Robotics or fascination with anthropomorphism, por Branko Milanovic:
Recent discussions about the “advent of robots” have some rather unusual features. The threat of robots replacing humans is seen as something truly novel possibly changing our civilization and way of life. But in reality this is nothing new. Introduction of machinery to replace repetitive (or even more creative) labor has been applied on a significant scale since the beginning of the Industrial Revolution. Robots are not different from any other machine.Dessas "falácias", a que me parece menos falaciosa ainda é capaz de ser a última (as duas primeiras parecem-me logicamente erradas, enquanto a terceira pode ser empiricamente falsa, mas em teoria poderia ser perfeitamente verdadeira).
The obsession with, or fear of, robots has to do, I believe, with our fascination with their anthropomorphism. Some people speak of great profits reaped by “owners of robots”, as if these owners of robots were slaveholders. (...) It could happen that the distribution of net product will shift even more toward capital, but again this is not different from the introduction of new machines that substitute labor—a thing which has been with us for at least two centuries.
Robotics leads us to face squarely three fallacies.
The first is the fallacy of the lump of labor doctrine that holds that the new machines will displace huge numbers of workers and people will remain jobless forever. Yes, the shorter our time-horizon, the more that proposition seems reasonable. Because in the short term the number of jobs is limited and if more jobs are done by machines fewer jobs will be left for people. But as soon as we extend our gaze toward longer-time horizons, the number of job becomes variable. We cannot pinpoint what they would be (because we do not know what new technologies will bring) but this is where the experience of two centuries of technological progress becomes useful. We know that similar fears have always existed and were never justified. (...)
The second “lump” fallacy which is linked with the first, namely our inability to pinpoint what new technology will bring, is that human needs are limited. The two are related in the following way: we imagine (again, looking only at any given moment in time) that human needs are limited to what we know exists today, what people aspire to today, and cannot see what new needs will arise with a new technology. Consequently we cannot imagine what will be the new jobs to satisfy the newly created needs. (...)
The third “lump” fallacy (which is not directly related to the issue of robotics) is the lump of raw materials and energy fallacy, the so called “carriage capacity of the Earth”. There are of course geological limits to raw materials simply because the Earth is a limited system. But our experience teaches us that these limits are much wider than we generally think at any point in time because our knowledge of what earth contains is itself limited by our level of technology.
1 comment:
«Recent discussions about the “advent of robots” have some rather unusual features. The threat of robots replacing humans is seen as something truly novel possibly changing our civilization and way of life. But in reality this is nothing new. Introduction of machinery to replace repetitive (or even more creative) labor has been applied on a significant scale since the beginning of the Industrial Revolution. Robots are not different from any other machine.»
Sinceramente, parece-me que esta passa completamente ao lado da questão.
O problema não são "os robots" fazerem algo repetitivo - isso realmente já aconteceu durante a revolução industrial e não preocupa grandemente, mesmo que algumas das soluções que funcionaram no passado possam ser mais complicadas de implementar actualmente (por exemplo, a limitação de horários encontra a limitação de muitos mais empregos do que antes funcionarem por objectivos não sendo fácil controlar os horários "efectivos" sem invadir a privacidade das pessoas, e por outro lado a taxação do capital torna-se mais difícil num mundo cada vez mais globalizado).
O problema realmente difícil é a AI estar cada vez mais desenvolvida e ser possível conceber uma situação em que os seres humanos não façam nada melhor que um "autómato". Nem trabalho criativo, nem trabalho cognitivo, nem trabalho social, nem trabalho nenhum. Aí não temos a situação que existia antes de concentrar o trabalho humano naquilo que os humanos fazem melhor que as máquinas, que agora acaba por ser mais valorizado já que o restante se torna relativamente abundante. Esse é um desafio para a qual a humanidade não está preparada e se alguém não o teme, não está a ver o filme.
Mas mesmo que esta presumível nova "vaga de automação" não trouxesse nada de novo, e correspondesse a uma nova "revolução industrial" com outro grau de intensidade à qual as mesmas soluções se podem aplicar, mesmo assim o receio relativo à automação seria justificável. É que no longo prazo a revolução industrial não criou desemprego, mas o mesmo não se pode dizer em relação ao curto-médio prazo. Mesmo economicamente isto pode ser visto num modelo de crescimento onde existe alguma rigidez de preços e salários, que uma subida muito rápida da produtividade dos factores de produção (A) gera desemprego. Só no longo prazo é que a coisa vai ao sítio. Ora como está eloquentemente documentado, pelo menos no primeiro volume do Capital (e para mim isto é das partes mais interessantes desse livro), a revolução industrial foi extraordinariamente violenta: jornadas muito superiores a 12h sem férias nem fins de semana (a imposição religiosa do Domingo como dia de descanso não se verificava nas cidades por vontade dos industriais), e um exército de desempregados tremendo, partilhando trabalhadores e desempregados uma saúde extremamente débil, uma altíssima mortalidade, e uma completa ausência de oportunidades.
Obviamente não estou contra a robotização e o avanço da tecnologia, mas acho disparatada a conversa que nega os desafios tremendos e os ricos que esse processo pode constituir.
Estando tu a favor do RBI, ao menos defendes uma das soluções mais promissoras para este problema :)
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