Lendo e ouvindo inúmeneras discussões sobre isso (inclusive o que li num comentário de um blogue, em que alguém escreveu "A Venezuela é uma democracia, mas Chávez é um ditador"), chego à conclusão que há aqui uma grande ambiguidade no termo "ditador".
É que a palavra pode ser (e é) usada em dois sentidos - o sentido "objectivo" ("governante com poderes ditatoriais") e o sentido "subjectivo" ("pessoa autoritária e intolerante").
Exemplos: tanto Cavaco como Socrátes, nas conversas de café, já foram muitas vezes chamados de "ditadores", não por terem poderes ditatoriais, mas pelo seu estilo de governação (alegadamente "autoritário" - esclareço desde já que não estou a compará-los a Chavez). Pelo contrário, o rei Juan Carlos de Espanha, quando subiu ao trono, era objectivamente um "ditador" (seria provavelmente o rei de Espanha com mais poderes desde o principio do século XIX), mas não governou de maneira autoritária (muito pelo contrário - restaurou a democracia).
O que eu concluo deste processo - nomeadamente do referendo - é que Chavez é, "subjectivamente", um "ditador" (isto é, um individuo autoritário), mas, "objetivamente", não o é (ele, mesmo que queira, não pode dizer "posso, quero e mando" - viu-se no domingo passado).
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