Primeiro esperar uma altura em que não estivessem previstos novos leilões de dívida pública.
Então, apareceriam alguns blogs anónimos anunciando que o governo se prepara para renunciar ao pagamento da dívida (seria conveniente esses blogs serem montados uns meses antes, e terem entretanto construido um historial de fontes sérias).
Dias depois dessa manobra começar, o ministro das Finanças daroa uma conferência de imprensa sobre um assunto qualquer e um jornalista, de preferência um free-lancer (questão - free-lancers podem assistir a conferências de imprensa?), perguntaria sobre as rumores que Portugal iria deixar de pagar a dívida; o ministro, em vez de desmentir categoricamente, limitaria-se a um "não irei responder a essa questão agora; dentro de dias o Ministério divulgará uma nota informativa sobre o assunto". No dia seguinte "Estado à beira do incumprimento?" faria as capas dos jornais, provocando uma queda do valor dos títulos da divida portuguesa no mercado secundário; para ajudar ao filme, Sócrates poderia ir fazer a Via Algarviana e... desaparecer por uns dias (lançando nos mercados a ideia que Portugal estava à beira do caos).
Com um pouco de sorte, o rating da República cairia como um prego, as yelds da dívida subiriam para a estratosfera e o valor de mercado desta ficaria quase nula (passariam a ser consideradas quase como lixo); então a Caixa Geral de Depósitos (cumprindo ordens que teriam sido previamente dadas para adquirir divida pública caso o seu valor desça abaixo de "x" - questão: isso seria legal?) compraria grande parte dessa dívida a preço de saldo.
Depois disso, Socrátes reapareceria (em Sagres?) e o Ministério das Finanças finalmente faria sair a tal nota informativa dizendo... que Portugal vai continuar a pagar as suas dívidas a tempo e horas e que enviou um processo para o Ministério Público para investigar uma tentativa de manipulação de mercados. Em breve surgiriam rumores que obscuros especuladores haviam orquestrado tudo para tentar adquirir a dívida pública portuguesa a preço quase nulo, só tendo sido impedidos pela pronta acção da CGD que aguentou o seu valor ( a análise dos IP's indicaria que os tais blogs haviam sido actualizados a partir de um país da Ásia Central ex-soviética, um dos "istãos"*).
E pronto - o Estado, via CGD, havia readquirido, a preços muito mais baixos, grande parte da sua dívida, reduzindo-a efectivamente.
Problemas com esta proposta:
- Os tais dias em que iria parecer que o país estava falido poderiam efectivamente provocar uma catástrofe económica-financeira na Europa ou mesmo no mundo (por este mecanismo)
- é possivel que, mesmo com uma grande baixa dos titulos da dívida pública, a CGD não tivesse dinheiro suficiente para adquirir um fracção significativa da dívida
- isto é totalmente inético e provavelmente ilegal - se fosse praticado por privados seria uma mistura de insider trading, manipulação de mercado e sei lá o que mais (mas, por outro lado, aqueles negócios com fundos de pensões também são parecidos com as fraudes estilo Enron e os poderes instituídos não se parecem incomodar com isso)
- a partir do momento em que eu dei esta ideia em público, acho que ela se tornou impraticável
*mudei de ideias - é melhor no Mónaco ou no Luxemburgo: é mais fácil infiltrar lá um português sem chamar a atenção e também soam mais credíveis como base de operações de um "sinistro especulador"
Saturday, October 09, 2010
Uma solução para a dívida pública
Publicada por Miguel Madeira em 02:04
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment