Thursday, November 14, 2013

O ensino público e o privado

O Rui Fonseca interroga-se porque razão o ensino superior (onde o ensino público tem melhor fama que o privado) parece funcionar ao contrário do básico e secundário (onde é o privado que tem melhor fama).

Uma primeira explicação poderá residir no facto do ensino superior público selecionar os seus alunos (o que o torna qualitativamente diferente do básico e secundário, abertos a todos).

No entanto, há outro factor que talvez possa contar - seria útil, quando se fala de "ensino privado", distinguir entre duas coisas diferentes: escolas privadas que, direta ou indiretamente, pertencem a pessoas, e que em principio têm por fim o lucro; e escolas privadas que pertencem a instituições, e que provavelmente visam outros fins que não o lucro (o exemplo mais típico será o das escolas ligadas à Igreja, mas talvez haja mais casos).

Tal como o Rui nota, a Católica é uma exeção à regra da má imagem das universidades privadas, e tal não parece ser uma raridade portuguesa: p.ex., pelo que costumo ler em sites norte-americanos a "hierarquia do prestigio" das universidades norte-americanas parece-me ser, essencialmente, em primeiro lugar as universidades privadas "sem dono" (Harvard, Yale, etc., que estão organizadas sob a forma de fundações perpétuas, sendo a sua direção escolhida por um misto de representantes dos professores, dos antigos alunos e/ou de "figuras de prestígio" cooptadas - um exemplo); em segundo lugar, as universidades públicas (com as "state universities" talvez melhor vistas que os "community colleges"); e, em último, sendo frequentemente apontadas como "fábricas de diplomas", as chamadas "for-profits", as universidades privadas "como dono".

Seria interessante se alguém pegasse nos tais rankings e fizesse um estudo tripartido, distinguindo a classificação do ensino privado "com" e "sem dono".

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