Thursday, April 30, 2009

A Chrysler e os sindicatos

Pelos vistos, os United Auto Workers (o sindicato dos trabalhadores da indústria automóvel) vai ser proprietária de 55% da Chrysler.

Isso levanta algumas questões:

A primeira é se, de qualquer maneira, a Chrysler não estará definitivamente falida e isto não passará de uma manobra dilatória sem futuro.

A outra é se é uma boa ou má ideia uma empresa ser propriedade (pelo menos maioritariamente) do sindicato do ramo. Há muita gente, à esquerda e à direita, que acha que é má ideia: à direita, há quem diga que um "sindicato-accionista" irá defender politicas de gestão contrárias ao interesse da empresa mas favoráveis aos seus associados; à esquerda, há a critica contrária - de que um sindicato-accionista irá ser enredado nas exigências da gestão e irá menosprezar os interesses dos seus associados.

Mas será que é assim? Ou será que, pelo contrário, o facto de o sindicato ser o principal accionista não irá, exactamente, eliminar muitas das contradições habituais entre trabalhadores e gestão, permitindo um funcionamneto mais eficiente?

Um artigo de Charles Johnson (uma espécie de "anarco-capitalista de esquerda", se é que isso faz sentido) expondo (mais ou menos) essa tese.

Ainda sobre contrafacção, "cópias piratas", etc.

Provavelmente as técnicas de manipulação genética irão evoluindo, no sentido de "produzir" crianças imunes a certas doenças e coisas afins. Se tal for acompanhado por patentes sobre esses genes "modificados", será que iremos assistir a anúncios destes?

"Diga não à cópia pirata - use preservativo"

O que é e o que não é contrafacção?

The NYT must get this straight. With a counterfeit product the buyer is deceived. The buyers of the low-cost cell phone knock-offs in China are not being deceived. They are happily buying copies of name-brand phones which they know are not actual name-brand phones.
Isto lembra-me uma reportagem que ví há tempos da ASAE (ou seria outro corpo policial qualquer?) apreendendo productos "contrafeitos" no Martim Moniz. Entre essas supostas falsificações encontravam-se capas para telemóveis iguais às da Nokia, mas sem dizer "Nokia". Apesar de não dizer lá "Nokia", essas capas eram consideradas "contrafeitas", porque o design estava registado pela Nokia.

Sou só eu que acho isto rídiculo?

Wednesday, April 29, 2009

A economia e o ambiente

Anti-green economics, por Paul Krugman:

a strange thing about the climate change debate. Opponents of a policy change generally believe that market economies are wonderful things, able to adapt to just about anything — anything, that is, except a government policy that puts a price on greenhouse gas emissions. Limits on the world supply of oil, land, water — no problem. Limits on the amount of CO2 we can emit — total disaster.

Funny how that is.

Sobre o "unschooling" (II)


A respeito da "distinção" entre bons e maus alunos (ou entre bons e médios/maus): há uma parte de mim que até acha que a assistência às aulas deveria ser facultativa para toda a gente; mas duvido seriamente que isso funcionasse, e até poderia ser usado para contornar a escolaridade obrigatória (eu sou contra o actual aumento da e.o., mas não contra o conceito em si). Assim, acho que o melhor método até será mesmo (pelo menos, durante a e.o.) só os "bons" alunos estarem dispensados da assistência obrigatória às aulas (ou seja, só estariam autorizados a estudar livremente aqueles que demonstrassem que o conseguiam).

Vantagens adicionais:

- Os professores passariam a ter mais disponibilidade para dar atenção aos piores alunos, a partir do momento em que os melhores passassem a ir pouco às aulas.

- Os alunos passariam a ter um incentivo real para se esforçarem para ter boas notas: ganharem a liberdade de "faltar" às aulas

Possíveis desvantagens:

- Poderia levar a que os professores dessem boas notas aos alunos problemáticos só para se livrarem deles (imagino que talvez se podesse criar algum sistema para se controlar esses casos)

- Há também o argumento (que foi o utilizado para acabar com a experiencia aqui referida) de que os alunos médios/maus beneficiam de ter aulas em conjunto com os bons. É possivel (devido ao efeito de imitação); mas também é possível que aconteça exactamente o oposto: que a comparação com os bons alunos diminua a auto-estima dos médios/maus, fazendo-os ter ainda pior desempenho. Suspeito que os dois efeitos talvez se anulem

Citações

"It is, though, a simple trivial fact that crime arises - in part - from social conditions; the same neoclassical economics that, in bastardized form, tells us that a 50p tax rate is a bad idea tells us, in its more proper form, that poverty causes crime" (Chris Dillow).

Proudhon adaptado: Toda a propriedade (intelectual) é um roubo

Negócios: "José Luís Arnaut afirma que na área da propriedade intelectual, cujo dia mundial foi comemorado domingo, a justiça emperra o funcionamento da economia. Para ilustrar o seu argumento, o especialista neste campo do direito, sócio da RPA e ex-goventante, lembra, exemplificando, os expedientes legais usados por grandes laboratórios farmacêuticos, de modo a adiarem a chegada de alguns medicamentos genéricos ao mercado. "

Ainda a escolaridade obrigatória

Ontem (28/04/2009), o DN publicava um mapa com o número de anos de escolaridade obrigatória nos vários paises da UE e a percentagem de jovens que deixava a escola sem concluir o secundário.

Não é que muitos dos países com uma taxa mais baixa de jovens sem o secundário (ou, se preferirmos, com uma taxa mais alta de jovens com o secundário), como a Suécia ou a Finlândia até têm só 9 anos de escolaridade obrigatória?

Tuesday, April 28, 2009

Sobre o "unschooling"

An Unschooling Manifesto, por Dave Pollard:

In Grade 11, my second last year of high school, I was an average student, with marks in English in the mid 60% range, and in mathematics, my best subject, around 80%. Aptitude tests suggested I should be doing better, and this was a consistent message on my report cards. I hated school. As my blog bio explains, I was shy, socially inept, uncoordinated and self-conscious. My idea of fun was playing strategy games (Diplomacy and Acquire, for fellow geeks of that era -- this was long before computer games or the Internet) and hanging around the drive-in restaurant.

