Monday, November 12, 2018

A nova crise argentina

In Land of Risk-Free 70% Returns, Banks No Longer Lend Out Money (Bloomberg):

Argentina’s central bank has become a kind of borrower of last resort. It’s the only place where banks can safely and profitably park their money, as credit drains out of a slumping economy.

President Mauricio Macri’s latest rescue plan, supported by a record $56 billion International Monetary Fund bailout, has involved jacking the world’s highest interest rates even higher –- they’re now close to 70 percent. The goal is to pull cash out of circulation, curbing inflation and propping up a currency that lost half its value this year. (...)

Meanwhile businesses like CC Agro y Tec, which imports consumer electronics, are getting squeezed out of the credit system, according to Diego Valguarnera, its financial director.

“The banks are faced with the choice of putting funds to work on an investment with virtually no risk, or lending it to companies at a time when consumption is falling,” he says. “They choose the first.” (...)

“It’s a suffocating combo,’’ says Pedro Cascales, a spokesman for the Chamber of Small and Medium Enterprises, which represents more than 500,000 businesses. “Companies can’t pay their providers because sales dropped, or clients are delaying their payments.”
Recordo que escrevi há cerca de dois anos sobre as crises venezuelana (a atual) e argentina (a do ano 2000):
Há tempos, o João Vasco sugeriu-me que escrevesse mais qualquer coisa sobre a crise na Venezuela.

Bem, cá vai: na minha opinião o que está a acontecer na Venezuela é o que acontece quando combinamos um governo de esquerda com câmbios fixos sobre-valorizados (um governo de direita com câmbios sobrevalorizados dá a Argentina na viragem do século).



[...8 parágrafos a descrever uma crise estilo Venezuela...]


No caso de um governo de direita a segurar um câmbio fixo sobrevalorizado, o resultado costuma ser os bancos centrais a subirem as taxas de juro para atraírem capitais estrangeiros, e assim lançando a economia numa recessão quase permanente.

De novo, não é raro que no fim o governo acabe por desvalorizar a moeda, mas também aí é já tarde e a curto prazo o único efeito da desvalorização e juntar ao desemprego uma subida de preços (creio que a crise argentina foi mais ou menos assim).

Ou seja, o resultado de câmbios sobrevalorizados + políticas de esquerda é uma crise do lado da oferta, com escassez de produtos; já para câmbios sobrevalorizados + políticas de direita o resultado é uma crise do lado da procura, com desemprego e falências em cadeia.

No comments: