Sunday, July 12, 2009

Economia neo-clássica

O Carlos Santos e o Luís Aguiar-Conraria andam a discutir a economia neo-clássica vs. as "heterodoxias".

Uma das criticas que o Carlos faz ao "neo-classicismo" é de que "a economia neoclássica não tem em si mesmo, no seu núcleo de princípios de base (no seu core se pensarmos na filosofia da ciência), os mecanismos que permitam explicar, por exemplo, o surgimento de bolhas especulativas. Os mais proeminentes economistas neoclássicos, como o nobelizado Gary Becker, admitiam expressamente há um ou dois meses que as bolhas especulativas ultrapassavam a capacidade de compreensão de um pressuposto central da economia neoclássica: a racionalidade perfeita dos agentes, e a sua tradução em expectativas racionais. Porque manifestamente o surgimento repetido de bolhas mostra que os agentes erram a prever, e a hipótese de expectativas racionais, assume a ausência de erros repetidos de previsão. Há agora alguns modelos pseudo-neoclássicos que tentam explicar as bolhas, mas o próprio Becker, que levou a racionalidade do homo economicus a limites impensáveis, declarou a sua falta de fé nesses esforços". O LA-C já respondeu a isso, mas queria deixar mais uma nota:

Uma das teorias para explicar a actual crise económica-financeira é a de que a estrutura de prémios e remunerações dos gestores das empresas financeiras os incentivou a fazerem investimentos de alto risco. Esta teoria pode estar certa ou errada; mas de qualquer forma, temos aqui uma teoria em que agentes racionais, procurando maximizar o seu lucro individual, criam uma bolha especulativa - ou seja, uma situação em que os pressupostos neo-clássicos são compatíveis com as bolhas.

Ver também estes meus posts de há uns tempos atrás: A economia neo-clássica e a esquerda e Re: A classe e o indivíduo representativo

1 comment:

CS said...

Miguel,

Lerei com todo o gosto e atenção os teus posts. Sobre este, permite-me só dizer que não citaste (ou escrevi noutro e estou enganado) o problema das bolhas e das expectativas racionais que relacionei empiricamente: se os agentes não cometem erros sistemáticos de previsão, os investidores chineses e os demais participantes na bolsa de Nova York não teriam acreditado que o crédito hipotecário titularizado era uma ideia tão boa assim, porque na essência tanto o seu comportamentos como o da banca de investimentos americana assenta na ideia de que os preços das casas não desciam. E durante 2 ou 3 anos acreditaram nisto enquanto os preços iam subindo. O que o Becker diz é que manifestamente este foi um erro sistemátido de previsão que a teoria neoclássica não antecipou.
Abraço,
Carlos