Then in Grade 12, something remarkable happened: My school decided to pilot a program called "independent study", that allowed any student maintaining at least an 80% average on term tests in any subject (that was an achievement in those days, when a C -- 60% -- really was the average grade given) to skip classes in that subject until/unless their grades fell below that threshold. There was a core group of 'brainy' students who enrolled immediately. Half of them were the usual boring group (the 'keeners') who did nothing but study to maintain high grades (usually at their parents' behest); but the other half were creative, curious, independent thinkers with a natural talent for learning. The chance to spend my days with this latter group, unrestricted by school walls and school schedules, was what I dreamed of, so I poured my energies into self-study.

To the astonishment of everyone, including myself, I did very well at this. By the end of the first month of school my average was almost 90%, and I was exempted from attending classes in all my subjects. I'd become friends with some members of the 'clique' I had aspired to join, and discovered that, together, we could easily cover the curriculum in less than an hour a day, leaving the rest of the day to discuss philosophy, politics, anthropology, history and geography of the third world, contemporary European literature, art, the philosophy of science, and other subjects not on the school curriculum at all. We went to museums, attended seminars, wrote stories and poetry together (and critiqued each others' work).

(...)

The Grade 12 final examinations in those days were set and marked by a province-wide board, so universities could judge who the best students were without having to consider differences between schools. Our independent study group, a handful of students from just one high school, won most of the province-wide scholarships that year. I received the award for the highest combined score in English and Mathematics in the province -- an almost unheard-of 94%.

(...)

PS presents 50 reasons why schooling is, in every imaginable way, bad for us and our society, and then 50 reasons why unschooling, which she defines as "learning without formal curriculum, timelines, grades or coercion; learning in freedom" is the natural way to learn. She argues that we are indoctrinated from the age of five to cede our time, our freedoms, and what we pay attention to, to the will of the State, so that we are 'prepared' for a work world of wage slavery and obedience to authority. We are deliberately not taught anything that would allow us to be self-sufficient in society. And in the factory environment of the school, where teachers need to 'manage' thirty students or more, ethics and the politics of power is left up, from our earliest and most vulnerable years, to the bullies and other young damaged psychopaths among our peers, to teach us in their grotesquely warped way. As PS explains, it is in every way a prison system.

Unschooling, by contrast, starts with the realization that you 'own' your time, and have the opportunity and responsibility to use it in ways that are meaningful and stimulating for you. When you have this opportunity, you just naturally learn a great deal, about things you care about, things that will inevitably be useful to you in making a life and a living. Your learning environment is the whole world, and you learn what and when you want, undirected by curricula, textbooks, alarm clocks and school bells. You develop deep peer relationships around areas of common interest, once you're allowed to explore and discover what those areas of interest are. And the Internet and online gaming allow you to make those relationships anywhere in the world, to draw on the brightest experts on the planet, and to communicate powerfully with like-minded, curious people of every age, culture and ideology.

Monday, April 27, 2009

A "experiência Rosenhan"

Isto é uma coisa velhíssima (de 1972), mas li sobre isso agora: uma experiência em que 8 indivíduos "normais" foram enviados para um hospital psiquiátrico, diagnosticados com esquiziofrenia e doenças afins. A partir do momento em que foram admitidos no hospital passaram a comportar-se de forma "normal" (antes, tiveram que fingir os sintomas para poderem ser internados).

Grande parte dos outros doentes em breve chegaram à conclusão que os 8 não tinham nenhum problemas (passando a suspeitar que se tratava de pesquisadores ou de jornalistas). Já o pessoal do hospital (suponho que incluindo peritos na matéria) não descobriu que se tratava de "impostores".

On Being Sane In Insane Places, por David Rosenhan (o psicólogo que arquitectou a experiência).

O verdadeiro som do "Papa-Léguas" (II)

Afinal, retiro o que escrevi há uns minutos - neste vídeo até parece ser um som parecido com "beep, beep" (o som anterior deve ser o canto, enquanto este som é mais um ruído feito com o bico):


O verdadeiro som do "Papa-Léguas"

Sunday, April 26, 2009

"one person in the cage and another outside the wire"

U.S. Soldier Who Killed Herself--After Refusing to Take Part in Torture

Sobre a tortura

Eleições islandesas: resultados finais

Partido Progressista (centrista, agrário) - 14,8% dos votos e 9 deputados (+ 2 dos que tinha)

Partido da Independência (conservador) - 23,7% dos votos, 16 deputados (perde 9)

Partido Liberal - 2,2% dos votos (perde os 4 deputados que tinha)

Movimento dos Cidadãos - 7,2% dos votos, entra no parlamento com 4 deputados

Partido Democrático - 0,6% dos votos, nenhum deputado

Aliança Social-Democrata - 29,8% dos votos, 20 deputados (ganha 2)

Movimento da Esquerda Verde - 21,7% dos votos, 14 deputados (ganha 5)

[fonte]

A coligação entre os sociais-democratas e a Esquerda Verde, criada após os protestos de alguns meses, conquistou a maioria parlamentar.

Em comparação com as eleições anteriores, os grandes derrotados foram os conservadores (o partido do anterior primeiro-ministro) e os grandes vencedores a Esquerda Verde; no entanto, se a comparação for com as sondagens, já não é assim: os conservadores eram para ficar em terceiro lugar mas afinal resistiram, enquanto, há uns meses atrás, a Esquerda Verde aparecia em primeiro lugar, com 30 e tal por cento.

Sugestão de leitura

O presidente falinhas mansas, por mescalero, sobre Obama e o movimento anti-guerra.

Os alunos que não querem tirar o 12º ano

No debate sobre o alargamento da escolaridade obrigatória, de ambos os lados parece-me haver pouco respeito pelos alunos que não querem tirar o 12º ano.

Do lado dos defensores do alargamento, o pouco respeito é óbvio.

Do lado dos opositores, também se ouve/lê (sobretudo nos comentários on-line dos jornais e blogues) muita conversa na linha "esses alunos que não têm motivação para estudar só vão incomodar os outros". Até é capaz de ser verdade, mas o facto de muita gente apresentar isso como sendo, aparentemente, o problema principal indica que também não os incomoda por aí além que milhares de jovens sejam obrigados a estar mais 3 anos na escola sem sentirem qualquer vontade de tal (o que os incomoda é isso poder prejudicar os outros, os que querem frequentar a escola).

