afinal, qualquer acto humano pode dar origem a uma cadeia não prevista de acontecimentos, que poderá sempre ter um desfecho trágico)

Wednesday, December 12, 2012

O mundo vai acabar no ano 10.000

Pelo menos o calendário do Excel XP só vai até 31/12/9999


Tuesday, December 11, 2012

O resultado provável da legalização das bebidas alcoolicas

Em Dezembro de 1933 (via Jesse Walker):


sharks and swindlers

"Now it is clear that an inflationary boom of the kind which was described in the last chapter, besides having the quantitative effect of over-stimulating the capital goods industries, also has the qualitative effect of providing a favourable atmosphere for the fraudulent operations of sharks and swindlers. It is not when money is tight, when men look twice at each shilling before they spend it, t h a t the Kreugers and Hatrys get away with it. It is when money is easy, when profits seem to be there for the taking and everyone is anxious to be in a little earlier than his neighbour. This has been the case in all the major booms of history. The big frauds almost all have been perpetrated on a rising market.

  Blest paper credit. Last and best supply To lend corruption lighter wings to fly,

 sang Pope two hundred years ago. There is no need to multiply evidence of this influence of inflationary credit in the boom from whose aftermath we are still suffering." Lionel Robbins The Great Depression, 1933

Sunday, December 09, 2012

Sensacional descoberta de Helena Matos

crime organizado na Córsega e em Marselha.

[Para os leitores que tenham lido o "Papillon" - tanto uma cidade como uma região da França pareciam estar ambas bastantes sobre-representadas entre os "utentes" da colónia penal da Guiana nos anos 30]

Friday, December 07, 2012

Os drones e a democracia

A drone strike on democracy, por James Joyner:

As a theoretical matter, remotely piloted vehicles are simply a tool of warfare, morally indistinguishable from manned aircraft. The more efficiently the U.S. can target and kill its enemies, the better. And drones are cheaper to operate, carry far less risk for American military personnel and make it easier to collect intelligence than their manned counterparts.

In reality, though, the U.S. uses drones differently than it uses traditional weapons. Because they’re small and cheap, they’re in constant operation in parts of Pakistan, Yemen and Somalia — and thus much more likely to be used to deliver lethal strikes. We’ve gone from a policy of firing only on high-value targets, such as senior terrorist leaders, to one of engaging groups of young men who present the mere “signature” of militant groups. (...)

Most problematic, though, is the fact that drone policy is so shrouded in secrecy that it’s essentially impossible to accurately assess the costs and benefits. Because it’s run covertly by the intelligence and special-operations communities, only a handful of people are privy to the details of the drone war — and almost all of them are prohibited from sharing what they know.

What we do know is from the combination of dogged reporting and selective (and quite probably self-serving) leaks. Back in May, the New York Times described the painstaking process President Obama and his national security team allegedly use to decide who goes on its kill list. We were told that the President personally ensured that each strike would “align . . . with American values.”

More recently, The Times reported that, in the weeks leading up to the election, the administration began “pushing to make the rules formal and resolve internal uncertainty and disagreement about exactly when lethal action is justified.”

Apparently, it occurred to the White House that it might be a good idea to have some structure in place in case a President Romney were to take office and inherit the drone program. As one official put it, “There was concern that the levers might no longer be in our hands.”

Of course, Obama easily won reelection; consequently, the enthusiasm within the Obama administration for defining and reining in presidential power is likely to wane. And given the acrimony on Capitol Hill, it’s hard to imagine that the President is eager to have congressional Republicans weigh in on something as sensitive as a kill list.

Then again, this seems to be one issue where there’s very little daylight between the two parties. Even the two separate fall 2011 drone strikes that killed Anwar al-Awlaki and his 16-year-old son, both American citizens, in Yemen raised few official eyebrows.

And because it’s all so incredibly classified, there’s not even an opportunity for informed public debate over the use of drones.

Monday, December 03, 2012

A peça de teatro de Murray N. Rothbard sobre Ayn Rand: "Mozart Was A Red"



Uma preciosidade da história do movimento libertarian.

Saturday, December 01, 2012

Microsoft em crise?

 Steve Ballmer's Nightmare is Coming True, por Jay Yarow (Business Insider)

E este post que escrevi há uns anos, Too big to fail?

Monday, November 19, 2012

Alguém sabe que bicho é este?






Um animal de corpo mole, com um formato que faz (ou pelo menos faz-me) lembrar um bicho-de-conta, que vive nas rochas à beira-mar.

Ao contrário deste ou deste, aqui nem sei qual possa ser o grupo científico do bicharoco (um molusco? um verme?).

