Friday, December 08, 2006

Já agora, em Portugal...

...também tem havido alguma discussão (mas muito restrita) sobre a viabilidade do controle pelos trabalhadores das empresas que fecham (afinal, todas as semanas há noticias de uma empresa que fecha de surpresa e que os trabalhadores ficam de vigilância para não deixar sair as máquinas).

Recentemente, a respeito da fábrica da Opel da Azambuja, a Ruptura/FER defendia a "sua nacionalização sob gestão eleita pelos trabalhadores" (e o mesmo para as fábricas em vias de "deslocalização" do calçado e do téxtil).

Em resposta, a Associação Politica Socialista Revolucionária (o antigo PSR) argumenta:

A reivindicação, dos camaradas “críticos”, da nacionalização das empresas que os patrões pretendem encerrar e deslocar impondo o controlo dos trabalhadores sob a gestão dessas empresas… é o caso da OPEL tem tanto de realista - neste momento – como a exigência de greve geral ilimitada na Administração Pública, só desconvocada por plenários de base
. A nacionalização da OPEL caía ao 2º dia quando faltassem todas as peças e todos os materiais de montagem; além disso caía porque não podia produzir nenhum modelo de carro que se pudesse vender onde quer que fosse. Recorde-se que o Bloco já apresentou propostas de ataque às deslocalizações que passam por legislação e luta europeia.

A última e mais emblemática ocupação de empresa pelos trabalhadores foi a da empresa Confecções Afonso. A vitória final destas trabalhadoras foi conseguirem arranjar novo patrão – não foi assumirem elas próprias a direcção da empresa.

[Acerca do caso das Confecções Afonso, ver aqui, aqui, aqui e aqui. Não sei se o "novo patrão" referido na artigo é a senhora que comprou a fábrica por 1 euro ou se é alguém que apareceu depois]

3 comments:

Anonymous said...

como disse anteriormente, o estado não deve, a meu ver, participar de forma alguma.
muito menos sobre a forma de uma nacionalização.

pode e deve, isso sim, se estuver para aí virado, ajudar na formação de contactos, e em casos extremos arranjar microcredito ou até credito sem juros.

a verdade é que a fabrica afonso continua de pé, o que sugere que certas deslocalizações são puramente especulativas. infelizmente esta fabrica não seguiu um rumo autogestionario.

talvez as coisas não fossem assim, se houvesse uma plataforma libertária que ajudasse nestes caos, em termos organizativos, informativos e até na criação de uma rede maior com outras fabricas até de outros sectores.

no entanto a força destes movimentos é pouca. podia-se criar talvez um forum até via net, com pessoas que partilham ideais semelhantes, ou que simplesmente acreditem na criação dessa plataforma.

Anonymous said...

Eu lembro de ver uma reportagem sobre a fábrica (penso que esta), assim muito esquerdista: Os trabalhadores unidos, a esforçarem-se mais do que o normal para garantir a viabilidade.

Não percebi porque é que a esquerda não denunciava aquilo. Afinal aquela gente toda trabalhava muito mais do que as 40horas/semana sem ganhar horas extraordinárias. Estavam todos a ser explorados por essa tal senhora.

Conclusão com que fiquei: a fábrica é viável se os trabalhadores trabalharem 60 horas por semana e receberem o ordenado mínimo. Claro que os trabalhadores ali estavam a dar o litro de boa vontade (embora continuasse a ser ilegal trabalharem tanto), mas não acreditei que alguma vez pudesse existir futuro naquilo.

Anonymous said...

"trabalhava muito mais do que as 40horas/semana sem ganhar horas extraordinárias."

isso não é novidade. hoje isso passa-se em muitos sectores. só não aparece nos documentos oficiais, pois as pessoas não descontam.

de resto, e é por isso que se deve criar uma rede, para produzir produtos com valor acrescentado e até dentro de uma rede propria de consumo.

no brasil a usp criou um programa de criação e acompanhamento de cooperativas, todas todas ligadas em rede,e tem sido um sucesso.

esta fabrica não é uma cooperativa, e compreendo porque os trabalhadores façam isso, para dar um impulso inicial que possa dinamizar empresa.