Tuesday, October 17, 2006

Mail que recebi

A seguir transcrevo um mail que recebi:

Caríssimos,

Eu sou mais um dos que estou com os bancos pelos cabelos. O nosso país atravessa a crise que todos sabemos, no entanto, e fruto de uma “gestão divina”, os bancos continuam a apresentar lucros astronómicos que vão desde 30% a 80%. È óbvio que todos sabemos como e porquê, o email abaixo é bem elucidativo das artimanhas que eles arranjam.


Assim sendo acho que chegou a altura de fazermos alguma coisa, e mostrarmos a estes senhores que não estamos a “dormir”, a minha ideia consiste no seguinte:

Em datas especificas os clientes de cada um dos bancos devem dirigir-se a uma agência bancária e levantar o máximo de dinheiro da conta ordem que lhe for possível, dentro das possibilidades de cada um. É óbvio que o que vai acontecer é o banco não ter dinheiro suficiente para nos entregar, tal como é obrigado, pois o dinheiro á ordem tem de estar disponível a qualquer momento. Caso o dinheiro não vos seja entregue chamem a policia, façam “barulho”, armem uma confusão, etc.

O que vos peço é que façam chegar esta mensagem ao maior número possível de pessoas, por todos os meios que vos for possível, email, chat, blogs, sms, anúncios de jornal, vale tudo!!!

Para que a mensagem tenha tempo de ser difundida avanço com as seguintes datas e para os seguintes bancos:

13/11/2006 – Agências da CGD

14/11/2006 – Agências do BCP

15/11/2006 – Agências do BES

16/11/2006 – Agências do BPI

17/11/2006 – Agências do MG

20/11/2006 – Agências do BBVA

21/11/2006 – Agências do Santader

22/11/2006 – Agências do Totta

23/11/2006 – Agências do Barclays

Bem sei que não estão aqui representados todos os bancos a actuar em Portugal, mas penso que são os mais representativos. Esperemos que os restantes não precisam de ser a vir “avisados”, seria bom sinal!

Com os melhores cumprimentos,

A. A.

----------------------------------------------------------------------------------------

CARTA ABERTA AO BES

> Esta carta foi direccionada ao Banco BES, porém devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser direccionada a todas as instituições financeiras.
>
>
> CARTA ABERTA AO BES
>
> Exmos Senhores Administradores do BES
>
> Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.

> Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.

> Que tal?

> Pois, ontem saí do meu BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.

> Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço. Além disso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por guardar pão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.

> Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.

> Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.
> Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.

> Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar.

> Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta".

> Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.

> Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos cobravam "por fora", o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos.

> Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro".

> Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobraram-me uma taxa de 1> EUR> .

> Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5> EUR> "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua".

> A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25> EUR> a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quente".

> Mas, os senhores são insaciáveis.

> A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.

> Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações do v/. Banco.

> Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?

> Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc, etc, etc. e que apesar de lamentarem muito e nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal.

> Sei disso.

> Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.

> Sei que são legais.

> Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma.
>

V. P.

4 comments:

Anonymous said...

O exemplo é absurdo. Eu não pago nada por ter o banco na esquina, só quando assino um contrato livremente.

Muitos outros negócios fazem coisas semelhantes: pagar uma joía para ser membro do clube, anuídade do cartão fnac (taxa "para guardas os livros na prateleira e manter os CDs por ordem alfabética").

Há serviços em que se paga uma taxa anual para manutenção do carro, estilo seguro; portanto o exemplo da oficina até existe.

Se o leitor não gosta, compre o seu pão noutro lado. Simples. Ou deixe de comprar pão. Isto é, poupe dinheiro para pagar o carro a pronto. Se quer o carro "Já e Agora," tem de pagar as taxas que vêm no contrato.

Anonymous said...

isso não é bem assim.
a joia serve prepositadamente para aumentar o capital do clube.

quer dizer, deposito o dinheiro, que eles vão usar para ganhar dinheiro, e ainda tenho de pagar para eles o terem lá?

"compre o seu pão noutro lado."
obviamente.

"Simples. Ou deixe de comprar pão."
ah a liberdade.

Anonymous said...

O exemplo dado é pagar para comprar crédito. É um serviço que custa (afinal, há alguém que depositou dinheiro numa conta a prazo e quer receber juro, empregados do banco que querem ser pagos, &c) e portanto há que pagar por ele.

Não sei qual é o escândalo. Só porque se quer uma coisa "Já e Agora," refila-se.

Uma joía para ter acesso aos serviços do clube (que, às vezes, têm de ser pagos adicionalmente), é o tipo de coisa criticada. O que é que quer dizer "aumentar o capital"? Dinheiro é dinheiro. O que entra, entra no orçamento, depois a gestão é interna. Há muitos clubes onde a joía é uma das maiores fontes de receita e paga muitas contas correntes.

Miguel Madeira said...

"Se o leitor não gosta, compre o seu pão noutro lado. Simples. Ou deixe de comprar pão"

No fundo, é mais ou menos a sugestão do texto de cima - deixar de "comprar pão" (ou melhor, de "vender farinha") por um dia.