João Miranda escreve que "E também não interessa muito se os custos do salário mínimo se diluem no resto dos custos da empresa. Não é assim que os gestores raciocinam. Um gestor está interessado em saber se um trabalhador específico produz acima do salário que lhe é pago. Se o trabalhador dá lucro. Se o trabalhador não dá lucro, não é contratado."
Creio que nem eu nem o João Miranda somos gestores, e trabalhando ambos (creio) para instituições públicas teremos pouca familiaridade directa com a forma de raciocinio dos gestores das empresas privadas. No entanto, duvido que em grande parte das empresas os gestores façam o género de raciocinio que JM refere, pelo simples facto que grande parte dos trabalhadores estão integrados em empresas em que não faz sentido falar em produção específica de cada trabalhador (logo, não faz sentido comparar o que cada trabalhador produz com o salário que iria receber); p.ex., quanto é a produção (no sentido de valor que produz para a empresa) de um repositor do Modelo? A partir do momento em que uma empresa deixa de ser um conjunto de individuos trabalhando em paralelo para ser um organização com tarefas diferenciadas e integradas, não há tal coisa como a produção de um posto de trabalho especifico - o que há é o conjunto da produção de uma unidade de produção (composta por vários postos de trabalho). Assim, creio que só faz sentido o aumento do salário mínimo nesses casos aumentar o desemprego se fazer o conjunto da unidade de produção não rentável.
[Sim, em teoria, mesmo numa organização haverá a "receita do produto marginal" de cada trabalhador, só contratando a empresa esse trabalhador se o seu vencimento for inferior à receita do produto marginal; mas duvido que no mundo real as empresas se entretenham a calcular o produto marginal de cada trabalhador]
Wednesday, December 22, 2010
Os gestores e o salário mínimo
Publicada por Miguel Madeira em 09:50
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1 comment:
Também é essa a minha percepção (trabalho no privado).
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