Friday, November 16, 2012

Monday, November 12, 2012

Rounded Corners

Armistice Day

Armistice Day

PS: Porque é que no fim da Grande Guerra, o armistício foi a 11 de Novembro de 1918 (alemães retiram para fronteira alemã) e o "Tratado" de Versalhes é apenas assinado a 28 Junho de 1919? Foi o tempo do bloqueio de alimentos ser prolongado (centenas de milhares de vítimas civis relacionadas) até alemães o assinarem (já a República de Weimar) ao "tratado".

Sunday, November 11, 2012

A sobretaxa do IRS

movimentações no sentido de a sobretaxa do IRS, em vez de ser 4% todos os meses, ser de 28% sobre os subsídios de férias e Natal, ou  de 60% sobre o subsidio de Natal.
 
A única "vantagem" que vejo nisso é que as pessoas vão demorar mais tempo a perceber o que lhes aconteceu (talvez a ideia seja esperar que até Novembro haja um milagre e já não seja preciso a sobretaxa?). Só vai "atenuar a quebra do rendimento mensal das famílias do sector privado (salários e pensões)" até ao dia de pagar as sobretaxa sobre os subsídios (regra geral - uma alteração orçamental que não diminua as receitas das Finanças em principio também não vai aliviar os contribuintes).

E ainda por cima vai implicar  aplicar regras de cálculo diferentes para o sector privado e para o sector público (p.ex., eu, como trabalhador de um "Estabelecimento Público Empresarial" com um vencimento mensal de 1.373 euros, não vou receber subsídio de férias em 2013, logo não me poderiam aplicar a taxa sobre esse subsídio), complicando ainda mais o sistema.

Friday, November 09, 2012

O resultado mais importante das eleições nos EUA?

Colorado And Washington Are The First Places In The World Where Weed Is Truly Legal, por Michael Kelly (Business Insider):

The marijuana legalization initiatives passed this week in Colorado and Washington state are completely unprecedented around the world, according to a leading drug policy expert.

Beau Kilmer, Codirector of RAND Drug Policy Research Center and coauthor of Marijuana Legalization: What Everyone Needs to Know, told BI that what happened on Tuesday "was really groundbreaking. No modern jurisdiction has removed the prohibition on commercial production, distribution and possession of marijuana for non-medical purposes. Not even Holland."

Kilmer explained that while many people think marijuana is legal in Amsterdam, the governments have simply decided on a formal policy of not enforcing the law against small transactions (...)


Marijuana being illegal keeps prices inflated as an extra price has to be paid to compensate for the risk of arrest and incarceration. The big difference with the initiatives in Colorado and Washington, according to Kilmer, is that the risk cost "goes away with legalization."

So the wholesale price of the drug will drop and an entirely new system will emerge, but what it looks like depends on how it's regulated.

Over the next year the state liquor board in Washington and the Department of Revenue in Colorado will make key decisions such as how marijuana is taxed, the type of grow operations that will be allowed, how large they can be and how many commercial producers are allowed in each state.

(Note: In Colorado it will be legal to privately grow up to six plants—with no more than three being mature at any given time—while in Washington it will still be illegal to grow at home.)

"If production moves from basements and backyards to industrial farms and huge greenhouses … we would expect the production cost to plummet," Kilmer said.

But don't expect the federal government to be quiet. Several government departments including the DEA, the IRS and the Department of Justice will still have a hand in shaping the market and Kilmer said that it will "be interesting to see how these agencies react to this."

Kilmer noted that the agencies have a number of options—like signaling that they will target big operations or those who openly advertise their product—and they probably won't completely crack down or be completely hands-off.

"So much depends on not only the federal response but the type of production [the state regulations] allow," Kilmer said. "Ultimately that will influence the retail prices and the tax revenues."
Um comentário de um leitor:
How can it be considered "truly legal" when it is still completely illegal on the federal level?

Thursday, November 08, 2012

Prémio Nobel da Paz, parte II


Hours After The Election And Already A New Bolder Approach To Syria (Associated Press, via Business Insider):

The developments came within hours of President Barack Obama's re-election. U.S. allies anticipate a new, bolder approach from the American leader to end the deadlocked civil war that has killed more than 36,000 people since an uprising against Assad began in March 2011.

U.S. officials said Patriots or other assets could be deployed to Turkey's side of the border for defensive purposes against possible incursions, mortar strikes and the like.

But Washington isn't prepared to send any such equipment inside Syria, which would amount to a violation of sovereignty and a significant military escalation, said the officials, who spoke on condition of anonymity because they weren't authorized to speak publicly on the matter.
Like Britain, American officials are considering meeting with rebel military commanders. If the contacts were to happen, they would be most likely conducted by Robert Ford, the former U.S. ambassador in Damascus, who is currently in Doha for Syrian opposition talks, a U.S. official said. But no final decision has been made.

Tuesday, November 06, 2012

Um sinal?

