Na sua coluna da revista do Expresso, Miguel Esteves Cardoso diz que "apoi[a] sempre Israel, aja mal ou aja bem e haja lá o que houver".
As razões:
"Os israelitas têm, em comparação com aqueles com que guerreiam, algumas grandes vantagens. Não querem a destruição completa do povo a que pertence o exército adversário".
Onde é que MEC foi buscar a ideia que os árabes querem a "destruição completa" do povo israelita? O que muitos árabes defendem é destruição do Estado de Israel, não a destruição física dos seus habitantes*. A respeito do que fazer com os israelitas judeus quando Israel fosse destruido, a posição dos árabes varia entre a expulsão em massa (o famoso "atirar os judeus ao mar"), a permanência - pelo menos de alguns - na Palestina com o estatuto de "cidadãos de segunda" (ou de "dhimmis", para as facções mais islamitas) ou mesmo a criação de um estado multi-étnico em que judeus e árabes tenham direitos iguais (a posição da OLP desde 1974 até 1989).
Refira-se que, durante a guerra de 1947/49, os judeus que foram capturados pelos exércitos regulares árabes foram expulsos para a zona "judia", não mortos - p.ex., quando o exército jordano capturou a Cidade Velha de Jerusálem, os judeus locais não foram chachinados, mas sim deportados para a Cidade Nova (já as forças irregulares de árabes palestinianos fizerem vários massacres de civis judeus, como em Kfar Etzion).
Aliás, desde 1950 que os paises árabes apresentaram várias propostas de paz a Israel, em troca do direito ao regresso dos refugiados palestinianos (o que, é verdade, provavelmente seria o fim de Israel como "Estado judaico").
"Votam e deixam votar"
É verdade que, tecnicamente, os israelitas não impedem os palestinianos de votar. Mas como, após estes votarem, raptam os politicos que foram eleitos (na prática, impedindo-os de governar), isso vai dar no mesmo que "não deixar" os palestinianos votar.
Ainda a respeito das pessoas que apoiam Israel porque "Israel é uma democracia" - imagino que em 1948 achem que a razão estava do lado dos árabes, não? Afinal, em 48, a Siria e o Libano eram democracias, enquanto Israel tinham um governo,em larga medida auto-nomeado.
* Adenda: nos comentários, "ho" refere que Hassan Nasrallah terá dito "if they [Jews] all gather in Israel, it will save us the trouble of going after them worldwide", o que significa que alguns árabes querem mesmo exterminar os judeus. Esse discurso de Nasrallah foi publicado pelo jornal libanês Daily Star (link pago, mas há varias cópias do artigo por aí) - as únicas objecções que encontrei a essa interpretação foi numa discussão da Wikipedia, em que dos participantes argumentava que o "they" não se referiria a "judeus", mas a "sionistas".
As razões:
"Os israelitas têm, em comparação com aqueles com que guerreiam, algumas grandes vantagens. Não querem a destruição completa do povo a que pertence o exército adversário".
Onde é que MEC foi buscar a ideia que os árabes querem a "destruição completa" do povo israelita? O que muitos árabes defendem é destruição do Estado de Israel, não a destruição física dos seus habitantes*. A respeito do que fazer com os israelitas judeus quando Israel fosse destruido, a posição dos árabes varia entre a expulsão em massa (o famoso "atirar os judeus ao mar"), a permanência - pelo menos de alguns - na Palestina com o estatuto de "cidadãos de segunda" (ou de "dhimmis", para as facções mais islamitas) ou mesmo a criação de um estado multi-étnico em que judeus e árabes tenham direitos iguais (a posição da OLP desde 1974 até 1989).
Refira-se que, durante a guerra de 1947/49, os judeus que foram capturados pelos exércitos regulares árabes foram expulsos para a zona "judia", não mortos - p.ex., quando o exército jordano capturou a Cidade Velha de Jerusálem, os judeus locais não foram chachinados, mas sim deportados para a Cidade Nova (já as forças irregulares de árabes palestinianos fizerem vários massacres de civis judeus, como em Kfar Etzion).