Nota: não se deduza daqui uma objecção absoluta e de principio ao alargamento da escolaridade obrigatório ou mesmo ao conceito em si. Mas acho que, na altura de decidir do aumento ou não da escolaridade obrigatória, e portanto de pesar os prós e os contras de cada opção, um "contra" a ser considerado é obviamente obrigar milhares de pessoas a terem que fazer algo que prefeririam não fazer; e parece-me que nenhum dos lados dá grande importância a esse contra.

Eleições islandesas: resultados parciais (II)

Os resultados podem ser seguidos aqui. Para perceber os quadros (e para os leitores que não são fluentes a islandês), ver aqui.

Mas afinal, o que é que foi inaugurado em Santa Comba Dão?

Um largo que já existia e pelos vistos sempre se chamou "Oliveira Salazar"?

Eleições islandesas: resultados parciais

Left parties having good evening in Iceland elections:

So far, with around 25 percent of votes counted Iceland’s Social Democrats are appearing as clear winners and appear to be exceeding opinion poll expectations. The Left Green Movement is running in second place, albeit with fewer votes than polls had predicted.

Together the two parties have a 52 or 53 percent parliamentary majority.

The conservative Independence Party are having a poor evening, as polls predicted. The Independence Party leader predicts, however, that tonight is a damage limitation exercise and will provide the background to a comeback next time around.

The new Citizens’ Movement is exceeding already high expectations with a share of the vote approaching ten percent.

More to follow.

Saturday, April 25, 2009

Da madrugada para o dia

Na madrugada de 25 de Abril de 1974 iniciou-se um golpe militar, tendo como planos, entre outras coisas, manter a PIDE/DGS parcialmente em funcionamento, libertar só alguns dos presos políticos e entregar o poder a uma junta militar onde, em 7 elementos, 4 não andavam longe de ser de extrema-direita.

Horas depois, começou uma revolução nas ruas de Lisboa (e no resto do país nos dias seguintes) que mudou o esquema todo.

Friday, April 24, 2009

PSUV venezuelano começa a expulsar a ala esquerda

Tácticas sindicais alternativas

Na Starbucks:

At the Mall of America last summer, workers confronted management about unbearable temperatures in the store. As Forman described it:

We had been complaining about how hot it was for years, but management refused to buy a fan or install air conditioning because it was "too expensive." At the same time, our store was pulling in $30,000 a week.

One morning, four of my coworkers walked into the back room of our store and gave the boss an ultimatum: "Will you buy the store a fan? Yes or no?" He stalled....so my four coworkers walked off the job, got in a car and drove to Target, leaving the boss to cover the floor. He was livid.

About 20 minutes later, my coworkers walked back in with a $14 box fan. They plugged it in, wrote "Courtesy of the IWW," drew a small black "Sabotage cat" [the IWW logo] on it, and enjoyed the breeze.

This left management with a choice. They could either remove the fan, in which case they would look like jerks. Or they could leave it there, as a monument to their own negligence.

To their credit, they did the right thing. Two days later, the district manager arrived with a $150 industrial floor fan. Two weeks later, they began installing air conditioning. This is the power of direct action. One week, $40 is too much to spend to bring the temperature in the store to within OSHA standards. The next week, management is spending $10,000 to keep the workers happy.

Sobre a tortura

Um dos argumentos usados contra a tortura de prisioneiros para obter informações é de que, mesmo que eles falem, nada garante que essas informações forem verdadeiras.

Thursday, April 23, 2009

Terminator

"According to former Trident missile engineer Bob Aldridge-www.plrc.org-the Pentagon aims to achieve a disarming and unanswerable first-strike capability. According to Bob Aldridge the US Navy can track and destroy all enemy submarines. Please see the article by Keir Lieber and Daryl Press, “The Rise of US Nuclear Primacy”, in the 2006 March/April issue of Foreign Affairs. Minuteman-3s and Trident-2 D5s linked to NAVSTAR obtain a CEP of 30-40 metres, enough to destroy any hard target. A First-Strike Capability won´t be complete without the missiles in Poland to shoot down any surviving Russian missiles. Even if it´s only for blackmail, the Russians may have no choice but implementing Launch On Warning. Bob Aldridge resigned because a disarming and unanswerable first-strike capability is suicidal." comment no antiwar

Deflaçãofobia

De 1801 a 1900 (que terá tido algum crescimento...) os preços nos EUA cairam exactamente 50%. Ver "Consumer Price Index (Estimate) 1800-2008" via Federal Reserve Bank of Minneapolis.

Apesar do apriorismo ser suficiente para concluir que numa economia livre com moeda estável ("Am i repeating myself?") o crescimento económico traduz-se precisamente em queda de preços...

(sim, é verdade que queda de preços pode ocorrer precisamente pelo oposto, uma crise inevitável após uma bolha fomentada artificialmente por expansão de crédito e moeda, mas aqui a queda de preços é também uma consequência - não a causa - e um processo de cura)

... vamos ver se os factos atrapalham.

Islão muito à frente

CNN "In Saudi Arabia, a husband divorced his wife via text message and a court approved it."

Escolaridade obrigatória

Bondade e compulsório não rima lá muito bem, sendo assim tão bom para a própria pessoa não chegaria ser grátis? Tem de ser grátis e sob ameaça?

Wednesday, April 22, 2009

Dinâmicas populacionais em "Buffy, a Caçadora de Vampiros"

Um paper, de autoria de Brian Thomas (penso que um estudante de ecologia e dinâmicas populacionais), analisando a evolução das populações de vampiros e de humanos no contexto da série "Buffy", adaptando os modelos matemáticos usados para estudar as dinâmicas predador-presa.

Os pressupostos do paper:

Via The Early Days of a Better Nation. Ver também aqui e aqui, onde, entre outras coisas, se discute sobre a correcção ou não do modelo, incluindo eventuais factores que talvez devessem ter sido incluidos (p.ex., ter sido também modelizada a população de demónios).

Petição - Pelo Direito das Crianças a Brincar

Recebi hoje esta petição:


Abaixo-assinado As crianças ainda têm direito a brincar?

