João Miranda escreve que "[o] Sistema Nacional de Saúde nunca terá, ao nível do atendimento ao cliente, os padrões de qualidade de um restaurante de fast food" e que "os donos dos restaurantes não questionam os desejos dos seus clientes. Limitam-se a adaptar-se a eles. Os clientes de um restaurante podem lá ir mesmo que não tenham muita fome".
JM fala muito de restaurantes e fast-foods, mas esquece-se de outro negócio: as companhias de seguros. Imagine-se que JM tem um seguro de automóvel contra todos os riscos (a maior parte das pessoas não, mas vamos imaginar que tem); vamos supor que o JM tem um acidente, vai à oficina e fez uma carrada de reparações no seu carro que pouco ou nada tem a ver com o acidente. Será que a companhia de seguros lhe vai aceitar pagar as reparações sem mais nem menos?
Ou imagine-se que o JM tem um seguro de saúde, apanha uma doença e pede para o seguro pagar um tratamento que nem sequer é apropriado para essa doença. Será que o seguro lho pagaria? Pelo que tenho ouvido de pessoas que tem seguros de saúde, provavelmente não.
É claro que no caso do SNS há um factor que confunde a questão - é que o Estado é simultaneamente a oficina (o prestador do serviço) e a seguradora (o pagador do serviço). No entanto, se tivessemos um cenário em que os hospitais fossem privados e o estado se limitasse a pagar os cuidados (suspeito que o liberalismo do JM seja mais radical que isso), o natural seria o estado não pagar cuidados inúteis (como antibióticos para "curar" gripes).
3 comments:
Bom 2009!!!
Abraço,
José Carreira
passei para dizer Bom Ano!
MFerrer
Porque é que não pode haver ambos - privados e públicos - e ser o utente a escolher? Claro que escolher a sério é escolher antes de estar doente: quando se paga impostos, quando se desconta para a segurança Social? Porque é que as pessoas interessadas em ir a Hospitais privadas têm de pagar através dos impostos os Hospitais públicos?
Bom ano
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