Wednesday, September 23, 2020

A "cancel culture" como dupla vitória da esquerda "progressista"

Este post de Bryan Caplan faz-me pensar numa coisa: a chamada "cancel culture" pode ser vista como uma dupla vitória da esquerda (nomeadamente a esquerda feminista, anti-racista, etc.).

Em primeiro lugar, pela razão óbvia - a acreditar no que se diz, é sobretudo este esquerda que está "cancelando" e a direita a ser "cancelada".

Mas também por uma razão mais profunda - se efetivamente existir uma tendência para pessoas serem discriminadas na vida profissional por causa das suas opiniões políticas, isso desmente a teoria de que no mercado não há discriminação e que portanto diferenças de rendimento entre homens e mulheres, ou entre negros e brancos só podem ser explicadas por diferenças de produtividade ou opções pessoais dos individuos supostamente discriminados. Afinal, se se considera que os conservadores estão a ser sistematicamente discriminados por causa de um ambiente social e cultural que leva as empresas a fazer essa discriminação, então temos forçosamente que concluir que também pode existir (ou tenha existido) um ambiente social e cultural que leve (ou tenha levado) as empresas a discriminar contra mulheres ou negros.

Agora, o reverso - junto com estas duas vitórias da esquerda "nova", há também uma derrota da esquerda "tradicional": é que com isto estão se a tornar populares na esquerda argumentos como "ninguém tem direito a um emprego" ou "uma rede social privada deixa falar quem quer e expulsa quem quer".

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