É frequente criticar-se os paises árabes (e o Irão) por não reconhecerem o Estado de Israel (creio que os unicos estados ou para-estados árabes que reconhecem Israel são o Egipto, a Jordãnia e a OLP).
Eu também acho que os árabes deveriam reconhecer Israel, nas fronteiras de 1949 (a ideia de criar na Palestina um só "Estado para dois povos", como é defendido por grupos como a Frente Democrática para a Libertação da Palestina ou a Organização Socialista Israelita, até poderia fazer algum sentido em abstracto, mas é absurdo querer juntar dois povos que se odeiam). No entanto, nós no Ocidente se calhar não temos grande autoridade moral para exigir isso dos árabes: afinal, Portugal continua a não reconhecer a anexação de Olivença por Espanha, Espanha continua a não reconhecer Gibraltar, a Guatemala não reconhece Belize, etc. Ou seja, como podemos criticar os árabes por não reconhecerem fronteiras estabelecidas há menos de 60 anos, quanto continuamos, cá, a não reconhecer fronteiras estabelecidas há séculos?
2 comments:
Se o (não-)reconhecimento não fosse mutuo, talvez fosse mais fácil resolver o problema. E se ainda consigo entender o não reconhecimento por parte dos árabes, nomeadamente por parte da palestina, não compreendo de todo o não reconhecimentos dos estados vizinhos por parte de Israel. Não deveriam estes ter ficado agradecidos pelo pedaço de terra que lhes foi atribuido. Se apenas se tivessem limitado aos seus territórios, teriam certamente tido apoio internacional caso fossem atacados. Israel não contribuiu para a paz e continua a não o fazer. A própria liga árabe, recentemente aceitou o Estado de Israel na condição este retirar dos territórios ocupados. Nenhum pais pode querer ser aceite quando é um pais invasor.
O problema não é aceitação per se. Se fosse uma aceitação de facto não seria necessário uma aceitação formal. Isto é o que se passa com os casos citados (olivença, gibraltar, belize não conheço). Não me parece que haja perigo de Espanha invadir ou de Portugal invadir. Portugal reconhece de facto que Olivença é espanhola. Nenhum desses locais é habitado por uma população que quer pertencer ao outro estado.
Agora, não só Telavive é claramente habitada por uma população que não quer pertencer à Síria que a incluí nos mapas oficiais, como a Síria toma medidas activas (financiando o Hezbollah) para atacar estas população.
O reconhecimento de que se está a falar é muito diferente no caso Olivença e no caso de Telavive.
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