Estão dois missionários mórmones à porta do meu prédio.

Friday, November 02, 2012

Thursday, November 01, 2012

McGovern II

George McGovern Reconsidered
by Tim Kelly, October 31, 2012
...

But McGovern was no radical leftist. His politics were more reflective of the progressive populism of the American Midwest than of the radicalism of Columbia or Berkeley. Sure, more raucous elements had gotten a foothold within the Democratic Party, but they were rallying behind a man they thought was right on the critical issue of the day: America’s ruinous war in Vietnam. McGovern himself was rather conservative in his lifestyle, demeanor, and overall outlook. He was in many ways the embodiment of the conservative ideal. As Bill Kauffman wrote in the American Conservative (TAC):

In the home stretch of the ’72 campaign, McGovern was groping toward truths that exist far beyond the cattle pens of Left and Right. “Government has become so vast and impersonal that its interests diverge more and more from the interests of ordinary citizens,” he said two days before the election. “For a generation and more, the government has sought to meet our needs by multiplying its bureaucracy. Washington has taken too much in taxes from Main Street, and Main Street has received too little in return. It is not necessary to centralize power in order to solve our problems.” Charging that Nixon “uncritically clings to bloated bureaucracies, both civilian and military,” McGovern promised to “decentralize our system.”
McGovern had this to say about war and the state:
All my life, I have heard Republicans and conservative Democrats complaining about the growth of centralized power in the federal executive. Vietnam and Cambodia have convinced me that the conservatives were right. Do they really believe their own rhetoric? We have permitted the war power which the authors of the Constitution wisely gave to us as the people’s representatives to slip out of our hands until it now resides behind closed doors at the State Department, the CIA, the Pentagon and the basement of the White House. 
...


Bill Kauffman made this very point in his TAC profile of McGovern:
McGovernism combined New Left participatory democracy with the small-town populism of the Upper Midwest. In a couple of April 1972 speeches, he seemed to second Barry Goldwater’s 1968 remark to aide Karl Hess that “When the histories are written, I’ll bet that the Old Right and the New Left are put down as having a lot in common and that the people in the middle will be the enemy.”
“[M]ost Americans see the establishment center as an empty, decaying void that commands neither their confidence nor their love,” McGovern asserted in one of the great unknown campaign speeches in American history. “It is the establishment center that has led us into the stupidest and cruelest war in all history. That war is a moral and political disaster — a terrible cancer eating away the soul of the nation.… It was not the American worker who designed the Vietnam war or our military machine. It was the establishment wise men, the academicians of the center. As Walter Lippmann once observed, ‘There is nothing worse than a belligerent professor.’” 
...

There was a joke in the 1960s that went something like this: “In ’64, I was told that if I voted for Goldwater, we’d be at war in Vietnam. And they were right; I voted for Goldwater, and we went to war in Vietnam.” Well, a similar joke could have been made regarding the ’72 election: “In ’72, I was told that if I voted for McGovern, we’d retreat from Vietnam, the welfare state would expand, and the economy would tank. And they were right; I voted for McGovern, and we retreated from Vietnam, the welfare state expanded, and the economy tanked.”


imigração + secessão = problemas



Tal como o foi e é em Israel.

Thursday, October 25, 2012

Sugestão de leitura

How Startups Are Killing Off Bosses (Business Insider):

The most innovative tech companies today are building work cultures that fly in the face of tradition.

At companies like Valve and Github, gone are the managers who boss people around and expect servile compliance. In their place is a flat organizational structure where individuals manage themselves and each other to build awesome things through peer management. These are companies without bosses.

Suponho que a elasticidade procura-rendimento não seja significativa...

Funerárias temem contração face a aumento de austeridade

Wednesday, October 24, 2012

O autoritarismo de Obama

Obama moves to make the War on Terror permanent, por Glenn Greenwald:

Complete with a newly coined, creepy Orwellian euphemism – 'disposition matrix' – the administration institutionalizes the most extremist powers a government can claim

Regime liberalizado?

Expresso:

Desde ontem que as empresas fornecedoras de energia elétrica já podem voltar a disponibilizar contratos em regime bi-horário, depois de se ter posto termo a esta modalidade com a entrada no mercado liberalizado.

Pagar mais pela eletricidade nas horas de ponta (máxima procura) e menos nas horas de vazio (menos procura) do mercado elétrico voltou a ser possível a partir de ontem.

O Governo acaba de publicar uma portaria que permite às empresas que fornecem eletricidade em regime de mercado livre poderem voltar a celebrar contratos de fornecimento de energia aos seus clientes em regime de tarifa bi-horária. (...)
Recorde-se que a opção pela contratação de tarifas bi-horárias tinha sido abolida no processo de transição para o mercado liberalizado, agora em curso.

