A nova coligação em Londres pelos padrões europeus não teria nada de especial - no resto da Europa é mais ou menos assumido que, por "default", os conservadores(/democratas-cristãos/gaullistas) e os liberais coligam-se se puderem, e só procuram outros aliados se haver alguma razão específica para essa coligação não funcionar.
A situação britânica, em que (até anteontem) era mais ou menos assumido que os partidos Trabalhista e Liberal seriam aliados naturais é que era um anacronismo histórica: na maior parte do mundo, a colaboração entre socialistas e liberais contra os conservadores (e/ou forças mais à direita) foi um fenómeno do final do século XIX/principio do século XX (tendo talvez o último extertor nas Frentes Populares dos anos 30), não do principio do século XXI (um exemplo - o Partido Radical francês, de aliado de socialistas e comunistas na Frente Popular a facção organizada dentro da UMP sarkozysta).
Pode ser argumentado que os Liberais Democratas e os Conservadores britânicos não são exactamente o equivalente aos liberais e democratas-cristãos continentais - se em matéria de "costumes" e liberdades civis as posições são semelhantes de ambos os lados do Canal da Mancha, já não é o mesmo na economia: enquanto os liberais continentais continuam "liberais económicos", os liberais britânicos tornaram-se uma espécie de versão moderada da social-democracia; e enquanto (pelo menos até pouco tempo) os democratas-cristãos permanecerem fiéis à "Doutrina Social da Igreja" e à "economia social de mercado" (ou os gaullistas franceses a ataques periódicos de nacionalismo económico), os Tories nas últimas décadas abandonaram a suas tradições proteccionistas e paternalistas por um liberalismo económico radical. Mas essas diferenças não serão mais consequência do que causa dos diferentes alinhamentos partidários?
Thursday, May 13, 2010
A colição Conservadores-LibDems - a normalização do sistema partidário britânico?
Publicada por Miguel Madeira em 03:23
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