Pelo menos nos EUA, mas suspeito que não só: We Aren’t Seeing White Support for Trump for What It Is, por Thomas B. Edsall (New York Times):
This movement of white voters has been evolving over the past 60 years. A paper published earlier this month, “Secular Partisan Realignment in the United States: The Socioeconomic Reconfiguration of White Partisan Support since the New Deal Era,” provides fresh insight into that transformation. (...)Um dos problemas dos tais estudos eleitorais e sondagens que frequentemente dizem que a "classe operária" (ou "working class", o que não é necessariamente a mesma coisa) está-se a voltar para a direita e extrema-direita é que frequentemente usam as habilitações académicas como proxy para a classe social; mas ao chamarmos "classe operária" a toda a gente sem frequência universitária, estamos a incluir não apenas a "classe operária" tradicional (conceito já de si muito ambíguo [pdf]) mas também muita gente que desde o século XX (ou mesmo até antes) tem sido quase sempre um bastião da direita - agricultores, pequenos comerciantes e empresários, taxistas, gerentes de lojas, vendedores à comissão, etc. (em Portugal, essas classes têm sido a coluna vertebral do PSD); é verdade que a outra maneira de definir "classe operária" (pelo rendimento) tem o problema oposto - apanha muitos professores, assistentes sociais, quadros intermédios, etc. em principio de carreira, e que por isso têm rendimentos baixos (já agora, será essa a coluna vertebral do BE?). Ainda por cima, ambas as variáveis têm um problema muito similar - acabam frequentemente por ser proxys, não para a classe social, mas para a idade: definindo "classe operária" como "pessoas sem formação universitária", acabamos por incluir muita gente simplesmente por ser relativamente idosa (e provavelmente fazendo a "classe operária" parecer mais de direita do que efetivamente é); e definindo "classe operária" como "pessoas que ganham menos que Z", acabamos por incluir muita gente simplesmente por ser relativamente jovem (e provavelmente fazendo a "classe operária" parecer mais de esquerda do que efetivamente é).
Perhaps most significant, [the authors] Kitschelt and Rehm found that the common assumption that the contemporary Republican Party has become crucially dependent on the white working class — defined as whites without college degrees — is overly simplistic.
Instead, Kitschelt and Rehm find that the surge of whites into the Republican Party has been led by whites with relatively high incomes — in the top two quintiles of the income distribution — but without college degrees, a constituency that is now decisively committed to the Republican Party. (...)
Kitschelt and Rehm write:
Individuals in the low-education/high-income group tend to endorse authoritarian noneconomic policies and tend to oppose progressive economic policies. Small business owners and shopkeepers — particularly in construction, crafts, retail, and personal services — as well as some of their salaried associates populate this group.In an email, Kitschelt elaborated:
Unlike much of the current debate, the ‘white working class’ — concentrated in the low-education/low-income sector of the white population — is not the category that has most ardently realigned toward Republicans. It’s higher income/low education whites
Ainda sobre isto (mas escrito há 7 anos), The white working class, por John Quiggin, no Crooked Timber:
US political discussion uses two very different (though correlated) concepts of “working class”. The first is the more or less standard one – people who depend on wage labor (normally in manual or low-status service occupations) for their income. The second, specific to the US, and standard in most political polling, is “people without a 4-year college degree”, a class which includes such horny-handed sons and daughters of toil as Bill Gates and Paris Hilton. More prosaically, it includes lots of small business owners, and (since college graduation rates were rising until relative recently), over-represents the old.E (também de há 7 anos - basicamente estes artigos foram escritos aquando da campanha pela reeleição de Obama, em 2012), The Working White Working Class Really Is Leaving the Democrats, de Jonathan Haidt, que usa a definição "classe operária = pessoa com menos que 4 anos de formação universitária" (e que tem a vantagem, para quem se queira entreter com esta polémica, de referir montes de artigos sobre o tema, de um lado e do outro - incluindo, aliás, um artigo de Thomas Edsall, o autor do artigo que inspira este post, com, pelos vistos, uma posição oposta à que tem agora..).
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