Portanto, se percebi bem, uma das implicações da liberalização das tarifas terá sido a proibição de tarifas bio-horárias (regra essa que terá sido revogada agora). Mas não é suposto um "regime liberalizado" ser, umm... liberalizado?

Sunday, October 21, 2012

George McGovern (1922-2012)

Thursday, October 18, 2012

Correção terminológica

Em Portugal este género de confusão ainda não é muito comum, mas por vezes já aparecem notícias no Correio da Manhã estilo "pedófilo viola rapariga de 16 anos".

Can we try and be accurate about the late Mr. Savile’s sexual preferences?, por Tim Worstall:

Savile, like all paedophiles, was interested only in people who had no power to resist or complain, unlikely to cause trouble.

Yes, I know it’s a common enough term. But accuracy in such things is important I feel.
In research environments, specific terms are used for chronophilias: for instance, ephebophilia to refer to the sexual preference for mid-to-late adolescents,[1] hebephilia to refer to the sexual preference for earlier pubescent individuals, and pedophilia to refer to the sexual preference for prepubescent children.[5] However, the term pedophilia is commonly used to refer to any sexual interest in minors below the legal age of consent, regardless of their level of physical, mental, or psychological development.[6]
(...)

And it does seem that Savile was an ephebophile. Possibly on the verges of hebephilia but not, in that strict usage, a paedophile.

The truth is, ephebophilia in human males is normal even if societally repugnant.

Yes, I know you can say the same thing about murder: the murder rates of hunter gatherer societies make that one of the leading causes of death among males. Normal and societally repugnant.

Tuesday, October 16, 2012

A saída do euro

A saída do euro e o fascismo, pelo colectivo Passa Palavra (via Vias de Facto e 5 Dias):

Sem serem capazes de aumentar a produtividade — em termos marxistas, de desenvolver a exploração da mais-valia relativa — os empresários portugueses obcecam-se com o outro termo da equação, os salários. Se a produtividade não aumenta, os salários têm de baixar. É esta a principal função das medidas impostas pela Troika.

3.

O problema é que é esta igualmente a função da saída do euro defendida por tantos grupos e pessoas na esquerda e na extrema-esquerda. De uma penada, ficariam desvalorizados os depósitos bancários e as poupanças em geral, sem que esta medida atingisse os grandes capitalistas, com acesso a redes económicas e detentores de conhecimentos que lhes permitiram, desde há muito, pôr os capitais a salvo. As vítimas seriam apenas, por um lado, os pequenos e médios capitalistas, os donos de lojas e oficinas que, se não caíssem na falência, teriam de parar os investimentos e, portanto, reduzir ainda mais a produtividade. Por outro lado, a vítima seria o conjunto da classe trabalhadora, incluindo aquelas camadas de rendimentos médios que gostam de se intitular classe média. Ora, como é nestas camadas que se concentra a maioria dos trabalhadores mais qualificados, a crise económica neste sector mais ainda contribuiria para comprometer a produtividade.

Monday, October 15, 2012

John Lennon: The Last Great Anti-War Activist

"Despite the moving tributes that were paid to John Lennon’s lyrical vision of a world without war, racial or religious divisions or hunger at the conclusion of the 2012 Summer Olympics in London, there’s really very little real talk of peace anymore. You don’t hear much talk of peace from presidential candidates Barack Obama or Mitt Romney, both of whom are indebted to the $600 billion military industrial complex for their campaign dollars. It’s the same military industrial complex that President Dwight D. Eisenhower warned against in his 1961 farewell address to the nation. You don’t hear much about peace from the various talking heads whose mindless chatter keeps us distracted from the ongoing wars that are bleeding us dry (the Afghanistan war just marked its 11th anniversary on Oct. 7, 2012, making it the longest war in U.S. history)." (continua)

Referendo na Escócia

um acordo entre o governo central e o governo escocês para um referendo sobre a independência - em vez de escrever algo sobre isso, vou é republicar o post que escrevi sobre o assunto em 2009 (incluindo as partes que se revelaram erradas):



O governo escocês quer organizar um referendo sobre a independência; provavelmente não vai haver referendo nenhum, já que os partidos pró-União (Trabalhistas, Liberais e Conservadores) têm a maioria no parlamento escocês, e, de qualquer maneira, parece que as sondagens não dão grande apoio à independência (aliás, fazer um referendo à independência quando os partidos mais ou menos independentistas nem sequer tiveram a maioria dos votos não me parece lá grande ideia).

No entanto, se os Conservadores (que não são muito populares na Escócia) ganharem as próximos eleições britânicas (e o Reino Unido tiver um primeiro-ministro nascido em Londres após 2 anos de Glasgow e 10 de Edimburgo), talvez o sentimento separatista aumente.



