Wednesday, May 23, 2007

As minhas aventuras com o Club Midas Prestige

Hoje, a SIC terminou a sua emissão transmitindo, por ordem da ERC, uma nota de resposta do "Club Midas Prestige", repudiando umas noticias que a SIC transmitiu sobre essa empresa há 2 anos.

Assim, aproveito para narrar o meu relacionamento com essa entidade (que, no essencial, condiz com a noticia de SIC - eu lembro-me bem dessa noticia, ainda que tenha sido há 2 anos: quando a vi, telefonei para várias de pessoas, dizendo "É aquela empresa daquela história que contei!").

A 15 de Maio de 2001 estava em Lisboa e fui abordado no Rossio por um indivíduo que me fez um pequeno inquérito (nome, profissão, etc.). Após tal, ele disse que trabalhava para os cartões “Midas”, e que queriam conhecer a minha opinião sobre o produto, pelo que teriam que me fazer uma pequena exposição sobre ele. Concordei (embora já imaginasse que era para me tentar vender qualquer coisa), de forma que fui levado a uma sala situada num 1º andar, ao que me parece, por cima da “Casa das Sandes” (a porta era mesmo ao lado da “Casa das Sandes”, do lado do Rossio).

Lá, fui submetido a quase 2 horas de conversa sobre o cartão “Midas” e a “Metropolis – Serviços e Comercialização de Cartões de Turismo, Lda.”, a empresa que emitiria tal cartão (fique também a saber a vida familiar da rapariga que me atendeu - que a família estava em Cabo Verde quando da descolonização, que o avô tinha ficado cego, etc.). Aparentemente, quem subscrevesse esse cartão teria direito a descontos em várias lojas, clínicas (incluindo a Clínica da Rocha, em Portimão), agências de viagens, etc. (foi-me mostrada uma lista das empresas aderentes ao cartão “Midas”).

Também havia uns anúncios gravados em vídeo com o Jorge Gabriel (embora tenha ficado com a ideia que em nenhum momento do vídeo o Jorge Gabriel falava no "cartão Midas").

O “cartão” teria 2 tipos de sócios: os sócios “Midas Prestige”, que são os que subscrevem nesse preciso momento, pagando 180 contos, os sócios “Midas”, que são os que subscrevem mais tarde, pagando 260 contos.

Eu (embora sabendo perfeitamente que a regra é sempre essa nessas coisas) pus-me a questionar porque é que, se não aceitasse já, teria que pagar mais 80 contos, ao que a rapariga me respondia com argumentos do género "Para encomendar as estadias nos hotéis temos que saber logo quantos sócios teremos, por isso, quem se inscrever logo paga menos"; e eu, como achava que tal argumento não tinha jeito (afinal, não é por alguém se inscrever logo que sabem, à partida, se essa pessoa vai querer fazer alguma viagem e quando...), continuei a insistir. finalmente, a rapariga cansou-se e chamou o chefe.

Ele lá repetiu a mesma conversa, mas já com alguma agressividade, inclusivamente dizendo "Aparecem aqui tantas pessoas que aceitam tornar-se sócias e outras tantas que não aceitam! Com quais é que eu tenho que me preocupar?" (eu pensei que ele, como "comercial", deveria se preocupar era com as pessoas que não querem comprar o seu produto - não me lembro se lhe disse), até que lá desistiu de me tentar tornar um sócio prestige, e lá me deu, pelo meu tempo, um talãozinho que dava 10 contos de descontos em viagens; perguntou-me qualquer coisa como "portanto vai pensar, e se se decidir vem cá para se tornar sócio?", ao que eu respondi "Vou pensar, e se me quiser tornar sócio, ponho-me a rondar o edifício, para me voltarem a abordar e assim conseguir ser sócio só pelos 180 contos" (resposta dele "Deve pensar que nós somos estúpidos! Ponha-se já a andar daqui para fora!").

Assim vejo-me na posse de um vale (ainda o tenho algures) que daria direito a um desconto de 10 contos em viagens de mais de 120 contos na agência “Euragno”. Primeiro pensei “Não foi uma perda total – sempre ganhei 10 contos”, mas depois reparei numa passagem do vale que dizia “Agência exclusiva dos sócios Metropolis” (ainda que, no mesmo vale, mais abaixo, estivesse escrito “Metrópoles”, ou seja, a empresa usava duas ortografias distintas).

No dia a seguir (eu tinha umas provas para uma coisa qualquer no sábado e tinha estado em Lisboa em formação, logo tinha a Sexta-feira livre), decido ir esclarecer se tinha ou não direito ao desconto.

Desloquei-me à sede da empresa, indicada no vale – “Av dos Combatentes, Edificio Green Park, 43/43A-11A”. No Edificio Green Park, primeiro informaram-me que a “Metropolis” funcionava no 11º andar, no gabinete “D” (e não no “A”). Embora no “D” estivesse o nome de um banco, foi-me dito que a “Metropolis” também funcionava lá, mas que, por qualquer razão, tinham tirada as placas com o nome da parede (disseram-me também, que se não houvesse ninguém no “D”, para ir ao “B”, que “era a mesma coisa”). O “D” estava sem ninguém e no “B” foi-me dito que nada tinham a ver com a “Metropolis”, que antes funcionava ali mas que agora trabalhava na Almirante Reis.

