O que se está a passar na Tailândia era merecedor de mais atenção do que está a receber.
Primeiro, é óptimo para baralhar a cabeça de quem ainda se lembra das aulas de história do 8º e do 11º anos: temos, de um lado, a alta burguesia e a classe média das grandes cidades numa aliança (não muito) discreta com a família real; do outro, grande parte da população rural a defender o governo eleito e a democracia parlamentar. Se D. Miguel ou o Remexido ressuscitassem em Banguecoque, eram capazes de ficar confundidos (por acaso, acho que até há um monárquico conservador português que bloga a partir da Tailândia).
Em segundo, porque tem sido dada muito pouca atenção à ideologia dos manifestantes que pretendem derrubar o governo tailandês (como se fosse apenas um movimento para derrubar o governo e realizar novas eleições) - ao que me parece, eles defendem (ou defendiam até há pouco tempo) uma mistura de reforço do poder real e daquilo que em Portugal chamaríamos "reorganização do parlamento segundo bases corporativas" (quase uma espécie de "Integralismo Siamês"...). Ou seja, parece-me estarmos em presença de algo muito raro nos dias de hoje: um movimento de massas com um programa quase abertamente anti-democrático ("quase", porque, apesar de tudo, têm democracia no seu nome, "Aliança do Povo pela Democracia").
Será que as classes dirigentes do Ocidente não se sentirão tentadas a imitar o modelo (sobretudo com a crise que vem aí)?
Em segundo, porque tem sido dada muito pouca atenção à ideologia dos manifestantes que pretendem derrubar o governo tailandês (como se fosse apenas um movimento para derrubar o governo e realizar novas eleições) - ao que me parece, eles defendem (ou defendiam até há pouco tempo) uma mistura de reforço do poder real e daquilo que em Portugal chamaríamos "reorganização do parlamento segundo bases corporativas" (quase uma espécie de "Integralismo Siamês"...). Ou seja, parece-me estarmos em presença de algo muito raro nos dias de hoje: um movimento de massas com um programa quase abertamente anti-democrático ("quase", porque, apesar de tudo, têm democracia no seu nome, "Aliança do Povo pela Democracia").
Será que as classes dirigentes do Ocidente não se sentirão tentadas a imitar o modelo (sobretudo com a crise que vem aí)?
1 comment:
Blogue extremamente interessante, o Combustões...
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