Na hipotese altamente improvável de a Escócia se tornar independente, talvez tenhamos uma "secessão de 2º grau" nas ilhas Shetland.

As Shetland pertenciam à Dinamarca, mas há uns séculos uma princesa dinamarquesa casou-se com o rei da Escócia e, enquanto o rei da Dinamarca não pagava o dote, deu as Shetland como penhor; o dote acabou por ser pago, mas a Escócia não devolveu as ilhas (repare-se que a bandeira das Shetland é uma combinação das cores escocesas e do desenho escandinavo).

Actualmente há um movimento independentista nas Shetland, alimentado sobretudo por duas razões: o petróleo (grande parte do petróleo "escocês" - que por sua vez é quase todo o petróleo "britânico" - é na verdade "zetlandês") e o peixe (aí a questão não é tanto a integração das Shetland na Escócia ou no Reino Unido; é mais a integração na União Europeia - é também por essa razão que os "vizinhos" da Noruega e de grande parte da Dinamarca não aderem à UE).

Curiosamente, o Scottish National Party não se tem oposto aos separatistas zetlandeses, tendo já dito que, se a Escócia se tornar independente, as Shetland terão o direito à auto-determinação; digo que isto é "curioso" porque, normalmente, a segunda coisa que um movimento separatista faz é, após obter a independência, proclamar que "a pátria é una e indivisivel".

Friday, October 12, 2012

Um assunto para começarmos a pensar

Quais irão ser os impactos (nomeadamente para a economia mundial, e mais especificamente para a Europa) das politicas da Administração Romney?

O lado menos mau é que me parece que os conservadores americanos são menos fanáticos da austeridade do que os seus congéneres europeus.

Wednesday, October 10, 2012

O "reconhecimento" do trabalho sexual

Iniciou-se recentemente uma campanha defendendo o "reconhecimento" do trabalho sexual.

Mas, ao que sei, o trabalho sexual em Portugal não é "reconhecido" da mesma maneira que deve haver ziliões de profissões que não são (ou ainda não são) reconhecidas - é por isso que, quando uma pessoa se vai inscrever no IRS ou na Segurança Social, há a rubrica "outros".

Note-se que em Portugal não há qualquer restrição legal a alguêm trabalhar como prostituta(o), acompanhante ou algo do género - uma pessoa nessa profissão que queira ter reforma, protecção na doença e afins só tem que se inscrever na segurança social como "outros" e fazer os respectivos descontos.

É verdade que, se não há restrições legais a ser trabalhador do sexo, há-o a ser empresário do sexo, o que significa que os trabalhadores do sexo têm que exercer a sua actividade como se fossem profissionais liberais (sem direito a férias pagas, a subsidio de desemprego, etc.), mas nisso estão na mesma situação do que milhares (dezenas de milhares? centenas?) de trabalhadores a recibo verde (falsos e verdadeiros). Admito que aí possa haver um problema (embora a minha costela anti-capitalista me faça ter pouca simpatia pela reivindicação do direito a ser patrão).

Monday, October 08, 2012

LED ZEPPELIN - CELEBRATION DAY ( KASHMIR TEASER )

design por consenso não funciona

"It's really hard to design products by focus groups. A lot of times, people don't know what they want until you show it to them." Steve Jobs [BusinessWeek, May 25, 1998]

Que ave será esta?

Aceitam-se palpites.







Eu inclino-me para ser um juvenil de ganso-patola, ou então uma mobelha em traje de inverno; e há sempre a hipótese mais simples, que é ser apenas uma gaivota grande (infelizmente as fotografias não permitem ver o tamanho).

A opinião dominante entre os frequentadores do molhe de Portimão parece ser a de que é um mergulhão ou um albatroz (e quando eu sugeri a hipótese de ser um corvo-marinho - e na terceira fotografia até é parecido, acho - uns pescadores puseram-me logo "no meu lugar" dizendo-me "não chamem às coisas um nome que elas não são! O corvo-marinho mergulha em profundidade e este mergulha em altura."); no entanto, pelo menos as aves que têm a designação "oficial" de "albatroz" nem sequer existem no Atlântico Norte (mas suspeito que, na linguagem coloquial, nomes como "albatroz" ou "alcatraz" não têm um significado muito rígido; o ganso-patola também é chamado "alcatraz", e daí a passar a "albatroz" vai um saltinho).

Também há quem, simplesmente, lhe chame "pato" (ontem à tarde estava uma senhora a falar com o seu cão e a dizer-lhe "Estás a ver ali o patinho?"), mas pelo bico não me parece.

