Lendo o post d'O Insurgente de André Abrantes Amaral sobre o romance The Fountainhead de Ayn Rand, uma coisa que me ocorre é que o texto não precisava de grandes alterações para soar como aqueles manifestos romanticos "anti-bugueses" dizendo "o que é importante é expressar a nossa criatividade, não o dinheiro ou o reconhecimento social" (a única coisa que falta é a parte de "o dinheiro ou", mas é dificil ganhar dinheiro se os nossos bens ou serviços não forem apreciados pelos outros).*
Não que uma sociedade sem empresas ou organizações me incomadasse muito, mas suponho que incomodasse a Rand, com o seu entusiasmo pelos big bussiness; em termos de individualistas radicais, um Lysander Spooner ou um Ted "Unabomber" Kaczinsky (anti-grandes empresas) são muito mais logicamente coerentes (bem, em defesa de Rand, tenho a ideia que ela defendia esse espírito não para toda a gente, mas apenas para uma elite; e uma sociedade em que apenas uma elite tem o tal individualismo que não liga ao reconhecimento social já será compativel com grandes empresas - serão os outros que irão trabalhar nelas como subalternos).
Dois textos (vagamente) sobre o assunto:
- The Troubled Economics of Ayn Rand, por Mark Skousen
- Ayn Rand's Troubled Economics?, por "The Bourgeoisie" (contra o anterior e em defesa de Rand)
Adenda: convém notar que este post pretende ser um comentário ao post do A.A.Amaral, não à obra de Rand, que nunca li (embora já tenha visto no canal Hollywood um documentário sobre a carreira do Gary Cooper).
4 comments:
o ted kaczinsky é um individualista anti individuos. não vejo grande coerência lógica nisso
«dizendo "o que é importante é expressar a nossa criatividade, não o dinheiro ou o reconhecimento social" (a única coisa que falta é a parte de "o dinheiro ou", mas é dificil ganhar dinheiro se os nossos bens ou serviços não forem apreciados pelos outros)»
Creio que não leste o livro :s
Lendo-o parece-me que nem a parte do dinheiro falta. O livro passa muito a ideia de que só uma pessoa fraca e desprezível «vende a sua alma» por dinheiro.
O herói não quer saber e dinheiro para nada, e esse desprendimento é muitas vezes salientado.
Ou seja, a tua ideia «o texto não precisava de grandes alterações para soar como aqueles manifestos romanticos "anti-bugueses" dizendo "o que é importante é expressar a nossa criatividade, não o dinheiro ou o reconhecimento social" » nem precisa de qualquer ressalva.
Para falar a verdade, não me lembro se com "o texto" me referia ao da Rand ou ao post do A.A.Amaral
Ah, ok.
E é curioso que faça diferença, ehehehe
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