Exma. Sr.ª Ministra da Educação
Exmos Srs. Presidentes das Câmaras Municipais

Este ano ficámos surpreendidos com o regresso à escola dos nossos filhos, amigos, vizinhos. Descobrimos que agora uma criança com 6 anos de idade estará obrigatoriamente 8 horas numa sala de aula, exactamente o horário de trabalho de um adulto.

Para reduzir custos, cortar no público e garantir que o privado continua a receber subsídios directos e indirectos, as câmaras municipais decidiram, sem consultar ninguém, que as actividades extracurriculares passavam de facto a ser curriculares. Ou seja, antes uma criança tinha aulas até às 15 horas e depois actividades facultativas extracurriculares e agora essas actividades são colocadas no meio das aulas. A razão é simples: antes um professor de música dava aulas numa escola das 15 às 17 e agora o mesmo professor dá aulas em várias escolas ao mesmo tempo. Assim, os alunos do 1.º ciclo têm aulas, depois música, depois aulas, depois inglês, depois ginástica, depois aulas…O resultado é que estão 8 horas numa sala de aula!

Contactámos pessoalmente várias professoras que nos confessaram que as crianças simplesmente estão «exaustas», a partir da tarde não se concentram em nada, e nós pais constatamos que as crianças chegam a casa nervosas e simultaneamente exaustas. Todos os estudos[1] indicam que as crianças que não brincam livremente, em espaços abertos e amplos várias horas por dia, têm mais probabilidade de serem hiperactivas, obesas, terem problemas de motricidade e, claro, são obviamente mais infelizes. O que nos aconteceria a nós, adultos, se estivéssemos 8 horas sempre a ouvir alguém, sentados dentro de uma sala de aula? Como se sentem os nossos filhos?

A escola que conceberam estes responsáveis políticos é improdutiva e péssima para as crianças e não tem nenhuma comparação com o que se passa em qualquer país da Europa. Na França, na Alemanha e nos colégios ricos – onde andam os filhos dos ministros – como o Liceu Francês, as crianças têm 5 horas de aulas e o resto do tempo livre.

O Estado deve arranjar espaços lúdicos para as crianças estarem da parte da tarde, mas esses espaços devem ser lúdicos e amplos e não uma espécie de estudo acompanhado permanente. Que escola é esta em que nas aulas se pinta e se canta e no recreio tem-se estudo acompanhado?

As actividades extracurriculares devem ser «extra» e não obrigatórias; devem ser garantidas pelo Estado e não através de financiamentos a privados. A quem não opta pela ditas actividades deve ser garantido que as crianças simplesmente possam ficar a brincar na escola sob a supervisão de um adulto.

Considerando que:

• Esta é uma lei incompatível com a declaração dos direitos da criança da UNESCO, adoptada pela ONU a 20 de Dezembro de 1959;

• As crianças que não têm actividade física e lúdica tem tendência para ficar hiperactivas, obesas e infelizes;

• Que a escola deve organizar actividades para os pais que não podem ficar com as crianças mas que essas actividades devem ser de facto opcionais e deixar a tarde livre para quem assim o deseja;

• Que as aulas devem ser exigentes mas o espaço de brincadeira deve ser livre, amplo,

Os encarregados de educação abaixo-assinados declaram que:

- Não aceitam que as actividades extracurriculares sejam colocadas no meio do horário das aulas.

- Não aceitam que os seus filhos estejam 8 horas seguidas em actividades lectivas, curriculares ou extracurriculares.

- Estão dispostos a avançar com uma queixa junto do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, caso esta política não seja revista.

Eu não sei se deverei assinar esta petição por uma razão: ela é feita em nome dos encarregados de educação e eu não sou encarregado de educação de ninguém. Mas se fosse assinaria.

Venezuela: a oposição de esquerda

Alguns links:

Anarquistas - El Libertario

Marxistas - Laclase.info

Combate ao desperdicio?

Waste & decentralization, por Chris Dillow:

It’s especially hard to cut waste if you try to do so by top-down management. I say this for two generic reasons, which are central to understanding any organization.

1. Bounded knowledge. Any sentient being who works in the public sector could identify some waste - an inefficient process, a malingering colleague. There is, therefore, vast knowledge of government waste. But this is fragmentary and dispersed. Top-down management doesn’t gather it. And workers have little incentive to offer it - for fear of rocking the boat, being identified as a trouble-maker by their boss, or simply not wishing to grass up a co-worker.

The upshot of this is that government doesn’t know what’s waste and what’s not. To them, public spending is like the old joke about advertising spending; half of it is wasted, but we haven’t a clue which half.

2. Bureaucratic capture. If government asks departmental managers to identify waste, guess what? They’ll never say that management is wasteful. The people who’ll lose their jobs under “efficiency savings” aren’t the ones who are useless, but the ones who are powerless.

There are, therefore, severe limits on how far top-down, command-and-control management can cut “waste.”
Mas será que há tanto que o "desperdicio" tem assim tanto peso na despesa pública como se diz, no Reino Unido, cá ou nos EUA (talvez não...)? E, de qualquer forma, será que numa situação de crise um pouco de "desperdicio" até não poderá ser útil?

Tuesday, April 21, 2009

Ron Paul on Secession II - CNN

Más influência das TV sobre as crianças?

Seduction of the Innocent, por Roderick T. Long (sobre uns bonecos animados quaisquer).

(Mais) Leituras sobre a pirataria maritima


Never learning

No ABC do PPM: "A pirataria na costa da Somália e no Golfo de Áden é a última maravilha dos radicais islâmicos."

Como disse o MM em Em busca de al-Qaeda debaixo da cama? "Bem, se existir uma aliança islamitas-pirataria, será muito recente, já que se houve período em que a pirataria foi reprimida na Somália foi quando houve lá uma espécie de governo islâmico."

Se ainda agora se associa o radicalismo islâmico (e quem sabe o islamismo em geral) com propensão especial para o crime e desordem social ...