Falei com outras pessoas no edifício que me disseram achar isso estranho, que tinham certeza que aquelas empresas (a do “B” e a do “D”) tinham o mesmo dono. Eu perguntei-lhes "Mas isso é uma empresa normal, ou é uma empresa esquisita?", ao que me foi respondido "É uma empresa esquisita - eu ainda não percebi o que essa empresa faz; acho que o dono é o dr. G..." [o "dr. G..." é um construtor civil que já esteve preso e que, uns meses antes, havia tentado candidatar-se à direcção de um clube de futebol, tendo a candidatura sido rejeitado por ter apresentado assinaturas falsificadas].

Depois, telefonei à Clínica da Rocha (que, como disse, estava na tal lista de empresas que dariam descontos com o “cartão Midas”) e foi-me dito que nunca tinham ouvido falar na “Metropolis” nem no “cartão Midas” (tinham era acordos com a Companhia de Seguros Metrópole e com o cartão Médis).

Telefonei à IGAE para saber o que fazer caso suspeitasse de uma fraude a decorrer e responderam-me para tentar "carrear provas" e escrever-lhes, assinando ou não. Fiz isso (sem assinar) mas não sei se me ligaram alguma coisa (este post foi escrito com a carta ao lado).

Note-se que este post é puramente informativo, com vista a informar os leitores do que fiz a 15, 16 e 17 de Maio de 2001 - não pretendo fazer qualquer acusação (do foro criminal ou ético) a ninguém...

3 comments:

Anonymous said...

Caro amigo Madeira,
sem querer ser cansativo a explicar a minha história vou abreviar o que me aconteceu há uns dois anos atrás.
Na altura. a minha entao companheira aparece-me em casa com uma notícia de uma decisao que tomou, mas que estava confusa, pelo que começou por me dizer "hoje fiz uma coisa, mas acho que nao vais gostar". Ora bem caro amigo, sinta-se a ouvir isto da companheira e imagine-se a franzir o sobrolho como eu fiz, a pensar e a responder... "(já vai haver m***a)... conta lá o que fizeste"
Pois nao é que a "nossa" experiencia é identica à sua??? mas com a diferença... a mulher aparece-me com uma porcaria de um porco-mealheiro ridículo, um cartao provisório dessa charlatanaria, ou lá que nome podem esses vigaristas ter... e mais grave... asinou uma LIVRANÇA e um credito numa empresa do grupo BES. de imediato enviámos fax a essa empresa (nao tenho a certeza, mas parece-me que se chamava "credibom" ou "credigest"), fiz queixa na DECO, também na esquadra da polícia (a que fica por detrás do teatro D. Maria), mas antes... sabe... antes fui lá. Digo-lhe... tao "bravo" que estava com a companheira que ordenei-lhe nao abrir sequer a boca nem uma vez que fosse durante a nossa visita. Fiz-me de tanso, contente com a adesao da mulher, pedi mais exclarecimento sobre as maravilhosas vantagens do cartao, inspirei-lhes tal confiança que até me mostraram todos os documentos originais que ela tinha assinado (e eu sempre a "aprovar"). Quando vejo os documentos ao alcance da minha mao, saltei por cima da secretária que nem um símeo, rasguei, engoli papel, entrei numa cena de violência tal com uns indivíduos que entretanto apareceram (dado candeeiros a partir fotocopiadora a cair, telefones a voar) entretanto veio a polícia que me acompanhou ao posto (que agradeci) para tomar conta da ocorrencia da minha selvajaria (engraçado foi os dois guardas pelo caminho, todos felizes pela minha reacçao... que até agora ninguem teve a coragem de partir ali alguma coisa, mas cumpriam a sua obrigação de manter a ordem).
Resultado, nao apresentaram queixa de mim, nem eu deles, pois que no posto necessitaria de provas, que já nao valiam as que destruí e engoli, nem testemunhas a meu favor havia. Também lá o chefe da esquadra avisou que era escusado pois quem assinou... assinou de livre vontade.
E o meu pai que já me tinha tantas vezes avisado destas coisas, que por umas tres vezes já lá tinha ido (ele só para sacar os brindes e beber a taça de champanhe que eles oferecem, que nunca assinou nada, burro velho)... mas eu que nunca me lembrei de passar essa informação à rapariga...
Afinal tinha contraído um empréstimo, com livrança e tudo.

Hugo Henriques

Luís Bonifácio said...

è o Cartão Midas é o cartão interpass tudo se resume a uma palavra "Pirâmide".
Uns vendem cartões outros produtos para emagrecer, mas a vigarice é a mesma.

Anonymous said...

pois...o mesmo aconteceu ao meu marido...a unica diferenca e que 10 anos depois temos o ordenado penhorado e eu nao sei o que fazer!!!!!!!!!