Pelo que tenho ouvido, nas ultimas duas semanas 4 grávidas vacinadas contra a gripe A perderem os bebés.
A resposta das autoridades de saúde é que, de qualquer forma, há cerca de 300 casos desses por ano em Portugal.
Vamos fazer uma contas - vamos aumentar um bocadinho esses 300 e admitir que todos os dias uma grávida perde o bebé em Portugal; assim, em duas semanas haverá uns 15 casos desses.
Hoje sairam os números que eu queria saber e não sabia - a proporção de grávidas vacinadas: em 60.000, cinco mil foram vacinadas (ou seja, 8,34%). Desta forma, se em duas semanas há 15 mortes de fetos, seria de esperar que 1,25 casos desses ocorressem, por simples acaso estatistico, em mulheres vacinadas - ocorreram (creio eu) quatro casos, mais do triplo do esperado.
Vamos fazer outro exercicio - se em duas semanas 15 grávidas tiverem perdido os filhos, e se 5/60 das grávidas do país tiverem sido vacinadas, qual é a probabilidade de 4 de entre essas 15 terem sido vacinadas? Isso é uma distribuição binomial, com 15 tentativas e probabilidade 0,0833... A probabilidade acumulada de 3 ou menos dessas 15 mulheres terem sido vacinadas é de 96,88% [como chegar a este valor em Excel: =DISTRBINOM(3;15;5/60;VERDADEIRO)]. Assim, se não houver ligação entre a vacina e a morte fetal, a probabilidade de (por puro acaso) pelo menos 4 desses casos ocorrerem com mulheres vacinadas seria de apenas 3,12%.
3 comments:
Miguel,
também estava à espera desse número (% de vacinação).
Mas esqueces duas coisas: em que período da gravidez se dão os abortos e em que período da gravidez são vacinadas, não serão certamente distribuições uniformes ao longo dos 9 meses. Se a vacina for administrada onde há maior probabilidade do feto morrer por outras causas, então o valor esperado de mortes é muito mais alto.
De qualquer modo, fazer inferências com 4 observações não é muito científico.
Imagino que o periodo da gravidez em que ocorre a vacina tenha uma distribuição mais ou menos uniforme
Isto é apenas uma análise simplista que tem em conta apenas probabilidades. Qualquer pessoa sabe que há muitas mais variáveis a ter em conta, idade gestacional, probabilidade de grávidas com patologia terem sido primariamente vacinadas, idade das grávidas, antecedentes obstétricos, etc.
Curioso mas sem valor.
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