Sunday, October 07, 2012

Robots com excesso de zelo

No mês passado, a transmissão do Hugo Awards (uma cerimónia de prémios para as melhores obras de fantasia e ficção científica) foi interrompida - quando cenas das séries premiadas começaram a ser transmitidas, a transmissão (via internet, creio) foi automaticamente suspensa; os robots de protecção de copyright detectarem que as seríes estavam a ser transmitidas e activaram automaticamente um mecanismo para suspender a transmissão (apesar das cenas a transmitir terem sido fornecidas pelos estúdios de propósito para a cerimónia).

O que se pode dizer é que o argumento geral ("robot que leva a suas instruções à letra, ao ponto de até se revoltar contra o seu criador para assegurar o cumprimento das regras") talvez não fosse descabido para receber um dos prémios.

Terra prometida

Friday, October 05, 2012

Thursday, October 04, 2012

depósito, moeda e crédito - parte II

8. O papel dos Bancos como puros intermediários foi, no entanto, desde cedo, posto em causa, de forma deliberada e consciente, e por razões óbvias o negócio bancário sempre foi mantido na maior discrição.
A razão é a facilidade com que os Bancos podiam e podem manipular as contas correntes. Assim a Situação 2 descrita atrás passa a Situação 2B.


Situação 2B: Crédito por criação de moeda do Banco a B -> situação final

Corresponderia a esta representação do Balanço do Banco:

Activo do Banco:

Cofre com moedas armazenadas: 100 moedas de ouro
Crédito à entidade B: 50 moedas de ouro

Passivo do Banco:

Conta corrente da Entidade A: 100 moedas de ouro
Conta corrente da entidade B: 50 moedas de ouro (valor criado por simples registo)
________________

A entidade B recebeu em conta corrente um valor que pode agora utilizar para transferir. Assim, B pode agora adquirir  bens a C e transferir o valor monetário acordado para C.

Balanço do Banco:

Activo do Banco:

Cofre com moedas armazenadas: 100 moedas de ouro
Crédito à entidade B: 50 moedas de ouro

Passivo do Banco:

Conta corrente da entidade A: 100 moedas de ouro
Conta corrente da entidade B: 0 moedas de ouro (por compras feitas a C)
Conta corrente da entidade C: 50 moedas de ouro

Agora, temos 100 moeda de ouro físico existente e 150 moedas que podem ser reclamadas pelos detentores de contas correntes. 
__________________
De assinalar que nada impede o Banco de criar moeda em conta corrente em seu próprio proveito directo. Exemplo:

Balanço do Banco:

Activo do Banco:

Cofre com moedas armazenadas: 100 moedas de ouro
Crédito à entidade B: 50 moedas de ouro
Edifício comprado a entidade D por 50 moedas de ouro

Passivo do Banco:

Conta corrente da entidade A: 100 moedas de ouro
Conta corrente da entidade B: 0 moedas de ouro (por compras feitas a C)
Conta corrente da entidade C: 50 moedas de ouro
Conta corrente da entidade D: 50 moedas de ouro (valor simplesmente creditado por registo pelo Banco)

O Banco abriu um registo em conta corrente a D para pagar a aquisição de um edifício que faz agora parte do activo do Banco.

Neste momento, os economistas diriam que a "massa monetária" é de 200 moedas de ouro e as "reservas" de 100 moedas de ouro. Fácil de ver que se a entidade A, C, e D tentam por esta ordem levantar os seus depósitos, a entidade A receberá as suas moedas de ouro, mas C e D não. Assim se dão as  "corridas aos bancos".

9. Para uma melhor clareza, podemos afirmar que agora, as contas correntes que o Banco agora apresenta, não representam agora o depósito de moeda realmente depositada à guarda mas sim, títulos de promessa de entrega.

Ou seja, podemos ter dois tipos de relações jurídicas:

a) a conta corrente como título de propriedade de moeda depositada à guarda. A terminologia refere-se a isto como "100% de reservas".
b) a conta corrente como título de promessa de pagamento, em que apresentado o pedido de levantamento, o Banco promete entregar as moedas de ouro.  A esta prática dá-se o nome de "reservas fracionárias". Emprego a expressão "promessa de pagamento" porque agora não existe uma relação de depósito mas sim a promessa por parte do Banco em gerir o seu negócio de forma a que as reservas possam satisfazer os pedidos de levantamento ou transferência para outros Banco.

É importante ter em conta que nunca os Bancos estiveram verdadeiramente interessados nesta distinção. E ainda hoje não se faz. Todos os Bancos beneficiaram e beneficiam da confusão entre estes 2 estatutos e foi essa confusão que lhes permitia criar crédito, e muito importante, financiar o Estado de forma flexível. Razão pelo qual o legislador nunca se preocupou muito com o assunto. Era assim que o legislador ganhava crédito e daí vem a longa relação entre o poder político e os bancos.

