Ainda a respeito da série "Sherlock", tenho mais um reparo - não acho que a forma de Benedict Cumberbatch interpretar o papel seja a mais adequada (ou estarei eu demasiado preso à imagem de Jeremy Brett?). Sim, a ideia é o personagem ter um toque excêntrico, mas há várias maneiras de se ser excêntrico (quase por definição...), e não me parece que este "Sherlock" o seja da maneira apropriada (mas melhorou muito no terceiro/último episódio):
"Sherlock Holmes" é suposto ser um "excêntrico cerebral e analítico", e o personagem de Cumberbatch não me parece esse tipo de excêntrico - p.ex., quando quer insultar alguém, um "excêntrico cerebral analítico" usaria ou a ironia, ou um comentário brutal mas "clinicamente" certeiro, não a hipérbole (como "Sherlock" faz quando diz a um policia para se calar, que quando fala faz descer o QI da rua toda). Mas o pior nem é o que ele diz (no essencial até não está mau nesse ponto), é mesmo o não-verbal - a forma de vestir, de falar, os trejeitos, etc, que transmite uma imagem muito exuberante e teatral; para mim, Sherlock Holmes (sobretudo se a ideia é "actualizar" o personagem clássico) deveria ter um ar mais "indiferente" e "desligado".
Querem um bom exemplo televisivo de um personagem excêntrico, cerebral e analítico (e ainda para mais inspirado em Sherlock Holmes)? Gregory "Dr." House.
Tuesday, September 27, 2011
"Sherlock" (II)
Publicada por Miguel Madeira em 20:04
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