Monday, April 20, 2009

Como um Banco pode aumentar o capital social criando dinheiro

Passo 1

Activo: Crédito concedido ao accionista X de 1000 para subscrever aumento de capital
Passivo: Creditada a conta DO de X no valor de 1000

Passo 2

Passivo: Debitado a conta DO de X no valor de 1000 para subscrever aumento de capital
Capital Social: Creditado (aumento) o capital social em 1000



Curiosamente ainda por cima os rácios de risco como (Capital Social / Crédito) melhora dado que passa a (Capital Social + 1000 / Crédito + 1000).

Dr Paul on Secession

A racionalidade(?) do voto

Alberto Gonçalves escreve:

Mas o mesmo não se aplicará às eleições nacionais? Afinal, nas eleições nacionais, nós também vamos eleger só 3,48% dos 230 deputados à A.R. (8 deputados). Ou seja, se não há razão para os portugueses ligarem às eleições para o Parlamento Europeu, isso não significará que também não há razão para os habitantes do distrito de Faro ligarem às eleições nacionais?

Saturday, April 18, 2009

Cultivo caseiro de batatas




[Eu já tentei cultivar alhos num vaso na varanda, mas secaram]

«Piratas dizem que prisão não vai travar 'downloads'»

A respeito desta noticia (e título) no DN (sobre a condenação dos donos do Pirate Bay), recordo este post (que já havia referido) de Roderick Long:

Now that actual pirates are once again making the news, can we please stop using the term “piracy” for the peaceful dissemination of information? Thanks awfully.

Em busca de al-Qaeda debaixo da cama?

Diário de Noticias:


Christian Science Monitor:


Começam a ouvir-se vozes a falar sobre possíveis ligação entre os piratas e os fundamentalistas somalis ou mesmo al-Qaeda*, frequentemente acompanhados por um "não há provas".

Bem, se existir uma aliança islamitas-pirataria, será muito recente, já que se houve período em que a pirataria foi reprimida na Somália foi quando houve lá uma espécie de governo islâmico.

Quer isto dizer que "os islamitas somalis são bonzinhos, já que até combateram a pirataria" ou, já agora, que "os piratas somalis são bonzinhos - até foram persguidos pelos islamitas"?

Não. Apenas que talvez não seja boa ideia andar à procura de alianças imaginárias entre grupos que, à partida, nem se dão muito bem. Inclusive, tal até pode se tornar uma profecia auto-cumprida (hipótese: com base nessa suspeita lança-se uma intervenção internacional, ao mesmo tempo contras os piratas e contra os islamitas, levando-os a aliarem-se mesmo).


*nota para os leitores - vou deixar de escrever "a al-Qaeda", como é usual, já que não faz sentido repetir duas vezes o artigo definido : "a" e "al-": o é "al-Qaeda" ou "a Qaeda", nunca "a al-Qaeda

Friday, April 17, 2009

A esquerda e a redução do Estado

Chris Dillow argumenta que a esquerda devia defender a redução do Estado (note-se que os seus argumentos são para o contexto britânico):
1. Big government cannot be redistributive government. If the state is raising 40% of GDP in taxes, it must tax the worst off, simply because the rich, even in the UK and US, aren’t that rich or plentiful (...)

2. A big state hurts the worst off. Right-wing nut jobs might pose as victims of “ZaNuLabour.” But whether we look at Purnell’s welfare plans, repressive anti-immigration laws or the policing of protests, it is ordinary people who are the real victims of an overly powerful state: newspaper sellers, poor foreigners, the unemployed and ill. The left should be on their side.

3. When the state has lots of power, there’ll be a big fight to control it. And it’s the rich and powerful that win such fights. Why do you think banks get big bail-outs whilst ordinary workers are flung onto the dole with little compensation?

4. Belief in big government rests upon the notion that there’s an elite of leaders which has the wisdom and know-how to manage our affairs from the top-down; (...) But it is an utterly anti-egalitarian notion. It is also utterly wrong.
[Como já disse várias vezes, eu re-postar um artigo não significa necessariamente concordância]

Emigração de gestores?

João Miranda escreve:

"Existem bons empregos para gestores em Shangai, Luanda e São Paulo: Parlamento aprova limites aos salários dos gestores, taxas elevada sobre prémios dos gestores. "

Se esta visão que Maria João Marques dá de Portugal estiver correcta, não irá haver grande emigração de gestores, já que muitos não terão uma carteira de contactos muito significativa em Shangai.

Nota: neste post, não pretendo fazer nenhum discurso moralista contra "cunhas", "redes de conhecimentos", "factor C" e afins; na verdade, há efectivamente boas razões, em termos de racionalidade económica pura, para preferir fazer negócios com pessoas conhecidas: muitos negócios e actividades requerem confiança mútua entre as partes, e esta existe mais no contexto de relacionamentos prolongados; mas isto só reforça o ponto de que os gestores não irão emigrar só por causa de um aumento de impostos sobre os seus prémios (admito que, se tal occorrer também aos rendimentos dos quadros técnicos, aí a emigração é um cenário mais plaúsivel).

Acusadores mais prejudicados que acusados?

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público diz que, com o novo regime das custas judiciais, os acusadores são mais prejudicados do que os acusados, já que vão ter que pagar mais no inicio do processo (o SMMP fala em "vitimas" e "arguidos", mas o acusador não é necessariamente uma "vítima" - pode ter inventado a acusação, p.ex.; em larga medida, só no fim do processo se sabe se efectivamente o acusador é uma vitima).

Bem, poderemos discordar da própria existência de custas judiciais (afinal, já pagamos impostos, e a justiça é um dos poucos sectores que todos os não-anarquistas defendem que deve ser prestado pelo Estado); mas, a partir do momento em que aceitamos a existência de custas judiciais (normalmente com argumentos de desencorajar processos frívolos), penso que faz todo o sentido que quem decida meter um processo em tribunal tenha que pagar mais do que quem está a fazer a sua vida e lhe vêm dizer "olha, foste acusado de [x]; tens que aparecer no tribunal do dia [y]".

A moda das reeleições na América do Sul

Thursday, April 16, 2009

Divulgação - SEMINÁRIO PENSAMENTO CRÍTICO CONTEMPORÂNEO

SEMINÁRIO PENSAMENTO CRÍTICO CONTEMPORÂNEO
a economia para além da economia
de 7 de Maio a 11 de Junho de 2009

ISCTE
Auditório B203 (Edifício II)
2ªs e 5ªs das 19h às 20h30
metro: Entrecampos Cidade Universitária


Inscrição necessária, lugares limitados!


