Monday, February 27, 2012

Keynesianismo, salários reais e nominais

Luis Pedro, no rabbit´s blog:

"Ainda por cima, é uma opinião perfeitamente coerente com o resto do Paul Krugman. Ele é um Keyenesiano, logo provavelmente acha que os salários são sticky (isto é, não baixam facilmente) e é preciso inflacção para os descer em termos reais. Não tem parado de o repetir."
Pelo que tenho lido do Krugman, não me parece que o essencial da ideia dele seja (ou deixe de ser) descer os salários reais; dá-me a ideia que o ponto central dele é mesmo os salários nominais (ou, mais exactamente, o diferencial dos salários nominais entre a Alemanha e os PIGS); inclusivamente, ele parece-me ter a tese que a solução é, ou baixar os salários nominais em Portugal, ou subir os salários nominais na Alemanha (raciocínio que não me pareceria fazer grande sentido se o busílis da questão fosse os salários reais). Por outras palavras, pelo que tenho lido do Krugman, acho que ele acha que (pelo menos no que diz respeito à "competitividade"; não no que diz respeito à dívida) para Portugal seria melhor, digamos, uma descida de 10% dos preços e de 5% dos salários do que uma subida de 10% dos preços e de 5% dos salários.

2 comments:

luispedro said...

Eu começo a ficar muito farto de interpretar o Krugman. Não me interessa assim tanto se ele queria dizer isto ou aquilo.

O problema é que saber se ele acha que é preciso "baixar os salários em Portugal" depende do que se quer dizer por "baixar" e por "salários"! Ele nunca disse que devia haver um corte nominal, antes pelo contrário; mas muitas vezes deixou claro que é inevitável um corte real. Andamos todos à roda a confundirmo-nos uns aos outros a palavra "salário" sem especificar se estamos a falar de valores nominais ou de poder de compra real.

Há várias afirmações dele em como é quase impossível baixar os salários nominais. Eu aceito isto perfeitamente. Acho que ele nunca disse que a solução era baixar os salários nominais (embora um pouco disso tenha acontecido na função pública com o 13o mês e no privado com a ½hora extra).

Agora, se os salários subissem na Alemanha, com mais inflação na zona euro, seria possível o reequilibrio. Ele várias vezes defendeu mais inflação na zona euro (também acho que o principal problema é esse).

Agora, pensar que os preços das coisas em Portugal iam todos ficar na mesma ou mesmo descer, não me parece sério. Pelo menos os produtos importados iriam subir de preço e haveria uma perda de poder de compra do salário português.

(Outra confusão é o salário "por hora" ou "por mês" e o custo laboral. O segundo é alto em Portugal e tem de descer, o primeiro, seria bom que subisse, mas os salários só podem subir se os custos laborais portugueses descerem; isto é, melhorar a produtividade).

Miguel Madeira said...

Diga-se que quando comecei a escrever este post, a intenção era ser uma coisa muito mais teórica e aprofundada (repara-se no título), entrando nas microfundações da macro-ecnomia keynesiana (que penso puder ser abordade de duas formas micro-económicas diferentes); depois deixei-me disso (até porque o post original do luis pedro não ia muito por aí), mas o post final é capaz de ter ficado um bocado "manco" por cuasa disso.