Tuesday, June 05, 2018

Ainda sobre o nacional-socialismo e os socialismos

Pegando nesta análise do nacional-socialismo e nesta tipologia de modelos sociais que são chamados por alguém de "socialismo", é tentador querer ver o nacional-socialismo e o socialismo 3.1 como opostos polares - no primeiro temos empresas privadas que têm que atingir objetivos definidos pelo Estado; no segundo temos empresas supostamente propriedade do conjunto da coletividade (porque não escrevo "do Estado"? Porque os socialistas desta escola dão muita importância à distinção entre o Estado - que equiparam à maquina administrativa-militar-burocrática - e a comunidade, e entre "estatização" e "socialização") mas geridas autonomamente - e ainda mais tentador é para mim, que é a forma de socialismo (à mistura com algum 3.2.2) com que mais simpatizo.

Mas, infelizmente para mim, e contra o que pareceria lógico, o socialismo 3.1 é talvez o que tem tido historicamente mais vasos comunicantes com o fascismo - veja-se a influência que George Sorel (um defensor de um socialismo feito de cooperativas independentes) teve no fascismo, p.ex.; ou as teorias de Otto Strasser (da "ala esquerda" no Partido Nazi) sobre o "entail" [pdf; isto ficaria melhor com uma palavra, ou portuguesa, ou alemã, mas não sei qual a tradução exata] - "The proprietor of the entire German national economy will hence forward be no one other than the community at large, the whole nation. But the nation, or its organizational form the State, will not run this economy itself. It will hand the national economy over, fragmented and in 'entail', for exploitation by German individuals or German groups" (página 146) - ou a "Irmandade da Fábrica" [pdf], que também me parecem semelhantes aos modelo autogestionário (pelo menos na parte do Estado entregar terrenos ou fábricas a individuos ou grupos e dando-lhes grande autonomia para os gerirem).

Suspeito que as ideias de Ramiro Ledesma Ramos (das Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista espanholas, que tantou até uma aliança com os anarquistas da CNT), de Ugo Spirito (da "ala esquerda" do fascismo italiano) ou de José Miguel Júdice (nos seus longínquos tempos de jovem "nacional-revolucionário") também andariam por aí (ou talvez fossem mais do tipo 3.2.2 - o que sei sobre o que eles defendiam é muito por alto).

Ainda (vagamente e não muito seriamente ) sobre este tema, o meu post sobre o cripto-nacional-sindicalismo da Branca de Neve e os Sete Anões.

No comments: