Eduardo Catroga afirma que, em tempos, "um ambiente em que os pais e os próprios desejavam um tacho, isto é, trabalhar por conta de outros. Agora, felizmente, existe número crescente de jovens que querem trabalhar por conta própria”.
Em primeiro lugar, alguém deveria explicar a Catroga o que significa "tacho" em português vernáculo - não, não significa "trabalhar por conta de outrém"; significa algo como "emprego com uma relação salário/esforço muito acima da média".
Mas, de acordo com a sua definição peculiar de "tacho", Eduardo Catroga passou a sua vida em "tachos": por esta biografia, parece-me que ele foi sempre, no público e no privado trabalhador por conta de outrém - penso que ele não seja dono da CUF, nem da Quimigal nem da EDP (ok, confesso que não sei se ele é ou foi dono ou acionista de referência da Sapec). Ó, Eduardo Catroga, não tens vergonha? Já agora, o cargo de "administrador não-executivo" que ele teve ou tem parece uma coisa muito parecida com o significado corrente da palavra "tacho" (note-se que eu não faço ideia sobre quanto ele recebe e o trabalho que faz na Nutrinveste; apenas estou frisando que "administrador não-executivo" - que normalmente significa "membro da adminstração que só vai às reuniões" - é um cargo que tem uma conotação de "tacho").
E, em segundo, acho bizarro esta conversa recorrente de "os portugueses só pensam - ou pensavam - em ser trabalhadores por conta de outrém, de preferência no Estado", quando Portugal é dos países do mundo desenvolvido com mais altas taxas de trabalho por conta de outrém própria.
[Ainda não perdi a esperança de ver/ouvir/ler alguém dizer algo como "Os portugueses têm pouco espírito empreendedor e por isso temos um tecido empresarial frágil, constituido sobretudo por pequenas e médias empresas"; era um comentário absurdo, mas soava bem]
Friday, November 18, 2011
Semiótica do "Tacho" (editado)
Publicada por Miguel Madeira em 13:55
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6 comments:
Seria absurdo um comentário desse tipo porquê?
Miguel Madeira,
Creio que com a pressa te enganaste a escrever o texto.
Além de pequenas gralhas («comnotação») os últimos dois parágrafos têm uma falha qualquer no conteúdo.
Querias dizer que Portugal é dos países com mais baixas taxas de trabalho por conta de outrem? Só assim o resto dos parágrafos faz sentido.
Altera isso, sff, que este texto merece ser muito lido e recomendado.
João Vasco,
era mesmo isso. Obrigado.
«Seria absurdo um comentário desse tipo porquê?»
Porque a fragilidade do tecido empresarial que se deva ao facto de existirem (proporcionalmente) muitas pequenas e médias empresas em vez de poucas e grandes, deve-se precisamente ao facto de uma maior proporção da população ser «empreendedora» e portanto criar o seu próprio negócio em vez de trabalhar por conta de outrem.
Entretanto, algo que pode ser interessante para a discussão - um paper da Universidade de Chicago sobre a relação entre ser "emnpreendedor" e "trabalhar por conta própria":
http://www.nber.org/conf_papers/f3311/f3311.pdf
Daqui a uns dias/semanas/meses/anos eu irei escrever um post analisando e criticando esse paper, mas deixei-o já aqui para se entreterem com ele.
O link que pus ali em cima já não existe, mas pode ser encontrado aqui: Non Pecuniary Benefits of Small Business Ownership
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