Organização:
CRIA Centro em Rede de Investigação em Antropologia
unipop www.u-ni-pop.blogspot.com

A presente crise convida a um debate acerca do económico que convoque diferentes tradições teóricas das ciências sociais e do pensamento político. A unipop, no seguimento dos seminários de introdução ao pensamento crítico contemporâneo, e o CRIA, centro em rede de investigação em antropologia, promovem um encontro mais demorado com a economia, interrogando os próprios limites da divisão entre económico, político, social e cultural. Através do percurso de vários autores e tradições, o seminário procurará debater a economia a partir de um lugar onde teoria social, pensamento económico, filosofia, antropologia e história dos movimentos sociais se revelem indissociáveis. O seminário está aberto à frequência de todas e todos que por ele se interessem, não sendo necessário qualquer tipo de qualificação académica ou profissional. A fim de um melhor aproveitamento das sessões, será distribuído material de leitura aos inscritos.



Inscrições: unipopeconomia@gmail.com
Preço: 15€

Os 15€ dão direito a entrada em todas as sessões, assim como acesso a material de leitura. Será emitido certificado de participação.

A possibilidade de inscrição em sessão avulsa está limitada ao número de lugares disponíveis em cada sessão e não é susceptível de reserva prévia. Neste caso, o custo é de 4€ por sessão.


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Programa
* no final um breve cv de cada conferencista


7/5: a produção em deleuze e guattari [sessão de abertura, entrada excepcionalmente livre]
maurizio lazzarato

11/5: a dádiva em marcel mauss
filipe reis

14/5: a grande transformação de karl polanyi
francisco louçã

18/5: ben fine e os mundos do consumo
emília margarida marques

21/5: foucault, governamentalidade e liberalismo
josé luís câmara leme

25/5: a economia política alemã em georg simmel e max weber
josé luís garcia

28/5: a moeda viva de pierre klossowski
josé bragança de miranda

1/6: harold innis e a economia política dos media
filipa subtil

4/6: operários e capital de mario tronti
ricardo noronha

8/6: david harvey, economia e espaço
hugo dias

11/6: karl marx crítico de friedrich list
josé neves


Apoios: NúMENA AEFCSH AEISCTE ATTAC-PORTUGAL Antígona


Apresentação dos conferencistas

Maurizio Lazzarato é sociólogo e filósofo, membro do Labaratoire Matisse-Isys (Universidade Paris 1) e da direcção da revista Multitudes. Entre as suas áreas de interesse estão os movimentos precários, a relação entre trabalho e arte, Gilles Deleuze, Gabriel Tarde. Recentemente publicou Intermittents et Précaires (com Antonella Corsani) e Puissances de l’invention. La psychologie économique de Gabriel Tarde contre l’économie politique.

Filipe Reis é antropólogo, investigador do CRIA e professor no ISCTE, onde lecciona disciplinas na área da antropologia económica e da antropologia dos media, áreas nas quais tem publicado vários trabalhos. Realizou uma tese de doutoramento intitulada Comunidades Radiofónicas. Um estudo Etnográfico sobre a rádio local em Portugal.

Francisco Louçã é economista, professor no ISEG-UTL, deputado ao parlamento português e coordenador do Bloco de Esquerda. Tem desenvolvido investigação a nível da história da economia e da teoria dos ciclos. Entre outros, publicou Das Revoluções Industriais à Revolução da Informação (com Chris Freeman) e Turbulência na Economia.

Emília Margarida Marques é antropóloga, investigadora do CRIA. Realizou o seu doutoramento em 2003, com uma tese intitulada Conduzir a máquina, construir o trabalho. Sobre usos sociais da matéria. Tem vários trabalhos publicados acerca de trabalho, indústria e técnicas, cultura material e consumos.

José Luís Câmara Leme é filósofo, professor na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Técnica de Lisboa, onde lecciona disciplinas nas áreas da Filosofia da Técnica e da Filosofia da Ciência. Doutorou-se em filosofia com uma tese acerca de Michel Foucault, sobre o qual tem vários trabalhos publicados. Tem igualmente trabalhado a obra de Hannah Arendt.

José Luís Garcia, sociólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, tem-se dedicado, entre outras matérias, ao estudo da ciência e tecnologia contemporâneas. Entre outras publicações, co-editou recentemente o livro Razão, Tempo e Tecnologia - Estudos em Homenagem a Hermínio Martins.

José Bragança de Miranda é sociólogo, professor na FCSH-UNL e professor convidado na Universidade Lusófona. As suas principais áreas da investigação são cibercultura, cultura, comunicação e media. Entre outros, publicou Queda sem fim, Teoria da Cultura e, mais recentemente, Corpo e Imagem.

Filipa Subtil é socióloga e professora na Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa. A sua principal área de investigação é a sociologia dos media e a teoria da comunicação. Tem trabalhado a obra de Harold Innis e publicou recentemente Compreender os media. As extensões de Marshall McLuhan.

Ricardo Noronha é historiador, investigador do Instituto de História Contemporânea da FCSH-UNL. Realiza actualmente uma investigação de doutoramento acerca da nacionalização da banca em Portugal durante o período revolucionário.

Hugo Dias é sociólogo, investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, onde realiza actualmente o seu doutoramento sobre sindicalismo e movimentos sociais, área onde tem publicado os seus trabalhos.

José Neves é historiador, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, onde realiza actualmente pós-doutoramento. Tem-se dedicado ao estudo dos nacionalismos e à história do comunismo. Publicou recentemente Comunismo e Nacionalismo em Portugal – Política, Cultura e História no Século XX.

Ainda sobre a piratiaria na Somália

Somali Pirates versus the Tuna Trade no War Is Boring:

“Pirates are winning,” analyst Martin Murphy told me last fall, after Somali sea bandits had seized around 40 vessels in one year.

Then there was the deployment to Somali waters of two dozen warships from a dozen nations — the greatest concentration of international naval power since World War II. In early 2009, attacks were down. “We have had a great effect,” U.S. Navy Rear Admiral Terry McKnight said.