10. O outro efeito que podemos retirar é que o Banco que cria moeda para dar crédito pode obviamente praticar uma taxa de juro inferior e esse é o argumento da escola austríaca para explicar a formação das bolhas de crédito e as subsequentes crises.

A seguir vou tentar responder mais directamente ao MM.

Quem herda as nossas músicas no iTunes (II)?

Bruce Willis to fight Apple over rights to music collection after his death (The Sun):

BRUCE Willis is preparing to take Apple to court over who owns his huge digital music collection after he dies.

The Die Hard actor, 57, wants to leave the haul to his daughters Rumer, Scout and Tallulah.

But under iTunes' current terms and conditions, customers essentially only 'borrow' tracks rather than owning them outright.

So any music library amassed like that would be worthless when the owner dies.

Willis has asked advisers to set up a trust that holds his downloads, which reportedly include classics from the Beatles to Led Zeppelin, to get around this rule.

The action star is also backing legal moves to increase the rights of downloaders.

Apple can freeze users’ accounts if they suspect them of sharing tunes with others.

Chris Walton, an estate specialist at Irwin Mitchell, told a newspaper: “Lots of people will be surprised on learning all those tracks and books they have bought over the years don’t actually belong to them.

“It’s only natural you would want to pass them on to a loved one.”

Quem herda as nossas músicas no iTunes?

Who Owns Your iTunes Library When You Die?, por Doug Mataconis:

If your answer is that your estate will, you have guessed incorrectly:

Many of us will accumulate vast libraries of digital books and music over the course of our lifetimes. But when we die, our collections of words and music may expire with us.

Someone who owned 10,000 hardcover books and the same number of vinyl records could bequeath them to descendants, but legal experts say passing on iTunes and Kindle libraries would be much more complicated.

Apple (US:AAPL) and Amazon.com (US:AMZN) grant “nontransferable” rights to use content, so if you buy the complete works of the Beatles on iTunes, you cannot give the “White Album” to your son and “Abbey Road” to your daughter.

There is apparently some discussion by estate lawyers to try to get around this problem by creating legal trusts that would be the owner of the online content, but I can’t see how that’s going to work. If, under the terms of your agreement with Amazon and Apple, the digital files are non-transferable, then I don’t see how an individual could transfer their digital content to the trust to begin with. From the perspective of Amazon and Apple, any agreement that tried to do that would be a legal nullity, and based on their respective terms of service, they would be right.


In reality, this is just another effect of the way that we treat copyrights and digital content under the law here in the United States. Technically, you’ve never actually owned any of the musical content on any of the media you’ve purchased, whether it’s a vinyl record, a compact disc, or a digital file. Before the digital era, though, you did own the physical medium on which the content was recorded. So, while you didn’t have the legal right to make copies of, say,that Led Zepplin album you bought in the 70′s, you did have the right to sell the physical record itself. The same rules applied to cassettes, 8-track tapes, and compact discs. Now, though, there is no physical medium to speak of that you can sell to a Used Records store, there’s just the digital content and the “no copying” rule still applies. Similarly, since a copyright holder has the right to set the terms of whatever license they grant to you when you purchase that digital file, they can set terms that say that what they are really selling you is the non-transferable right to possess a copy of the digital music file, not a property right in the music file itself. That’s why you cannot legally transfer it to your heirs when you die, because you never owned it to begin with.

Obviously, this is not a practical situation for the modern era. At some point, people are going to start realizing that they have less rights to their music than they used to and people will call for the laws to be changed. Of course, we’ve heard calls to change these laws many times in the past and they’ve mostly gone nowhere because the media companies and copyright holders have far more clout in Congress than ordinary Americans do and, for most people, this is an off-the-radar issue. So, the prospect for change isn’t very good unfortunate.

Os "bons trabalhadores" não correm o risco de ser despedidos?

"Nothing to Fear", por Chris Dillow:

Here's the latest Tory idiocy. Dominic Raab says the "talented and hard-working have nothing to fear" from a scrapping of "excessive protections" for workers. (...)

Is Raab right that the best workers have nothing to fear?

No.It's easy to think of many ways in which talented and hard-working people might reasonably fear the sack. A middle-manager ordered to cut costs might prefer to sack better-paid workers. A soft-hearted one might prefer to sack the talented in the belief that they can more easily find work elsewhere. Or he might simply not be able to recognize talent, if it's outside his field; engineers can be bad at spotting financial ability, and vice versa. Or he might simply regard a good worker as a threat to his own position - possibly reasonably so, given that talented people have market power and so are hard to make profits from.

We know from the US - one of the few countries in the world with less job protection than the UK - that bosses can be petty tyrants who sack workers on flimsy pretexts.

Now, you might reply that if Raab is taking too optimistic a view of managers' decency and ability, I'm taking too pessimistic a one. But the point of laws is to protect us from the minority of wrong-doers. The vast majority of people are not thieves or murders - but this fact doesn't negate the need for laws against theft and murder.