Aliás, desde 1950 que os paises árabes apresentaram várias propostas de paz a Israel, em troca do direito ao regresso dos refugiados palestinianos (o que, é verdade, provavelmente seria o fim de Israel como "Estado judaico").
"Votam e deixam votar"
É verdade que, tecnicamente, os israelitas não impedem os palestinianos de votar. Mas como, após estes votarem, raptam os politicos que foram eleitos (na prática, impedindo-os de governar), isso vai dar no mesmo que "não deixar" os palestinianos votar.
Ainda a respeito das pessoas que apoiam Israel porque "Israel é uma democracia" - imagino que em 1948 achem que a razão estava do lado dos árabes, não? Afinal, em 48, a Siria e o Libano eram democracias, enquanto Israel tinham um governo,em larga medida auto-nomeado.
* Adenda: nos comentários, "ho" refere que Hassan Nasrallah terá dito "if they [Jews] all gather in Israel, it will save us the trouble of going after them worldwide", o que significa que alguns árabes querem mesmo exterminar os judeus. Esse discurso de Nasrallah foi publicado pelo jornal libanês Daily Star (link pago, mas há varias cópias do artigo por aí) - as únicas objecções que encontrei a essa interpretação foi numa discussão da Wikipedia, em que dos participantes argumentava que o "they" não se referiria a "judeus", mas a "sionistas".
4 comments:
"Aonde é que MEC foi buscar a ideia que os árabes querem a "destruição completa" do povo israelita? O que muitos árabes defendem é destruição do Estado de Israel, não a destruição física dos seus habitantes"
O que muitos árabes defendem é a destruição física dos seus habitantes. Ao ponto de dizerem que estando eles concentrados em Israel é mais fácil chacina-los:
Speaking at a graduation ceremony in Haret Hreik, Nasrallah announced on October 22, 2002: "if they [Jews] all gather in Israel, it will save us the trouble of going after them worldwide."[7][8] The New York Times qualifies this as "genocidal thinking"[9], whereas the New York Sun likens it to the 1992 Hezbollah statement, which vowed, "It is an open war until the elimination of Israel and until the death of the last Jew on earth."[10] Michael Rubin qualifies his goal as genocide too, quoting Nasrallah ruling out "co-existence with" the Jews or "peace", as "they are a cancer which is liable to spread again at any moment."[11]
Deveria informar-se melhor antes de escrever esses disparates.
"Onde é que foi buscar.." e não "Aonde é que foi buscar.."
Uma entrevista da New yorker com um dirigente do Hezbollah:
http://www.newyorker.com/fact/content/articles/021014fa_fact4
"Our goal is to liberate the 1948 borders of Palestine," he added, referring to the year of Israel's founding. The Jews who survive this war of liberation, Ezzeddin said, "can go back to Germany, or wherever they came from."
Aparentemente, por estas declarações, o Hezbollah é apenas contra e existência de judeus na Palestina/Israel, não contra a sua existência em geral.
Miguel Madeira, tal como, por aquelas que citei, são a favor do extermínio dos seus judeus. E são feitas pelo próprio Nasrallah. E tenha em conta que os fundamentalistas islâmicos adoçam o discurso quando sabem que é para ouvido acidental. Poderiam procurar-se fontes adicionais que revelem que o Hezbollah - sem falar em outros movimentos fundamentalistas - defende o extermínio dos judeus. Mas, se não colocar em causa a credibilidade das que eu apresentei, deve concordar que a pergunta "Aonde é que o MEC foi buscar a ideia?" não faz sentido e, portanto, em nome da honestidade intelectual, reformular o seu post em conformidade - até porque pode sustentar, acertadamente, que a imensa maioria dos árabes não pretende exterminar os judeus (aliás, uma boa parte nem pretende acabar com Israel).
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