Friday, April 09, 2010

Keynesianismo e "Austrianismo" (IV)

Nesse mesmo post, William Anderson escreve:

What Krugman fails to understand about booms is that they are not sustainable. The occur precisely because of malinvestments caused by government monetary (and sometimes fiscal) policies. Furthermore, government compounds the problem by trying to prop up the failed sectors, throwing good resources into a financial black hole, instead of permitting the failed sectors to be liquidated or transferred to other uses and to let the proper proportions of the economic fundamentals to get back into balance.

However, with Keynesians, because all factors of production are homogeneous, there is no need to get factors into balance, since they always are in balance, anyway. Thus, in the Keynesian view, we just need stimulus forever.

Now, there is one problem that Krugman has created for himself, and it is this: If factors of production behave the way he says they do, and if booms always can be sustained through government spending, then why are there financial bubbles?
Mas os keynesianos não acreditam que um boom induzido (pelas politicas monetárias ou fiscais) pode ser prolongado indefinidamente. Os keynesianos defendem que só é possivel estimular a economia até ela chegar ao "pleno emprego" (isso não significa necessariamente um desemprego de 0%; frequentemente é usado para designar uma taxa de desemprego que não origine um aumento da inflação), e que a partir daí qualquer redução do desemprego em breve desaparecerá, obtendo-se é um aumento da inflação (ver este post anterior).

Já agora, nem percebo o que é a questão da homogeneidade ou não homogeneidade dos factores interessa para aqui - a mim parece-me que, mesmo que os factores de produção fossem homogéneos, não seriam possível expandir uma economia até ao infinito apenas imprimindo notas.

2 comments:

vxcvxvc said...

o que é, exactamente, «uma taxa de desemprego que não origine um aumento da inflação»?

Miguel Madeira said...

A teoria é que, se o desemprego for baixo, os trabalhadores conseguem negociar aumentos salariais acima da inflação esperada, e se for alto, são os patrões que conseguem negociar aumentos abaixo da inflação esperada.

Logo, se o desemprego for muito baixo, a diferença entre os aumentos salariais e a inflação esperada será tanta que levará (via aumento de custos que são, total ou parcialmente, reflectidos nos preços) a que a inflação real seja maior que a inflação esperada, logo a um aumento permanente da taxa de inflação.

Note-se que a teoria não é "alto desemprego » inflação baixa; baixo desemprego » inflação alta" (embora fosse essa mais ou menos a ortodoxia keynesiana dos anos 60/70); é "alto desemprego » inflação decrescente; baixo desemprego » inflação crescente".

Hoje em dia, tanto keynesianos como "chicaguianos" concordam que a longo prazo o desemprego tende a rondar o nivel em que a inflação não tem tendência a crescer ou decrescer; a diferença é que os "chicaguianos" acham que o ajuste é quase automático, enquanto os keynesianos (na versão actual) acham que pode levar anos.