A respeito disto, ocorre-me que mesmo alguns exemplos ficcionais de "classe operária" conservadora já estão na transição entre "classe operária" e outra coisa qualquer - o mais célebre de todos, o Archie Bunker de "Uma Família às Direitas" durante a maior parte da série era encarregado na fábrica onde trabalhava e nas horas vagas conduzia um taxi (não é muito claro o regime laboral em que ele conduzia o táxi, que creio era de um amigo - , mas suspeito que fosse algo do tipo "ficas com o que fizeres [ou uma fração]"), ou seja, alguém que já estaria na transição entre proletariado e a pequena-burguesa (assalariado mas com funções de chefia, e com um segundo trabalho quase por conta própria)*.
Já a Roseanne Conner de "Roseanne" (em que aí foi mais a atriz que fez ela uma viragem da esquerda radical para a direita; confesso que não sei se isso se refletia na série em si - de que só vi a primeira época, e já há quase 30 anos - mas pelo menos refletia-se na imagem pública da série) era uma proletária típica, mas o marido era um micro-empresário.
* É verdade que por este critério arrisco-me a excluir da "classe operária" toda a gente que faça biscates ao fim de semana, ou mesmo que vá à pesca
Friday, October 18, 2019
Ainda a "classe operária"
Publicada por Miguel Madeira em 12:41
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7 comments:
Olá Miguel,
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O link que colocaste pode não estar acessível aos leitores.
Pois, eu em vez do link para visualizar, pus o para pré-visualizar; obrigado (já está corrigido).
Nestes textos há alguma diferença entre classe operária e classe trabalhadora?
Ver ali em baixo: «Um dos problemas dos tais estudos eleitorais e sondagens que frequentemente dizem que a "classe operária" (ou "working class", o que não é necessariamente a mesma coisa)»; basicamente, muita da discussão ocorre em textos anglófonos, que usam a expressão "working class", que será difícil de traduzir - no entanto, como eles claramente não consideram professores universitários, economistas, engenheiros e afins como "working class" (apesar de trabalharem, e maioritariamente como assalariados), penso que será um conceito mais próximo da nossa "classe operária".
Agora o link das primeiras palavras leva-me à página deste mesmo post (como o link do título).
É suposto?
Não - era suposto levar ao post anterior.
Pois mas a questão é mesmo essa, numa economia de serviços com forte estado social onde se tornou banal tirar um curso universitário, não há grande diferença entre ser um assalariado intelectual e um membro da clássica classe operária, sob quase todos os pontos de vista.
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