Friday, March 23, 2012

As indignações anti-indignação de Helena Matos

Um "tema de post" típico de Helena Matos é o "Anda tudo indignado com [determinado assunto]; no entanto...", seguindo-se uma descrição das razões pelo qual esses indignados estão errados, ou são contraditórios, ou hipócritas, ou coisa assim (exemplo A; exemplo B).

Por norma, essas "enormes indignações" ou "bolhas de indignação" que contesta são sobre assuntos que ninguém está a ligar senão ela...

2 comments:

João Vasco said...

Muitas vezes a hipocrisia/inconsistência dos indignados que ela aponta resulta simplesmente de ela colocar toda a gente «de esquerda» no mesmo saco.

O BE e o PCP têm posições opostas em relação a algumas coisas, e em relação ao PS nem se fala.
No entanto, ela é capaz de contrastar uma típica posição do PS com uma do BE, ou do BE com o PCP, e por aí fora, como se as mesmas pessoas «de esquerda» tivessem todas essas posições e fossem portanto inconsistentes e hipócritas.

E eu realmente não entendo o que raio é que é ela tem de «liberal»: tudo o que ela escreve parece sempre em defesa do «conservadorismo», em particular nas coisas que distinguem os conservadores dos liberais (o cosmopolitismo (ou não!) na forma de lidar com as questões raciais, a igualdade (ou não!) relativamente à orientação sexual, a forma de encarar o consumo de drogas, etc..).

Bem sei que no Blasfémias já consideram o Pedro Arroja - que defendia o regime de Salazar como um modelo de liberalismo - um liberal, e só perante o seu flagrante anti-semitismo acharam que ele não se enquadrava.
É verdade que a Helena Matos não vai tão longe, mas isso é muito mais pela razão que está no post: ela não expõe as suas ideias, apenas mostra ressabiamento contra as «da esquerda» cuja diversidade parece ultrapassá-la completamente («Como é que esta gente defende o regime cubano e depois grita a favor da anarquia, e depois vai defender o Sócrates?? Hipócritas»)

João Vasco said...

E sim, já várias vezes a vi indignada por uma indignação «da esquerda» que desconhecia por completo. Por estar «tudo» a falar de X, e ter eu de procurar que raio é isso.

Outras vezes queixa-se que «ninguém quer falar de X», como se existisse uma «conspiração de silêncio», mas X é mesmo uma história irrelevante que não desperta o interesse de ninguém, nem dos outros «bloggers» de direita.
Às vezes é porque alguém de esquerda disse uma parvoíce qualquer, e ela dá muito mais importância ao assunto por achar que todas as pessoas de esquerda são o mesmo ser mega-inconsistente e hipócrita, tão dentro do sistema como o António Vitorino, tão radical como o Jerónimo de Sousa, tão errático como o Gel.