MM: "Outro problema que vejo na teoria "austríaca" é que não é muito claro o que eles entendem por moeda."
Bem, o facto é que no presente sistema monetário é difícil saber o que é moeda dado que esta passou a ser um conceito difuso. Esta dificuldade foi assumida pelo próprio Alan Greenspan e dá origem a muita discussão entre economistas.
Numa economia livre, as pessoas escolheriam o ouro e prata como meio de troca. A razão deve-se ao facto de serem os elementos com maior estabilidade da sua quantidade disponível. Ou seja, no caso do ouro, a sua quantidade disponível acima da terra não decresce (por consumo) assim como o seu crescimento é modesto (2% a 3% ao ano). Na prata, estes valores são mais elevados, razão para ter sido usada para valores faciais mais baixos. Qualquer outro elemento apresenta rácios piores, o que os invalida como meio de troca potencial.
Moeda será todo o meio de troca imediatamente disponível ou de maturidade zero. Assim, embora em tese um dado título de dívida público ou privado (certificado de aforro, ou bilhete do tersouro, etc) possa ter grande liquidez e ser usado como meio de troca, a questão é que este título não é moeda mas sim uma promessa de ser trocado por moeda no final da sua maturidade (o que tem implícita uma taxa de juro e um prémio de risco).
Em padrão-ouro (100% de reservas), ter moedas em casa ou depositadas no banco como depósito à ordem é indiferente. E assim, para um Banco poder dar crédito terá de convencer que um depositante passe o seu DO para DP (a prazo, com uma dada maturidade e a qual poderá renovada ou não). O processo de crédito concedido pelo banco é uma transferência de propriedade de moeda do DO original para o novo credor do banco. Ou de notas, já que as notas representariam meros recibos de ouro realmente depositado à guarda (de resto, o significado orginal do DO), estando o banco contratualmente obrigado a deter o ouro em guarda via DO ou notas emitidas e em ciculação (essas notas seriam emitidas por um dado e bem identificado banco emissor, e poderiam existir muitos bancos ou até outras entidades especializadas).
Podemos até imaginar que a quantidade total de moeda seja absolutamente estática (uma blasfémia para os economistas de hoje). Todo o crescimento económico faria com que os preços descessem.
Assim, a quantidade de moeda poderia ser definida pelo peso total de ouro (e prata ou qualquer outro elemento). Qualquer aplicação com maturidade superior a zero já não constitui moeda. Para mim, isso incluiria mesmo DP com cláusulas de maturidade a pedido de depositante (ou seja, pedido de passagem para DO a pedido).
A seguir vamos ver que é mais complexo analisar o actual sistema monetário.
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