Friday, July 27, 2018

Confissão pessoal

Uma declaração pessoal - eu não tenho grandes problemas em ser contra uma lei, achar que deveria ser abolida ou alterada, mas beneficiar dela enquanto ela existir. Por exemplo - eu era contra as contas poupança-habitação terem benefícios no IRS, concordo com a decisão do governo de Santana Lopes de ter acabado com esse benefício, mas enquanto esse benefício existiu eu usava-o todos os anos. Em suma, uma pessoa pode discordar das regras do jogo, mas jogar por elas enquanto não as conseguir alterar (e não, não é uma variante do "faz o que eu digo, não faças o que eu faço" - eu nunca andei a defender que as outras pessoas deveriam abster-se voluntariamente de usar benefícios fiscais que existem).

Poderá se questionar se essa atitude é ética - talvez seja, talvez não, mas é a que eu tenho. Ou seja, se alguma vez descobrirem algum negócio meu que pareça contraditório com alguma posição pública que eu defenda, ficam já a saber que é esta a minha posição (mas, de novo, há uma diferença entre dizer "esta lei deve ser mudada" e dizer "mesmo que a lei não seja mudada, não façam isso").

Leitura adicional - Pode um socialista ter acções? Pode um liberal frequentar a escola pública?

3 comments:

Anonymous said...

Sugestão para post:
Um descendente de alemães de raça pura (ou lá como isso se chama em racistês), digamos que chileno, descendente de judeus fugidos antes da primeira guerra mundial, torna-se imigrante em Portugal e é hoje muçulmano praticante. Como é que o PNR vê o sujeito?

Anonymous said...

Há uma diferença de grau. Poder ganhar uma pipa de massa em benefício próprio pode implicar não lutar com todas as forças por uma lei que valha para todos. São as contradições da transição para o socialismo (estou-me a rir)

Anonymous said...

Miguel Madeira, em modo offtopic: sei que simpatiza com os ideais anarquistas. Como é que, nas correntes com que mais se identifica, a nível teórico defendem a organização da exploração (e distribuição de rendimentos) de matérias-primas dispersas geograficamente e concentradas em poucas zonas, como por exemplo o petróleo / metais preciosos? Digo isto porque assisti a uma sessão de uma militante que vive na Rojava, que disse que não estão a conseguir explorar o petróleo por falta de meios, e que também não há nenhuma refinaria na zona "livre". De que modo é que se pode "auto-gerir" indústrias destas sem uma espécie de governo centralizado? (Pode enviar-me links para textos em inglês.)
Defend Afrin!

PS: gabo-lhe a paciência de ainda dar trela aos insurgentes. O nível dos comentários mais "esclarecidos" é por lá bem alucinado.