But McKnight admitted that poor weather could be keeping pirates ashore. Sure enough, the weather has now cleared, and attacks are up — to a level three times that in 2008, according to Galrahn.

Recall that Somali piracy has its roots in the 1990s, when the collapse of the Somali government threw open the doors to major foreign fishing companies to illegally enter Somali waters and fish out all the tuna, which once comprised one of Somalia’s major commodities. The first Somali pirates were fishermen who decided to render a “fine” on any boats they found illegaly fishing Somali waters.

Well, guess what. Piracy has effectively cut in half tuna hauls for major foreign fishing companies working near Somalia, according to Warships International Fleet Review. Today piracy is essentially organized crime, at sea. But the piracy mafia has inadvertently accomplished what the original pirates set out to do.

Somali pirates have every reason to be proud. Whether on purpose or not, they have defended their waters while evading the combined might of the world’s navies.

Related:

Wednesday, April 15, 2009

Tuesday, April 14, 2009

Sugestões de leitura

A vantagem da homeopatia?

Praticamente todos os estudos indicam que os liquidos que os homeopatas receitam não passam de água e que não têm qualquer efeito terapêutico (excluindo o de placebo).

Mas, não será, por vias turtuosas, essa a vantagem da homeopatia? Afinal, muitas doenças, se não forem tratadas, podem ser curadas (ou, pelo menos, controladas) pelas próprias defesas do organismo. É um mais lento e doloroso de que recorrer aos tratamentos médicos mas, se o paciente sobreviver, fica com o organismo mais forte e com mais defesas do que se tivesse sido tratado (como diria Nietschze, "o que não te mata torna-te mais forte"). Aliás, acho que até há estudos que apontam para que grande parte dos problemas de alergias sejam devido a termos pouca exposição a germes: como o sistema imunitário não tem germes para combater, acaba por se voltar contra coisas banais do dia-a-dia, dando origem a alergias.

Assim, a homeopatia (e tratamentos similares, cumo curas pelas rezas e afins) pode ter uma vantagem: como, na prática, equivale a não fazer tratamento nenhum, contribui para fortalecer o sistema imunitário a longo prazo; e, como o paciente julga que está a ser tratado, o efeito placebo contribui para minimizar o sofrimento a curto prazo.

Claro que esta hipotese que avento só faz sentido se estivermos a falar de doenças que não representem um risco grave para a vida do doente; caso contrário, o tal fortalecimento do organismo a longo prazo de pouco valerá já que (parafraseando uma célebre frase usada num contexto totalmente diferente) no longo prazo o doente estará morto.

A minha viagem à Escócia

[Fica para estes lados]

Sugestão de filme para passar na televisão

Não sei o nome português, mas este filme passou na RTP para aí há uns 25 anos e, pelos vistos, continua a ter uma certa actualidade.

Sunday, April 12, 2009

Até faz sentido

Helena Matos, acerca dos piratas somalis:


Suspeito que a intenção de HM é sarcástica, mas o raciocínio até tem alguma lógica em sim mesmo. Aliás, a respeito de nomes, parece que os tais piratas consideram-se a "Guarda Costeira da Somália".

Sugestão de leitura adicional: A boa pilhagem ao largo da Somália, por mescalero.

"Postos de trabalho"

Porque é que se diz que os empresários criam "postos de trabalho" e nunca ouvi dizer que os trabalhadores criam "postos de investimento"?

Obama e Hillary Clinton, peões do grande capital?

Segundo a Câmara de Comércio dos EUA, parece que sim.

Thursday, April 09, 2009

Patents and Copyrights Should be Repealed

Recensão por David Gordon de [Against Intellectual Monopoly. By Michele Boldrin and David K. Levine. Cambridge University Press, 2008. Viii + 298 pages.

Moldávia

Ter em conta isto:


Insurgente: "Aconselho estes dois posts de José Milhazes e este no blog da Foreign Policy. E, já agora, este sobre o papel do Tweeter."

Mas ter também em conta isto:

Moldova’s ‘Twitter Revolution?: (...) "Just as many of us cast a skeptical eye on the sudden emergence of massive plasma-screen televisions in also-poor Ukraine during the “Orange Revolution,” the idea that thousands of young Moldovans are spending such sums on their Twittering seems equally implausible.

So what is fueling this revolution? A brief glance at the website of one of the Moldovan NGOs leading the effort to overthrow the elected Moldovan government, that of the “Hyde Park Organization,” reveals an interesting benefactor: at the bottom of the page, next to a seal of the United States, one can read that “This website is hosted free of charge through the Internet Access Training Program (IATP). IATP is a program of the Bureau of Educational & Cultural Affairs (ECA), US Department of State, funded under the Freedom Support Act (FSA).”

Digging a bit further, one can see on the website of the US Agency for International Development that the United States government, through cut-out organizations like the International Republican Institute and the National Democratic Institute, is funneling large sums of money to Moldova for programs with such fascinating titles as “Strengthening Democratic Political Activism in Moldova (SPA).” USAID boasts that this program is “cultivating new political activists who can formulate and pursue concrete political objectives…” No doubt.

Another program, titled the “Internet Access and Training Program” may hold a clue as to where all these Twitterers came from. According to the US government, this program “provides local communities with free access to the Internet and to extensive training in all aspects of information technology.” Does the training come with iPhones?

The media, with story-line already inked out, mock the Moldovan president’s claims that the protests were “well designed, well thought out, coordinated, planned and paid for,” but isn’t that what the USAID website has already claimed? After all, to what end does the US train and fund NGOs in projects such as the “Moldova Citizen Participation Program,” whose goal is to “build… the capacity of citizens to create tangible and positive change in their own communities through civic activity and democratic practices…by providing training, mentoring, and funding for citizen-initiated projects and strengthening the capacity of NGOs and citizen groups to mobilize their community, advocate for change, and hold government accountable”? In the previous color revolutions we have seen the perversion of “democracy” to mean getting enough people getting to the street to overthrow an elected government. 

Why bother with all this? The same reason the US funded the other color revolutions. The same reason the US announced missile defense facilities in Poland and Czech Republic. The same reason the US has propped up and provided massive military aid to a creepily unstable Mikheil Saakashvili in Georgia. Encircle Russia."

