João Rodrigues, escrevendo sobre os "Principios para governar à esquerda", a dada altura fala do "predomínio do individualismo consumista que é ambientalmente insustentável".
Este tema, do "individualismo consumista", é frequente em discursos de várias proveniências (só citei aqui o texto do João Rodrigues porque me fez lembrar disto, não por o meu post ser alguma resposta a esse texto - não é, é apenas uma reflexão avulsa que me ocorreu), mas será que o consumismo está mesmo assim tão ligado ao individualismo? Afinal, quando as crianças querem um brinquedo novo, muitas vezes o argumento é "o João tem um; o pai da Maria também já disse que lhe vai comprar" - ou seja, muito do nosso consumo é condicionado por mecanismo de imitação social.
Se calhar, alguém que seja verdadeiramente "individualista" e esteja-se realmente "a lixar" para o resto do mundo até pode ser muito pouco "consumista" (no extremo, em versão "eremitão"...). Por outras palavras, para um mundo sustentável talvez o que necessitemos não seja de menos individualismo mas de mais.
Claro que tudo isto depende do que se entender por "individualismo".
1 comment:
O documentário "The century of the self" trata, creio eu, bastante bem da questão do consumismo e como foi sendo usado e reinventado ao longo do século 20. Assim resumindo, diria que o consumismo começa por ser revestido de valores de conformidade e imitação, em que a ideia é todos terem aquilo que todos devem ter para serem felizes.
Depois, com o predominio de uma nova psiche colectiva centrada no individuo (o documentário também é sobre psiquiatria) e com os novos processos industriais que permitem flexibilizar e diversificar a produção em massa, o consumismo serve (serve-se d)a pulsão expressão indvidual.
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