É o que se discute aqui, aqui, aqui, aqui, etc.
Ora, eu não sei o que se ensina actualmente nas faculdades de Economia; nem sei o que se ensinava nas outras faculdades que não o ISEG. Assim, muito do que vou escrever neste post refere-se, única e exclusivamente, ao que se ensinava no ISEG entre 1991 e 1995.
Basicamente, não acho que seja preciso mudar nada de fundamental.
Algumas observações (e equívocos que convêm desfazer):
Associar o ensino de economia ao "neo-liberalismo" é um erro. É verdade que provavelmente a maior parte dos liberais são economistas, mas penso que a maior parte dos economistas não são liberais (suspeito que até por razões psicológicas - é muito mais intelectualmente estimulante procurar "falhas de mercado" e escrever papers sobre elas do que dizer "o mercado vai fazer com que tudo corra bem"). E a nível académico, o liberalismo económico nunca teve muita credibilidade (por alguma razão, em paises como o EUA a direita investiu na criação de think-tanks: para contrabalançar a peso das ideias "social-democratas" nas universidades).
Fala-se muito do ensino-da-economia-e-da-gestão. Bem, "economia" pouco tem a ver com "gestão"; no meu tempo, o primeiro ano era comum, mas a partir daí eram duas coisas completamente diferentes. Portanto, onde está o problema: no ensino da economia, ou no ensino da gestão (só por coincidência haverá o mesmo problema nas duas ao mesmo tempo)?
Finalmente, a respeito do "Homo economicus" (pressuposto criticado p.e.x, aqui), não vejo em que é que foi desmentido pela actual crise*. Na verdade, parece que se houve um problema (pelo menos no que diz respeito às fraudes) foi os reguladores terem acreditado pouco no Homo economicus, e assumirem que os empresários e gestores (por serem pessoas distintas) não cometeriam falcatruas se tivessem oportunidade.
* note-se que eu não estou a dizer que o Homo economicus representa realmente o comportamento humano; apenas que não vem grande mal ao mundo nessa simplificação que muitas vezes os economistas fazem.
Ora, eu não sei o que se ensina actualmente nas faculdades de Economia; nem sei o que se ensinava nas outras faculdades que não o ISEG. Assim, muito do que vou escrever neste post refere-se, única e exclusivamente, ao que se ensinava no ISEG entre 1991 e 1995.
Basicamente, não acho que seja preciso mudar nada de fundamental.
Algumas observações (e equívocos que convêm desfazer):
Associar o ensino de economia ao "neo-liberalismo" é um erro. É verdade que provavelmente a maior parte dos liberais são economistas, mas penso que a maior parte dos economistas não são liberais (suspeito que até por razões psicológicas - é muito mais intelectualmente estimulante procurar "falhas de mercado" e escrever papers sobre elas do que dizer "o mercado vai fazer com que tudo corra bem"). E a nível académico, o liberalismo económico nunca teve muita credibilidade (por alguma razão, em paises como o EUA a direita investiu na criação de think-tanks: para contrabalançar a peso das ideias "social-democratas" nas universidades).
Fala-se muito do ensino-da-economia-e-da-gestão. Bem, "economia" pouco tem a ver com "gestão"; no meu tempo, o primeiro ano era comum, mas a partir daí eram duas coisas completamente diferentes. Portanto, onde está o problema: no ensino da economia, ou no ensino da gestão (só por coincidência haverá o mesmo problema nas duas ao mesmo tempo)?
Finalmente, a respeito do "Homo economicus" (pressuposto criticado p.e.x, aqui), não vejo em que é que foi desmentido pela actual crise*. Na verdade, parece que se houve um problema (pelo menos no que diz respeito às fraudes) foi os reguladores terem acreditado pouco no Homo economicus, e assumirem que os empresários e gestores (por serem pessoas distintas) não cometeriam falcatruas se tivessem oportunidade.
* note-se que eu não estou a dizer que o Homo economicus representa realmente o comportamento humano; apenas que não vem grande mal ao mundo nessa simplificação que muitas vezes os economistas fazem.
2 comments:
Caro Miguel,
Suponho que a polémica se desatou com a carta dos CINCO divulgada no Público, que considerava a "má teoria" como a grande responsável pela crise actual.
Acerca do manifesto dos CINCO escrevi a 14/12 no meu caderno de apontamentos umas notas que quem tiver pachorra pode ler em
http://aliastu.blogspot.com/2008/12/neo-ps.html
Resumidamente, penso que:
Há uma corrente, de que os "Ladrões de Bicicletas" são um elo representativo na blogosfera, que vê na erupção da crise uma oportunidade para pôr em causa a análise económica sustentada em modelos matemáticos que, segundo eles, é a base das teorias neoclássicas e, portanto, o terreno infectado onde cresce o escalracho que nos estraga a seara.
Sintomático do sentido desta corrente é a citação, a título de exemplo do fracasso que invocam, do "Black Scholes Pricing Formula" por Nuno Teles.
O que contrapropõem? O regresso à discussão dialética das doutrinas e o envio dos modelos analíticos às urtigas. Se as contas não batem certo acabe-se com elas!
É difícil encontrar posição mais anti-científica.
Ora acerca da crise poderemos, suponho eu, destacar três aspectos onde a macroeconomia pode ser chamada a dar alguma resposta:
1 - Como foi provocada?
2 - Como pode ser ultrapassada?
3 - Que fazer para evitar recaídas futuras?
Respostas que, obviamente, não cabem numa caixa de comentários por mais sapiência que tivéssemos para lá por de forma concisa, e não há.
Sucintamente, direi que a causa esteve na intrínseca instabilidade dos mercados fianceiros, potenciada por uns quantos senhores que encheram os bolsos abusando da confiança de muitos. Deveriam ser castigados e obrigados a repor o que surripiaram. Os neo-liberais não têm razão quando continuam a defender que só causas externas podem perturbar o equilíbrio natural dos mercados. Não é verdade.
Poderão alguma vez serem descobertos instrumentos sufientemente ágeis para corrigir os efeitos endógenos desestabilizadores do sistema.
Acredito que sim. Mas, por isso mesmo, há que continuar a fazer contas e não adoptar na análise económica tricas político-partidárias.
A ultrapassagem da crise passa, necessariamente, por uma maior intervenção dos governos. Variável consoante as circunstâncias. Em Portugal será certamente um quebra-cabeças.
As recaídas serão obviadas se a investigação conduzir a melhores meios de intervenção dos bancos centrais e, muito certamente, se existirem leis, e processos expeditos para as fazerem cumprir, que a tempo e horas penalizem a sério os culpados.
E, naturalmente, uma reconversão total do sistema com especial atenção aos off-shores, verdadeiros anticiclones onde se geram os tufões de que se aproveitam os terroristas, os foragidos ao fisco, os branqueadores de dinheiro da droga, do tráfico de pessoas, de armas, etc.
O resto é discussão partidária.
Salvo melhor opinião.
relembro a carta dos 5:
http://www.scribd.com/doc/8629109/A-ciencia-economica-vai-nua-Joao-Ferreira-do-Amaral-Manuel-Branco-Sandro-Mendonca-Carlos-Pimenta-e-Jose-Reis
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