Monday, November 10, 2008

O regresso da Guerra Fria?

Muita gente anda dizer que muitos apoiantes "de esquerda" de Barack Obama em breve ficarão desapontados. Talvez. Mas, em vez disso, talvez tenhamos um regresso aos tempos da "guerra fria": nessa época, a maior parte da esquerda ocidental era fortemente pró-EUA, talvez até mais que muita direita (houve até uma eleição qualquer em França em que os maoístas apoiaram De Gaulle porque Mitterrand era o "candidato dos americanos"; e, em Portugal, em assuntos como as Lajes ou as relações com os governos então "marxistas-leninistas" dos PALOPs, o PS era provavelmente mais alinhado com Washigton do que o PSD).

Assim, talvez o resultado da eleição de BO seja abrir caminho a que a "esquerda dentro do sistema" se reconcilie definitivamente com os EUA e volte a desempenhar o seu papel de "pilar atlantista"/"cão-de-fila do imperialismo" (escolher à vontade do leitor).

1 comment:

Unknown said...

Tenho como certo que acontecerá depressa uma enorme cisão entre os "obamaníacos" de esquerda. Os "desiludidos" acabarão por engrossar as fileiras da esquerda "anti-americana", enquanto os "fiéis" procurarão interpretar "à esquerda" todas as acções de Obama. Também me parece que este sector venha a ser no futuro o pilar internacional desta presidência, muito mais do que a actual direita pró-americana...o que, como é evidente, será o bastante para despoletar mais uma "guerra das esquerdas".

Pessoalmente, penso que Obama é um enigma: para além do óbvio significado histórico da sua eleição, é muito vago aquilo que ela possa representar (mesmo Clinton foi eleito com propostas mais explicitamente à esquerda do que Obama). Sei muito pouco sobre aquilo que se pretende fazer em relação aos mercados financeiros, à assistência social, à segurança interna...pelo que não ponho as mãos no fogo sobre a hipótese de este ser o fim do consenso liberal dos últimos 30 anos.

De qualquer forma, bastava uma medida, a progressiva universalização dos serviçõs de saúde, para me convencer de que Obama pode corresponder às expectativas progressistas dos "obamaníacos".
Contudo, só tenho visto até agora sinais aos sectores "moderados" e "centristas" dos Democratas. Até agora, não observei sequer um aceno à ala "esquerdista", o que não me agrada particularmente...