Há uns 3 anos, eu perguntava se "haver[ia] alguma ligação entre personalidade e ideias politicas?".
Pelos vistos, surgiu agora um "paper" indicando que sim (houve alguma discussão sobre isso no Econlog, numa perspectiva "libertarian" de direita).
Os autores procuraram determinar o efeitos dos chamados "5 factores da personalidade" sobre o "liberalismo" vs. conservadorismo, tanto em questões económicas como "sociais" (isto é, aquilo que em Portugal se chamaria "causas fracturantes").
Parece que concluíram o seguinte:
Confesso que o que me surpreende mais é a associação da "extroversão" com "direitismo económico" e (muito ligeiro) "esquerdismo social": se atendermos a que, quase por definição, os extrovertidos são gregários e sociáveis e os introvertidos querem que os deixem em paz, seria de esperar o oposto: que fossem os introvertidos a ser de direita na economia e de esquerda nos "costumes" (só não me surpreende tanto devido à minha associação pessoal entre introversão e "esquerdismo económico").
Uma possível explicação que me ocorre é de que os introvertidos tenham gostos baratos (já que são mais virados para o seu mundo interior do que para o "mundo das coisas"); tal pode levar a que a sua utilidade marginal do rendimento seja bastante decrescente, logo a uma preferência pela distribuição mais igualitária da riqueza; ou então a que valorizem pouco o efeito dos incentivos económicos (logo, a acharem que as politicas de redistribuição não têm efeitos distorcedores relevantes).
Tentando auto-avaliar-me por esse modelo, eu diria que sou mais ou menos assim:
Extroversão - baixa
"Agreableness" - baixa
"Conscientiousness" - baixa
Estabilidade emocional - baixa
"Openess" - média
Assim, seria de esperar que fosse de esquerda nos "costumes" (devido à baixa "conscientiousness") e provavelmente também na economia (já que as baixas "extroversão", "estabilidade emocional" e "conscientiousness" seriam mais fortes que a baixa "agreableness"); neste caso, o modelo funciona.
[Uma nota acerca da questão dos "genes for liberty" - se aceitarmos que a nossa personalidade influencia a nossa ideologia, e se admitirmos que há alguma influência genética - tanto directa como indirecta - na nossa personalidade, então realmente poderá assumir-se que haverá alguma influência genética nas posições politicas; por outra lado, o bisneto do liberal Lord Acton é um dos principais ideólogos da extrema-esquerda britânica...]
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