Wednesday, October 03, 2012

depósito, moeda e crédito - parte I

MM escreveu "Pelo que tenho visto, nomeadamente pelos textos que o Carlos Novais tem escrito sobre o assunto, grande parte da objecção tem a ver com o que consideram a fraude implícita em chamar "depósito" a algo que não é realmente um depósito; logo, como os fundos e outros produtos financeiros que Krugman refere não se dizem "depósitos", não haveria problema por aí.

No entanto, com ou sem fraude, o problema de que a reserva bancária fracional criaria ciclos económicos manteria-se à mesma, parece-me; imaginemos que os bancos deixavam de chamar aos depósitos à ordem "depósitos à ordem" e passavam a chamá-los "aplicações financeiras liquidáveis a pedido" - todas as consequências económicas que supostamente a existência de depósitos à ordem (não garantidos a 100%) têm continuariam a ter, mesmo com o novo nome."

Para o melhor entendimento do que está em jogo e tentando (re)construir uma argumentação por passos sucessivos:


1. Depósito civil significa, de forma corrente, a pessoa dar (contratar o serviço) à  guarda a uma entidade depositária a coisa depositada, e isso inclui, bens homogéneos que podem ser armazenados em conjunto para vários depositantes. A entidade depositária tem assim de manter à sua guarda, fisicamente, a totalidade das coisas depositadas, cobrando possivelmente uma comissão por esse serviço.

2. Antes não existiam leis bancárias especiais e era o direito digamos geral que prevalecia e assim podemos intuir que no acto de depósito, a coisa tem de permanecer depositada. O depósito de moedas e barras de ouro era legitimamente entendido como a contratação do serviço de um depósito com possibilidade de levantamento imediato.

3. Ao mesmo tempo, os contratos de crédito são conhecidos desde tempo imemoriais e eram praticados por quem tinha acumulado ouro e prata, ou seja, utilizavam capital próprio para conceder crédito.

4. As entidades depositárias com o tempo, começaram a organizar-se e baixar o custo de manuseamento da moeda, contabilizando e emitindo:

- Notas que representavam ouro depositado pelo emitente dessa nota, e que circulavam em vez da moeda física.
- Contas correntes com movimentos de débito e crédito, possibilitando que movimentos possam ser feitos entre contas, o crédito de certa quantidade de ouro ou prata numa dada conta corresponde a um débito da mesma quantidade de ouro ou prata noutra conta corrente.

5. Existem historicamente casos em que existe a absoluta certeza que assim era, sendo o Banco de Amsterdão, criado em 1609,  um caso desses.

6. Assim sendo, o acto de crédito dá-se da única forma que as pessoas em geral pensam ser possível: para alguém receber moeda de empréstimo, outra se dispõe a deixar de ter na sua posse por igual período de tempo essa quantidade de moeda (ouro ou prata físico à guarda). O acto de crédito significa a poupança monetária prévia de alguém a troco de um juro.

7. Os Bancos, para além de entidades depositárias, serviam com intermediários entre possuidores de poupança monetária e quem a procura como crédito. Uma pessoa detentora de moeda concede crédito ao banco por x tempo e cobrando uma dada taxa de juro e o Banco concede crédito a uma taxa de juro superior, constituindo a diferença a sua margem.

Situação 1:

Entidade A -> Conta corrente: 100 moedas
Entidade B  -> Conta corrente: 0 moedas

Isto corresponde a esta representação do Balanço do Banco:

Activo do Banco:

Cofre com moedas armazenadas: 100 moedas de ouro

Passivo do Banco:

Conta corrente da Entidade A: 100 moedas de ouro
Conta corrente da entidade B: 0 moedas de ouro

__________________________________

Situação 2: Crédito de A ao Banco e Crédito do Banco a B -> situação final

Entidade A -> Conta corrente: 50 moedas + Conta crédito ao Banco: 50 moedas
Entidade B  -> Conta corrente: 50 moedas

Isto corresponde a esta representação do Balanço do Banco:

Activo do Banco:

Cofre com moedas armazenadas: 100 moedas de ouro
Crédito à entidade B: 50 moedas de ouro

Passivo do Banco:

Conta corrente da Entidade A: 50 moedas de ouro
Conta corrente da entidade B: 50 moedas de ouro
Conta depósito a prazo da Entidade A: 50 moedas de ouro

O total de moeda a circular continua a ser 100 moedas. Claro que o próprio capital próprio do Banco pode servir para conceder crédito. O Banco pode assim naturalmente conceder crédito com a sua própria moeda que constituía a entrada de capital pelos accionistas. Mas importa aqui analisar o acto de intermediação .