Thursday, May 24, 2012

Igualdade económica e social

 The equality paradox, por "Rick" (Flip Chart Fairy Tales):

It is certainly true that income inequality rose after the 1970s and, with a small dip in the 2000s, it has carried on increasing ever since. In financial terms, British people are more unequal now than they were in the 1960s. (...)

But that’s not the whole story. While all this was going on, the phenomenon known as political correctness took root. The term was invented by the American left but is now used pejoratively by the right as a catch-all for anything protects or advances the rights of women, minorities and other disadvantaged groups.(...)

 The Tory years also saw an increasing number of women in the workforce and in senior positions. No attempt was made by this right-wing government to roll back sex-discrimination and equal pay laws (it would have been a bit difficult, perhaps, with a women prime minister) and throughout the Eighties and Nineties the gender pay gap continued to reduce.

While all this was going on, the decline of deference which had gathered pace during the 1960s, continued. If anything, the anti-establishment rhetoric of the Thatcher years boosted it. Spitting Image took the rise out of everybody from politicians to the royal family and, over time, Britain became a less formal and, at least outwardly, less hierarchical society. (...)

The decline of deference also changed things in the workplace. Shortly after I first joined the corporate world in the 1980s, I remember hearing a middle manager call one of the directors Sir, like Jerry did in the Good Life. Even in the early 1990s I worked with people who could not bring themselves to call directors by their first names. Nowadays directors sit in glass offices, or even in the open plan with everyone else, and we are all on first-name terms. Graduate trainees challenge the CEO in open meetings and email their unsolicited suggestions to senior managers. Hierarchy, at least in its formal sense, has been eroded.

And yet the gap in earnings between senior executives and the rest of the workforce is much greater now than it was in the 1970s. It seems that, over the past few decades, the closer people sat to their bosses, the further apart their salaries moved. Furthermore, a greater part of the workforce is casual and non-union than it was in the 1970s.(...)

So the paradox of the last thirty years extends into the workplace too. Formal hierarchies have broken down and we are expected to treat each other as equals now, regardless of social background, race, gender or sexual orientation. The Sir of the 1970s is now plain old Dave. But Dave earns a hell of a lot more than everyone else.
Talvez relacionado com isto, também o artigo Nostalgianomics, de Brink Lindsay, na Reason, onde este argumenta que o crescimento da desigualdade económica nos EUA será o resultado de mudanças sociais e culturais que foram largamente impulsionadas pela esquerda (mais abertura à imigração - aumentando a quantidade de trabalhadores pouco qualificados; maior participação das mulheres do mercado de trabalho - duplicando o rendimento de muitas famílias da classe alta em que antigamente a esposa ficaria em casa; a erosão do espírito do "homem da organização" de fato cinzento, que faz o que lhe mandam sem fazer ondas - reduzindo a lealdade dos executivos à empresa onde trabalham e tornando mais intensa a competição entre as empresas pelos "melhores").

Dois comentários meus:

Suspeito que as reivindicações de igualdade económica são largamente uma "proxy" para reivindicações de igualdade de poder e/ou status (e tenho um ou dois post enterrados nos rascunhos dedicados especificamente a isso): quando muita gente reclama que alguém ganha muito mais que eles, frequentemente a verdadeira razão de queixa é o estarem socialmente submetidos a esse alguém, não a diferença de rendimento - veja-se que o grupo social que é mais vítima da acusação de que "ganham muito" são os gestores (raramente são dirigidas criticas dessas a futebolistas ou a artistas de Hollywood), e que trabalhadores assalariados tendem mais a ser "de esquerda" do que trabalhadores por conta própria com o mesmo nível de rendimento.

Assim, é possivel que o crescimento da igualdade "social" possa levar a mais desigualdade económica - já que numa sociedade em que há maior igualdade de estatuto e menos deferência pelas hierarquias haverá menos reivindicações de redistribuição da riqueza (algumas das teorias explicativas de nunca ter havido um partido socialista influente nos EUA andam à volta disso - a inexistência nos EUA de uma cultura de "respeito pelos superiores", à maneira europeia, terá feito com que os operários norte-americanos não sentissem grande revolta contra o sistema).

Outra ponto que me ocorre é que uma economia assente nos "produtos imateriais", no "conhecimento", etc., pode favorecer ao mesmo tempo a igualdade social e a desigualdade económica:

- numa economia em que o trabalho de grande parte dos trabalhadores ande à volta de "pensar", a hierarquia não pode ser muito rígida/formal: afinal, se a função do trabalhador é "ter ideias", isso implica debater com os seus superiores hierárquicos qual a melhor maneira de fazer as coisas (em vez de simplesmente "executar")

- por outro lado, se grande parte do trabalho" consiste em "pensar", isso tende a gerar grandes economia de escala, podendo chegar ao ponto de mercados winner-take-all: como desenhar um modelo de uma máquina fotográfica custa o mesmo quer se vá produzir 100 ou 100.000 unidades, as empresas que conseguem vender mais têm muito menos custos unitários (veja-se como nos produtos da internet - que tendem a ser produtos em que os custos quase se resumem ao desenvolvimento técnico - há tendencia a surgir uma "marca dominante": o Google nos motores de busca, o Facebook nas redes sociais, a Wikipedia nas enciclopédias, etc. - diga-se que os browsers - onde o Chrome, o Firefox e o Internet Explorer têm mantido o equilíbrio - parecem ser uma excepção a esta regra). Ora, em mercados em que a empresa melhor sucedida tende a ficar com quase tudo e "o segundo é apenas o primeiro dos derrotados" (há uns 15 anos havia umas t-shirts a dizer isto), a competição tende a ser mais aguerrida (é mais um jogo de "vida ou morte"), o que pode levar a uma maior desigualdade salarial.

No comments: