Um aspecto interessante da revolta de Wukan (em que a população, em protesto contra a entrega das suas terras a promotores imobiliários, expulsou a policia e as autoridades locais) é que tanto socialistas como liberais a podem facilmente encaixar numa das suas narrativas.
Um socialista pode facilmente ver um caso de acumulação primitiva de capital, em que a classe capitalista nascente constrói o seu poder apossando-se das terras (mais ou menos comunitárias) utilizadas pelos camponses - uma espécie de enclosures do século XXI (diga-se que, pelo que conheço da lei imobiliária chinesa, provavelmente o que temos aqui é uma passagem de "terras públicas concessionadas a agricultores privados" para "terras públicas concessionados a imobiliárias privadas" - ou seja, não poderemos falar de "privatização").
Já um liberal pode facilmente ver aqui um caso de "pequenos proprietários resistem à expropriação", como neste artigo do El Mundo (embora, exactamente pelas mesmas razões que acho que não podemos falar em "privatização", também não podemos falar de "expropriação").
Sunday, December 18, 2011
Lentes ideológicas para ver a rebelião de Wukan, China
Publicada por Miguel Madeira em 12:42
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