Publicado originalmente na edição do Expresso de 17-08-2019, aqui.
No preâmbulo da Constituição da República Portuguesa, onde é exaltado
que no dia 25 de Abril de 1974 a resistência do povo português
representou uma viragem histórica na sociedade portuguesa.
É ainda aí referido que só foi possível elaborar uma Constituição que
correspondesse às aspirações do país devido à Revolução que restituiu
aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais
A finalizar, menciona ainda o seguinte: “A Assembleia Constituinte afirma a
decisão do povo português de defender a independência nacional, de
garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os
princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de
Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no
respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de
um país mais livre, mais justo e mais fraterno”.
Desde o passado dia 12 de Agosto que temos vindo a observar a luta
dos motoristas contra o poder da ANTRAM, a qual tem conseguido
condicionar as decisões do Governo.
Por tudo o que se tem passado, não aceitamos que o Governo de
Portugal restrinja a liberdade dos Trabalhadores quando estes lutam por
melhores condições de trabalho, tal como não iremos ficar impávidos e
serenos perante a tentativa do Executivo de restringir o direito à
greve, protegendo quem tem mais apoios, inclusive estatais, (Entidades
patronais) em detrimento daqueles que lutam dia a dia para o seu
sustento e da sua família (Trabalhadores).
Acresce que estamos a falar de trabalhadores que ergueram um novo
sindicato em 2018, sem experiência sindical ou politica, e que apenas
exigem melhores condições de trabalho, para que sejam cumpridos os
desígnios da Assembleia Constituinte que escreveu a Constituição da
República Portuguesa, nomeadamente, entre outros direitos, que todos os
portugueses sejam tratados por igual, que a lei também seja aplicada às
entidades privadas, que o direito à resistência seja protegido quando
são atacados os seus próprios direitos, que seja garantido o direito à
inviolabilidade da integridade moral, física e do domicilio, e à
liberdade e segurança individuais.
Por considerarmos que todos estes direitos foram colocados em causa
por um Governo que no presente caso demonstrou várias vezes querer impor
à força a manutenção dos lucros exorbitantes das entidades privadas,
nomeadamente e em particular da empresa de transportes Paulo Duarte, da
Galp e da Vinci, em detrimento de melhores condições de trabalho,
estamos dispostos a lutar contra todas as forças que recusem os
princípios basilares da nossa Constituição acima mencionados.
E tal como nela está previsto, nenhum trabalhador pode aceitar
continuar a receber salários que não garantam uma existência condigna e o
trabalho tem que ser prestado em condições socialmente dignificantes,
por forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da
actividade profissional com a vida familiar.
Com certeza a grande maioria dos portugueses se reveem nestas
palavras, pois actualmente vivemos numa sociedade onde ganhar o salário
mínimo é o normal e caso alguém se revolte contra isso recebe uma
resposta do tipo “se não queres, há mais quem queira”, onde não
conseguimos ter tempo suficiente e de qualidade para os nossos filhos,
para que estes possam receber os nossos valores e princípios, onde quem
luta por melhores condições de trabalho é impedido de o fazer por
governos totalitários ou por outros cidadãos que, por estarem tão
oprimidos, têm medo de lutar pelos seus direitos e acabam por prejudicar
quem tem a coragem de o fazer.
Por tudo o acima exposto, queremos continuar a defender a garantia
de liberdade dos trabalhadores e lutaremos contra quem queira restringir
o direito à greve e consequentemente o direito de quem quer lutar por
melhores condições de trabalho, sociais e familiares.
Vamos continuar a combater as desigualdades sociais que observamos a crescer dia após dia.
Portugal merece melhor e os portugueses não podem continuar adormecidos.
Será caso para dizer, citando Eduardo Galeano “na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que morre”.
António Mariano – Dirigente da SEAL; Aurora Lima – Dirigente do
S.T.O.P.; Bruno Fialho – Dirigente do SNPVAC; Carlos Ordaz – Elemento da
CT SPdH/Groundforce; Egídio Fernandes – Dirigente do SIEAP; João Reis –
Dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Automóvel – STASA;
Manuel Afonso – Dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Call-center;
João Pascoal – Movimento Mudar Bancários
[Copiado d'O Estivador]
Saturday, August 17, 2019
Manifesto Sindical: “Pela Liberdade e pelo Direito à Greve”
Publicada por Miguel Madeira em 23:07
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