Friday, May 24, 2013

O que as pessoas querem dizer com "multiculturalismo"?

A respeito deste post de Vitor Cunha no Blasfémias, e da tese que os motins em Estocolmo são o sinal do "fracasso" do "multiculturalismo", ainda não percebi exactamente o que querem dizer com "multiculturalismo".

Mais exactamente, quando se diz que o "multiculturalismo" falhou, o que é que falhou exactamente?

Com "multiculturalismo" referem-se ao facto de, nos países ocidentais, existirem comunidades étnicas com tradições diferentes das dominantes no Ocidente?

Referem-se a uma alegada tendência para não aplicar as leis oficiais às comunidades imigrantes, com o argumento de que "é outra cultura"?

Referem-se a uma alegada atitude intelectual que tenderá a considerar as várias culturas como moralmente equivalentes?

Mais concretamente, qual é a política que os críticos do "multiculturalismo" acham que deve ser adoptada para que deixe de haver esse género de tumultos?

Limitar a imigração de países com tradições culturais significativamente diferentes?

Impor as leis do Estado de forma uniforme a toda a gente, sem abrir alegadas excepções para "minorias étnicas"?

Estabelecer um ambiente de repúdio social e moral face aos hábitos marcadamente desviantes face à cultura ocidental?

Independetemente de não concordar, a única forma de "anti-multiculturalismo" que ainda me parece fazer algum sentido é o primeiro (limitar a imigração oriunda de outras culturas); o segundo (aplicar leis uniformes a toda a gente) parece-me uma guerra contra moinhos de vento - tirando um ou dois casos isolados (que quando acontecem são logo propagados nos jornais e sites da "especialidade), duvido que exista uma prática regular de não aplicar as leis do Estado às minorias étnicas (sim, toda a gente sabe que nas grandes cidades há bairros aonde a polícia não entra, mas isso sempre aconteceu, mesmo quando o "lupenproletariado" era da mesma matriz cultural que o resto da população - ou seja, não é uma questão de "culturas"); finalmente, quanto à terceira forma de "anti-multiculturalismo", não me parece fazer sentido algum: duvido que os individuos das minorias étnicas deiem muito importância ao que os "fazedores de opinião" das sociedades ocidentais acham dos seus hábitos culturais (e é de esperar que sejam os individuos potencialmente mais problemáticos e violentos das "minorias" que menos importância darão).

3 comments:

GabrielSilva said...

boas questões,

eu creio que o segundo ponto, o de aplciar a lei por forma igual a qualquer comunbd8iade é importante, pois há de facto uma tendencia apra afrouxar essa abrangência.
Vejam-se os casos das pretensões de validade de sistemas juridicos próprios ligados á sharia no reino unido, ou no mesmo país a pretensão de as mulheres muçulmanas serem tratadas apenas por médicas. Ou, ainda que de sinal contrário, mas não deixando de se inserir nesse particularismo sectário, a questão dos véus.

Creio também que de facto há uma relativismo crescente, em que ao se identificar certas praticas (que normalmente se recusariam) como parte da cultura de certa comunidade, se passar a valoriza-las como cultura, relaxando a exigiencia da iguldade face á lei e os direitos e liberdades individuais em concreto.

pvnam said...

Os 'globalization-lovers'/(anti-sobrevivência de Identidades Autóctones) SÃO UNS NAZIS DO PIORIO:
- veja-se o que os 'globalization-lovers'/(anti-sobrevivência de Identidades Autóctones) fizeram aos nativos norte-americanos: houve Identidades Autóctones que sofreram um Holocausto Massivo;
- veja-se o que os 'globalization-lovers'/(anti-sobrevivência de Identidades Autóctones) estão a fazer no Brasil aos nativos da Amazónia;
- etc.
Mais, para os 'globalization-lovers' made-in-USA as causas suficientes para desencadear uma guerra são quase infinitas!...
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P.S.1:
Uma NAÇÃO é uma comunidade duma mesma matriz racial onde existe partilha laços de sangue, com um património etno-cultural comum. Uma PÁTRIA é a realização de uma Nação num espaço.
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P.S.2.
-> Não é com um partido nacionalista que Portugal vai conseguir SOBREVIVER!...
-> Para sobreviver Portugal precisa de um Movimento Nacionalista que 'corte' (SEPARATISMO-50-50) com os «portugueses-do-prego» (leia-se, os portugueses que estão a colocar Portugal no prego).
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De facto:
- os portugueses-do-prego não defendem uma estratégia de renovação demográfica - média de 2.1 filhos por mulher; [nota: os portugueses-do-prego gostam de se armar em parvinhos-à-sérvia... vide Kosovo]
- os portugueses-do-prego falam em despesa NÃO ENQUADRADA na riqueza produzida... logo e depois:
1- vendem recursos estratégicos para a soberania... à alta-finança/capital-global;
2- depois de conduzirem o país em direcção à bancarrota... começam a proclamar federalismo, federalismo, federalismo (leia-se, implosão da soberania).
Mais, muitos portugueses-do-prego adoram evocar motivos... que 'justifiquem'... o fim de Portugal.
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P.S.3.
Nazismo não é o ser 'alto e louro'... mas sim a busca de pretextos com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros!...
Os NAZIS 'globalization-lovers'/(anti-sobrevivência de Identidades Autóctones) andam numa busca incessante de pretextos... para negar o Direito à sobrevivência das Identidades Autóctones.
Os SEPARATISTAS-50-50 não têm um discurso de negação de Direito à sobrevivência... os separatistas-50-50 apenas reivindicam o Direito à Sobrevivência da sua Identidade: leia-se, os 'globalization-lovers' que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.

João Vasco said...

Estou com o Gabriel Silva nisto. Prefiro evitar o termo "multi-culturalismo" precisamente pela razão apontada no post: é confuso e pode ter significado diferentes.

Mas a segunda preocupaçao está longe de ser absurda. As mesmas leis e os mesmos critérios são a melhor forma de lidar com a diversidade cultural porque é aquela que é verdadeiramente egualitária, evitando discriminações - que por vezes podem corresponder a uma condescendência que prejudica as próprias comunidades que pretende ajudar.

E não, não me parece que essa seja uma questão pacífica na nossa sociedade, como se torna claro pelos exemplos que o Gabriel Silva deu.