Neste texto, Pacheco Pereira faz um paralelo entre as ideologias revolucionárias do final do século XIX (nomeadamente o anarquismo e o sindicalismo revolucionário) e o que chama "utopias tecnológicas":
Gente culta e inteligente, génios da tecnologia, que não sabem muita história, não escapam à ideia de que as novas tecnologias permitirão uma engenharia social poderosa, que nos tornará mais solidários (em Rede), mais poderosos na igualdade (as ideias niveladoras fazem o seu caminho com a noção de "empowerment"), num mundo que não precisa de mediações, não necessita de delegar poderes, mais felizes porque interagimos numa terra sem propriedade (os átomos dissolvem-se nos bits e estes não tem dono).
Do Linux, e de todo o software grátis e "livre", a mágica palavra (lembram-se de "o homem livre sobre a terra livre"?), à saga teórica e prática contra os direitos de propriedade, que institucionalizou o velho "roubo" de que falavam Proudhon e Preobajensky; da "town hall democracy" à ideia de construir um mítico agora em que todos podem votar sobre todas as questões em tempo quase real, não sendo necessário nem um parlamento, nem um governo, podendo ser este apenas um grupo de tecnocratas executores das decisões da "comuna";
Parece-me que Pacheco Pereira faz este paralelismo com a intenção de desvalorizar as tais "utopias tecnológicas", género "mais não fazem que voltar a ideias com mais de cem anos", mas também podemos fazer o caminho ao contrário: ver esse suposto paralelismo como algo que valoriza os tais revolucionários de 1900, que, um século mais tarde, vêm as suas ideias serem retomadas por pessoas que quase de certeza nunca os leram.
Gente culta e inteligente, génios da tecnologia, que não sabem muita história, não escapam à ideia de que as novas tecnologias permitirão uma engenharia social poderosa, que nos tornará mais solidários (em Rede), mais poderosos na igualdade (as ideias niveladoras fazem o seu caminho com a noção de "empowerment"), num mundo que não precisa de mediações, não necessita de delegar poderes, mais felizes porque interagimos numa terra sem propriedade (os átomos dissolvem-se nos bits e estes não tem dono).
Do Linux, e de todo o software grátis e "livre", a mágica palavra (lembram-se de "o homem livre sobre a terra livre"?), à saga teórica e prática contra os direitos de propriedade, que institucionalizou o velho "roubo" de que falavam Proudhon e Preobajensky; da "town hall democracy" à ideia de construir um mítico agora em que todos podem votar sobre todas as questões em tempo quase real, não sendo necessário nem um parlamento, nem um governo, podendo ser este apenas um grupo de tecnocratas executores das decisões da "comuna";
Exemplos abundam na bibliografia Electronic Democracy, que retrata muitas das utopias da Internet no seu início; vários textos de Eben Moglen um dos mais activos e proeminentes defensores do "free software", Anarchism Triumphant: Free Software and the Death of Copyright; Freeing the Mind : Free Software and the Death of Proprietary Culture, etc., etc.da Wikipédia, enciclopédia colectiva dos homens comuns que não precisam de "senhores", em que mais importante do que o rigor dos artigos é o facto de serem feitos por todos, onde são as massas que "fazem" a ciência (como se diz num comentário num blogue: "A wikipédia não é mesmo uma enciclopédia de autor. Prefiro assim. Prefiro que seja validada a opinião da generalidade, daqueles que verdadeiramente fazem algo pela disseminação de cultura. O conhecimento absoluto e pessoal está condenado com este novo critério editorial") ao "jornalismo dos cidadãos", em milhares de pequenos passos, a Revolução passou para a Rede e aí dissolve os poderes tradicionais.
Parece-me que Pacheco Pereira faz este paralelismo com a intenção de desvalorizar as tais "utopias tecnológicas", género "mais não fazem que voltar a ideias com mais de cem anos", mas também podemos fazer o caminho ao contrário: ver esse suposto paralelismo como algo que valoriza os tais revolucionários de 1900, que, um século mais tarde, vêm as suas ideias serem retomadas por pessoas que quase de certeza nunca os leram.
2 comments:
...nunca os leram e no entanto gostam e devotam parte dos seus tempos a partilhar até mais não...
a facilidde de comunicar, acima de tudo o desejo inerente de comunicar e de partilhar, através destes meios, coloca-se ao lado da forma como a sociedade se organizava e organiza para criar um espaço não hierarquico.
por exemplo, no wiki pode escrever um canalizador ou um varredor, assim como um fisico ou um matematico teorico.
e porque pesssoas que nunca os leram retomam essas ideias ou ideias semelhantes?
nesta questão vou ao encontro de chomsky e outros autores optimistas (denominados de utopicos) em relação aos seres humanos.
Eppur si muove
Ou podemos julgar que as semelhanças são supercifiais e que achar que propriedade intelectual é semelhante à propriedade real é falacioso.
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