Monday, April 06, 2009

Da Propriedade Intelectual (III)

A indústria musical assinala enormes quebras, na ordem dos 10%, em vendas de música em Portugal no último ano. A culpa, já se sabe, “é da Internet”. As soluções são igualmente originais: passam por instituir um imposto, já em vigor, sobre CDs e DVDs graváveis e por obrigar os ISPs a cortar o acesso à internet aos prevaricadores, como já acontece em França.
Vou arriscar uma previsão, apesar de saber que não devia: a indústria de edição e distribuição musical têm os dias contados.
Muitos artistas já perceberam que tiram mais partido em disponibilizar os seus trabalhos de forma gratuitaonline do que a introduzi-los no circuito comercial, e faz sentido: Com a evolução tecnológica é lhes cada vez mais fácil produzir a sua própria música e na Internet têm o canal ideal para distribuir a música. Com isso poupam nos estúdios e nos distribuidores e podem concentrar os custos e os ganhos da sua actividade nos espectáculos ao vivo.
Nesse sentido ataques à liberdade individual como sejam os referidos e outros demais, não são mais que o canto do cisne dum lobby que estará, suponho, a viver os últimos dias. No futuro a música será partilhada livremente com o apoio dos artistas. A indústria musical, como muitas outras antes, ter-se-á tornado obsoleta e o mundo terá andado para a frente.

Sunday, April 05, 2009

Os extremistas pela Propriedade ... Intelectual (II)

Obama passing new law to allow searching of PC's, Laptops, and media devices





Thursday, April 02, 2009

Arctic Monkeys - This House Is A Circus Live

A vida tranquila dos grandes depositantes

Negócios: A administração do Banco Português de Negócios (BPN) está preocupada com a dimensão das saídas de depósitos da instituição e admite que a liquidez do banco atingiu valores insustentáveis a curto prazo.

"A saída diária de depósitos, em valores que chegam a atingir as dezenas e mesmo as centenas de milhões de euros, sem a necessária e vital compensação, pela via da captação de novos depósitos, está a conduzir a instituição para uma situação muito delicada e de extrema gravidade", escreveu o administrador, acrescentando que o cenário descrito "compromete seriamente o futuro do banco".

PS: Esta nota interna, como se pode perceber é uma fullfilling prophecy.

As intervenções iniciais em Bancos, com injecção imediata de liquidez e reservas de emergência e ainda garantias, destinam-se a permitir que os maiores depositantes e credores mais informados retirem o seu dinheiro com traquilidade, aqueles que de resto, colocam um Banco em situação de insolvência ao esgotar os 3% a 5% de reservas para a totalidade de depósitos. Depois só mais tarde é que os restantes depositantes são confrontados com os factos, podendo acreditar ou confiar mais ou menos na capacidade do intervencionismo. Neste caso, menos.

No final, os grandes depositantes são os que estão sempre garantidos pelo sistema. Quando se lembram de "fugir" de um banco colocando-o sem reservas (de resto, acto perfeitamente legítimo e racional), aparecem sempre estas reservas para poderem retirar os seus depósitos com a traquilidade de saber que o sistema o protege.

Wednesday, April 01, 2009

"Would you buy a used foreign policy from these guys?"

Nunca deixo de me espantar como aqueles que gostam de praticar a retórica geo-estratégica (que defino como aquela ciência oculta praticada por coleccionadores na infância de soldadinhos de chumbo que nos vais levar de passo em passo até à ultima guerra mundial) se conseguem inspirar de forma sempre renovada em permanentes desastres (é aquela coisa muito lógica do permanent war for permanent peace).

Stephen M. Walt na Foreign Policy:

"Pulling a familiar joker from the discredited neoconservative deck, last week Robert Kagan and William Kristol announced the establishment of a new think tank (or maybe it's just a new letterhead), dubbed the "Foreign Policy Initiative."

The platform of the new organization is a watered-down version of the bellicose neoconservative program that worked so well over the past decade, producing a disastrous war in Iraq and a deteriorating situation in Central Asia and bringing America's image around the world to new lows.

Neoconservatives also helped derail efforts to reach a two-state solution to the Israeli-Palestinian conflict, thereby strengthening Hamas, threatening Israel's future, and further damaging America's global position. Question #1: Who's paying for it?The new group's modus operandi is likely to be similar to the old Project for a New American Century: bombard Washington with press releases and email alerts, draft open letters to be signed by assorted pundits and former policymakers, and organize conferences intended to advance the group’s interventionist agenda. Other commentators have already greeted the launch with appropriate skepticism, but for me, the big question is whether their efforts gain any traction. If so, it would confirm what many people are beginning to suspect: there is virtually no accountability in American public life. On that score, it's more than a little troubling to discover that a number of fairly reasonable people agreed to show up at the group's initial conference on Afghanistan, being held today at the Mayflower Hotel.Have we already forgotten just how much damage their earlier advocacy produced?

The New York Times's Tom Friedman told a reporter from Ha'aretz has Iraq was "the war the neoconservatives wanted...the war the neoconservatives marketed," and the ledger is quite clear: 4,000-plus dead Americans and over thirty thousand wounded, along with at least 100,000 dead Iraqis. Over two million Iraqis have fled the country and another two million are internally displaced. The price tag for the American taxpayer will probably exceed several trillion dollars, money we could certainly use these days. And what did we get for it? An Iraqi government that is sympathetic to Iran, hostile to Israel, and whose long-term future is still far from certain. No one is infallible, of course, but this was a policy error of extraordinary proportions. And it was hardly their only blunder.

As I've written elsewhere, if a physician misdiagnosed ailments with the same regularity that the neocons have misread world politics, only a patient with a death wish would remain in their care. In a country that understood that foreign policy was serious business and that prized competence over ideology, anyone with a track record like theirs would simply not be taken seriously. Indeed, if there were a robust culture of responsibility here in the United States, Messrs. Kagan and Kristol might have the decency to fall silent, or turn their attention to other matters. I'm not advocating censorship, of course, just a sense of humility appropriate to their achievements.So the fate of the "Foreign Policy Initiative" should be regarded as a litmus test. Is the United States genuinely capable of learning from past mistakes, to include learning whose advice deserves to be ignored?"