Tuesday, January 05, 2010

Sugestões de leitura

The American Land Question, por Joseph Stromberg, em The Freeman, sob (entre outras coisas) a problemática na posse da terra nos EUA no século XIX.

What are the odds that the best chess player in the world has never played chess?, por Tyler Cowen. O tema: qual a probabilidade da pessoa com potencial (a nivel de inclinações e capacidades inatas, presumo) para ser o melhor jogador mundial de xadrez ser alguém que nunca tenha jogado xadrez na vida?

Fahrenheit 451… Book burning as done by lawyers, no Public Domain, e What Could Have Been Entering the Public Domain on January 1, 2010?, no Center for the Study of the Public Domain, sobre os resultados do alargamento do prazo dos direitos de autor.

5 comments:

rui fonseca said...

Divirjo do tema porque gostaria de contra comentar o seu apontamento ainda a propósito dos feriados. Como já lá está em baixo, faço-o aqui se não se importa.

"Sim e não", diz o Miguel a propósito da observação que fiz dos paradoxos da produtividade (estatística) da função pública.

Ora ou o Miguel não entendeu a minha dúvida ou eu expliquei-me mal.

O meu apontamento procurava dizer uma coisa muito simples: Enquanto o valor acrescentado na actividade privada é medido por uma diferença entre o preço pago pelo mercado e os custos da produção vendida, no caso da função pública o preço são os impostos que pagamos e que, portanto, quanto mais pagamos mais aumentamos a "produtividade" da função pública...

Não há portanto nenhuma afinidade entre a produtividade da actividade da função pública e da actividade privada.

A confusão de conceitos que informa todo o cálculo do PIB e, portanto,da produtividade global, nunca a vi realçada por ninguém.

E é pena. Porque toda a gente fala em produtividade, toda a gente diz que os nossos problemas decorrem da nossa falta de produtividade (o que é inteiramente verdade) mas ninguém diz uma coisa elementar: Do sector estatal, que representa grosso modo 50% da economia, ninguém (que eu saiba) alguma vez avaliou a produtividade.

Assim sendo, com mais feriado ou menos feriado, a produtividade da função pública não bule e até pode aumentar se for avaliada em função das horas trabalhadas.

O que é chocante porque aquilo que não é feito hoje (porque é feriado) ou nunca mais se faz ou faz-se com atraso.

Salvo melhor opinião

Miguel Madeira said...

"Enquanto o valor acrescentado na actividade privada é medido por uma diferença entre o preço pago pelo mercado e os custos da produção vendida"

Suponho que o que o Rui quer dizer é "diferença entre o preço pago pelo mercado e os custos da matérias-primas, energia e afins" (os custos com mão-de-obra - e penso que com juros - não contam)

"Não há portanto nenhuma afinidade entre a produtividade da actividade da função pública e da actividade privada."

Há afinidade: em ambos os casos a produção é medida pela fórmula [custos suportados pelos clientes] - [custos dos consumos intermédios]; a diferença é que no primeiro caso cada um é livre de decidir se quer ou não pagar o preço, enquanto no segundo caso 51% decidem qual o preço que 100% vão pagar (ou, mais exactamente, 51% dos procuradores temporariamente irrevogáveis - a.k.a. "representantes" - do eleitorado).

podemos questionar a existência de Estado, mas a partir do momento em que ele existe, o modo como a produtividade dos serviços públicos é medida é o mais análogo possivel com a do sector privado.

"O que é chocante porque aquilo que não é feito hoje (porque é feriado) ou nunca mais se faz ou faz-se com atraso."

Imagine um serviço de recursos humanos na administração pública.

Com ou sem feriados:

- os ordenados tem que ser pagos até dia 21

- o trabalho nocturno e extraordinário tem que ser processado até uns dias antes disso

- os trabalhadores contratados nesse mês têm que ser inseridos e registados

- os trabalhadores que cessam funções têm que ser "des-inseridos" nesse mês

- as faltas dadas têm que ser processadas nesse mês

Exactamente qual é a diferença entre o volume total de trabalho realizado num mês com ou sem feriados? A mim parece-me que nenhuma (ok, o tipo de serviço foi escolhido a dedo - numa escola ou numa enfermaria produz-se menos)

rui fonseca said...

"(os custos com mão-de-obra - e penso que com juros - não contam)"

Pois não. Foi imprecisão de linguagem minha. Aliás, o valor acrescentado de uma unidade económica é fundamentalmente o rendimento pago aos que nela trabalham.

"(ok, o tipo de serviço foi escolhido a dedo -"

Pois foi. Aliás foi com base em raciocínios semelhantes que os juizes, advogados e tutti quanti
deviam fazer justiça em Portugal clamaram que a redução das férias não iria aumentar a produção.

Só eles.

É por estes e por raciocínios semelhantes que Portugal está onde está. A exigência é uma intolerância para muitos funcionários públicos.

Só mais uma nota quanto aos serviços que o Miguel escolheu a dedo. Se o serviço que deixou de ser feito foi feito noutro dia a conclusão é que o serviço está sobredotado com pessoal. Qualquer empresário privado sujeito às leis da concorrência é obrigado a dar por isso.

Miguel Madeira said...

"Se o serviço que deixou de ser feito foi feito noutro dia a conclusão é que o serviço está sobredotado com pessoal."

Portanto o Rui acha que um serviço deve ser dimensionado para o volume de trabalho que há num mês com 23 dias úteis, e que nos meses em que haja feriados (ou 5 fins-de-semana?) deve sub-contratar uma empresa externa?

rui fonseca said...

"Portanto..."

Não,Caro Miguel. Salvo erro v. inverteu a questão.

A questão inicial estava na discussão acerca da influência do número de feriados (e pontes conexas)na produção, no PIB.

Ora a produção, na generalidade dos casos, é função de muita coisa mas também do tempo em que se realiza. Menos tempo, menos produção. Em princípio é assim.

Evidentemente que a dotação do pessoal necessário não é calibrada ao milímetro. Mas na maior parte dos casos produção perdida num dia nunca mais é recuperada.

Nos serviços burocráticos a perda e recuperação é possível dentro de de determinados limites. Mas tal facto não contraria a regra geral:c.p. mais feriados equivale a menos produção. E vice-versa.